quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Chapter 26.

04 meses depois...

Se tem uma coisa nessa vida que nós sempre podemos depositar boas expectativas, ela é o tempo. Dentro dele, tudo se ajeita e se encaminha da maneira que está destinada a acontecer, ainda que tenhamos nós o livre arbítrio de seguirmos para onde quisermos. No mais, eu posso afirmar que tive sorte! Tudo em minha vida anda seguindo o seu fluxo da maneira mais bonita possível e eu, certamente, não poderia estar mais feliz. Hoje, eu não tenho mais dúvidas que as coisas trilharam para o caminho certo e ele nada mais é do que eu e o Lucas juntos, crescendo como pessoa e como casal de um modo ainda maior do que qualquer otimista poderia pensar.
Hoje é uma quarta feira, três de agosto de 2016, e estamos nós chegando em Balneário Camboriú por volta das 12:45. Dessa vez, no entanto, o nós não acopla somente duas pessoas; ele acrescenta entre mim e o Lucas toda a sua família e seus pais vinham visitar a cidade pela primeira vez. Junto conosco estavam Karina, Paulinho e Leandro que pareciam tão ansiosos quanto eu para esses próximos dois dias que viveríamos por aqui.
Nina: A minha mãe! Já a achei! - falei trazendo a atenção de todos para mim, apontando para frente á loja de comida chinesa, uma que conseguíamos enxergar ali de onde estávamos após pegarmos nossas malas na esteira - Oi, mãe! - disse com um sorriso enorme, travando a minha mala e a abraçando saudosamente logo que nos aproximamos.
Daniela: Oi, meu amor! Como tás? Fizeram boa viagem? - falou se afastando devagar e mantendo nossas mãos unidas ainda, enquanto me analisava de cima a baixo como uma boa mãe sempre faz assim que vê o filho após um longo tempo.
Nina: Aham, tudo veio direitinho, graças á Deus!
Daniela: Olá, meu querido! Quanta saudade de ti! - disse trazendo a atenção pro Lucas após a minha resposta, o abraçando forte e eu pude ver o sorriso dele sobre os ombros dela.
Lucas: Também Dani! Como cê tá?
Daniela: Tudo bem, graças a Deus, e contigo? - ela respondeu se afastando dele.
Lucas: Eu tô bem também! Olha, hoje eu trouxe mais uma galerinha comigo... - falou rindo, em direção a própria família - Esse aqui é meu pai, Paulinho e homem bão de Minas Gerais - falou fazendo graça, nos levando ao risos, enquanto minha mãe ia cumprimentá-lo - Essa loira aqui é minha mãe, Karina, e chegou com potencial pra competir com a beleza das gaúchas, viu, Dani?
Karina: Garoto bobo esse meu filho! - falou num sorriso que variava entre simpático e tímido.
Daniela: Mas ele tá certo, viu? - disse, enquanto a cumprimentava logo em seguida.
Lucas: E falta esse bicho aqui, ó... - falou bagunçando o cabelo do Leandro, que estava em seu lado e tentava se esquivar
Leandro: Ó o respeito, ô! - disse fazendo a minha mãe rir
Lucas: É o Leandro, meu irmão!
Daniela: Dá logo pra perceber que vocês são irmãos, né? - falou cumprimentando o Leandro.
Paulim: Um relacionamento com tanta maturidade assim, só podia, né? - complementou, fazendo a todos nós rirmos.
Lucas: E agora pro cês tudo, essa é a Dani... Mãe da Nina e minha sogra também, viu? - falou olhando pra minha mãe que nem escondia o sorriso orgulhoso, assim como eu também não.
Daniela: Ah gente, é um prazer ter vocês aqui! Vamos que o carro está logo estacionado ali... - disse apontando em direção á nossa frente.
Paulim: Mas espere, não vamos caber todos, não é? Nós podemos pedir alguma outra condução.
Daniela: Não se preocupem com isso, meu carro cabe até sete lugares. Caiu como uma luva para o momento! - ela se apressou em responder ao Paulinho que, de certa forma, até pareceu mais aliviado.
Nina: Vai ser a minha estreia nesse carro também, nem eu ainda andei nesse - disse enquanto já começávamos a seguir a minha mãe que nos instruía por onde estava o carro.
Lucas: Tomou coragem pra trocar mesmo, Dani?
Daniela: Consegui me desapegar do meu antigo - ela já respondeu rindo, provavelmente se recordando que se tinha uma coisa que minha mãe tinha dificuldade, isso se chamava trocar o próprio carro - Mas consegui isso pensando que a família tá aumentando, né? Mesmo eu ficando sozinha na maior parte do tempo agora, nós temos a ti, isso pode servir de incentivo para Jayme e Babi me darem logo um neto... Então, né? Acho que tudo cooperou a favor! - falou fazendo todos nós rirmos, em função da parte dos netos que ela já cobrava a Babi e ao Jayme desde quando eles decidiram se casar.
Quando chegamos ao carro, conseguimos nos organizar da melhor maneira possível - assim como fizemos com as malas - e eu fui no banco do carona, ao lado da minha mãe. O conforto do seu novo Toyota Hilux SW4 2015 era inegável e até eu que pouco sabia sobre carros, estava encantada com aquele. Lucas e Leandro, ao contrário de mim, por saberem bastante tomaram aquilo como o primeiro assunto principal entre nós. Depois disso, logicamente, a conversa só poderia enveredar para um tópico: comida. Minha mãe, que ainda não tinha almoçado também - por ainda ter trabalhado nessa manhã -, sugeriu que fôssemos a algum restaurante do Centro de Balneário e como eles quase não conheciam nada por ali, fomos nós duas quem fizemos a escolha também. 
Com um tráfego um pouco intenso e pela distância do aeroporto até o Centro, demoramos além do previsto para chegarmos até o Restaurante Estaleirinho. No entanto, isso foi até um ponto positivo, porque conseguimos encontrar o estabelecimento também bem mais vazio do que o esperado. Adentramos ao espaço recepcionados de uma forma incrível, como de costume, e escolhemos uma mesa que todos nós pudéssemos nos acomodar bem a vontade. Logo nos trouxeram os cardápios e entre tantas coisas deliciosas, eu fui uma das últimas a fazer o meu pedido por arroz a grega e camarão empanado.
Leandro: Pô, essa praia aqui é muito bonita! A vista é ótima já daqui! - ele iniciou uma nova conversa na mesa logo após o garçom se afastar de nós com os pedidos. 
Paulim: Tem mais praias por aqui, não tem? - disse perguntando ainda fazendo menção a vista que nós tínhamos dali do restaurante que, embora não fosse de frente a praia, por estarmos na área externa era bem fácil enxergá-la logo próxima.
Nina: Tem, tem sim! Aqui o que mais tem é praia! - respondi até me divertindo quanto aquilo.
Leandro: Mas essa é a que mais fica cheia, né? Toda vez que eu venho pra cá, eu caio aqui.
Lucas: Eu também... Acho que nunca nem visitei outra.
Daniela: É que essa aqui é a mais famosa mesmo, a Praia Central. Na verdade, é exatamente por ser aqui no Centro, né? E rola tudo... Tem bastante esporte na areia, tem muito surfista, dá para tomar banho. Então, todo mundo aproveita!
Karina: Mas também a maioria das pessoas que vem pra cá, acabam só vendo essa por conta que é a mais cercada de prédio, né? Parecem que todos os hotéis ficam nessa orla.
Daniela: Ah sim, tem isso também! A maioria são aqui por perto, então todo mundo vem pra cá. E ainda tem os próprios moradores... Vou dar uma ideia pra ti, essa praia é enorme! São sete quilômetros, se eu não tô enganada. 
Paulim: Caramba! É chão, viu?! 
Leandro: Mas o prédio que cês moram é aqui perto ou roda a orla ainda?
Nina: Aham, é rapidinho daqui... 
Daniela: Na verdade, estamos próximos a tudo. Do nosso prédio e a casa da Babi e do Jayme é numa rua aqui atrás, só um pouco mais pra lá - disse gesticulando com a mão e dando sentido para a frente - Vocês vão ver depois. De um jeito ou de outro, estamos todos pertinhos.
Karina: Ah, assim que é legal! - complementou e viu minha mãe com um sorriso no rosto por, de certa maneira, ainda manter a Babi próxima.
Lucas: Babi e Jayme estão trabalhando, Dani? - ele perguntou, aproveitando o engancho da fala de minha mãe.
Daniela: Estão sim! Falei até com ela hoje de manhã. Acredita que o Jayme não vai conseguir tirar folga nem mesmo amanhã? Acho que somente terá uma dispensa mais cedo - a minha mãe disse mais voltada a mim, que a encarei com surpresa.
Nina: Nossa, que vacilo! Ao menos a Babi vai ficar em casa, né?
Daniela: Sim, mas acho que vai te dar um pouco de trabalho, sabia? Amanhã eu também tenho uma audiência pela manhã e um cliente para atender depois do almoço, só devo parar em casa por volta das três, quatro horas.
Lucas: Que horas que eles marcaram o movimento lá?
Daniela: Sete horas! A sorte é que são poucas pessoas, mais nós mesmo da família.
Lucas: Ah, mas mesmo assim, amanhã a gente ajuda lá, né? - disse virando pra mim, falando especificamente.
Nina: Claro! Chegando em casa eu vou até dá uma ligada pra ela...
Daniela: Acredito que eles devem ir lá em casa mais tarde também.
Karina: Nós também podemos ajudar - ela se prontificou, se adentrando ao assunto da mesa - Quanto mais gente, fica ainda melhor pra ela, né?
Daniela: Ôh, Karina! Ela vai ficar toda boba se tu falar isso pra ela... - minha mãe disse rindo.
Nina: Eu tenho que avisar antes de vocês conhecê-la que para a Babi, a gente não pode dar muita condição, viu? 
Daniela: Tás vendo aí o que tu falou sobre maturidade no relacionamento entre irmãos? - minha mãe mencionou o Paulinho, diretamente a ele, levando-o a gargalhada e nos fazendo rir também.
Enquanto esperávamos, continuamos dentro do real assunto que nos tinha trazido até Santa Catarina: Babi e Jayme iriam fazer uma espécie de inauguração da casa deles, para onde finalmente tinham se mudado. Como o casamento deles foi resolvido de uma maneira quase contra o tempo, por toda a rapidez, essa questão sobre a casa que eles iriam viver juntos ficou um pouco em aberto. O Jayme tinha uma residência - que por ser térrea, uma verdadeira casa e não apartamento, a Babi era apaixonada - concedida pela família dele e os planos iniciais eram se mudar para lá quando casados. De fato, isso é o que acontece hoje, mas a demora para a mudança foi que antes eles não tiveram foco nenhum nisso e somente quando passada a lua de mel, que eles começaram a ver mobília e meios de regularizar a documentação das contas, passando tudo diretamente ao nome do Jayme.
Devido á tudo isso, somente nesta semana eles conseguiram deixar a casa do jeito que queriam para vir morar e finalmente largar a casa dos pais para viverem juntos, com a experiência de casado que iria verdadeiramente aflorar a partir de agora - na convivência. Para celebrar essa finalmente mudança, eles decidiram fazer um churrasco hoje e eu, em uma das conversas com a Babi, sugeri em convidar a família do Lucas também. Animada como é, ela me respondeu com um mana, não podias ter ideia melhor! E assim foi feita a razão que nos trouxe até aqui.
Desde que eu e o Lucas começamos a namorar oficialmente, as coisas andam indo de bom á melhor como num passe de mágica e novamente, eu não poderia ser mais grata. Todos os dias, depois de toda a minha fase de entendimento, eu agradeço e muito por ele ter insistido em fazer parte da minha história e nunca ter permitido desistir de nós. Certamente, essa foi a luta da minha vida que mais valeu a pena, até então. No entanto, mesmo com todos esses aspectos mais do que positivos em torno de nós, nossas famílias ainda não se conheciam. E além disso, quando comentei com o Lucas sobre trazer os seus pais, ele afirmou que eles não conheciam Balneário Camboriú. Vimos aí, então, a oportunidade perfeita para juntar todas essas coisas de uma vez.
Só por observar a mesa durante o nosso almoço, era fácil enxergar que o bom convívio entre eles já estava instalado ali. Ou melhor, entre todos nós. Desde o momento que nos sentamos até quando terminamos a nossa refeição, dividimos muitas risadas, conhecimentos sobre a cidade e diversos assuntos em comum - alguns até inimagináveis. Eu estava como nadar em plumas de tão leve ao ver tudo seguindo de maneira tão boa e nossas famílias - que sempre serão a coisa mais importante, seja para mim ou para o Lucas - se entendendo tão bem. Isso, sem sombra de dúvidas, era quase um combustível para o nosso relacionamento a dois.
Enfim, quando o nosso almoço acabou, minha mãe fez questão de pagar as contas de um jeito escondido que ela deu - e até a mim surpreendeu - e quando os pais do Lucas se deram conta, foi razão para irmos o caminho inteiro do restaurante até o nosso apartamento com o Paulinho pedindo pra ela dizer quanto foi, de modo que eles ao menos pudessem dividir. De uma certa maneira, até isso foi um momento engraçado até chegarmos no prédio! Lá, a minha mãe estacionou na sua costumeira vaga e nos ajudou a colocar as malas no elevador, assim como nós nos posicionamos lá dentro e subimos até o nosso apartamento. Ao chegar, saímos e ela se apressou em abrir a porta para que pudéssemos entrar e tirar todas aquelas bagagens do corredor.
Daniela: Sejam bem vindos, viu? Podem se sentir a vontade! Eu fiquei muito feliz quando a Nina disse que vocês aceitaram ficar aqui, então, não precisa ter vergonha de se sentir em casa.
Karina: Obrigada, querida! - se apressou a responder, dando um sorriso a minha mãe assim que ela terminou de trancar a porta.
Daniela: Vocês querem água, alguma coisa?
Paulim: Ah, eu aceito um copo d'água...
Karina: Eu também, eu também.
Daniela: Venham aqui! Vou pegar pra vocês e já mostro a cozinha - ela riu e chamou-os em direção aquele cômodo.
Leandro: Cara, essa vista da varanda já ganha de tudo... Eu quero só colocar uma rede aqui e vou fazer disso meu quarto - falou parando entre a passagem da sala pra varanda, fazendo a mim e ao Lucas rir.
Nina: Assumo que é o meu lugar preferido da casa também - respondi-o e vi o Lucas se sentar lá no sofá - Ah, deixa eu sentar aí contigo - falei por força do hábito, me sentando verdadeiramente ao seu lado.
Lucas: Deixo sim, tá com a minha permissão - falou passando um dos braços pelo estofado, de certo modo que ficasse quase sobre os meus ombros.
Nina: Tá abusado, né? - olhei pra ele, semicerrando os olhos e o vi gargalhar
Lucas: Cê que pediu, tô te respondendo, ô - continuava  rir, me respondendo naquele tom de voz falsamente ingênuo que só ele sabia fazer.
Nina: Vou é parar de te dar atenção e ligar pra minha irmã, isso sim - falei ainda naquela conversa paralela com ele, porque o Leandro parecia não nos dar qualquer atenção enquanto estava com a atenção fixada á praia que víamos lá da varanda do apartamento da minha mãe.
Lucas: Nina, ela não é igual a mim e a você não, ela trabalha, viu?
Nina: Hoje tás engraçado, né? - falei o encarando e vendo que ele segurava o riso
Lucas: Tá estressada, meu amorzinho? - falou forçando uma voz mais infantil, já com as mãos preparadas pra me faze cócegas.
Nina: Não faz isso! - falei devagar cada palavra, tentando segurar a mão dele.
Lucas: Ó, eu não tô fazendo nada - levantou essa mesma mão livre, tentando esconder a real finalidade.
Nina: Lucas, eu te conheço! - disse já sem conseguir segurar o riso.
Lucas: Eu num tô nem fazendo nada e cê já tá rindo, ô! - falou, me acompanhando na risada e logo em seguida, quase como num susto, começou as cócegas em minha barriga, me fazendo quase deitar no espaço do sofá para tentar me esquivar dele. Completamente, em vão, como sempre.
Leandro: Aí ó, depois cês falam que é relação de irmãos que não tem maturidade - falou assim que o Lucas decidiu para de me fazer cócegas, mas eu ainda estava em crise de risos e nós nos demos conta que os pais dele e a minha mãe já estavam ali.
Karina: Filhos nunca podem reclamar quando nós chamamos de bebê, no fundo, cês num mudam não - disse rindo, assim como todos ali, por provavelmente terem assistido aquela cena ou parte dela.
Nina: Mãe - disse ainda meio ofegante, me ajeitando no sofá - Será que se eu ligar pra Babi, ela pode me atender?
Lucas: Dani, eu já avisei á ela que a irmã dela não decidiu ser modelo, que ela preferiu trabalhar, mas ela acha que eu tô zoando
Nina: Fica quieto, guri - falei dando um tapinha em seus ombros, trazendo todo mundo na sala ás gargalhadas, inclusive ele.
Daniela: Não sei, não é melhor mandar mensagem?
Nina: É... Acho que vou fazer isso. Vou perguntar também se ela vai vir aqui, né?
Daniela: Por favor, mas acho que vem sim. Vou fazer um jantarzinho para nós também, se ela disser que não vem, tu avisa ao Jayme que ele com certeza convence ela a mudar de ideia - rimos pela forma que a minha mãe falou, enquanto eu me levantava do sofá pra pegar o meu celular na bolsa.
Paulim: Nós já estamos te dando tanto trabalho que eu tô quase aproveitando que agora eu e a Karina sabemos sobre a porta dos fundos para sair por lá - disse, rindo.
Daniela: Tá dando trabalho nada, é um prazer, de coração - ela respondeu e logo prosseguiu - Gente, eu vou mostrar pra vocês os quartos, pra vocês se acomodarem, colocarem as coisas, né?
Eles concordaram com a cabeça e enquanto eu peguei o celular para mandar a mensagem pra minha irmã, foi o tempo que eu os vi seguindo a minha mãe para poderem saber onde ficariam. Ela organizou todo mundo muito bem, deixando a Karina e o Paulinho no quarto que rotineiramente era de hóspedes, colocando o Leandro pro quarto que costumava ser da Babi e o Lucas levou as nossas malas pro meu quarto, onde ele já sabia que ficaria. Quando ele foi para lá, eu fui até a cozinha aproveitar para beber uma água, enquanto aguardava uma resposta da Babi e depois decidi ir ao meu quarto - onde encontrei o Lucas sentado na cama, mexendo em seu próprio celular.
Nina: Vamos ter uma conversinha, senhor - falei em tom de autoridade assim que entrei no quarto, trazendo a atenção dele pra mim. 
Lucas: Opa, eu gosto quem chega assim - disse me encarando e praticamente desfazendo toda a minha pose, me fazendo rir segundos depois - Cê num aguenta, Nina, desiste
Nina: Fica quieto, hoje tu tá só me desvalorizando, né? - falei me aproximando dele e ele deixou que eu ficasse de pé, entre as suas pernas.
Lucas: Até parece que eu faço isso, nem se eu fosse maluco - disse colocando os braços em volta da minha cintura e deixando um beijo logo abaixo entre o meio dos meus seios, se aproveitando de sua posição.
Nina: Nem gosta disso, né? - falei depois de estremecer um pouco, levando as minhas mãos até a nuca dele e o obrigando a levantar um pouco a cabeça para me olhar.
Lucas: Nem - disse rindo, num sorriso safado, e eu aproveitei para finalizar aquela distância e começar um beijo.
Qualquer gesto entre mim e o Lucas era como uma grande corrente elétrica que começava a passear em nosso corpo no mesmo instante do contato. Imediato. Abaixei um pouco mais do meu corpo para que pudéssemos ficar numa posição mais confortável e ele se aproveitou disso para apoiar as mãos em meu quadril, como quem instruísse o que queria que eu fizesse. Apoiei as minhas pernas uma de cada lado do seu corpo, sentando sobre o seu colo e assim que ele fez o caminho de volta do meu quadril para a minha cintura, apertando a minha pele, me movimentei inevitavelmente sobre o seu colo, fazendo-o arfar. Ele me pressionou ainda mais contra o seu corpo e isso fez a minha intimidade pulsar só por aquele contato tão próximo, mas ainda sim tão distante por tantos panos de roupa.
Ele me provocou ainda com alguns sussurros em meu ouvido, enquanto recuperava o ar entre um beijo e outro e eu sentia-me em combustão. Antes de levar sua boca contra a minha mais uma vez, suas mãos pegaram o meu corpo com uma facilidade absurda e logo senti o que ele estava a fazer: deitou-me na cama, antes percorrendo os seus olhos pelas minhas curvas, e logo em seguida tratou de pesar o seu corpo sobre o meu.
Iniciou mais um beijo entre nós, agora naquela posição, e a essa altura eu pouco mais raciocinava. Deixei que as minhas mãos massageassem os seus ombros e o seu pescoço, mas elas logo perderam a força quando ele levou uma das suas até os meus seios, apalpando-os de uma maneira quase enlouquecedora. Fechei os meus olhos e mordi o meu próprio lábio, na tentativa de conter qualquer barulho, mas ele sentia todas as minhas respostas pela forma com que meu corpo se contraía e se mexia embaixo do dele. Quando percebi que eu parecia não aguentar mais ainda nas preliminares, arranjei uma força em algum lugar desconhecido e puxei seu corpo contra o meu, colando os nossos lábios mais uma vez e deixando ali uma tentativa de colocar para fora todo aquele incêndio que ele havia implantado dentro de mim.
Ao fim de um daqueles incontáveis beijos, um toque nos surpreendeu e eu vi as expressões do Lucas - quando nos afastamos - se transformarem em inacreditáveis por estarmos sendo interrompidos pela chamada de alguém que me ligava.
Lucas: Só eu tô ouvindo isso, né? É uma coisa da minha cabeça, né? - ele questionou ainda com a voz ofegante e até um pouco rouca, apoiando um braço de cada lado do meu corpo de modo a não pesar tanto sobre mim.
Nina: Eu bem que queria que fosse só coisa da sua vida, mas eu tô ouvindo também...
Lucas: O que é isso, Nina? É o seu celular? - balancei a cabeça positivamente e o vi tirar um dos braços em minha volta para que eu pudesse ver o que estava acontecendo. Até eu havia ficado frustrada com aquilo e não pude estar menos do que quando vi que só era a Babi.
Nina: Se eu te contar o que é, tu vai ficar puto... - falei olhando pro Lucas que estava deitado de lado, ainda parecendo controlar o próprio corpo que estava sobre os efeitos dos recentes acontecimentos.
Lucas: O que é? - ele perguntou parecendo curioso, mesmo que tão frustrado quanto eu.
Nina: Minha irmã que mandou uma mensagem pra falar que tá cansada, com dor de cabeça e que não sabe se vai vir aqui hoje... pra eu falar com a minha mãe.
Lucas: Esse toque todo foi só a mensagem?
Nina: Não! Ela tem essa mania de quando a gente demora a visualizar a mensagem, ligar - falei, me sentando na cama sem qualquer novo clima - Acho que eu vou lá falar logo com a minha mãe.
Lucas: Ah não, deita aqui comigo, pelo menos... Vamos descansar um pouco e daqui a pouco cê fala.
Nina: E se eu esquecer? -disse me virando pra olhá-lo.
Lucas: Pode deixar que eu não vô esquecer - ele disse virando na cama de barriga pra cima e com os braços esticados acima da cabeça também, acabando por me fazer rir.
Nina: Tu foi muito judiado mesmo, vou fazer o que tu tá pedindo, tá bom? - falei já me ajeitando na cama e aproveitando o espaço que ele tinha deixado ali, pra me juntar á ele.
Lucas: Não pense que isso vai te afastar da dívida comigo que a sua irmã te colocou não, tá?
Nina: Eu prometo que vou pagar direitinho - falei me deitando de lado, virando-me pra ele e aproveitei para roubá-lo mais um beijo que, talvez por todo esfriamento que já tinha acontecido, realmente não se estendeu e nós ficamos apenas deitados, descansando e curtindo a presença um do outro a partir de então.

[...]
Praticamente, eu pouco cochilei e ao abrir meus olhos me dei conta que eu não conseguiria mais ficar na cama. O aconchego do abraço do Lucas em volta de mim e a quentura do seu corpo tão próximo era sem dúvidas uma das coisas mais gostosas desse mundo, mas eu precisava levantar. Como sempre e com todo cuidado que eu quase me obrigava a ter para não despertá-lo, eu consegui sair da cama e fui primeiramente ao banheiro, logo em seguida indo para a sala junto ao meu celular. Pelo silêncio que percorria o apartamento, todo mundo parecia ter aproveitado a tarde para pôr o sono em dia e eu acabei indo a varanda - o que já era um costume meu, principalmente por ser tratar do horário das 17:45, quando o Sol já dava seus indícios para se pôr. Sentei-me na cadeira de balanço que tinha ali, certamente uma das minhas preferidas de toda a vida, e fiquei olhando pra praia que não estava tão cheia. No entanto, para ser franca, isso não fazia muita diferença: a beleza particular que tinha o Céu conseguia prender toda a minha atenção nele.
Aquela observação sempre era algo que me remetia á milhares de pensamentos e com a mente vagando, ia permitindo que diversas sensações me atingissem, desde gratidão á lembranças inevitáveis. Pude sentir um vento quase específico passar por todo o meu corpo e num arrepio, alcancei uma memória em especial na minha mente.

Flashback: ON

Amanheci no dia que eu não queria. Segunda feira, 02 de maio de 2016. Abri os meus olhos com a minha cabeça como um alarme, estrondando na minha mente que doía, a infeliz lembrança que se completava hoje um ano que o Rafael não estava mais aqui. Há exatos trezentos e sessenta e cinco dias o barulho que ele me trouxe não foi o da porta abrindo e anunciando a sua chegada, porém sim a do toque do celular que anunciava o seu estado no hospital. Tudo ainda era muito fresco na minha memória: A correria de sair de casa com a roupa que eu estava, o tremor nas mãos que tomava o meu corpo inteiro por um medo antes nunca sentido, as vozes de tantas conversas paralelas no hospital, a notícia que me tirou o chão. Nesse exato momento, deitada nessa semana, o meu corpo formigava ainda em recordar tão originalmente aquelas sensações.
Meus olhos umedeceram numa rapidez absurda e logo que os fechei, as primeiras lágrimas caíram pelo meu rosto. Inevitável. Mesmo doendo, a minha cabeça não parava de trabalhar em me trazer memórias que, independente da ordem cronológica, tinham uma única ligação: em todas elas, ele estava. Fosse sorrindo ou me fazendo sorrir, fosse brincando ou trabalhando com o mar, fosse em momentos fáceis ou momentos difíceis... Em seis anos de relacionamento, definitivamente, a coisa que Rafael mais pôde me deixar foram lembranças. Inesquecível.
Lucas: Hmmm - ouvi um sussurro do Lucas que me denunciava que ele estava se espreguiçando, a beira de seu acordar. Dessa vez, eu mantive os meus olhos fechados e me arrependi por breves segundos por tê-lo deixado dormir aqui ontem.
Depois de uma semana corrida para ele com gravações no Projac, na última sexta e no último sábado ele fez shows, o que contribuiu para que quase não ficássemos juntos esses dias. A vontade de tê-lo por perto era enorme e ontem me contagiei com isso, querendo-o o máximo de tempo comigo para podermos recuperar um pouco desse tempo perdido. Vivemos um bom domingo, a propósito. Ele chegou na hora do almoço e não foi embora mais: Maratonamos série, ele me ensinou a fazer um incrivelmente gostoso doce com pasta de amendoim e nos aproveitamos de uma maneira que me fazia afirmar cada vez mais o quanto eu queria estar com Lucas. No entanto, exatamente nesse momento, tudo o que eu esperava era estar sozinha.
Aproveitei que não estava mais envolvida em seus braços para virar-me de bruços e manter os meus olhos fechados de modo que o fizesse acreditar que eu ainda estava dormindo. Não sei se fui boa atriz ou se ele realmente não quis reparar nisso, mas apenas o senti deixando um beijo no meu ombro esquerdo e se levantando com cuidado da cama. Em pouco tempo, ouvi a porta do banheiro se fechar e segundos depois, o barulho do chuveiro sendo ligado, o que me fez permitir ficar aqueles minutos seguintes sozinha.
Virei-me de barriga pra cima e passei as mãos sobre os meus olhos completamente molhados, limpando-os, mas sabia que havia sido completamente em vão. Hoje, eu não conseguia controlar o fluxo de lágrimas em mim. Sentir saudade, algumas vezes, é até bom, nos alimenta de certa maneira. Mas nesse momento, ela era esmagadora. A definição era essa porque eu só conseguia me recordar do dia que eu descobri que nunca mais o veria fisicamente. E ter essa conclusão nos faz perder qualquer sensatez e caminho de progresso; hoje era um dia que eu só queria ser imatura e chorar como se isso realmente fosse acabar com todos os meus problemas ou a minha dor.
Com os pensamentos embaralhados na minha cabeça e um choro que não conseguia ficar presto, tentei me ocultar mais uma vez quando ouvi o fim do barulho da água do chuveiro. Permaneci naquela posição, com a barriga pra cima, mas pus um dos meus braços sobre os meus olhos e os fechei, do modo mais convincente que eu poderia ser a alguém. Pouco tempo depois, senti o cheiro do Lucas invadir o quarto e imaginei até mesmo que ele deveria estar se arrumando para ir pro Projac daqui a pouco ou treinar - porque eu mesma nem me lembrava mais como estaria o dia dele hoje -, mas de toda essa percepção, eu havia me esquecido da mais importante: Lucas me conhecia como ninguém.
Lucas: Bom dia, Nina - ele disse ao mesmo tempo que eu ouvia o barulho do desodorante que ele provavelmente estava passando - Sua respiração tá pesada, eu sei que cê tá acordada - ouvi a embalagem sendo posta sobre o meu móvel e respirei fundo mais uma vez, antes de tirar o braço dos olhos.
Esperei que meus olhos se acostumassem com o pouco da claridade e olhei pelo quarto o vendo quase de frente ainda a porta do banheiro, somente de bermuda e com os cabelos parecendo úmidos. Seus olhos que me encaravam de longe pareceram escurecer ao se encontrar com os meus - provavelmente inchados e até mesmo vermelhos.
Lucas: Cê tá se sentindo bem? - seu tom de preocupação na voz o trouxe para mais perto da cama e eu fiz esforço para me sentar nela, mesmo sentindo a cabeça pesada.
Nina: Não - minha voz saiu quase como um suspiro e ele se sentou na minha frente, sem tirar a expressão preocupada de seu rosto.
Lucas: O que cê tem? Quer ir num médico? - tratou de perguntar apressado.
Nina: Hoje... - falei, pegando o meu celular que estava ali do lado no criado mudo - São dois de maio - disse acendendo a tela e virando o aparelho para que ele visse, depois de me certificar do dia - Dois de maio - afirmei novamente e vi o seu rosto confuso, provavelmente sem entender do que eu falava - Faz um ano da morte do Rafael - falei e soltei um soluço logo em seguida, percebendo que o choro já queria voltar apenas por pronunciar essa frase.
Lucas: Nina - ele arregalou os olhos em completa surpresa, me deixando ciente que ele não sabia muito bem o que falar e eu coloquei o meu celular de volta ao criado mudo - Cê não falou nada comigo ontem, nem esses dias... desculpa, eu não sabia - ele falou quebrando a sequência de alguns segundos de silêncio.
Nina: Eu não queria falar sobre isso, achei que ia espairecer, mas... hoje não dá, hoje não dá! - repeti aquilo balançando a minha cabeça negativamente, com os olhos fechados, e sentindo novas lágrimas escorrerem. Os braços do Lucas trataram de rapidamente me trazer para dentro de um abraço forte e intenso, como sempre era.
Lucas: Eu sei que é ruim, mas cê não precisa segurar essa barra sozinha... Cê tá acordada há muito tempo? Por que não me chamou?
Nina: Eu queria não precisar falar sobre isso contigo - falei quase que ignorando as perguntas que ele havia me feito.
Lucas: Mas tem outro jeito? É ainda melhor do que cê tentar esconder isso, me afastar dos seus problemas não é uma solução - ele disse me soltando daquele abraço, mas permanecendo com o seu olhar atento á mim - Quer que eu faça alguma coisa? O seu café ou.. Abra a janela?
Nina: Até o Céu tá nublado hoje - falei olhando pra janela e concluindo o que já dava para perceber, mesmo estando os vidros fechados - Parece até uma coisa, né? - voltei os meus olhos á ele, tentando controlar toda a minha sensibilidade.
Lucas: Isso não importa! A luz está aqui, ó... - ele disse levando a mão em direção ao meu peito esquerdo, exatamente no meu coração - Assim como ele.
Foi em vão a tentativa de segurar o meu choro quando com essas palavras, Lucas conseguiu inundar os meus olhos. Dessa vez, eu que me impulsionei para abraçá-lo e fiquei quase em seu colo, de tão forte que quis o ter pra mim. Apertei seus ombros e ele fazia o mesmo em meu corpo, demonstrando estar ali. Na verdade, ainda que tentasse esconder, no fundo eu só queria ser uma criança no colo de quem soubesse cuidar - e ele, como sempre, sabia fazer isso como ninguém.
Depois daquela breve conversa e daquele abraço, não houve mais arrependimentos por ter o Lucas aqui. Na verdade, ele era tudo o que eu precisava para aprender a seguir em frente.

Flashback: OFF

Aquela lembrança trazida pelo vento me fez pensar em todos os últimos acontecidos da minha vida. Há um tempo, eu não cogitava a chegada de um novo amor por temores bobos. Na verdade, eu adiei muita coisa até mesmo entre mim e o Lucas por conta disso. E para ser honesta, ás vezes, me ocorre sensações como essa, no entanto, o que eu sinto pelo Lucas me move em sentido contrário. Na verdade, ele sempre me afasta de qualquer medo. Hoje, pensar no Rafael e no Lucas não dividia mais a minha mente, só acumulava nela uma porção de amor inexplicável. Ter tido um foi o que me deu base o suficiente para ser quem eu sou hoje e ter o outro é o que me trouxe de volta a quem eu era. Eles funcionam com um equilíbrio que, embora em momentos distintos e controversos, guardam o sentimento mais puro que eu posso oferecer a alguém. 
Aproveitei que também senti o meu celular vibrar, por uma mensagem aleatória do grupo da agência, e o peguei para fazer algo que há um bom tempo não fazia: Ir até o Instagram do Rafael. Eu gostava quando conseguia pensar nele com essa sensação de leveza, de total conforto e isso fora mais uma das coisas que o Lucas me trouxe. Rolei pouco pelas primeiras fotos e foi inevitável não me sentir inspirada a escrever algo. Gostava de me dedicar ás palavras quando pareciam que só elas se enquadrariam a descrever o que passava agora dentro de mim. Escolhi uma que sempre foi uma das minhas preferidas, uma das últimas inclusive que ele havia colocado em seu Instagram, e logo pensei em postá-la no meu Instagram. Enquanto fazia todo o processo para a publicação, fiquei pensando no que estava acontecendo nas minhas redes sociais ultimamente. Por ter trocado a minha foto do perfil - onde finalmente tirei a que estava eu e o Rafael, colocando somente uma minha -  e por ter feito a minha última postagem a ele exatamente nesse dia da minha recente lembrança, quando completou um ano de seu falecimento, era inevitável que alguns comentários aparecessem por lá. A internet, assim como tudo nessa vida, é uma moeda de dois lados e do mesmo modo que aparecem milhares de coisas boas para se ver, existem pessoas que são capazes de se colocar apenas em prol do julgamento. 
Não era de hoje que eu lia um comentário ou outro em cada foto que eu postava me perguntando sobre o Rafael. Algumas pediam para eu voltar a postar mais sobre ele, alegavam saudade dos meus textos; outros eram invasivos em questionar se eu tinha um novo alguém e até ousavam em comentar algo sobre o esquecimento. Na maioria das vezes, algumas palavras me soavam agressivas e doíam, mas eu nunca tinha respondido. Sempre achei que certas coisas não valeriam a pena e no final das contas, as pessoas sempre iriam entender apenas o que elas quisessem, não importando quantas vezes as forem repetido o contrário. No entanto, como queria escrever algo para aquela foto que publicaria, achei que seria válido atrelar esse assunto na legenda. Talvez, eu estivesse precisando desabafar por algo que venho acumulando há boas semanas.
@ninabarsanti Não, eu não me esqueci. Sim, eu tive que me acostumar com a dor da saudade. Não, eu não vou deixar de postar fotos aqui sobre ele. Mas isso vai acontecer sempre no tempo que eu achar que devo.
Me julguem ou me deem elogios. A questão é que isso não importa.
Todas as vezes que escrevi aqui, foi como uma válvula de escape. Mas isso não significa que os dias que eu não postar nada, eu não estou pensando nele. Rafael e eu somos ligados á uma maneira que as redes sociais são superficiais demais para entender.
Para mim, na verdade, o importante sempre foi e sempre vai ser saber que eu fiz parte da história dele e ele da minha. E que independente do caminho que a vida levar, nada vai apagar.
weberkaren Você tem todo o direito de lembrar pra sempre! Amor mais lindo!
rosangeladaher A dor da saudade só sabe quem a vive, longe de tudo isso, bem aqui dentro do coração. Te amo!
luizamarques Me emociono sempre com as suas postagens. Rafael é o seu anjo da guarda!
marinapassos Que lindo! Ninguém tem que julgar, isso que é amor verdadeiro!
medinavida.fc Você está certíssima! Siga em frente com um novo amor, com novos projetos... a sua proteção tá cuidada lá de cima! Não tenha medo!
surfilipe Admiro demais você! Acredite: Você tá aqui pra ser feliz!
albuquerquelarissa Gosto do teu jeito simples de fazer as coisas por teu coração, não para aparecer... Muita luz!
nathportela Você viveu um grande amor e o melhor é que a vida tem mais amor! Se sua diminuição de postagens for sinal de um novo capítulo da vida chegando pra você, não o impeça, guria! 
luccofeelings Você é uma guerreira! Um amor e uma  saudade tão puros quantos esse não poderiam ser alvo de julgamento.
karinaazevedo Só peço que não pare de postar! Eu amo tudo o que você escreve pra ele! É tocante, lindo e real.
Como costumava fazer sempre que eu postava algo para o Rafael, me perdi ao dar atenção aos comentários. Tinham muitas coisas positivas por ali e embora ainda tivessem pessoas supondo que a minha mudança de atitude com relação ás publicações para ele tivessem a ver com um novo relacionamento, a maioria delas apoiavam esse passo. Escreviam, inclusive, palavras que eu precisava ler para reafirmar em mim a certeza que eu não precisava me culpar por nada; uma história jamais é capaz de anular outra.
Dessa vez, eu não chorei. Sentia-me bem com a minha alma e depois de um bom tempo de contradições dentro de mim, hoje isso não fazia mais parte. Desde o fatídico dia que eu perdi o Rafael, eu nunca estive tão feliz como estou agora, com a alegria e a tranquilidade que esse novo relacionamento com o Lucas me trouxe. Todas as coisas existem o seu tempo pra acontecer e esse, sem qualquer dúvidas, era o meu tempo e do Lucas. 
Quando bloqueei a tela do celular, fiquei ainda mais um tempo com os olhos em direção ao Céu, conseguindo enxergar o movimento leve das ondas e sentindo a brisa que batia contra mim. De uma maneira ou de outra, aquela conexão entre o Mar e o Céu me dava esperanças que todos os planos estavam ligados de alguma forma - e nós podíamos nos acalmar nessa certeza, se nos permitíssemos prestar atenção. Ao ver o Sol cada vez se abaixando mais, levei as minhas mãos ao peito e fiz a minha pequena oração de gratidão a vida e ao Rafael. Era sempre importante aquilo para mim e não poderia deixar de viver esse momento. Entretanto, assim que abri os meus olhos, cheguei a me assustar ao olhar para trás e ver o Lucas naquela passagem entre a sala de estar e a varanda.
Lucas: Não quis te interromper, cê tava tão... calminha aí - sorri pra ele, logo em seguida passando a mão no meu rosto e o vendo ir em direção a segunda cadeira que ali tinha.
Nina: Pensei que tu ias dormir mais - disse virada pra ele que já estava sentado 
Lucas: Depois que cê levanta da cama, é mais difícil pra eu dormir, cê sabe disso, né?
Nina: Vai fazer com que eu me sinta culpada a partir de agora, também sabes disso, né? - respondi no mesmo tom e a gente acabou rindo.
Deixamos um silêncio entre a nossa conversa e mesmo que aquilo não me desagradasse, em uma das primeiras vezes o Lucas parecia não estar em seu extremo conforto e então, logo o quebrou.
Lucas: Cê tá bem? - ele disse encurvando um pouco do corpo, deixando apoiar os seus cotovelos em seus próprios joelhos e esticou uma das mãos para alcançar a minha.
Nina: Uhum - respondi quase num suspiro e os olhos dele logo se estreitaram, em sinal de desconfiança - Eu juro que tô! É só que depois de um tempinho em silêncio, eu fico ainda meio assim pra retomar a conversa... é normal.
Lucas: Pra mim, isso significa que cê tava com muitos assuntos nessa sua mente e pensando sem parar - ela falou naquela tentativa de adivinhação sobre o que estava acontecendo.
Nina: Sabes que eu consigo meditar, né? Do tipo "controlar" - fiz aspas com as minhas mãos - O fluxo de pensamentos, né?
Lucas: Esqueço que tô namorando o Professor X DO X-Men
Nina: Ele controla a mente dos outros, engraçadinho - falei tentando segurar o riso sobre o pensamento rápido do Lucas.
Lucas: Então... Cê também controla os meus pensamentos, dona deles todinhos - dessa vez, foi impossível não cair em gargalhada e acho que nem ele se aguentou, logo me acompanhando.
Nina: Se tu dependesse dessa cantada, Lucas... Tu tava ferrado mesmo guri! - falei segurando a mão dele que já estava sobre mim, ainda rindo.
Lucas: Ainda bem que eu tenho conteúdo, num só um tanque, tá vendo?
Nina: Pois é, né? Embora que um tanque é muito importante algumas vezes, não é? - questionei, colocando o tom mais ingênuo possível na minha voz.
Lucas: Claro... Lavar a roupa, ás vezes, é bom - dei de ombros, mas logo desci o meu olhar para o seu peitoral e seu abdômen que estavam ainda desnudos.
Nina: Fundamental, eu diria - levei a minha mão em direção ao ombro dele e desci com o meu dedo indicador vagarosamente, fazendo desenhos aleatórios sobre a pele do Lucas.
Lucas: Nina... - ele chamou o meu nome enquanto observava por onde o meu dedo passeava e ainda que sem a unha, estremecia os seus músculos com o meu toque.
Nina: Considere-se um guri de sorte por estarmos na varanda - falei tirando a minha mão de seu corpo, agora encarando os seus olhos que faziam o mesmo comigo.
Lucas: E se eu disser que tenho fetiche em varanda? - acabei gargalhando, quebrando qualquer possibilidade de um clima sexy entre nós e ele me acompanhou.
Nina: Tu não existe mesmo, pelo amor de Deus - falei deixando agora os meus braços sobre os seus ombros, aproveitando que estávamos um sentado frente ao outro, e quis diminuir aquela distância que estava a me perturbar.
Senti as mãos de Lucas se dividirem um em direção a minha cintura e outra que alcançou a minha nuca, prestes á controlar qualquer movimento nosso. Meu coração sempre se acelerava de uma maneira quase especial para aqueles momentos e a nossa variante velocidade dava um sabor á mais aquele gesto. Seus dedos se emaranhavam ainda ainda mais pelo meu cabelo - do jeito que ele já tinha descoberto o quanto eu gostava - e eu aproveitei para fazer o mesmo com as minhas mãos, deixando a ponta das unhas por ora contra a sua pele da nuca e por outra acarinhando seus cabelos que agora estavam tão mais baixos. A respiração falhava, a gente se afasto por uns breves segundos e como num imã, nossas bocas se atraíram novamente. Uma das certezas que eu ganhei dessa vida foi que parar de beijar o Lucas é mais difícil do que qualquer pessoa nesse mundo pode pensar.
E assim, hoje, embora o meu pensamento e a minha escrita tenha sido toda voltada á ele, eu não quis mais falar sobre o Rafael. Não por uma espécie de acreditar que o Lucas não iria me ouvir - até, porque muito pelo contrário, certamente ele é o melhor ouvinte que eu poderia encontrar -, mas porque eu me sentia completamente certa de que cada história tem o seu momento e o seu valor. Por todos os acontecimentos da minha vida, eu também sabia o quanto deveria aproveitar o presente, por não ter noção do dia de amanhã. Com isso, preferi protelar qualquer assunto sério e ficar ali nos braços do Lucas um pouco mais, curtindo aquela chance que a vida havia me dado. A oportunidade veio para eu ser feliz, no agora, sem pesar qualquer coisa que antes já me aconteceu - e livre de todo peso na consciência pra me dispôr a isso.

Recadinho: Oi meninas! Primeiramente, desculpem a minha falha de ontem. Tive um imprevisto e não tinha como eu sequer vir aqui só pra postar o capítulo. No mais, tenho textão pra fazer rs: Eu gostei bastante de um comentário que fizeram pedindo pra colocar e detalhar mais os momentos deles, como carinhos, brincadeiras e hot. Não sei se vocês sabem, mas eu não sou a melhor em escrever as cenas mais quentes, no entanto como eu disse, gostei bastante da forma como essa menina se expressou. Isso é importante pra mim, essa via de mão dupla onde vocês me contam em que pontos podemos melhorar. Quando falo sobre os comentários, não quero que inflem meu ego o tempo inteiro, eu tô aqui para ouvir cada dica de vocês e tentar aperfeiçoar ao meu jeito de escrever. Tem coisa que até é mais complicado de fazer pra mim e não tô dizendo que eu vou mudar, mas se eu posso me esforçar a agradá-las, por quê não? Então, esse tipo de comentário e até mesmo posso considerar uma crítica construtiva, me deixa feliz de verdade. Por fim, quero falar de quem está pedindo Lunina três vezes na semana: Eu não vou me comprometer a isso, porque é como eu digo, não posso firmar o compromisso aqui com vocês de regularidade, se as minhas pernas não poderão alcançar isso. No entanto, eu vou prometer tentar seguir uma ideia também cedida nos comentários (na última postagem, vocês arrasaram nesse aspecto!), de ao menos uma semana colocar três vezes os capítulos e em outra, duas. Vou avisando vocês aqui nos recadinhos quanto á isso, tudo bem? Nos próximos capítulos tem volta do Fábio (calmem!), mais família deles juntas (com momentos mais divertidos), uma surpresinha e depois vai ter viagem para um lugar que vocês já descobriram com os amigos deles. Desculpem também por eventuais erros, eu tô postando na correria da minha hora do almoço e não revisar uma palavra. Beijo e até sábado!

sábado, 24 de setembro de 2016

Chapter 25.

A chegada de um dia sempre me era conhecido pela sensação do Sol adentrando o meu quarto, funcionando junto ao alarme, como um despertador pra mim. No entanto, nesta terça feira, por eu ter dormido aqui no Lucas mais uma vez e o quarto dele conseguir ficar absurdamente escuro até mesmo pela manhã - em razão das cortinas e dos blackouts que são as melhores formas de fazê-lo dormir, quando tem tempo - o meu despertador não foi assim. Acordei por minha própria conta e aproveitei a minha mania de dormir de lado para pegar o telefone que estava ali no criado mudo. Inevitavelmente, me assustei: Na tela registrava o horário de 08:10 e eu tinha combinado estar ás 09:00 na agência, hoje, junto com a Ananda. Estava tanto com aquela sensação de ter perdido a hora que me levantei no impulso, esquecendo que um dos braços do Lucas ainda me envolvia e por isso, acabei por despertá-lo.
Lucas: Nina... - a sua voz rouca pelo sono trouxe a minha atenção para ele, que ainda mantinha os olhos fechados e se mexia na cama com uma preguiça visível.
Nina: Desculpa, eu não queria ter te acordado... Volta a dormir - falei apoiando as minhas mãos no colchão, inclinando um pouco do meu corpo e beijando o rosto dele devagar.
Lucas: Que que aconteceu? Que horas tem? - ele ignorou o que eu havia dito e me questionou enquanto se espreguiçava na cama.
Nina: Eu tô muito atrasada pra trabalhar! Mas tu podes voltar a dormir, cara, mais tarde a gente se fala - afirmei, não mais me aproximando, e peguei a bolsa que eu havia trazido no domingo para cá.
Passei para o banheiro quase correndo e enquanto fazia xixi, separei uma daquelas peças que eu já tinha usado, mas que ao menos ia servir para eu ir até em casa. Antes mesmo de trocar a roupa, acabei tendo a ideia de adiantar o meu banho ali. Seria uma atitude até mais prática! Então, me despi numa velocidade absurda e passei para embaixo do chuveiro, sabendo que aquele momento seria mais para me tornar limpa do que de fato ser relaxante, que era como eu costumava encarar o banho. Após isso, me enrolei e me sequei na toalha que já estava fazendo o mesmo esses dias e depois de prender meu cabelo num alto rabo de cavalo, vesti as peças que eu já havia colocado pra fora da bolsa. Saí do banheiro já com a mesma nos ombros, inclusive, e me surpreendi quando olhei pra cama e o Lucas já não estava mais lá. Os lençóis estavam inteiramente bagunçados sobre ela e era nítido que ele havia se levantado também com pressa, o que eu estranhei - até porque, nem no banheiro ele passou.
Organizando todos esses pensamentos na minha cabeça, calcei os meus chinelos que estavam pelo cômodo e peguei o meu celular me preparando para descer. Sabia que eu ainda precisava encontrar o Lucas antes de sair e no fundo, senti até uma leve irritação por ele saber que eu estou atrasada e ter sumido assim - me obrigando a ter mais alguma coisa á fazer antes de conseguir sair. Fui checando o meu email, aproveitando o celular em mãos, e para ver se não tinha nada de interessante por lá, até que quando cheguei ao primeiro andar da casa não vi nada além da Lucca e da Luna passando para a cozinha. Isso me acendeu a ideia de olhar pra ver se o Lucas estava lá e assim que cheguei no cômodo, não só o encontrei como senti aquele leve estresse praticamente se esvair. 
Em frente a bancada que se estendia por boa parte da sua cozinha, ele estava colocando o café em uma xícara e ao lado estava a máquina de esquentar o pão que já dava um cheirinho de misto quente por todo o cômodo.
Lucas: Ah, cê já tá aí? - ele falou percebendo a minha presença ali antes mesmo que eu pudesse dizer algo - Tá pronto já, vambora que eu vô te levar... Cê vai passar em casa ou vai direto pra agência? - ele disse apressado, como quem tivesse contaminado com a minha pressa, mas os seus olhos tão pequenos e a sua voz ainda rouca de sono denunciavam o seu acabar de acordar e uma certa preguiça.
Nina: Não, pera aí - falei balançando levemente a cabeça, me aproximando dele - Eu quero é saber como é que tu existe - ele riu, deixando os olhos ainda menores e eu estiquei os meus pés para enrolar os meus braços em volta do pescoço dele.
Lucas: Só pela forma desesperada que cê acordou, eu sabia que cê tava muito atrasada... O café aqui faz rapidinho, pô, cê sabe - falou fazendo referência a cafeteira, mas sem tirar os olhos de mim e já deixando as suas mãos na minha cintura - Só quis te ajudar...
Nina: Como sempre, né? - sorri, completamente abobada e deixei que ele se aproximasse dos meus lábios, iniciando um beijo entre nós. Foi bem rápido, por todas as circunstâncias a nossa volta, mas já era um grande presente para se começar o dia.
Lucas: Vai, deixa eu tirar isso daqui antes que queime - disse me afastando um pouco e voltando sua atenção á máquina que fazia o pão - Pega um pedaço de papel toalha aí pra botar pro cê ir comendo
Nina: Vou pegar - falei me virando pro armário, onde sabia que logo na primeira porta aquilo estava - Eu vou ter que levar sua xícara no carro também, depois tu volta com ela...
Lucas: Tá tudo certo, linda - ele sorriu e pegou o papel da minha mão pra poder tirar o misto quente já completamente pronto - Só que eu fiz com queijo coalho, porque era o queijo que tinha aqui... tá bom? - ele me olhou com um pouco de dúvida.
Nina: Não é possível que tu ache que eu vou ter coragem de reclamar de alguma coisa - ele riu - Tá tudo ótimo, agora vamos? Eu tinha que tá na agência nove horas e olha já a hora! - falei apontando pro relógio que tinha na cozinha e ele pegou a xícara do café pra me entregar também.
Lucas: Bora, bora! Cê só ainda não me respondeu se vai pra agência ou vai em casa ainda... - ele disse se certificando que estava tudo desligado na tomada e assim, já fomos saindo em direção á sala.
Nina: Vou passar em casa, preciso colocar outra roupa... - falei vendo-o pegar as chaves e abrindo a porta principal, em seguida me indicando pra sair - Seus pais tão dormindo ainda, né?
Lucas: Tão, eu acho! Não vi ninguém aqui embaixo.
Nina: Deixa um beijo pra eles. Ontem eu nem pensei que ia sair nessa correria toda e acabou que eu nem falei nada - disse indo em direção ao carro, depois que ele já tinha fechado a porta e agora destravava o veículo.
Lucas: Pode deixar! - ele assentiu com a cabeça enquanto a gente entrava no automóvel e ele logo deu partida, enquanto eu comecei a literalmente devorar aquele café da manhã que ele tinha preparado pra mim.
Era incrível como ao mesmo tempo que comia aquilo, eu me permitia até soltar uns sorrisos involuntários só por pensar naquela atitude do Lucas. Foi um gesto tão pequeno, tão simples, mas que não só fez o meu dia começar melhor, como fortaleceu aquela certeza do quão especial o Lucas era. Somente pessoas gigantes conseguem se fazer tão valiosas até mesmo nesses pequenos detalhes. E ele era assim: pensava em tudo sob o melhor viés, principalmente quando se tratava de algo para mim.
Enfim, eu estava tão perdida em meus próprios pensamentos que mal havia me dado conta que naqueles segundos, o Lucas havia ligado a rádio em uma qualquer estação. Mas naquela havia começado uma música que o ritmo me era conhecido - por também já tê-la ouvido por aí - só que somente hoje eu me atentei a letra. "Para de mandar mensagem carinhosa, no meio da noite, só pra provocar. Para de falar de mim pros seus amigos, inventando assuntos pra me elogiar. Para de se preocupar com os meus problemas, sua vida é corrida, tem do que cuidar. Para de beijar do jeito que eu adoro que eu não tô podendo me apaixonar. E se eu gostar, e aí? Você me aceita pra vida inteira? Já imaginei aqui nosso apartamento e os filhos crescendo... Eu acho que a gente se apaixonou e o beijo da gente me viciou. Parece que a gente já tá dependente um do outro... isso é amor! Você me sorriu e a vida mudou e a nossa história só começou! Parece que a gente já tá dependente um do outro, isso é amor!". O ritmo se reiniciava e a letra repetia logo em seguida, mas ao me concentrar naquela mensagem foi inevitável não correlacioná-la com a minha vida, com os pensamentos que estavam na minha cabeça antes de eu dá-la atenção, com aquela pessoa que estava ali ao meu lado.
Nina: Olha... É porque eu não sei escrever... - falei, trazendo a atenção dele pra mim que já me encarava rapidamente com um olhar meio desentendido - Quer dizer, eu sei escrever, porque fui alfabetizada - ouvi-o rir e prossegui - O que eu tô falando é que não sei escrever música e tal, mas se eu soubesse, eu faria algo assim pra ti.
Lucas: Pra mim? - dessa vez ele não teve medo de se desconcentrar da direção e verdadeiramente me encarou
Nina: Sim! Achei a nossa cara - falei com um leve riso entre os lábios e ele não conteve o seu sorriso também.
Lucas: Essa música é muito boa! - ele disse voltando o seu olhar pra frente, mas ainda sim prosseguiu - Nunca tinha reparado como ela realmente pode ser parecida com a gente - deixou um riso escapar e eu o acompanhei, ao tempo que ele já chegava bem pertinho da minha casa.
Nina: É muito! Quase uma invasão á muita coisa que eu pensei da gente desde o começo - confessei, rindo e dando uma última mordida no meu pão.
Lucas: Muito bom saber disso, vou até ouvir com outros ouvidos essa música a partir de agora - rimos e ele estacionou ali em frente á minha casa, o que me apressou a terminar de beber o café também - Está entregue, minha guria! - falou me encarando, se ajeitando até para ficar mais de frente pra mim.
Nina: Minha guria - sorri toda boba, mais uma vez - Cada coisa bonita que tu fala e faz, eu percebo que me atraso mais ainda e incrivelmente, não ligo nem um pouquinho - ele gargalhou
Lucas: Eu só tô tentando te ajudar, eu juro! - levantou as mãos escapando de certa culpa, me fazendo rir.
Nina: Deixa eu ir lá, sério... Obrigada pelo café, por me trazer aqui, por... - senti o indicador dele alcançar meus lábio, impedindo que eu falasse e fazendo com que eu fechasse os meus olhos instintivamente.
Lucas: Cê sabe que nunca precisa me agradecer nada - e dali, ele finalizou a distância entre nós, deixando um beijo em minha boca.
Nina: Pronto, agora eu vou - falei assim que concluímos aquele beijo ainda com uma sequência de selinho - Cuidado com essa xícara aqui e não esquece de mandar um beijo pra sua família, tá?
Lucas: Tá bom! - ele sorriu, destravando o carro para que eu pudesse sair - Ah! - chamou a minha atenção assim que eu já estava com a porta aberta - A gente podia ir almoçar, dependendo da hora que cê sair da agência, né?
Nina: Eu acho que não vou demorar lá, mas a gente vai se falando, pode ser?
Lucas: Claro! Eu vô treinar agora e mais tarde tenho que ir pro Projac, mas aí a gente vai tentando se acertar.
Nina: Beleza então, tá certo - sorri para ele, saindo e ajeitando a xícara sobre o banco pra que ele levasse sem ela cair - E ah! Quando tu for treinar, bota uma camisa, tá? - falei fazendo referência ao fato dele estar ainda sem camisa desde a hora que acordou, vindo me trazer aqui assim e uma gargalhada logo se instalou nele.
Lucas: Amo quando cê dá pra ser ciumentinha - falou de um modo quase infantil, tornando impossível manter a minha seriedade.
Nina: Deixa eu ir trabalhar, não esquece de me obedecer - falei ainda rindo, jogando um beijo pra ele e bati a porta do carro, vendo-o ir embora enquanto eu abria a minha casa.
Por tudo isso, literalmente corri entre os cômodos para poder alcançar o meu quarto e cheguei lá já jogando a minha bolsa na cama. Pela praticidade, escolhi colocar um vestidinho e uma sandália rasteira, onde só precisei acrescentar alguns acessórios, escovar os dentes, ajeitar o meu cabelo e podia me sentir pronta. Decidi nem mesmo me maquiar, porque eu já estava atrasada o suficiente para levar um certo esporro do Sérgio. Ele havia pedido para que eu e a Ananda fôssemos lá ver o resultado do primeiro ensaio que havíamos feito juntas há alguns dias, no entanto precisava que a gente chegasse cedo, porque hoje teria uma seletiva para a parte de atores lá na agência e depois das 10:00, ele estaria completamente atarefado - assim, não podendo dar a atenção que merecíamos e falar todas as coisas que queria. 
[...]
Depois da breve reunião com o Sérgio - e também de algumas reclamações pelo atraso, que aconteceu com a Ananda também -, nós duas estávamos indo pro carro em completo êxtase. Não tínhamos nenhum trabalho pra fazer hoje, mas a vinda até aqui valeu a pena: O resultado das fotos que fizemos juntas ficaram incrivelmente lindas, sob um ângulo maravilhoso e que valorizou demais todo trabalho externo que fizemos nas ruas do Rio de Janeiro. E para ser melhor do que isso, recebemos ainda a notícia que bastou as fotos serem catalogadas para que o Canal OFF fizesse contato com a agência, elogiando o nosso trabalho em conjunto e dizendo que nós - até mesmo por ambas termos um contato muito forte com o surf, com o mar e todas essas coisas - estávamos convidadas á um ensaio fotográfico. Organizaríamos datas e disposições numa reunião posterior, mas estávamos tão felizes de trabalharmos juntas e ver que o retorno era ótimo que nada poderia se comparar. Se eu ainda tivesse conseguido estar com algum resquício do estresse pelo atraso matinal, definitivamente, agora tinha ido embora. 
Nina: Onde tu quer que eu te deixe, Nan? Vais pra casa? - falei assim que nós duas entramos no meu carro, enquanto eu ajeitava o cinto. Ananda estava sem o seu e eu a ofereci uma carona que nunca me dava trabalho algum.
Ananda: Vou sim... Você vai fazer alguma coisa hoje? 
Nina: Acho que eu vou sair pra almoçar com o Lucas, deixa eu até vê aqui que eu acho que ele me mandou uma mensagem, pera aí - falei aproveitando que a bolsa ainda estava em meu colo e a revirando, encontrando o meu aparelho ali. Como havia dito, tinha recebido uma mensagem do Lucas e abri logo aquela que estava estampada nas notificações.
"Vamos almoçar no Balada Mix hoje?
Meus pais vão embora mais tarde, queria
levar eles lá.
Tô pensando em ir uma hora, pra não atrasar
a eles e nem a mim
Pode ser?
Então tá, te espero lá, coisica
Kkkkk
(se quiser eu também passo pra te buscar)
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Gosto bastante desse meu direito de 
resposta haha
Mas eu vou... eles já vão, é?
Eu encontro vcs lá, é melhor!
Tá combinado, "coisica" haha"
Ananda: Ai ai - ouvi os suspiros da Ananda ao meu lado o que me desconectou do próprio riso ainda pelas mensagens e voltou a minha atenção á ela.
Nina: Que que foi, sua doida? - falei jogando a minha bolsa no banco de trás - E coloca aí em cima pra mim, por favor - disse entregando a ela meu celular, pedindo para pô-lo no porta luvas.
Ananda: Você que tá toda risonha aí pro celular e eu que sou doida? Aham! - ela falou num tom de ironia que era quase cômico.
Nina: É o Lucas, guria! - falei deixando o riso escapar mais uma vez, porém logo prossegui - A gente tinha combinado de talvez fazer alguma coisa hoje, sair pra almoçar... Aí agora ele mandou mensagem dizendo que vai com os pais dele lá no Balada Mix, que eles vão embora. Então, tava me chamando pra ir.
Ananda: Com os pais dele? - ela me encarou, um tanto boquiaberta - Ah para que isso tá mais sério do que eu pensava? 
Nina: É... - falei comprimindo um pouco dos olhos e ouvi uma espécie de risada da Ananda - Acho que eu tenho umas coisas pra te contar.
Ananda: A senhora deveria era ter certeza disso, né? Tá guardando um monte de novidades aí que eu sei! - ela apontou pra mim, como quem brigasse, mas sua vontade de rir era sempre um pouco maior - Mas era isso que eu tava falando.. A gente precisa conversar! Que horas vocês vão sair?
Nina: Ele marcou lá pelas uma hora....
Ananda: Óh, ainda são... - ela fez uma pausa, encarando o relógio em seu pulso - Onze e dezessete. Vamos lá em casa? A gente tem uns assuntinhos pra colocar em dia!
Nina: Ah, então pode ser! Eu entro e a gente fofoca um pouco, eu aproveito pra te contar toda essa confusão da minha vida.
Ananda: Vida da Nina sendo vida da Nina - falou trazendo risos para dentro do carro - Ah... eu também tenho uma novidade.
Nina: Ah, guria! Quer dizer que eu não sou a única a esconder as coisas aqui? - dessa vez, fui eu quem tentei simular uma bronca.
Ananda: Mais ou menos também, viu?
Nina: Ah, agora a gente vai ter que chegar logo na tua casa que, pelo visto, vamos ter é assunto - disse colocando a chave pra virar e dar, enfim, partida ao carro.
Ananda: Vamos render - falou rindo e causando isso em mim, que alternava a atenção entre ela e entre tirar o carro da vaga que estava estacionado - Mas isso é culpa nossa mesmo que estamos há muito tempo sem tirar um dia pra fazer isso.
Nina: O casamento da Babi me consumiu, tu lembra como eu aparecia por aqui, né?
Ananda: Lembro, amiga - falou deixando um riso escapar. Realmente, durante o tempo de preparação de todo o casamento eu ficava apenas o que sobrava de mim quando retornava ao Rio. Aquele ritmo ponte aérea e todo o trabalho que deu não podia descrever, apenas ficar feliz por ter visto nesse último fim de semana o quanto valeu a pena - Ah, mas aproveita aqui e me conta como é que foi lá! Eu vi as fotos e babei... queria tanto ter ido!
Então, eu realmente aproveitei o trajeto que fizemos da agência até a casa da Ananda para ir contando á ela sobre todos os detalhes do casamento - que ela se ausentou, porque foi justamente no dia do aniversário do pai dela que também decidiu fazer uma super festa pelos seus cinquenta anos. O caminho era curto, mas conseguiu parecer ainda menor visto tamanho foi o nosso entretenimento dentro do carro. Eu e a Ananda juntas éramos sempre assim: passíveis de toda risada e distração do mundo inteiro.
Ela morava em uma casa - que eu já havia visitado outras poucas vezes durante o meu tempo aqui no Rio de Janeiro - e já tinha uma noção quanto a sua localização, pedindo a ajuda dela só para achar uma vaga que fosse livre para estacionar. Não demoramos muito nem mesmo para fazer isso e nós saímos juntas, adentrando a sua residência enquanto eu a ouvia falar sobre um bolo vegano que a mãe dela tinha comprado por esses dias e ela só lembrava de mim - primeiro por ser saudável e segundo por ter sido lá do Pomar Orgânico, sem sombra de dúvidas o meu eleito de melhor restaurante da região.
Ananda: Você tem certeza que não quer nada? - ela me perguntou pela terceira vez, depois de já ter fechado a porta e eu já estar me sentando em um dos sofás que tinham expostos por lá.
Nina: Amiga... eu só quero fofocar! - falei causando risos nela que vinha em minha direção e logo se sentou no mesmo sofá que eu, dobrando as pernas para que nós pudéssemos ficar da mesma forma.
Ananda: Olha isso, dona Nina! - disse com alguns resquícios de riso pelo rosto.
Nina: Minhas formiguinhas da curiosidade estão em chamas em mim. E na verdade, eu também quero contar as coisas, né? - falei com uma empolgação bem óbvia - Mas espera, sua mãe está aí? Eu sentei aqui e nem perguntei.
Ananda: Tá aqui no Rio, mas saiu. Ela veio com a minha tia e as duas foram aproveitar a praia na hora que eu fui trabalhar, acredita? Não voltam nem tão cedo! - falou fazendo referência a família que por vezes vinha ao Rio de Janeiro visitá-la - e também aproveitar as maravilhas da cidade -, mas era toda do Espírito Santo, assim como Ananda.
Nina: Vai, tu não quer me contar primeiro o que tá acontecendo contigo?
Ananda: Quero saber de você e do Lucas... pelo amor de Deus, é namoro ou não é? Minhas formiguinhas tão incendiadas já atrás de resposta pra essa pergunta - gargalhei com a forma que ela falava, gesticulando feito louca.
Nina: É! - fechei os olhos, balançando a cabeça positivamente e sem conseguir ficar com o sorriso contido, o que só me fez ouvir um gritinho de Ananda como comemoração.
Ananda: Meu Deus, Nina, já estava mais do que na hora! É sério! Por que vocês se enrolaram tanto se todo mundo já sabia que era isso que ia acontecer? 
Nina: Eu não sei... Na verdade, quem enrolou fui eu, né? Eu consegui me tornar uma pessoa mais complexa do que eu já nasci sendo, eu tinha medo, tu sabes...
Ananda: Medo de ser feliz não é algo que combina contigo! - ela me interrompeu, apoiando uma das mãos em minha perna, que a essa altura já estava dobrada e posta sobre o sofá também.
Nina: Eu sei, mas é difícil de colocar isso na cabeça, entende? Eu pensei que a minha vida inteira seria com o Rafael, tava tudo montado já. Quando acontece alguma coisa que muda tudo assim, a gente ganha o dom de complicar tudo.
Ananda: Mas você vê que não tá tão errada de ter persistido quando olha que o Lucas nunca perdeu a paciência de te esperar. Ele entende o seu tempo! Isso é um presente!
Nina: É exatamente isso! Por isso que eu percebi que não podia mais fazer isso com ele. E nem comigo, Nan! Eu gosto dele... muito que, talvez, nem eu tenha noção.
Ananda: Que linda! - ela deixou seu sorriso escapar entre os lábios - Você fica até mais iluminada quando fala dele, sério.
Nina: Eu sei, tô apaixonada, tô ferrada, né? - disse inclinando levemente a minha cabeça pra trás e nós gargalhamos juntas.
Ananda: Você merece ser tão feliz, amiga! Eu queria muito que isso acontecesse na sua vida e tô me sentindo, tipo, realizada - ela ganhou o meu sorriso em retribuição aquelas palavras tão bonitas - Mas, antes de eu avisar que assim que o Filipe vier ao Brasil, a gente vai fazer programa de casalzinho sim, eu quero que tu desenrole essa história direito. 
Nina: Tem tanta ida e vinda antes mesmo de começar que tu vais se perder - ela riu
Ananda: Acho que eu sei de algumas partes, lembra? Mas agora pode contar tudo no português aberto que você não precisa esconder nem que tá com ele, muito menos que tá apaixonada - rimos juntas daquela empolgação que se traduzia até na postura da Ananda, mas logo aproveitei aquela brecha para realmente contar a minha história com o Lucas como ela merecia saber.
Agora, sem mais ocultar qualquer coisa e principalmente, dando ênfase nesses últimos dias - que incluíram confusão com meu pai, Lorena e a decisão de enfim nos acertarmos. Conversei sobre a Karina também e as coisas que ela me falou afim de evitar a minha insegurança e lógico, mostrei a tatuagem seguindo por contar o dia de ontem com as crianças. Ananda me interrompia diversas vezes, por nunca saber segurar a sua opinião sobre algo, mas quando cheguei pra falar do aniversário do Lucas e que verdadeiramente á mostrei a tatuagem, vi os olhos dela brilhando como se ali formassem um mar de emoção.
Nina: Nan, não faz isso - adverti á ela, até porque eu sabia que se ela chorasse, eu desmontaria ali mesmo.
Ananda: Ai, não vou, não vou, não vou! - ela repetia para si mesma e passou a mão nos olhos, me dando a certeza que ela estava prestes a chorar mesmo - É tudo tão lindo, cara. Eu amei tanto essa tatuagem, tanto o quanto vocês juntos podem fazer um bem ainda maior e não só um ao outro... Vocês são especiais! Tinham que estar juntos mesmo!
Nina: De uma maneira ou de outra, a única explicação cabível é que o mundo girou pra isso, né?
Ananda: Mas você tenha certeza disso! - ela sorriu - Eu tô muito feliz, de verdade.
Nina: Eu também! Eu estava buscando me resgatar há um bom tempo e agora eu sinto que consegui fazer isso, sabe? Eu estou me sentindo... eu mesma!
Ananda: Isso é a melhor coisa do mundo! E eu te quero ver tão feliz, tão feliz... Sempre vai ter muita gente torcendo por você aqui debaixo e alguém juntinho á Deus lá de cima anotando os nossos pedidos pra dá um jeitinho de conseguir pra te ver assim também.
Nina: Ai, para de falar assim se não eu choro também! - falei sem conseguir parar de sorrir e vi a Ananda abrir os braços, se aproximando de mim e permitindo que nós duas fizéssemos aquele gesto. 
Ananda: Vou falar mais coisa, me deixe - ela disse ainda sobre os meus ombros, apertando forte o meu corpo dentro daquele abraço - Eu não conheci o Rafael, mas eu sei que ele era alguém especial porque foi seu, porque é extremamente amado pelo Filipe e pela família dele e então, eu só posso imaginá-lo a pessoa mais incrível do mundo! Então, nunca mais se sinta culpada por ele... Ele não ia querer isso. Encontrar alguém como o Lucas não é obra do acaso, é um presente de alguém que te quer muito bem. Aproveita o Lucas, amiga! Ame e re-ame. Você está aqui pra isso e ele também merece esse bem que vocês se fazem - intensifiquei ainda mais o nosso abraço e não deixei que as teimosas lágrimas caíssem, mas sentia o meu peito tão leve que eu não podia expressar. Todas as vezes que alguém me mostrava a minha vida sobre esse viés, eu percebia o quanto estava indo pro caminho certo, eu atestava o quanto o Lucas era uma certeza e um presente em minha vida.
Nina: Obrigada, amiga! Por tudo! - disse me soltando dela, onde deixamos escapar nossos sorrisos da maneira mais fácil do mundo.
Ananda: E só não te falo mais, porque você realmente merece mais, só que a minha sensibilidade tá muito a flor da pele. Você viu, né?
Nina: Sim! Parece até eu - ela gargalhou, descruzando as pernas e colocando-as pra fora do sofá, como quem fosse levantar.
Ananda: A explicação disso tem um pouco a ver com o que eu tenho pra te contar... Quer dizer, tem muito, né? - ela disse indo em direção ao rack da sua sala, abaixando para abrir uma gaveta e de lá tirando um envelope branco.
Nina: Opa, eu estou mesmo querendo saber o que tens pra me contar.
Ananda: Veja só você - ela disse me entregando aquele envelope e enquanto voltava a se sentar, eu deixei toda minha atenção no que estava em minhas mãos.
A frente do envelope - que tinha uma brancura impecável - revelava o símbolo de um hospital e o nome da Ananda etiquetado com mais algumas informações dela. Fiquei um pouco nervosa, por se tratar de algo médico, e tratei de abrir aquilo com pressa, retirando dali o que mais me parecia um exame. Passei ás vistas pelo cabeçalho corriqueiro e me direcionei do meio da folha para baixo, não demorando nem mesmo um minuto para compreender do que aquilo se tratava.
Nina: Ananda... Isso é um exame de Beta HCG! Tu tás... Tás grávida, Ananda? - falei virando o papel pra ela, sem conseguir organizar muito bem as palavras de acordo com os meus pensamentos e com o que eu via ali.
Ananda: Tô! - foi a única coisa que ela conseguiu fazer, me confirmar aquela pergunta enquanto vagava o seu próprio olhar pelo cômodo.
Nina: E como tás com isso? Sua mãe sabe? Filipe?
Ananda: Sim! Na verdade, só a minha família, a dele e agora você. Eu descobri isso no sábado... - ela falou, voltando a me encarar.
Nina: Como tu desconfiou? Sua menstruação tava atrasada? Tu nem chegou a comentar nada sobre isso...
Ananda: Eu sou toda desregulada, eu nem estava preocupada com isso pra ser franca. Mas eu não fui pro Espírito Santo pra festa do meu pai na sexta? Então, no sábado eu amanheci passando muito mal. Eu tava com muito enjoo, com muita fraqueza... Só que estava todo mundo pensando que era porque eu tinha exagerado na comida, né? Ás vezes, acontece. Só que no final do sábado, nada estava parando no meu estômago. Nada mesmo! Aí a minha mãe decidiu ir comigo numa emergência, eu precisava pelo menos tomar soro pra não ficar fraca. E lá, entre todas as coisas que eles fizeram comigo, colocaram que eu fizesse o exame de Beta. A minha mãe ficou desesperada, né? Quando deu positivo e o médico falou que era isso, então... Eu pensei que ela ia desmaiar na minha frente.
Nina: Meu Deus! E você?
Ananda: Eu fiquei em choque, né? Eu não estava esperando! Ainda mais com o Filipe lá na Califórnia, com a nossa vida tão maluca de namoro a distância... É complicado pensar nisso até agora, pra ser franca.
Nina: E aí quando você chegou em casa já contou pra ele?
Ananda: Não, deixei pro domingo. Contei só pro meu pai quando a gente chegou e incrivelmente entre mim, ele e a minha mãe, foi a reação mais tranquila. Acho que isso até nos acalmou um pouco! Aí quando foi no domingo de manhã, eu esperei bater o horário do fuso e chamei ele no Facetime. Ele tá todo bobo, Nina, está todo feliz! Foi outra reação que eu nem podia esperar. Mas, a Mari e o Ricardinho ficaram um pouco chateados... Depois que eu e o Filipe conversamos, ele disse que ia contar a família e quando veio me dá o retorno disso, estava com a maior cara de choro do mundo. E eu só fui falar com a Mari ontem, acho que ela precisou de um tempo pra digerir essa noticia.
Nina: Acho que isso é normal, sabe? Foi como tu falou, vocês não estavam preparados pra isso. E querendo ou não, são tão jovens... Um filho sempre muda isso. E os nossos pais são muito mais atentos que nós, não adianta negarmos. A atitude tanto dos pais do Filipe quanto até da sua mãe lá na hora é muito justificável. Mas eu também acho que as coisas vão se ajustando... É só esperar passar essa parte do susto! E o importante é ver que o Filipe está gostando tanto dessa novidade, não é? Facilita bastante as coisas!
Ananda: Isso sim, eu também concordo. Não tô chateada com eles, eu entendo e a minha mãe também falou a mesma coisa. É lógico que ela está feliz, mas também não pode mentir em dizer que era isso que queria pra minha vida agora. Acho que é a mesma coisa com os pais do Filipe! Agora quanto á ele, ele tá bem feliz mesmo. Tá me trazendo tantas palavras boas, de força, que até acaba com a minha aflição. Ele, Matheus, Davi e Sophia tão explodindo em felicidade!
Nina: Meu Deus, eu imagino a Sophia - acabei rindo - É porque com essa loucura que foi o meu final de semana, eu acabei não falando com ela, senão já ia ter descoberto isso. Feliz do jeito que deve tá, ela não ia segurar a língua dentro da boca - gargalhamos.
Ananda: Filipe já tava doido pra te contar! Eu que falei que quem ia contar era eu! - acabei rindo e ela me acompanhou
Nina: Mas e agora, Nan? Tem que fazer o acompanhamento, né? É bom começar o quanto antes...
Ananda: Sim, por isso que a minha mãe e a minha tia vieram aqui pro Rio junto comigo ontem. A minha tia é obstetra, tem uma amiga que é uma médica maravilhosa por aqui e eu vou me consultar nela amanhã.
Nina: Ah, que bom! Tá vendo como são as coisas? Elas vão se ajeitando no tempo certo e na maneira que devem ser. Fica tranquila!
Ananda: Mas eu posso confessar uma coisa? - ela disse me encarando, franzindo o próprio cenho - Eu tô com um certo medo, amiga... 
Nina: Medo de quê? - acabei interrompendo-a - Tu mesma quem disse que ter medo de ser feliz não combina comigo. Acredita em mim, nem contigo! Deus sabe de tudo o que faz, de tudo o que nos dá. Você é uma mulher incrível, uma profissional incrível, uma amiga incrível, uma filha incrível, uma namorada incrível... Oras, por que não será uma mãe tão incrível quanto?
Ananda: Ai meu Deus, só você! - ela disse com um sorriso que parecia não caber entre os seus lábios - Obrigada! Obrigada! Me abraça, por favor! - ela me pediu e quem seria eu para negar aquele momento? Inesperado ou não, aquele era o momento mais sublime da vida de uma mulher e eu me sentia muito feliz em ver a minha amiga adentrando á essa fase - Te amo! - ela disse sobre os meus ombros, depositando um beijo ali.
Nina: Eu também! E vou sempre estar aqui pra te ajudar com tudo, principalmente a partir de agora - falei enquanto a gente se afastava e vendo a Ananda levar a mão ao rosto pra limpar as lágrimas que havia deixado cair.
Ananda: É... Acho que agora não deu! - falou em referência ao próprio choro que não conseguiu ficar contido dessa vez, nos fazendo rir - É sério, é muito bom contar com você!
Nina: Nós somos uma dupla, Nan! Ou melhor, agora um trio, né? - disse levando os meus olhos até a barriga dela, sorrindo com tantos pensamentos bons que aquilo me envolvia.
Sorrimos uma pra outra e nos abraçamos mais uma vez esquecendo que o envelope do resultado do exame ainda estava entre nós. Era tanta felicidade, tanta cumplicidade, tanto encorajamento que somente os abraços poderiam expressar o que as palavras não ofereceriam por tamanha profundidade dos sentimentos.
Depois que nos desfizemos do gesto, ainda ficamos em alguns assuntos corriqueiros e inevitavelmente imaginando diversas coisas sobre a gravidez dela até a hora que a mãe dela mesmo chegou. Fui apresentada á sua tia - porque a mãe, a Cinthia, já havia conhecido em ocasiões anteriores - e ainda fiquei mais uns cinco minutos de conversa agradável com elas. Só mesmo quando meu horário apertou muito e eu já tinha recebido uma mensagem do Lucas dizendo que eles já estavam indo pro restaurante que eu me apressei em me despedir. 
No caminho que fiz da casa da Ananda até o Balada Mix demorei um pouco mais que o comum, visto que o tráfego sempre ficava mais intenso nesse horário do almoço. Assim que consegui chegar lá, enquanto procurava vaga, enviei uma mensagem pro Lucas e descobri que eles já estavam lá - o que ao mesmo tempo me preocupava por já estar atrasada, me deixava a par de saber que eu não precisaria escolher uma mesa para todos nós. Estacionei rapidamente e saí do carro com a minha bolsa a tiracolo, travando as portas e caminhando até a entrada do restaurante. Cumprimentei a mulher que me recepcionou simpaticamente e dali já pude ver onde estava o Lucas com a sua família, indo na direção de suas mesas sem precisar ser seguida.
Nina: Oi gente, boa tarde! Me desculpem pelo atraso! - me aproximei já me desculpando, enquanto os cumprimentava.
Paulim: Está tudo certo com o horário, fica tranquila e senta aí! - falou mostrando a cadeira vazia que estava ao lado de Lucas, quem foi o último que eu cumprimentei e ele me deu um selinho para isso.
Lucas: Estávamos te esperando pra pedir - falou abrindo um dos cardápios que já estavam dispostos na mesa, dividindo esse comigo.
Nina: Então bora fazer isso que vocês devem estar cheios de fome, né?
Leandro: Digamos que o ambiente está favorecendo a fome - falou me fazendo rir, de modo que após isso déssemos realmente atenção sobre o que iríamos escolher.
Não era de meu costume vir muito á esse restaurante, mas sabia de alguns bons pratos, então a escolha foi bem rápida - assim como a de Lucas, que pela maioria das refeições tenderem ao lado mais saudável, para ele foi algo até mais fácil. Enquanto esperávamos que a família do Lucas terminasse de decidir seus pedidos, eu peguei meu celular na bolsa por senti-lo vibrar e acabei descobrindo ser apenas uma notificação. Ainda sim, como vi ser da Ananda, deixei a minha atenção ser daquilo que tinha ali. Era uma publicação no instagram e sorri só de ver a foto, que já era uma das que havíamos recebido hoje mais cedo - do nosso primeiro ensaio juntas.
@anandamrp Eu só posso desejar á todo mundo que está vendo essa foto, uma pessoa como a Nina na vida de vocês. Acreditem: vocês serão muito mais felizes! Te amo, minha duplinha @ninabarsanti 
anamarques Que foto maraaaa!
cinthiamarcal Lindas!! Amizade abençoada!! 
loucasdolucco Ai que lindas! Ficou foda essa foto!
surfilipe Vocês duas são muito amor <3
babibarsanti Saudade das duassss
relicariotoledo Melhor dupla, af
filipetoledo Amo muito vcs!
ninabarsanti Para de ser linda? Hahaha te amo! Estamos sempre juntas, sabes disso, né?
Logo que comentei, ouvi a voz do Lucas pedir ao garçom que se aproximou da mesa os pratos de todo mundo e eu esperei que o mesmo terminasse para poder mostrar aquilo pra ele.
Nina: Aqui, Lucas  - disse virando o celular para ele e atraindo sua atenção pra mim - Olha uma das fotos do meu ensaio com a Ananda.
Lucas: Caramba, cara! Ficou lindo! - ele disse admirando a postagem - Por que demoraram tanto pra fazerem um trabalho com cês duas?
Nina: Eis a questão! - disse rindo - Mas agora também, pegamos as fotos e o Sérgio nos avisou que o Canal OFF fez contato e quer que a gente faça um ensaio pra lá juntas, em breve.
Lucas: Ensaio pra lá significa biquíni, né?
Nina: Provável - falei segurando o riso pela cara que ele me encarou a fazer a pergunta.
Leandro: Acho que apertou o calo de alguém isso aí, hein! - ele falou sobre a nossa conversa, mostrando que todos estavam dando atenção aquele nosso assunto. Obviamente, gargalhamos de imediato com aquela fala do Leandro. Era impossível aguentar!
Aproveitei, inclusive, pra mostrar a foto com a Ananda para todos eles da mesa e enquanto esperávamos nossos pratos chegarem, ficamos conversando sobre várias coisas a respeito do meu trabalho lá na agência e a Karina ainda contou da experiência em frente ás câmeras quando fez um ensaio especial para o seu aniversário de quarenta anos. Quando as refeições nos foram servidas, o papo se reduziu um pouco - visto termos que intercalar a atenção entre a comida e uns aos outros -, mas ainda sim tivemos um horário de almoço num clima muito gostoso, daqueles que dava vontade até mesmo de pedir para que a família do Lucas ficasse mais um pouquinho junto á nós. Mas sabíamos que pelo horário do voo deles e até por conta do Lucas, que ainda seguiria pro Projac, isso seria inviável. Na verdade, nos estendemos até bem mais que o planejado ao ponto de, enquanto pagávamos nosso almoço, o Paulinho começasse a cogitar a ideia de ir de táxi para o aeroporto de modo que não atrasasse ou atrapalhasse o Lucas. 
Nina: Gente, eu tô de carro aí... Posso levar vocês? - falei virando pra família do Lucas, enquanto já estávamos indo em direção ao estacionamento.
Paulim: Não queremos te atrapalhar, Nina - ele foi rápido em me responder, parecendo realmente preocupado que pudesse fazer isso.
Nina: E não vai! Hoje eu já fui trabalhar, estou a tarde inteira livre... Posso levá-los sem problema nenhum, basta vocês quererem.
Lucas: Ôh Nina, brigadão! Fico até mais tranquilo se cês forem com ela - falou intercalando o olhar entre mim e sua família.
Leandro: Ah, então bora! Eu acho até mais fácil que aí a gente não se atrasa.
Karina: É verdade - ela disse encarando o relógio em seu pulso - Até esperarmos o táxi...
Nina: Então, tá certo já! As bagagens de vocês estão no carro do Lucas?
Paulim: Aham, tem pouca coisa... O carro dele tá estacionado aqui também.
Lucas: Bora lá, bora lá pegar! - disse fazendo sinal com a cabeça em direção ao seu veículo e logo destravou as portas para poder retirar as bagagens do porta malas.
Entregou ao pai e ao irmão as coisas e começou a se despedir deles pela mãe, a quem abraçou de uma maneira tão intensa que tornava o gesto - ainda que rápido -, lindo. Fez o mesmo com o pai e o Leandro e em seguida veio até a mim, me dando um selinho e deixando um dos seus braços pesarem sobre os meus ombros.
Lucas: Brigado, tá? Mais tarde eu te ligo - falou diretamente a mim e eu concordei com a cabeça.
Nina: Tá tudo certo, guri, relaxa - sorri para ele e percebi seus olhos correrem de mim, indo em direção a sua família que praticamente nos observava, mais uma vez.
Lucas: Aproveitar que cês tão aqui pra falar um negócio. Na verdade, eu devia ter falado isso lá dentro, né? Mas não sei se vai ser tanta surpresa assim... é mais um comunicado - falou rindo ao perceber que se embolava dentre as próprias palavras e o meu coração acelerou por imaginar que, ali, ele falaria sobre nós - Eu e a Nina estamos namorando.
Karina: Cês tão falando sério? - ela foi a primeira a reagir, fazendo aquele questionamento quase por força do hábito - afinal, devia imaginar que ele não estava brincando.
Lucas: Sim! Eu pedi e ela aceitou, pelo menos - falou fazendo graça e eu acabei me permitindo rir, logo sendo acompanhada por todos eles.
Leandro: Realmente, mlk, não foi surpresa e a gente já tava vendo, né? Cês nem tinham mais vergonha de se beijar na nossa frente, pô - falou rindo, zombando um pouco de nós.
Lucas: Vai falando assim, Nina daqui a pouco fica toda vermelha - disse me fazendo rir, mas de fato, eu podia sentir uma ponta de timidez frente aquela fala do Leandro.
Paulim: É aquele misto de surpresa com a gente já sabia, né? Mas bem vinda a família, cê já sabe disso, Nina! - disse pegando uma das minhas mãos e depositando ali, me deixando encantada com aquele gesto.
Karina: Faço das palavras do Paulinho as minhas, Nina! - ela me sorriu, soando tranquila e aquilo fez o mesmo comigo. Era bom ver as coisas se assumindo e no seu ritmo, tudo como deveria ser.
Lucas: Agora que eu já joguei a notícia que eu finalmente consegui namorar, vô deixar cês irem, que não quero ninguém no meu ouvido se perder o voo! - falou rindo, me soltando para dar mais um abraço na mãe.
Leandro: Nem brinca em perder o voo que eu preciso chegar em casa, mlk - disse, logo em seguida tendo a minha indicação de onde estava o meu carro, que era apenas umas três vagas depois, para que pudéssemos organizar as coisas deles lá. Com isso, deixamos também o Lucas para trás e entrar de uma vez em seu próprio carro.
Leandro: Deixa a minha mãe ir na frente, pai, vamos de patrão atrás e deixar a Nina ir do lado da sogra pra ter aquela moral - acabamos todos por gargalhar daquela fala do Leandro, enquanto eu destravava as portas do meu carro. Depois de colocar as bagagens no meu porta malas, acabou que nós realmente nos organizamos como ele havia dito: eles dois foram no banco de trás, enquanto a Karina se ajeitou no banco do carona. 
Tirei o meu carro da vaga sobre os olhos do Lucas, que estava dentro do seu carro, mas parecia nos esperar passar e então, buzinei para ele que me retribuiu com o mesmo barulho. Durante todo o trajeto até o aeroporto, o assunto namoro sério não foi mais pauta dentro do carro e me pareceu que eles realmente estavam a vontade com aquela ideia - ou então, já premeditavam isso há muito tempo o que tornou fácil mandar embora a surpresa inicial. Fomos conversando sobre as belezas do Rio de Janeiro, aproveitando que pegamos um pouco de trânsito, e o Paulinho ainda ficou me falando um pouco sobre Minas Gerias - inclusive, que eu deveria ir lá a qualquer hora. Ao chegarmos no aeroporto, tentei estacionar o mais perto possível para eles e me despedi do Paulinho e do Leandro primeiro, como dava ali dentro do carro, deixando-os sair para pegar as malas lá atrás, percebendo que a Karina tinha ficado ali e não parecia querer sair agora. Encarei-a, esperando que ela dissesse algo e até um pouco tensa com isso, e assim logo ela fez.
Karina: Cuida bem do meu filho, por favor! - ela pegou a minha mão, chegando a apertá-la, mas sorriu com uma tranquilidade que me expressava que ela não temia o nosso relacionamento; apenas fazia o seu pedido como uma mãe que lida diariamente com um filho distante.
Nina: Você não tenha dúvidas! - mesmo sabendo que o Paulim e o Leandro já estavam lá fora e pelo barulho da mala, já tinham retirado suas bagagens lá de trás, eu ousei a trazê-la para dentro do meu abraço. Ali, assegurava que até mesmo dentro das linhas do impossível, eu faria de tudo para o bem do Lucas. Hoje, isso me importava quase tanto importava para ela.
[...]
Depois que vim para a minha casa, aproveitei a tarde livre pra fazer duas coisas: Dá uma breve arrumação pelos cômodos e conciliar um bom horário do fuso para conseguir falar com o Filipe. Precisava muito saber como ele estava lidando com essa novidade de ser pai e acalmou o meu coração inteiro ao vê-lo tão bem, desejando tanto essa criança e tão disposto a ser essa figura tão importante numa vida familiar. Ele era tão novo, mas tinha um cabeça tão centrada que eu chegava a me orgulhar em vê-lo falar com empolgação de tudo isso. Como os seus pais não estavam em casa por terem ido á algum lugar com Sophia e Davi, ele aproveitou para me contar claramente sobre a reação deles - que inicialmente, passou longe de ser boa -, mas agora estavam bem melhores com o susto passando aos poucos.
Fiquei um bom tempo de conversa com ele, imersa nessa novidade para todos nós e matando um pouco da saudade que só me dei conta que já eram 19:00 quando desliguei a chamada, fui ao banheiro e vi que o Céu já estava completamente escuro lá fora. Assim que voltei á cama - que era onde eu estava deitada desde o banho pós arrumação de casa -, peguei o meu celular e fui rever as fotos do ensaio que eu tinha feito com a Ananda. O resultado estava tão lindo e eu ainda tinha tantas coisas para dizer a ela, que eu acho que não poderia ter hora melhor para postar algo pra ela.
@ninabarsanti Melhor do que te ver feliz, é ter o privilégio de compartilhar cada segundo desse sentimento com você. Nossa ligação só pode mesmo ser explicada pela existência de um Deus que tem sua generosidade sem tamanho. E é esse mesmo Deus que sempre vai escrever por linhas tortas, mas com o final digno do que merecemos. Nunca se esqueça disso, é o nosso combinado, está bem? Amo você, minha dupla! @anandamrp
lucaslucco_pa Melhor amizade do mundo
affectionmedina vcs fizeram um ensaio juntas? tão postando cada foto linda juntas <3
luizacosta Você sorrindo é tão linda, eu sofro muito
danibarsanti Minhas lindas!
surfamily Amo MUITO!!!
portilucco Tão maravilhosas, né? 
juliasantos eu amei esse fundo, que foto linda! Muita paz que transmite vocês duas.
janne923_ friendship goalsanandamrp Você é um presente de Deus na minha vida e eu só posso te agradecer por ser tão boa pra mim. Te amo muito! Tenho muito orgulho da nossa amizade.
Li ainda um pouco dos comentários, mas parei de rolar pelas redes sociais quando decidi chamar o Lucas para saber como andava a vida dele. Não tínhamos nos falado desde aquela hora do almoço e eu imaginei que ele estivesse bastante ocupado com o seu dia de gravação, mas ainda sim resolvi enviar a mensagem - se ele não visse agora, alguma hora conseguiria me responder.
"Como tá esse menino trabalhador?
Hahahaha"
Imaginando que ele não fosse me responder de imediato, voltei a ficar a toa pelas minhas redes sociais e lendo algumas notícias que tinham por lá também até que alguns minutos depois, ele me respondeu."Cansado kkkkkkkkk
E com saudade de vc!
E sendo fofo, como sempre rs
Tá no Projac ainda?
Hahaha
Tô, acabei de gravar tem uns vinte min já
Mas tô esperando o Tito terminar de se trocar
que eu vô dá uma carona pra ele.
Ahhhh sim! Entendi.
Depois tu vai pra casa?
Acho que sim
Cê quer alguma coisa?
Passa aqui em casa
Vamos jantar juntos
E o mês começou agora, deve ter
novidade na Netflix
JANSGIGAEIGUVÇAEPG 
Eu racho com vc, Nina! 
Kkkkkkkkkk
Netflix já me convenceu, né? 
Mas nem precisa fazer nada, ô
Vou levar algo pra gente comer então, tá bom?
Hahahahahaha
Eu sabia que tu nunca ia recusar Netflix
Você que sabe... Prefere assim?
Se quiser, dá tempo de eu fazer alguma coisinha
Relaxa, pô
Tô na rua, levo algo pra gente
Vai vasculhando as novidades aí
Melhor kkkkkkkkkkkk
Opa! Então tô indo fazer isso agora
Hahahhahaha"
Ele me respondeu com vários emojis dando língua e eu realmente aproveitei aquele fim da conversa pra me levantar da cama. Desliguei as coisas pelo meu quarto e desci, afim de ligar as luzes dos cômodos lá debaixo e me ancorar no sofá á procura de alguma coisa que eu e o Lucas pudéssemos ver. Como o esperado, a Netflix estava apresentando várias novidades já no seu painel de entrada e eu fiquei permeando por aquelas opções, quase me perdendo naquilo. Ainda com todas as minhas indecisões, consegui deixar apenas dois filmes para o Lucas escolher e ele ainda demorou um pouco mais do que eu pensava para chegar lá em casa - o que logo foi justificável quando eu abri a porta e o vi parado lá junto á uma sacola do Restaurante Família Gagliasso.
Nina: Eu ia até falar que tu demorou, mas pelo visto tu foi longe, né? - disse levando os meus olhos a sacola e o vendo prestar atenção nisso.
Lucas: Ah, ô, nem é tão longe assim! Dez minutinhos de lá pra cá, tranquilão - falou me dando um selinho e entrando lá em casa, enquanto eu fechava a porta.
Nina: Não é nem questão de longe, me expressei mal. Fica contra mão, porque a gente mora no meio do caminho entre o Projac e o Restaurante. Tu acabou dando uma volta, né?
Lucas: Eu também fui deixar o Tito em casa, ele mora ali perto... Aproveitei, né? Fui comprar coisa pro cê memo e ainda encontrei o Thiago com o Bruno lá.
Nina: Fala que foi lá só por causa de mim que eu fico até com uma dor no coração de culpa - ele gargalhou, como sempre fazia nas minhas tentativas de fazer drama.
Lucas: Para de ser boba! Ouviu que eu fui deixar o Tito também, né? - falou encostando lá nas costas do meu sofá.
Nina: Não, amor, sem preguiça! Vamos lá pra cozinha pra eu vê o que tu trouxe e a gente arrumar as coisas pra comer.
Lucas: Só vou porque me chamou de amor, viu? - falou fazendo observação sobre algo que tinha dito de maneira tão natural que mal tinha reparado - Se ficar vermelha, vou falar que fica ainda mais linda assim hein! - disse vindo em minha direção no mesmo momento que comecei a sentir as minhas bochechas ruborizarem.
Nina: Para, Lucas! - falei desviando o meu olhar dele, mas ao mesmo momento já o acompanhando na risada.
Lucas: Só se me pedir chamando de amor de novo - falou já parado em minha frente e colocando uma de suas mãos na minha nuca, quase me obrigando a encará-lo.
Nina: Depois eu que sou boba - estiquei meus pés para dá-lo um selinho, mas ele se aproveitou daquela oportunidade para esticar um pouco mais do gesto, tornando logo aquilo um verdadeiro beijo. Encerramos aquilo de forma natural e eu aproveitei rapidamente para puxá-lo até a cozinha, antes que ele inventasse algo para me deixar ainda mais tímida.
Lucas: Olha... Trouxe fettuccine integral com molho de tomate e manjericão e pra completar minha posição de melhor namorado do mundo, vou agradar até as suas formigas - disse esvaziando a sacola, colocando primeiro o pote do jantar - Olha só! - tirou a última coisa que estava lá dentro, que nada mais era do que um pedaço de palha italiana.
Nina: Eu não acredito! - abri a minha boca quase em forma de "o" para estampar a verdadeira surpresa - Meu Deus! Tu é maravilhoso mesmo! 
Lucas: Eu sei que doce é o seu ponto fraco depois de mim - falou dando de ombros, enquanto dobrava a sacola de papelão vazia, me fazendo gargalhar.
Nina: Tu é convencido demais, meu Deus, não aguento - disse ainda rindo e dessa vez ele me acompanhou - Mas vem cá, vais comer o que?
Lucas: Tinha levado marmita lá pro Projac, achando até que ia sair mais tarde... Aí tá prontinha, ó, só colocar no micro-ondas - falou mostrando uma bolsa menor, de onde ele logo tirou sua rotineira comida - Vô colocar aqui, tá?
Nina: Claro! Acho que vou levar uma toalha também pra gente colocar lá na mesinha da sala... Vamos comer já vendo filme, né?
Lucas: Melhor escolha, tá rápida, hein?! - falou na tentativa de me zombar, rindo - Já escolheu alguma coisa?
Nina: Fiquei em dúvida em mil, pra variar, mas consegui escolher dois e aí tu dá a decisão final, pode ser?
Lucas: Beleza então... Eu vou pôr aqui e aí a gente vai pra lá comer e assistir logo um filminho. 
Assenti com a cabeça e enquanto o via resolver coisas da sua própria alimentação, eu me estiquei para pegar no armário uma toalha que pudesse servir na mesa de centro da sala apenas a título de prevenção contra qualquer sujeira. Logo que coloquei-a sobre a bancada, ao ver minha palha italiana que o Lucas havia trazido, tive a ideia de pegar o meu celular para bater uma foto e enviar pra minha mãe - definitivamente, ninguém nesse mundo era mais amante desse doce do que ela. E como eu esperava, foram questões de segundo para ela me responder.
"Filhaaa
Que maldade essa foto!
Não se faz isso com a mãe viu, guria?
Hahahaha
Sabia que ia ser essa a sua reação
Hahahahaha
Lucas que acabou de trazer, não resisti 
em te mandar
Próxima vez que tu vier a RJ, fala pra ele 
trazer uma pra ti e agradar a sogra.
NINA!
Sogra?
Guria
Hoje tás afim de brincar com o meu coração!"
Gargalhei tão alto sobre a última mensagem dela que consegui chamar até mesmo a atenção do Lucas, que não soube conter a própria curiosidade.
Lucas: Que que foi? - ele disse já rindo, um tanto contagiado por mim, ainda que não soubesse do que se tratava.
Nina: A minha mãe é doida por palha italiana, mandei uma foto pra ela e aí fui falar uma coisa que tu precisa ver a reação dela - disse rindo, entregando o celular a ele que veio ao meu encontro buscar.
Lucas: Nina, cê tá contando pra ela do nosso namoro assim? Eu tinha que fazer todo um discurso, pedir sua mão, que nem princesinha...
Nina: Lucas! - tentei esbravejar quando percebi o tom de ironia na sua voz
Lucas: Tô brincando, tô brincando! - falou rindo da minha reação - Agora responde logo á ela antes que eu fique sem a minha sogra - disse voltando á direção do micro-ondas, ao ouvir o seu barulho e eu não pude mais tirar o sorriso do rosto só de escutá-lo falar minha sogra. Chegava a me sentir louca, mas alguns pequenos detalhes reacendiam em minha uma felicidade inexplicável. Me desconectei um pouco daquela sensação comigo mesma apenas para responder a minha mãe, antes que ela realmente entrasse em colapso.
"Sim, tens um novo genro
E agora é oficial hahaha
COMO VOCÊ FICA SEM ME CONTAR ISSO?
Nina!!!!
Eu falei com o Lucas ontem pelo aniversário dele
Mandei msg
Vi que vcs se acertaram
MAS VOCÊ DEVIA TER ME CONTADO
QUE ELE AGORA É MEU GENRO!
Mãe
Não age como se isso fosse uma surpresa
Nem parece você!
Tá mais parecendo a Babi hahaha
Estou ficando doida com uma filha casada
e outra longe de mim
Tô tendo crise da meia idade
Vou reforçar a yoga, é verdade que tô precisando
KKKKKKKKKKKKKKKKKK
Tu é maravilhosa!!
Amanhã te ligo sem falta e a gente conversa
sobre tudo, pode ser?
Só fique com a certeza que tá tudo bem!
E em breve verás o Lucas como seu genro oficial
Estarei esperando, viu?
Quero mesmo saber de tudo...
Pelo visto, estão melhores do que eu imaginei.
Graças a Deus!!
Muito bom te sentir tão feliz.
Mande um beijo pro meu genro! Kkkkk
E não esquece de me ligar amanhã, por favor!"
Me despedi rapidinho por mensagens da minha mãe e tive minha atenção voltada ao Lucas novamente quando a sua voz se fez pelo cômodo - e eu pude observá-lo já com a sua comida sobre o pano de prato em suas mãos.
Lucas: A Dani tá viva ainda, Nina? - falou rindo, brincando com a situação.
Nina: Sim! Mas eu acho que se eu esquecer de ligar pra ela amanhã e contar direitinho tudo, ela não vai sobreviver - rimos - Ela sabia que a gente tinha se acertado, até pelas postagens e porque eu mandei mensagem pra ela dizendo que estava tudo certo. Mas acho que ela realmente ficou surpresa com a ideia da gente estar namorando de verdade.
Lucas: É igual a minha família. No fundo, eles já sabiam, mas acho que nunca vão deixar de se surpreender quando ouvem com todas as palavras - assenti com a cabeça, porque aquilo era definitivamente a coisa mais certa de todas.
Chamei - o pra ir pra sala, percebendo que o prato dele estava pronto e dali eu fui com as minhas coisas na mão também. Forrei a mesinha de centro da sala para colocarmos nossas coisas por ali e nós começamos a nos acomodar no chão, tendo eu ainda procurado o controle para abrir a Netflix e mostrar pro Lucas as minhas duas escolhas de filme.
Lucas: Eu tenho duas coisas pra falar... Eu quero esse, porque tem a Jennifer Lawrence no elenco e não me olha assim, porque não estava pensando só nela - disse segurando o riso logo que eu me virei para ele, estreitando o meu olhar - Estava pensando na gente também
Nina: Que cachorro, cala a boca - falei dando um tapa no ombro dele que não aguentou e caiu em gargalhada
Lucas: Olha! Eu não tô acostumado com essa Nina raivosa, hein! - disse ainda rindo e eu balancei minha cabeça negativamente, encenando uma total reprovação aquilo - Vai, presta atenção em mim... Sabe o que nós podíamos marcar? Alguma coisa entre as nossas famílias, o que acha? Estamos em um tempo bom pra isso, né?
Nina: Olha só, até que não estava pensando só na Jennifer Lawrence mesmo! - falei, revirando os olhos e o ouvi gargalhar, mais uma vez - E é mesmo uma ótima ideia. Só tem que esperar a Babi e o Jayme voltarem, organizarem a vida deles direitinho e a gente marca. 
Lucas: Então tá combinado, hein, só não me deixa esquecer a ideia!
Nina: Prometo que não! Agora coloca o filme aí pra rodar e bora comer que as coisas já devem estar prestes á esfriar.
Ele concordou com a cabeça, logo em seguida clicando no filme para começar e nós passamos a intercalar nossa atenção entre o prato e a televisão durante aquele início. Após comer, eu ainda tive espaço para colocar a palha italiana para dentro e fiquei perturbando um pouco o Lucas para que ele provasse - totalmente em vão, até porque ontem ele já tinha comido bolo de fubá e não ia furar essa dieta eterna dele nem tão cedo. Quando terminamos, enfim, todas as comilanças, decidimos nos acomodar melhor deitados do sofá e daquele tempo em diante assistimos o filme inteiro naquela posição. A história era até bem agradável e embora o Lucas tentasse me provocar todas as vezes que a Jennifer Lawrence aparecia, aquele pequeno momento se tornou um pontinho de paz do dia, de forma a finalizá-lo da melhor maneira possível.
No momento que o filme acabou, o Lucas ainda tentou me prender no sofá com as próprias pernas, por ora até mesmo me fazendo cócegas, mas depois daquela diversão infantil, eu consegui me levantar e ele me acompanhou para que levássemos as coisas até a cozinha - onde jogamos fora a maioria das coisas, pelos potes que termos comido serem descartáveis - e eu ainda aproveitei para lavar a pouquíssima louça que acumulamos enquanto conversávamos um pouco sobre o filme. Tínhamos sempre esse hábito de ficar contando as nossas opiniões e pensando quais seriam as nossas atitudes, se tivéssemos vivendo como os personagens.
Lucas: Nina, senta não! - falou chamando a minha atenção quando nós retornávamos a sala e eu já estava indo em direção ao sofá - Vô embora que eu tô caidão...
Nina: Pior que tás com uma carinha mesmo, eu reparei isso quando tu chegou aqui - falei agora voltando a sua direção e parando em sua frente.
Lucas: Memo eu tendo tido folga ontem, essa semana vai ser puxada... Tenho gravação todos os dias e esse final de semana ainda tem show.
Nina: Sério? - o vi concordar com a cabeça - Vai ser muito puxada então, guri! E isso significa que a gente quase não vai se ver, né?
Lucas: A gente dá um jeitinho. Sempre é assim, fica tranquila! - disse, enquanto abraçava a minha cintura - Nem que seja rapidinho igual hoje, pelo menos, a gente vai se vendo.
Nina: Então tá bom, vou confiar nisso, tá? - disse apoiando o meu queixo em seu peitoral, o encarando e ele abriu um sorriso ao me olhar.
Lucas: Num é pra desconfiar nunca - falou encurvando um pouco o próprio pescoço e me dando um selinho - Vem, me leva na porta! 
Concordei com a cabeça e enquanto ele pegava suas coisas, eu peguei a chave da porta e fui até lá, onde me surpreendi quando antes de abrir, Lucas me puxou para mais um beijo. Esse certamente foi inspirado pelo clima de filme que estávamos; digno de cinema. Nossa despedida se selou assim e ouso a dizer que se tivéssemos uma lista dos melhores beijos, esse estaria no nosso top três. Até a hora que ele foi embora, deixou-me ainda com um leve tremor nas pernas e a respiração descompassada. Sobre Lucas, eu podia ter uma certeza: Eu não corria mais risco de me apaixonar. Eu estava, definitivamente, assim.

Recadinho: Oi meninas! Ó o recadinho de volta rs vi que algumas de vocês sentiram falta e a razão de eu não ter colocado no último foi que eu não queria influenciar na opinião de vocês sobre o capítulo 24, parte dois. Agora eu posso falar: Sem sombra de dúvidas, foi um dos meus preferidos! Eu me emocionei escrevendo aquilo e senti uma coisa tão boa que vocês nem podem imaginar. O mais gostoso foi ver no retorno, pessoas escrevendo aqui palavras tão bonitas sobre o mesmo capítulo e tranquilizar o meu coração de que eu tô conseguindo passar tudo na íntegra o que ele sente. Eu tenho uma gratidão surreal por tudo que a história está me trazendo e permitindo alcançar! Por fim, esse capítulo mais tranquilo pra gente desfrutar um pouco mais desse dois fofíneos haha e com a novidade da gravidez da Ananda <3 próximos capítulos tem a volta de Babi e Jayme, tem família da Nina com família do Lucas, tem viagem pra um lugarzinho especial... Aproveitem que tô boazinha e tô dando os spoilers haha beijooo!! Até terça!
Observação: Não consegui fazer revisão nenhuma nesse capítulo, perdoem-me os eventuais erros. Vou revisar só mais tarde, portanto, quem ler antes, desconsidere rs