Vocês estão acostumadas e cansadas com o meu leque de desculpas. Não cabe mais aqui. Assim como eu não me encaixo mais.
Perdi. Perdi a minha credibilidade com vocês do mesmo modo que perdi o foco da escrita, da história. Nunca menti quando me referi ao prazer que foi e é o desafio de Lunina, mas me requer um tempo que não faz parte mais da minha rotina. Determinadas coisas em nossas vidas são realmente questões de prioridades, mas me dedicar ao blog é quase um impedimento pra mim, atualmente.
Equivoquei-me quando postei aqui dizendo que não postaria o texto de despedida para tentar, mais uma vez, ser o menos egoísta possível. Agora, vou acabar por assumir essa atitude ao dar fim nos blogs. Poderia ter parado em Helucas e fechado esse ciclo de uma maneira muito mais elegante, devidamente do modo que vocês merecem, mas assim não o fiz - afinal, o futuro é imprevisível.
Deixo aqui o legado da minha primeira história completa e com todas as dificuldades, um pedido relacionada as três personagens que vocês, ao menos, conseguiram conhecer: Que cada um de vocês lutem para ser verdadeiras como a Helô, iluminadas como a Nina e determinadas como a Nath. Que vocês levem consigo algum ensinamento daqui. Assim, saberei que valeu a pena e que escrever, realmente, é um dom meu.
Obrigada por tudo. Com todo meu coração. Vocês foram muito mais que amigas, foram um lar sempre gentil e disposto a me receber todas as vezes. Hoje, eu não volto mais. Mas não encarem esse meu gesto como ingratidão; todo filho precisa criar asas e voar.
Que toda a felicidade do mundo seja dada a vocês! Ou que, ao menos, vocês sejam tão felizes como me fizeram durante esse tempo a me dedicar palavras tão boas.
Um grande beijo á todas.
Gabriela.
domingo, 30 de outubro de 2016
domingo, 2 de outubro de 2016
Chapter 27.
Quinta feira amanheceu e diferente da maioria daquelas que eu costumava dormir com o Lucas, eu não consegui sentir o seu corpo tão próximo a mim - o que me despertou curiosidade e me fez acordar mais depressa de modo a saber se ele estava ali ou não. Como eu já esperava, o Lucas parecia já ter se levantado, então, não demorei muito a fazer o mesmo. A princípio, peguei somente o meu celular para poder levar ao banheiro - onde fiz todas as minhas higienes pessoais - e ajeitei minha roupa de dormir para poder sair do quarto. Conseguia ouvir algumas vozes vindo dos outros cômodos e quando cheguei na sala, vi a mesa disposta num café da manhã, mas sentados a sua volta só estavam Lucas, Karina e o Paulinho.
Lucas: Bom dia, linda! - ele foi o primeiro a me ver, chamando a atenção de todos á mim após isso.
Nina: Bom dia! - sorri pra ele, enquanto ia até a cadeira ao seu lado - Bom dia, gente! - falei com os pais dele assim que sentei, vendo-os logo me responder de maneira simpática.
Paulim: Parece até que cê tá na nossa casa e não o contrário, né? Acorda com a gente assim tudo na mesa - ri da forma que ele falou
Lucas: Sua mãe saiu pra trabalhar e deixou essa mesa preparadinha pra gente, acredita?
Nina: Toda fofa ela, né? - falei pegando o café para me servir e aproveitando para percorrer os olhos sobre a mesa que estava, realmente, muito bem arrumadinha, com direito a dois jarrinhos de flores para decorar e tudo - Ela saiu cedo, né? São... oito e quarenta ainda - disse checando o horário na tela do meu celular.
Karina: Ela saiu acho que era umas oito horas... Mas deve ter acordado bem mais cedo, porque eu levantei uns dez minutinhos antes dela sair e já estava tudo prontinho assim.
Lucas: Só a minha mãe que viu ela por aí ainda - ele acabou explicando a explicação da mãe.
Nina: Ah, então com certeza! Ela tinha audiência hoje também... Agora só volta mais tarde.
Lucas: Vô ficar aqui é esperando ela voltar só pra vê-la naquelas roupinhas formais, acho a coisa mais bonita do mundo!
Karina: Nossa, ela tava linda mesmo! Eu ia comentar disso agora - falou rindo, como se o filho pudesse ter lido o pensamento dela.
Nina: Quando eu era menor, meu sonho era trabalhar com alguma coisa que eu pudesse usar também... É elegante demais!
E dali, esse foi o nosso assunto da maior parte do café da manhã - quanto á profissões e aspirações infantis. Hoje, os pais do Lucas já pareciam bem mais a vontade lá em casa e aquilo foi bom até para o clima da convivência, que parecia ainda mais leve do que em qualquer momento antes. O café da manhã se estendeu bastante, mesmo depois de já termos ficado satisfeitos no sentido de comida, e nós ao levantarmos apenas tiramos a louça suja - deixando o restante disposto a mesa para o Leandro fazer a sua refeição assim que se levantasse. O Paulinho se ajeitou lá no sofá e eu o entreguei o controle da televisão para que ele se sentisse mais a vontade, tendo logo a Karina se sentando ao seu lado para ver se conseguiam achar algo para assistirem juntos. Lucas, quem me deu a sugestão de já ligar pra minha irmã pra saber o que ela iria precisar de nós hoje, foi até o banheiro e eu passei para o quarto afim de pegar meu carregador e realmente fazer a ligação pra Babi.
Ir buscar o meu carregador, que estava sobre a pequena mesa que tinha no meu quarto, me fez reparar algo que eu não tinha visto assim que havia acordado: sobre ela, havia um pequeno envelope branco - como aqueles de convites infantis -, mas que ligou a minha curiosidade porque eu sabia que aquilo nunca tinha estado ali antes. Tomei a liberdade de abrir e me surpreendi, com um sorriso que logo denunciou esse sentimento, quando vi que lá dentro tinha um pequeno papel e uma foto minha e do Lucas. Era um tanto quanto óbvio que aquilo era obra dele e sem tirar o sorriso do rosto, li as poucas palavras que cabiam naquela folha.
Passei um bom tempo da manhã na praia junto aos meus pais, meu irmão e a Nina e nem eu mesmo poderia imaginar que seria tão bom despender desse tempo com eles. É tão incrível ver o modo que a Nina está se sentindo a vontade perto da minha mãe, ri leve sobre o senso de humor do meu irmão e entra em qualquer assunto facilmente com o meu pai. Nem nos meus melhores sonhos, eu poderia imaginar que tudo daria tão certo assim - como se já tivesse nascido para ser encaixado. Aproveitamos bastante o calorzinho que fez na cidade e a praia Central, que nunca deixava de estar cheia, a ponto de só querermos ir embora na hora do almoço. Como a Nina havia falado com a Dani e ela só voltaria para casa no final da tarde, mais uma vez decidimos almoçar na rua antes de voltar pro apartamento.
Lucas: Bom dia, linda! - ele foi o primeiro a me ver, chamando a atenção de todos á mim após isso.
Nina: Bom dia! - sorri pra ele, enquanto ia até a cadeira ao seu lado - Bom dia, gente! - falei com os pais dele assim que sentei, vendo-os logo me responder de maneira simpática.
Paulim: Parece até que cê tá na nossa casa e não o contrário, né? Acorda com a gente assim tudo na mesa - ri da forma que ele falou
Lucas: Sua mãe saiu pra trabalhar e deixou essa mesa preparadinha pra gente, acredita?
Nina: Toda fofa ela, né? - falei pegando o café para me servir e aproveitando para percorrer os olhos sobre a mesa que estava, realmente, muito bem arrumadinha, com direito a dois jarrinhos de flores para decorar e tudo - Ela saiu cedo, né? São... oito e quarenta ainda - disse checando o horário na tela do meu celular.
Karina: Ela saiu acho que era umas oito horas... Mas deve ter acordado bem mais cedo, porque eu levantei uns dez minutinhos antes dela sair e já estava tudo prontinho assim.
Lucas: Só a minha mãe que viu ela por aí ainda - ele acabou explicando a explicação da mãe.
Nina: Ah, então com certeza! Ela tinha audiência hoje também... Agora só volta mais tarde.
Lucas: Vô ficar aqui é esperando ela voltar só pra vê-la naquelas roupinhas formais, acho a coisa mais bonita do mundo!
Karina: Nossa, ela tava linda mesmo! Eu ia comentar disso agora - falou rindo, como se o filho pudesse ter lido o pensamento dela.
Nina: Quando eu era menor, meu sonho era trabalhar com alguma coisa que eu pudesse usar também... É elegante demais!
E dali, esse foi o nosso assunto da maior parte do café da manhã - quanto á profissões e aspirações infantis. Hoje, os pais do Lucas já pareciam bem mais a vontade lá em casa e aquilo foi bom até para o clima da convivência, que parecia ainda mais leve do que em qualquer momento antes. O café da manhã se estendeu bastante, mesmo depois de já termos ficado satisfeitos no sentido de comida, e nós ao levantarmos apenas tiramos a louça suja - deixando o restante disposto a mesa para o Leandro fazer a sua refeição assim que se levantasse. O Paulinho se ajeitou lá no sofá e eu o entreguei o controle da televisão para que ele se sentisse mais a vontade, tendo logo a Karina se sentando ao seu lado para ver se conseguiam achar algo para assistirem juntos. Lucas, quem me deu a sugestão de já ligar pra minha irmã pra saber o que ela iria precisar de nós hoje, foi até o banheiro e eu passei para o quarto afim de pegar meu carregador e realmente fazer a ligação pra Babi.
Ir buscar o meu carregador, que estava sobre a pequena mesa que tinha no meu quarto, me fez reparar algo que eu não tinha visto assim que havia acordado: sobre ela, havia um pequeno envelope branco - como aqueles de convites infantis -, mas que ligou a minha curiosidade porque eu sabia que aquilo nunca tinha estado ali antes. Tomei a liberdade de abrir e me surpreendi, com um sorriso que logo denunciou esse sentimento, quando vi que lá dentro tinha um pequeno papel e uma foto minha e do Lucas. Era um tanto quanto óbvio que aquilo era obra dele e sem tirar o sorriso do rosto, li as poucas palavras que cabiam naquela folha.
"Ontem, vindo pra cá, avistei alguns trevos de quatro folhas.
Gosto de encontrá-los, é como se eles tivessem me escolhido - me sinto sortudo e protegido por isso.
Mas sei que é uma coisa preciosa do tipo raro de encontrar pelo caminho.
Assim como você.
Nesse dia quatro, obrigado por ser a quatro meses meu trevo de quatro folhas."
Os meus olhos brilharam e ao chegar na última letra do bilhete, estava consciente que poderia ler aquelas palavras pelo resto da minha vida sem me cansar delas. Lucas tinha uma sensibilidade absurda para escrever e tudo aquilo me encantava - de um jeito sempre surpreendente e cada vez mais bonito. Ele gostava do simples tanto quanto eu e enquanto observava a nossa foto que ele havia colocado ali também, eu me admirava sobre como é bom tê-lo comigo. Como a metáfora do trevo de quatro folhas, é sorte e raro; ter o Lucas é como ser escolhida para guardar alguém tão incrível.
Lucas: Achei que cê ia demorar mais a achar isso... - a voz dele fez presente lá no quarto e só então eu percebi que ele estava lá dentro, mas eu mal tinha o ouvido entrar.
Nina: Que coisa linda é essa? - falei me virando para ele, ainda encantada com a surpresa do dia - Eu estou falando sério, em cada coisa que tu me faz, eu percebo que eu nunca vou ter capacidade de retribuir.
Lucas: E nem vai precisar... - disse já bem pertinho de mim e em fração de segundos, senti suas mãos abraçando a minha cintura - Quatro meses, tá vendo só?
Nina: E cada dia que passa eu tenho certeza que ainda virão muito mais - sorrimos um pro outro quase involuntariamente e pendurei os meus braços em volta do seu pescoço, permitindo que nós nos observássemos um pouco mais antes de começar um beijo.
Foi um gesto leve, calmo, que expressava todo o sentimento que transbordava entre nós e até o seu final, não teve nada de desespero; fomos parando em vontade única, concedendo selinhos um ao outro até soltarmos sorrisos por aquela própria situação. Quando nossos lábios se separaram, aproveitamos ainda da proximidade para nos abraçar e isso sempre foi algo que fez a diferença entre nós: a segurança que um trazia ao outro como forma de abrigo. Dentro daqueles braços, eu me sentia em casa e esperava que Lucas me visse assim também. Sempre que estávamos assim, eu obtinha a certeza absoluta do sentido de raridade que ele sempre costumava me dizer.
Lucas: Eu vim aqui te mostrar outra coisa... - ele falou assim que nós fomos nos separando.
Nina: Ah é? O quê? - perguntei já sem conter a curiosidade.
Lucas: O Gshow colocou uma entrevista comigo no ar...
Nina: Cadê? É aquela que tu disse sobre o fim de Malhação, voltar a agenda de shows direitinho e tudo mais?
Lucas: Uhum, tá aberta aqui...
Nina: Pera aí que eu vou ver, deixa eu só conectar meu celular aqui que eu ainda não consegui fazer isso - disse meio rindo, colocando o celular pra carregar e guardando o bilhetinho lindo do Lucas pra mim - Vai, me dá pra eu ver - falei indo me sentar na cama, junto com ele, que me entregou o celular.
O título da matéria aberta era Com o fim de Malhação, Lucas Lucco fala sobre a volta da carreira musical e reflete sobre o tempo no Rio de Janeiro e me apressei em passar pela foto dele que tinha lá, indo diretamente ao primeiro parágrafo. Ele esperou em silêncio que eu lesse tudo o que estava escrito, mas eu descobri a real intenção dele em me mostrar aquilo quando cheguei ao último parágrafo:
Além disso, cantor respondeu sobre quem seria a sua nova paixão. Recentemente, por se declarar apaixonado em algumas entrevistas, foi impossível que não gerassem rumores de quem seria a dona do coração do sertanejo. E assim, o nome mais cotado para isso foi a modelo Nina Barsanti, ex do surfista falecido Rafael Daher, e de quem Lucco se aproximou bastante durante a sua estadia no Rio. No entanto, ele foi sucinto em sua resposta: "Nina é a minha melhor amiga", entregou o cantor com um sorriso inegável no rosto.
Acabei sorrindo só por ler o "sorriso inegável no rosto" e me surpreendi não pelo Lucas ter colocado que eu era melhor amiga dele, mas sim por ter sido mencionada e ele não se esquivado - como estava fazendo nos últimos tempos, todas as vezes que alguém queria descobrir se era eu ou não a nova paixão dele.
Nina: Meu nome foi parar até no Gshow, é isso mesmo? - falei meio rindo, entregando o celular para ele.
Lucas: Pois é, cada vez menos eu tenho pra onde escapar do cê
Nina: É bom que tu nem queira escapar de mim, tá? Já te disse que agora não tem mais volta, essa melhor amiga aqui tu vai ter que aguentar pra sempre - falei fazendo referência ao modo que ele me nomeou na entrevista e o vi soltar um risinho a ponto de tombar um pouco da cabeça pra trás.
Lucas: Cê vai ficar cismada com isso? Não, né?
Nina: Não mesmo - respondi sincera - Gosto de saber que tu me considera sua ou uma das suas melhores amigas. E no mais, estava preferindo focar no sorriso inegável que o redator fez questão de colocar na notícia
Lucas: Filha da puta me entregando, né? - gargalhamos, inevitavelmente.
Nina: Tu que não sabe disfarçar, fazer o quê? - falei ainda recuperando o ar, mas antes que ele pudesse me responder alguma coisa, vimos a Karina chegar devagar no batente da porta - que estava aberta.
Karina: Posso incomodar cês dois um pouquinho? - ela falou do jeitinho meigo que sabia ser
Lucas: Num incomoda nada né, mãe?
Nina: Entra, pode entrar - falei fazendo referência a ela que ainda estava parada na porta e assim ela fez, vindo em nossa direção na cama.
Karina: Acho que eu e o Paulinho vamos dar uma volta na praia, aproveitar que hoje está um solzinho... Cês num querem ir não?
Lucas: Por mim, acho até uma boa! O que cê acha? - falou virando pra mim, a me encarar.
Nina: Nossa, por mim também. Eu quase não tenho tempo de ir nessa praia quando venho aqui, vai ser uma ótima pra falar a verdade - disse soltando um risinho eles me acompanharam.
Karina: Ah que bom, então! Vou acordar o Leandro também pra irmos todos juntos!
Lucas: Deixa eu acordo ele, mãe
Karina: Lucas... - ela o interrompeu, até meio receosa, porque sabia que ele ia zoar o irmão.
Lucas: Tô te ajudando, ô mãe - falou rindo, provavelmente cheia de ideias na cabeça - Vamo Nina, vem comigo pra gente ir lá acordar aquele maluco
Karina: Ai meu Deus, ele vai acordar já no mau humor
Lucas: Duvido, passa rápido - falou rindo e causando isso em mim, me fazendo levantar junto com ele e acabou que saímos nós três juntos do quarto - Segura meu celular aí, vai gravando pro snap - disse me entregando o próprio aparelho.
Karina: Lucas, que que cê vai aprontar?
Lucas: Só um sustinho, relaxa, mãe - falou quando a gente já estava em frente a porta do quarto de hóspedes.
Karina: Tenha modos meu filho, por favor - falou nos fazendo rir, já saindo dali para não ver o que o filho ia aprontar, enquanto nós dois entramos no quarto de hóspedes.
Lucas se certificou que o Snapchat estava aberto, enquanto eu observava o Leandro - que dormia tão tranquilamente - já com pena pelo susto que levaria. Mais uma certeza que eu poderia levar pra vida é que ser namorada do Lucas é realmente muito melhor do que ter vindo a sua irmã.
Lucas: Lá vou, hein? - falou olhando pra mim, falando até baixinho, já perto da cama com o seu melhor sorriso infantil. Até ri um pouco, balançando a cabeça negativamente, mas estava com o celular á posto como ele pediu.
Foram segundos para que eu começasse a gravar e o Lucas acordasse o Leandro num susto que ele chegou a tremer na cama. Lucas não somente se deitou, como quem se joga, em cima dele, como também começou a cantar altíssimo perto do irmão que estava praticamente imóvel.
Lucas: Vamos a la playa, ô ô ô ô - cantava e se mexia ainda sobre o irmão, rindo feito uma criança como quando consegue um doce
Leandro: Sai da Lucas - a voz rouca dele conseguiu aparecer, tentando se debater embaixo do irmão.
Lucas: Então responde comigo: Vamos a la playa - disse já se levantando e antes de qualquer resposta, de pé ao lado da cama, dançou - Ô ô ô ô
Nina: Meu Deus, que bosta! - falei assim que parei de mexer no SnapChat.
Leandro: Me admira cê estar aí - falou pra mim, parecendo que não estava nos melhores humores mesmo e passando a mão sobre o rosto.
Nina: Desculpa, mas a culpa é total do seu irmão que me arrastou pra ser cúmplice
Leandro: É um viadinho mesmo - falou se sentando na cama, fazendo eu e o Lucas gargalharmos - E que porra de música é essa que cê decidiu me acordar? - disse olhando pro irmão, franzindo a testa.
Lucas: Pra entrar no clima. Cê acha que é só te acordar? Claro que não, tem que ter todo um contexto - vi o Leandro revirar os olhos e me segurei bastante pra não rir - É sério, mlk, bora pra praia! Vamo todo mundo!
Leandro: Agora?
Lucas: É, pô!
Leandro: Esse mlk tá falando sério? - ele virou pra mim, reafirmando a pergunta
Nina: Tá sim, sua mãe que chamou a gente pra ir! Aí tomas teu café que tá lá na mesa ainda, se arruma também e a gente vai.
Leandro: Eu vô, porque só isso aí memo pra arrumar meu humor - ele disse apoiando a mão nos joelhos e se levantando, ouvindo o Lucas rir.
Lucas: Teve que perguntar a Nina pra acreditar no teu irmão né, ô mlk?! - falou chamando atenção do irmão
Leandro: Claro, como é que eu vou confiar no zero a esquerda que me acorda no susto? - acabei rindo deles dois e o Leandro logo voltou a atenção dele pra mim - Tua sorte é que ele é teu namorado e não teu irmão, viu?
Nina: Pensei nisso entrando nesse quarto - respondi rindo por realmente ter tido esse pensamento.
Lucas: Eta porra! Vamo sair Nina, antes que cês comecem um complô pra falar mal de mim - disse vindo em minha direção e apoiando uma de suas mãos em meu ombro - Inclusive, bom dia viu, mano?
Leandro: Já tô querendo te xingar, cê fica perturbando meu juízo memo - ele respondeu causando gargalhadas em nós, dali saindo nós três: eu e Lucas para irmos ao quarto, nos arrumarmos, e o Leandro para ir ao banheiro.
Karina: Lucas, que que cê vai aprontar?
Lucas: Só um sustinho, relaxa, mãe - falou quando a gente já estava em frente a porta do quarto de hóspedes.
Karina: Tenha modos meu filho, por favor - falou nos fazendo rir, já saindo dali para não ver o que o filho ia aprontar, enquanto nós dois entramos no quarto de hóspedes.
Lucas se certificou que o Snapchat estava aberto, enquanto eu observava o Leandro - que dormia tão tranquilamente - já com pena pelo susto que levaria. Mais uma certeza que eu poderia levar pra vida é que ser namorada do Lucas é realmente muito melhor do que ter vindo a sua irmã.
Lucas: Lá vou, hein? - falou olhando pra mim, falando até baixinho, já perto da cama com o seu melhor sorriso infantil. Até ri um pouco, balançando a cabeça negativamente, mas estava com o celular á posto como ele pediu.
Foram segundos para que eu começasse a gravar e o Lucas acordasse o Leandro num susto que ele chegou a tremer na cama. Lucas não somente se deitou, como quem se joga, em cima dele, como também começou a cantar altíssimo perto do irmão que estava praticamente imóvel.
Lucas: Vamos a la playa, ô ô ô ô - cantava e se mexia ainda sobre o irmão, rindo feito uma criança como quando consegue um doce
Leandro: Sai da Lucas - a voz rouca dele conseguiu aparecer, tentando se debater embaixo do irmão.
Lucas: Então responde comigo: Vamos a la playa - disse já se levantando e antes de qualquer resposta, de pé ao lado da cama, dançou - Ô ô ô ô
Nina: Meu Deus, que bosta! - falei assim que parei de mexer no SnapChat.
Leandro: Me admira cê estar aí - falou pra mim, parecendo que não estava nos melhores humores mesmo e passando a mão sobre o rosto.
Nina: Desculpa, mas a culpa é total do seu irmão que me arrastou pra ser cúmplice
Leandro: É um viadinho mesmo - falou se sentando na cama, fazendo eu e o Lucas gargalharmos - E que porra de música é essa que cê decidiu me acordar? - disse olhando pro irmão, franzindo a testa.
Lucas: Pra entrar no clima. Cê acha que é só te acordar? Claro que não, tem que ter todo um contexto - vi o Leandro revirar os olhos e me segurei bastante pra não rir - É sério, mlk, bora pra praia! Vamo todo mundo!
Leandro: Agora?
Lucas: É, pô!
Leandro: Esse mlk tá falando sério? - ele virou pra mim, reafirmando a pergunta
Nina: Tá sim, sua mãe que chamou a gente pra ir! Aí tomas teu café que tá lá na mesa ainda, se arruma também e a gente vai.
Leandro: Eu vô, porque só isso aí memo pra arrumar meu humor - ele disse apoiando a mão nos joelhos e se levantando, ouvindo o Lucas rir.
Lucas: Teve que perguntar a Nina pra acreditar no teu irmão né, ô mlk?! - falou chamando atenção do irmão
Leandro: Claro, como é que eu vou confiar no zero a esquerda que me acorda no susto? - acabei rindo deles dois e o Leandro logo voltou a atenção dele pra mim - Tua sorte é que ele é teu namorado e não teu irmão, viu?
Nina: Pensei nisso entrando nesse quarto - respondi rindo por realmente ter tido esse pensamento.
Lucas: Eta porra! Vamo sair Nina, antes que cês comecem um complô pra falar mal de mim - disse vindo em minha direção e apoiando uma de suas mãos em meu ombro - Inclusive, bom dia viu, mano?
Leandro: Já tô querendo te xingar, cê fica perturbando meu juízo memo - ele respondeu causando gargalhadas em nós, dali saindo nós três: eu e Lucas para irmos ao quarto, nos arrumarmos, e o Leandro para ir ao banheiro.
[...]
Nina: OFF
Lucas: ON
Passei um bom tempo da manhã na praia junto aos meus pais, meu irmão e a Nina e nem eu mesmo poderia imaginar que seria tão bom despender desse tempo com eles. É tão incrível ver o modo que a Nina está se sentindo a vontade perto da minha mãe, ri leve sobre o senso de humor do meu irmão e entra em qualquer assunto facilmente com o meu pai. Nem nos meus melhores sonhos, eu poderia imaginar que tudo daria tão certo assim - como se já tivesse nascido para ser encaixado. Aproveitamos bastante o calorzinho que fez na cidade e a praia Central, que nunca deixava de estar cheia, a ponto de só querermos ir embora na hora do almoço. Como a Nina havia falado com a Dani e ela só voltaria para casa no final da tarde, mais uma vez decidimos almoçar na rua antes de voltar pro apartamento.
Outra pessoa que ela estava em contato era com a Babi, que conseguia estar louca apenas com um pequeno churrasco que ia acontecer na casa dela. Por isso, eu combinei com a Nina que nós apenas tomaríamos banho, daríamos uma descansada e no meiado da tarde, iríamos para a casa da Babi ver sobre algo que ela estava precisando. Assim foi feito: Depois de umas quatro horas, como ela estava sozinha, nós a ajudamos a arrumar um pouco da casa e a Nina até auxiliou em alguns pratos do pequeno jantar que teria para acompanhar o churrasco, enquanto minha família ficou no apartamento com a Dani, que chegou logo após as 14:15.
Jayme foi outro que, surpreendentemente, conseguiu chegar poucos minutos depois das 17:00 e com ele lá para acalmar um pouco a esposa, eu e a Nina conseguimos voltar pra casa mais tranquilos e também para podermos nos arrumar - já que ela tinha marcado com as pessoas que lá estariam por volta das 19:00. Ao chegarmos no apartamento, me vi satisfeito mais uma vez em perceber como a minha família tinha se dado bem com a Dani. Ela e minha mãe tinham ido a padaria juntas e quando entramos, vimos elas duas mais o meu pai sentados á mesa comendo e cheios de papos. Para completar, descobrimos que Leandro estava no banho, mas anteriormente á isso, tinha ido conhecer o quartinho de yoga da Dani e havia sido mais um a sair de lá encantado. Ficamos um pouco juntos em volta da mesa - embora eu e a Nina não estivéssemos comendo por nada, por já termos beliscado algumas coisas lá com a Babi -, mas eu verdadeiramente não poderia me sentir melhor: Meu relacionamento com a Nina, mesmo com todas as coisas pelo caminho, dava certo em seu amplo sentido. E isso era maravilhoso!
Após certas preguiças e enrolações na hora de nos arrumarmos, finalmente conseguimos chegar a casa da Babi e do Jayme por volta das 19:20. A Nina quem veio dirigindo desta vez e eu confesso que estava um pouco ansioso para saber o que a minha família acharia deles dois, afinal, faltava-os conhecer. A Babi e o Jayme acabaram furando o jantar ontem mesmo na casa da Dani e acabou que o nosso dia terminou em pizza - com eles me convencendo a sair da minha linha, mais uma vez.
Babi: Graças a Deus que vocês chegaram, né? Estão atrasadíssimos - falou logo que abriu o portão da sua casa, recheada no drama como sempre.
Daniela: Não começa me fazendo passar vergonha, Babi - disse em tom de brincadeira, fazendo todos nós rirmos.
Babi: Que absurdo, mãe, parece o Jayme falando - disse rindo - Mas eu não vou fazer vergonha, inclusive, entrem que eu quero cumprimentar a família do Lucas - falou dando espaço para que nós adentrássemos a casa dela e fechou o portão com certa pressa para se virar a nós novamente - Cunhado, tu falou á eles que eu não sou mal educada? Me desculpem não ter ido jantar ontem, eu juro que estava louca pra conhecê-los.
Lucas: Eles já tão cientes que cê é gente boa, fica tranquila - respondi rindo e sempre animado com essa ideia de vez ou outra a Babi me chamar de cunhado - Olha só, Babi, essa é a minha mãe, Karina - ela foi cumprimentar a minha mãe num abraço caloroso.
Karina: Prazer em conhecê-la, querida! Obrigada pelo convite de vir até a sua casa!
Babi: O prazer é meu, eu juro! Achei essa oportunidade ótima de nos conhecermos! E olha, ainda bem que eu faço meditação de amor próprio, porque senão a minha auto estima ia cair uns mil lances agora em te conhecer, viu? - falou nos fazendo gargalhar com aquele jeito Babi de ser.
Nina: Essa é a minha irmã, tá bom pra vocês, não? - Nina disse rindo e a Babi tentou cerrar os olhos pra ela, tornando a cena ainda mais engraçada.
Paulim: Cês num tem nem pra onde fugir, dá nem pra negar.
Leandro: Não mesmo! Como é que faz duas filhas iguais e diferentes assim, Dani? - ele questionou essa similaridade confusa que a Babi e a Nina tinham.
Daniela: Essa é a pergunta que todo mundo me faz - ela respondeu rindo.
Lucas: Mas ó aí, esses dois são meu pai e meu irmão... Paulinho e Leandro - apontei logo para apresentar e eles se cumprimentaram também naquele mesmo nível de simpatia.
Babi: Vem gente, vamos lá pra trás pra vocês conhecerem o Jayme e a família dele tá aí também, chegaram quase juntos.
A Dani ainda respondeu alguma coisa sobre estar com saudade deles, mas desse modo fomos seguindo a Babi pelo pequeno gramado que tinha na frente da casa deles e num corredor lateral chegamos á varanda da parte de trás da casa - onde abrigava uma churrasqueira, algumas mesas dispostas e realmente algumas pessoas já ali estavam.
Jayme: Opa, até que enfim! - ele voltou sua atenção a nós numa voz animada assim que nos viu e foi outro a nos saudar como se tivéssemos muito atrasados - Caramba, que bom que vocês vieram mesmo! - falou com seu olhar mais específico a mim e a minha família, me deixando ainda mais a vontade com todo aquele acolhimento deles.
Nina: Esse é o guri que mais sente a minha falta, vocês tão vendo a atenção pra mim, né?
Jayme: Ôh Nina, sabes que eu não te troco por nada - disse respondendo ao drama dela, passando o braço em seus ombros e a trazendo para um abraço de lado.
Babi: Lucas, corre pra apresentar a sua família antes que eles dois comecem com esse mel - ela disse revirando os olhos, fazendo todos nós gargalharmos.
Ainda sim, fiz o que a Babi tinha pedido, apresentando meus pais e o meu irmão ao Jayme e depois deixando-o terminar de colocar algumas coisas na churrasqueira para nos acomodarmos em algum lugar daquelas mesas. No entanto, apenas as mulheres deixaram a bolsa e a Nina nos chamou para apresentar a família do Jayme que estava ali e dois casais de amigos deles, parecendo que se conheciam há um bom tempo. Citar mais uma vez o orgulho de ouvir a Nina me mostrar como seu namorado, assim como chamava de sogros os meus pais e cunhado o meu irmão nunca era demais. As pessoas que estavam ali mostravam-se claramente felizes por isso e depois, enfim, conseguimos nos acomodar na mesa que havíamos deixados as próprias coisas.
Nina: Sabes o que me lembrei? - ela falou enquanto botava a sua mão sobre a minha perna, iniciando uma conversa paralela entre nós, ainda que o restante da mesa estivesse animado em outro assunto.
Lucas: O quê?
Nina: Da carne de Sol que o Jayme sempre fala que vai fazer pra ti.
Lucas: Meu Deus, se ele fizer isso hoje, eu tô ferrado. Ontem cês já foderam meu batalhão com aquela pizza pra janta - a vi gargalhar na minha frente
Nina: Nunca se ouviu que enquanto namora, é muito difícil se manter na dieta?
Lucas: Nina, eu esperava mais do cê, viu? - ela continuou rindo e dessa vez foi difícil aguentar. Aquilo era contagiante demais!
Nina: Vou lá falar com ele, rapidinho... - ela disse já se levantando e ainda selou meus lábios rapidamente, saindo da mesa e me deixando ali ainda balançando a cabeça negativamente e sorrindo ao pensar nela. Mais uma das coisas inevitáveis.
Voltei a atenção ao assunto da mesa, que acabou atraindo a minha atenção pelo Leandro estar falando da junção de nossos shows que estamos fazendo, mas pouco depois ela foi raptada pela voz da Babi que me chamava de lá por perto da churrasqueira.
Babi: Vem Lucas, vem cá! - ouvi a sua insistência e me virei um pouco pra olhá-la.
Lucas: Se for pra comer, eu vô fugir, viu? - respondi rindo e vi além dela, Jayme e Nina me acompanhar.
Babi: É pra tirar foto também, vem, vem logo! - ela disse apressada e eu arrastei a cadeira pra me levantar, logo ouvindo a voz do meu irmão.
Leandro: Vô te seguir pra aproveitar e saber onde é o banheiro - ele falou já se levantando junto comigo
Lucas: Também num sei não, mas a Babi ajuda a gente - respondi rindo e ele veio comigo até perto de onde estava a Nina, o Jayme e a Babi - Chegô o artista, fala aí o que cês querem
Nina: Ah pronto, vocês deram moral pra ele, tá vendo só? - disse apontando o indicador pro Jayme e pra Babi, nos fazendo rir.
Leandro: Eu só quero a moral de saber onde é o banheiro, galera - meu irmão se expressou, nos levando aos risos.
Babi: Vou te levar lá, rapidinho, Leandro! Mas tu não saia daí que eu quero uma foto também, casalzinho - falou rindo pra mim e depois intercalando o olhar pra Nina.
Leandro: Quer que eu tire a foto do cês? Sô uma vela da hora, pô, sirvo como fotógrafo as vezes - rimos do senso de humor do meu irmão e a Babi pareceu gostar da ideia.
Babi: Por favor então! Tá com celular aí?
Jayme: Ela chama pra tirar foto e não traz o dela, é maravilhosa mesmo essa guria
Babi: Garoto - ela semicerrou os olhos pro Jayme, nos levando a gargalhadas.
Nina: Meu celular tá aqui, toma aqui, Leandro - falei tirando o aparelho do bolso e desbloqueando a tela para entregá-lo.
Ficamos arrumados lá para tirar uma foto, com direito a inverter a posição dos casais, e o Leandro sinalizou depois de bater duas fotos para que pudéssemos escolher ao menos uma que ficasse boa.
Jayme: Vai lá levar o guri no banheiro, porque ele tem que tá vivo pra daqui a pouco pegar essa carnezinha aqui, ó - falou apontando pra brasa, mas em referência ao Leandro
Leandro: Opa, aí sim, hein, Jayme!
Babi: Vamo, vamos lá que eu vou te mostrar onde fica - disse apoiando uma das mãos nas costas do Leandro, o guiando para alguma lugar, enquanto nos deixavam ali.
Lucas: Cê colocou a carne de Sol memo aí? - perguntei encarando a churrasqueira.
Jayme: Coloquei, tá aqui - disse apontando - Na brasa fica irresistível, tu vais ver só
Nina: Ele já tá sofrendo por antecedência - ela respondeu, nos fazendo rir.
Jayme: Vale a pena, vai por mim - disse e logo prosseguiu - Babi ligou esse som na rádio num sei pra quê, vou é colocar algo que role as músicas direto, pô
Nina: Bem melhor, né? Ia falar isso com ela também!
Jayme: Eu falo que ela é doida, vocês veem como ela fica ofendida, né? - ri e a Nina acompanhou - Vou colocar pra tocar o guri mais foda do mundo da música, então vocês por favor, respeitem
Lucas: Pegou um cd meu aí, Jayme?
Jayme: Tás quase lá, mlk, quase lá - gargalhamos, inevitavelmente, juntos.
Enquanto ele foi ligar uma playlist do Jason Mraz - um cara que a Nina já tinha me dito, certa vez, o quanto o Jayme gostava -, nós voltamos a mesa, mas logo nos tornamos foco do assunto pela Dani ansiar em querer ver a foto que tínhamos batido a pouco.
Daniela: Vocês tiraram uma foto linda ali, né? Tá aí?
Nina: Aham, tá aqui no meu celular - ela respondeu se sentando na cadeira ao meu lado - Vou mostrar pra ti - ela disse puxando o celular do bolso e logo abrindo na galeria, enquanto eu acompanhava tudo com os olhos.
Lucas: Nossa, ficou boa mesmo! - não me aguentei em exclamar assim que ela tornou-a a grande na tela.
Nina: Sim, ficou demais! - ela virou um pouco do rosto pra me olhar, porém logo levou a atenção á mãe - Olha aqui!
Daniela: Ah, que coisa linda! - ela pegou o aparelho das mãos de Nina e mostrou também ao meus pais, que sorriram logo em ver a foto.
Karina: Ficou muito boa mesmo, postem! Estão super bem!
Nina: Acho que eu vou postar mesmo... - ela disse bem mais leve quanto a esses assuntos, recebendo o celular de volta.
Ficou em silêncio algum tempo enquanto mexia no aparelho e eu aproveitei para pegar o meu celular, olhando as notificações e no fim também com uma expectativa de atualizar o Instagram e ver que ela realmente tinha feito isso. Em poucos segundos depois, vi sua nova postagem pelo feed e ainda percebi que ela tinha usado na legenda a música que estava rolando no ambiente agora.
Nina: Esse é o guri que mais sente a minha falta, vocês tão vendo a atenção pra mim, né?
Jayme: Ôh Nina, sabes que eu não te troco por nada - disse respondendo ao drama dela, passando o braço em seus ombros e a trazendo para um abraço de lado.
Babi: Lucas, corre pra apresentar a sua família antes que eles dois comecem com esse mel - ela disse revirando os olhos, fazendo todos nós gargalharmos.
Ainda sim, fiz o que a Babi tinha pedido, apresentando meus pais e o meu irmão ao Jayme e depois deixando-o terminar de colocar algumas coisas na churrasqueira para nos acomodarmos em algum lugar daquelas mesas. No entanto, apenas as mulheres deixaram a bolsa e a Nina nos chamou para apresentar a família do Jayme que estava ali e dois casais de amigos deles, parecendo que se conheciam há um bom tempo. Citar mais uma vez o orgulho de ouvir a Nina me mostrar como seu namorado, assim como chamava de sogros os meus pais e cunhado o meu irmão nunca era demais. As pessoas que estavam ali mostravam-se claramente felizes por isso e depois, enfim, conseguimos nos acomodar na mesa que havíamos deixados as próprias coisas.
Nina: Sabes o que me lembrei? - ela falou enquanto botava a sua mão sobre a minha perna, iniciando uma conversa paralela entre nós, ainda que o restante da mesa estivesse animado em outro assunto.
Lucas: O quê?
Nina: Da carne de Sol que o Jayme sempre fala que vai fazer pra ti.
Lucas: Meu Deus, se ele fizer isso hoje, eu tô ferrado. Ontem cês já foderam meu batalhão com aquela pizza pra janta - a vi gargalhar na minha frente
Nina: Nunca se ouviu que enquanto namora, é muito difícil se manter na dieta?
Lucas: Nina, eu esperava mais do cê, viu? - ela continuou rindo e dessa vez foi difícil aguentar. Aquilo era contagiante demais!
Nina: Vou lá falar com ele, rapidinho... - ela disse já se levantando e ainda selou meus lábios rapidamente, saindo da mesa e me deixando ali ainda balançando a cabeça negativamente e sorrindo ao pensar nela. Mais uma das coisas inevitáveis.
Voltei a atenção ao assunto da mesa, que acabou atraindo a minha atenção pelo Leandro estar falando da junção de nossos shows que estamos fazendo, mas pouco depois ela foi raptada pela voz da Babi que me chamava de lá por perto da churrasqueira.
Babi: Vem Lucas, vem cá! - ouvi a sua insistência e me virei um pouco pra olhá-la.
Lucas: Se for pra comer, eu vô fugir, viu? - respondi rindo e vi além dela, Jayme e Nina me acompanhar.
Babi: É pra tirar foto também, vem, vem logo! - ela disse apressada e eu arrastei a cadeira pra me levantar, logo ouvindo a voz do meu irmão.
Leandro: Vô te seguir pra aproveitar e saber onde é o banheiro - ele falou já se levantando junto comigo
Lucas: Também num sei não, mas a Babi ajuda a gente - respondi rindo e ele veio comigo até perto de onde estava a Nina, o Jayme e a Babi - Chegô o artista, fala aí o que cês querem
Nina: Ah pronto, vocês deram moral pra ele, tá vendo só? - disse apontando o indicador pro Jayme e pra Babi, nos fazendo rir.
Leandro: Eu só quero a moral de saber onde é o banheiro, galera - meu irmão se expressou, nos levando aos risos.
Babi: Vou te levar lá, rapidinho, Leandro! Mas tu não saia daí que eu quero uma foto também, casalzinho - falou rindo pra mim e depois intercalando o olhar pra Nina.
Leandro: Quer que eu tire a foto do cês? Sô uma vela da hora, pô, sirvo como fotógrafo as vezes - rimos do senso de humor do meu irmão e a Babi pareceu gostar da ideia.
Babi: Por favor então! Tá com celular aí?
Jayme: Ela chama pra tirar foto e não traz o dela, é maravilhosa mesmo essa guria
Babi: Garoto - ela semicerrou os olhos pro Jayme, nos levando a gargalhadas.
Nina: Meu celular tá aqui, toma aqui, Leandro - falei tirando o aparelho do bolso e desbloqueando a tela para entregá-lo.
Ficamos arrumados lá para tirar uma foto, com direito a inverter a posição dos casais, e o Leandro sinalizou depois de bater duas fotos para que pudéssemos escolher ao menos uma que ficasse boa.
Jayme: Vai lá levar o guri no banheiro, porque ele tem que tá vivo pra daqui a pouco pegar essa carnezinha aqui, ó - falou apontando pra brasa, mas em referência ao Leandro
Leandro: Opa, aí sim, hein, Jayme!
Babi: Vamo, vamos lá que eu vou te mostrar onde fica - disse apoiando uma das mãos nas costas do Leandro, o guiando para alguma lugar, enquanto nos deixavam ali.
Lucas: Cê colocou a carne de Sol memo aí? - perguntei encarando a churrasqueira.
Jayme: Coloquei, tá aqui - disse apontando - Na brasa fica irresistível, tu vais ver só
Nina: Ele já tá sofrendo por antecedência - ela respondeu, nos fazendo rir.
Jayme: Vale a pena, vai por mim - disse e logo prosseguiu - Babi ligou esse som na rádio num sei pra quê, vou é colocar algo que role as músicas direto, pô
Nina: Bem melhor, né? Ia falar isso com ela também!
Jayme: Eu falo que ela é doida, vocês veem como ela fica ofendida, né? - ri e a Nina acompanhou - Vou colocar pra tocar o guri mais foda do mundo da música, então vocês por favor, respeitem
Lucas: Pegou um cd meu aí, Jayme?
Jayme: Tás quase lá, mlk, quase lá - gargalhamos, inevitavelmente, juntos.
Enquanto ele foi ligar uma playlist do Jason Mraz - um cara que a Nina já tinha me dito, certa vez, o quanto o Jayme gostava -, nós voltamos a mesa, mas logo nos tornamos foco do assunto pela Dani ansiar em querer ver a foto que tínhamos batido a pouco.
Daniela: Vocês tiraram uma foto linda ali, né? Tá aí?
Nina: Aham, tá aqui no meu celular - ela respondeu se sentando na cadeira ao meu lado - Vou mostrar pra ti - ela disse puxando o celular do bolso e logo abrindo na galeria, enquanto eu acompanhava tudo com os olhos.
Lucas: Nossa, ficou boa mesmo! - não me aguentei em exclamar assim que ela tornou-a a grande na tela.
Nina: Sim, ficou demais! - ela virou um pouco do rosto pra me olhar, porém logo levou a atenção á mãe - Olha aqui!
Daniela: Ah, que coisa linda! - ela pegou o aparelho das mãos de Nina e mostrou também ao meus pais, que sorriram logo em ver a foto.
Karina: Ficou muito boa mesmo, postem! Estão super bem!
Nina: Acho que eu vou postar mesmo... - ela disse bem mais leve quanto a esses assuntos, recebendo o celular de volta.
Ficou em silêncio algum tempo enquanto mexia no aparelho e eu aproveitei para pegar o meu celular, olhando as notificações e no fim também com uma expectativa de atualizar o Instagram e ver que ela realmente tinha feito isso. Em poucos segundos depois, vi sua nova postagem pelo feed e ainda percebi que ela tinha usado na legenda a música que estava rolando no ambiente agora.
@ninabarsanti We're just one big family and it's our God-forsaken right to be loved, loved, loved. @jaymesilveira @lucaslucco @babibarsanti
chrismaria Você e o Lucas estão juntos mesmo, né?
chrismaria Você e o Lucas estão juntos mesmo, né?
aoteuladolucco Vejo dois casais risos
relicariolucco A FOTO QUE EU MAIS QUERIA NA VIDA, MEU DEUSSSSSSS
telepatialucco Eles dois nem escondem mais haha e depois vem com papo de "melhor amiga"
gabimarques Você, Lucas, Babi e Jayme = melhor quarteto <3 foto lindaaaaa!!!
surfilipe MUITO AMOR! MAIS AMOR!
karinalucco Lindos!!
annapuente Melhor casal <3 linda família
marcellacastro Não importa o que são... A única coisa que importa é: são lindos!
danibarsanti Amo vocês!!
secretlucco As famílias tudo juntas, eu choro bastante <3
Lucas: Pegou inspiração, é? - falei virando a tela pra ela e fazendo referência a legenda
Nina: Como diz meu cunhado, I'm yours é uma música de respeito
Lucas: Um hino, posso concordar - respondi rindo e ela me acompanhou.
Nina: Ó todo mundo aí no celular - ela falou um pouco mais baixo, fazendo referência aos meus pais e sua mãe que estavam realmente focados nos respectivos aparelhos - Isso é o poder de uma foto boa, eles tão tudo comentando e curtindo... Enquanto você, né? - ela me encarou, como quem brigasse comigo, e era bizarro como conseguia ficar ainda mais fofa ao fazer isso.
Lucas: Tá me dado esporro, dona Nina?
Nina: Mas é claro! Posto uma foto contigo, tem que comentar rápido, tecnologia está aqui pra isso, pra agilizar a vida das pessoas - ela falou me fazendo rir
Lucas: Ó, globalizada ela - falei com um tom de ironia na voz e sua mão logo bateu contra o meu ombro
Nina: Acho que tu é a pessoa memo que me impede de evoluir, viu? Paciência cai pra zero - ela cruzou os braços e eu, rindo, aproveitei para abraçá-la de lado, enchendo seu rosto de beijos e não demorando muito para ela cair na risada.
O Leandro, que depois de ir ao banheiro ainda tinha parado numa conversa com o Jayme, retornou a mesa e isso reacendeu ali também um assunto comum entre nós. Ficamos falando sobre diversas coisas e o próprio Jayme juntou-se a nós, deixando a churrasqueira um pouco na responsabilidade de seu pai para poder conversar um pouco mais. O clima era melhor, impossível e todos nós estávamos nos sentindo em casa, com aquele sentimento de pertencermos a uma única família, ainda que aqui tivessem no mínimo três diferentes. Essa sensação de comodidade fazia uma diferença enorme e me deixava ainda mais confortável ver a minha família se comportar da mesma maneira.
Era difícil até se afastar da mesa por tão bom que estava o clima e animado os assuntos por ali que até então, eu só fiz isso para as vezes que eu estava precisando mesmo ir ao banheiro. No entanto, em uma dessas vezes me surpreendi, pois ao passar pela cozinha - que era o caminho necessário para chegar ou sair do banheiro -, acabei ouvindo uma parte de uma conversa da Babi que estava no celular, distraída o suficiente para nem perceber que eu havia chegado ali.
Babi: ... Eu entendo tu não poder vir e quero realmente acreditar nesse não poder, tudo bem? Porque se a razão for qualquer outra, sabes muito bem que essa sua atitude é ridícula - ela pausava, provavelmente pra ouvir o que falavam lá do outro e instintivamente parei no cômodo, com curiosidade por aquela conversa - Ainda bem que o senhor sabe que somos grandinhas mesmo! Tu também és, já podes parar com isso e reconhecer que o errado dessa história sempre foi o senhor - ela pausou mais uma vez e me vi nervoso com aquela conversa, premeditando quem seria do outro lado apenas por aquelas falas - Tá, tá, nós não iremos discutir por isso. Vamos marcar outro dia pra vir aqui, ok? Quero que conheça a minha casa... - nesse exato momento ela se virou e conseguiu me enxergar ali, mudando a feição para certo espanto e se apressando ainda mais para desligar aquela chamada ao perceber que eu permanecia no cômodo mesmo depois de ser flagrado.
Lucas: Babi... - eu comecei logo que ela abaixou o celular, finalizando a chamada, mas ela quem me interrompeu.
Babi: Tás aí há muito tempo?
Lucas: Tempo o suficiente para ter uma dúvida a respeito de quem era na linha. Desculpa, eu sei que não tenho o direito de ficar ouvindo suas conversas, mas o começo foi realmente sem querer... Peço desculpas de novo, mas fiquei aqui, porque eu queria saber se era o seu pai - fui direto e ela pareceu não se incomodar com o fato de eu ter ouvido sua conversa, sua expressão era apenas de preocupação - a mesma linha na testa que se formava no rosto de Nina, quando estava igualmente assim.
Babi: Era ele... Mas ele não vem hoje - ela confirmou o que eu já premeditava apenas pelo pouco que eu ouvi.
Lucas: Por minha causa, eu imagino
Babi: Pra ser sincera, eu também. Ele me disse que não poderia vir, que está um pouco enrolado com assuntos do trabalho e que amanhã tem um compromisso cedo, mas eu desconfio que não seja só isso - ela foi franca como sempre, encostando parte do seu corpo em uma das cadeiras que tinha ali.
Lucas: Não posso mentir e dizer que não fico aliviado dele não vir, mas isso é mais por conta da minha família. Eu não queria que eles vissem essa situação tão mal resolvida, sabe?
Babi: Entendo! Eles não sabem nada sobre a história da Lorena? - ela questionou, agora parecendo curiosa.
Lucas: Sabem! Minha mãe, inclusive, também não é das maiores fãs dela. Eu acho até que já falei pro meu pai que o pai dela é seu padrinho, mas das confusões mesmo, só o Leandro sabe. Cê tá vendo que tá todo mundo num clima tão bom, né? Se eu contar alguma coisa sobre o pai do cês, eles vão ficar preocupados.
Babi: E com toda razão, as atitudes do meu pai contigo são bizarras, Lucas - ela afirmou e logo prosseguiu - Mas eles não acham nem estranho o meu pai não estar aqui, por exemplo?
Lucas: Se acham, não falaram nada - confirmei - Mas posso te falar porque eu fiquei ouvindo o restante da sua conversa? É que eu não quero mais essa situação com o seu pai. Eu estou há quatro meses com a sua irmã e ela mesma já me disse que nunca falou com ele que nós estamos namorando...
Babi: ... Ele já sabe! - ela acabou me interrompendo, mas não me deixando surpresa por aquilo que disse.
Lucas: Todo mundo sabe, seria subestimar demais a ele que não soubesse. Mas isso é errado, cara! Cê entende o que eu tô falando? Tudo dá certo no nosso relacionamento, mas isso me incomoda. Querendo ou não, ele é o pai de vocês duas! Não tá certo!
Babi: Eu sei, é claro que eu entendo! Lucas, eu sou a pessoa que mais tento conversar com ele sobre isso. Eu juro! Eu tenho esse meu jeito, mas eu sei que de certa maneira isso também incomoda a Nina, do mesmo jeito que eu tô vendo que incomoda a ti. Mas o problema do meu pai é que ele não sabe assumir que tá errado, isso é a maior merda que alguém pode ter.
Lucas: Eu até pensei que isso fosse passar com o tempo, que ele fosse aceitar por não ter meio jeito, só que pelo visto ele é bem irredutível. Acho que ele tem que conversar é comigo!
Babi: Lucas...
Lucas: Babi, eu não falei isso pra sua irmã, porque eu sabia que a resposta dela ia ser exatamente desse jeito que cê quer começar - a interrompi, presumindo que ela iria contestar minha atitude - Se ele não conversar comigo, isso nunca vai se resolver.Babi: Sabes que quando o meu pai quer, ele é um ser humano sem um pingo de educação.
Lucas: Eu preciso conversar com ele, não tem outro jeito. E no mais, eu já tô aqui! Cê pode me ajudar com isso?
Babi: Posso, mas eu não quero que isso torne as coisas ainda piores, Lucas. Como tu mesmo disse, tá tudo indo tão bem...
Lucas: Isso vai ser um ponto final. Ou pra gente ver que ele não vai me tolerar aqui mesmo ou pra mudar isso de uma vez.
Babi: Se tás dizendo, eu posso tentar dar um jeito pra vocês conversarem... Vocês vão embora amanhã que horas?
Lucas: De tarde, depois do almoço.
Babi: Então tá... A gente vai se falando, pode ser?
Lucas: Pode! Só não fala com a sua irmã ainda, ok?
Babi: Por mim.. A hora que tu achar melhor, vocês que conversem sobre isso.
Lucas: Obrigado, Babi - sorri sinceramente grato por poder contar com ela nesse aspecto.
Babi: Cunhado é pra isso, até pra se der merda! - acabamos por gargalhar juntos e ela logo me chamou para voltar lá pra fora.
Chegamos a mesa e eu percebia que a Babi ainda estava um pouco tensa, talvez por efeito da conversa que tivemos na cozinha, mas por sorte ninguém mais reparou nisso. Nem mesmo a Nina e nem no sentido de minha demora. Estava tão entretida na conversa que só se animou ainda mais quando me juntei aquilo, sem questionamentos sobre onde eu estava ou o que fazia. Os assuntos variaram entre adolescência e algumas histórias de Babi e Jayme no começo de namoro até a hora que o mesmo anunciou que poderíamos jantar. Para tal, juntamos todas as mesas - inclusive com a família dele e mais alguns amigos que ali tinha - e toda leveza do lugar se multiplicou quando fizemos a refeição todos juntos, dividindo risadas e a mesma conversa.
Para completar também, eu e minha família ainda nos tornamos o centro no começo da refeição quando o Jayme fez questão de colocar um pedaço de carne de Sol para cada um de nós, ainda com aipim de acompanhamento. Realmente, era um prato delicioso, mas consegui me conter em não exagerar e fiquei com a consciência um pouco mais leve por isso.
Dali, prosseguimos o restante da noite em toda essa animação - com alternância entre mil assuntos e comidas - e só por volta das 23:00 que começamos a nos dar conta que precisávamos ir embora. Até porque também, amanhã ainda era sexta feira e ao menos Jayme e Babi iriam trabalhar. Ajudamos um tanto a desfazer as coisas para lá, reduzindo o lixo e a bagunça e pouco tempo depois, já estávamos nos despedindo deles. Minha família agradeceu muito pela recepção, assim como eles dois expressaram mais uma vez a felicidade de termos vindo. Entramos no carro permitindo que a Nina voltasse dirigindo, como foi na vinda, e o caminho de volta pareceu ainda mais rápido por termos nos entretido em uma conversa sobre como a nova residência de Babi e Jayme era espaçosa e bonita.
Ao chegarmos no apartamento, após um copo d'água pra quase todo mundo, nos despedimos ali também com um boa noite e nos encaminhamos mais rápido do que imaginei para os respectivos quartos onde estávamos. Mesmo que tenhamos ficado sentados por quase toda a noite, todo mundo parecia bastante cansado no resultado daquele dia e agora só buscava a cama para poder dormir. Assim que eu entrei no quarto da Nina, me sentei no meio da cama, deixando as minhas pernas um pouco esticadas sobre a cama e balançando os meus pés, logo a vendo vir em minha direção após se livrar de suas sapatilhas.
Nina: Sabes no que eu estava pensando? - ela começou a dizer enquanto se sentava no meio das minhas pernas e se virava levemente para conseguir me enxergar.
Lucas: Hoje cê tá querendo memo que eu vire leitor de mentes, né?
Nina: Tô te testando, tô te testando pra saber se tu chegou lá - rimos - Sério, o tempo tá passando bem rápido, não é? A gente já tá fazendo quatro meses hoje.
Lucas: Sim! Todas as vezes que eu penso nisso, eu fico um pouco louco... quase como nos meus aniversários.
Nina: Não! Não é pra pensar nisso como uma coisa ruim... Mesmo voando, cada data significa que a gente tá um pouquinho mais de tempo juntos.
Lucas: Tá vendo porque eu preciso do cê? Cê sempre tá aqui pra me fazer ver o lado bom delas.
Nina: É porque sempre tem, eu tô te lembro disso - ela me sorriu e emanou toda aquela pureza que só ela tinha - Só uma coisa que é complicada de pensar em um lado bom é quando eu lembro que nunca consigo comprar um presente pra ti.
Lucas: Ah não, Nina, sai dessa - joguei minha cabeça levemente para trás e ela segurou o meu rosto, trazendo-me de volta a encará-la.
Nina: Eu tô falando sério... Eu sempre penso em comprar alguma coisa pra ti e não consigo.
Lucas: Então, eu também vou falar sério - disse segurando seus ombros e fazendo virá-la de frente, a abraçando logo em seguida e desse modo a gente conseguia encarar o espelho - Aquela pessoa lá no relexo é o meu presente e pronto - ela riu, encostando sua cabeça em meu ombro.
Nina: Tu é o arsenal de clichês mais lindo que eu já vi!
Lucas: É porque ainda que seja clichê, nesse caso, é verdadeiro - beijei seu ombro e ela manteve o sorriso no rosto, de modo que eu pudesse observar pelo espelho.
Nina: Estamos tão bonitinhos assim - ela tombou a cabeça levemente para o lado, olhando o nosso reflexo - Vamos tirar uma foto, cadê seu celular? - sem nem responder, tirei uma das mãos do corpo dela apenas para pegar o aparelho que estava já na cama e a entreguei.
Encostei a minha cabeça em seu ombro e a ouvi tirar diversas fotos, logo depois escolhendo - sem pedir minha opinião - quais estavam boas para permitir que ficassem ali na minha galeria.
Nina: Vou no banheiro rapidinho, aproveitar pra trocar de roupa e já venho pra gente deitar, tá?
Lucas: Uhum - assenti balançando a cabeça e ela ainda se virou para me dar um selinho, logo se levantando da cama e indo fazer o que havia me avisado.
Aproveitei pra tirar a minha camisa e trocar o meu short de uma vez também, deixando a roupa usada sobre a minha mala e me deitei logo na cama para esperá-la, tentando me distrair com o celular. Quando desbloqueei, a nossa foto ainda estava lá e imediatamente me vieram inúmeros pensamentos na cabeça, inclusive uma ideia que se atrelou a uma das músicas que tinha ouvido lá na casa da Babi e do Jayme. Lucky, uma parceria de Jason Mraz e Colbie Caillat, sempre foi uma das músicas que eu achava mais gostosa de se ouvir, no entanto hoje ganhou um novo sentido: conhecendo a sua tradução, aquela letra descrevia bastante coisa do meu agora e desse meu relacionamento com a Nina. Só de olhar para a fotografia que tínhamos batido a pouco, meus lábios conseguiam cantarolar parte dessa canção e aquilo soava quase como uma trilha sonora.
Editei aquela foto, a princípio, sem qualquer intenção, mas em seu resultado final, tive a vontade de colocá-la no meu Instagram. Estava tudo ajeitado: desde o filtro até uma legenda. Certamente, faria todo sentido até mesmo pela entrevista que saiu hoje! Nina não era muito fã de acreditar em coincidências, mas essa seria uma perfeita. Embora fosse arriscado fazer isso sem comunicá-la, tomei a liberdade dessa atitude. Uma surpresa que poderia ser boa ou ruim, mas que finalizaria aquele dia. Não demorei quase nada para publicar, pela primeira vez, algo relacionado a nós dois como forma de amor. Como forma do que exatamente era agora.
@lucaslucco "Lucky I'm in love with my best friend, lucky to have been where I have been, lucky to be coming home again..."
luccosincero "in love with my best friend" = APAIXONADO PELA MINHA MELHOR AMIGA (!!!!!)
Lucas: Pegou inspiração, é? - falei virando a tela pra ela e fazendo referência a legenda
Nina: Como diz meu cunhado, I'm yours é uma música de respeito
Lucas: Um hino, posso concordar - respondi rindo e ela me acompanhou.
Nina: Ó todo mundo aí no celular - ela falou um pouco mais baixo, fazendo referência aos meus pais e sua mãe que estavam realmente focados nos respectivos aparelhos - Isso é o poder de uma foto boa, eles tão tudo comentando e curtindo... Enquanto você, né? - ela me encarou, como quem brigasse comigo, e era bizarro como conseguia ficar ainda mais fofa ao fazer isso.
Lucas: Tá me dado esporro, dona Nina?
Nina: Mas é claro! Posto uma foto contigo, tem que comentar rápido, tecnologia está aqui pra isso, pra agilizar a vida das pessoas - ela falou me fazendo rir
Lucas: Ó, globalizada ela - falei com um tom de ironia na voz e sua mão logo bateu contra o meu ombro
Nina: Acho que tu é a pessoa memo que me impede de evoluir, viu? Paciência cai pra zero - ela cruzou os braços e eu, rindo, aproveitei para abraçá-la de lado, enchendo seu rosto de beijos e não demorando muito para ela cair na risada.
O Leandro, que depois de ir ao banheiro ainda tinha parado numa conversa com o Jayme, retornou a mesa e isso reacendeu ali também um assunto comum entre nós. Ficamos falando sobre diversas coisas e o próprio Jayme juntou-se a nós, deixando a churrasqueira um pouco na responsabilidade de seu pai para poder conversar um pouco mais. O clima era melhor, impossível e todos nós estávamos nos sentindo em casa, com aquele sentimento de pertencermos a uma única família, ainda que aqui tivessem no mínimo três diferentes. Essa sensação de comodidade fazia uma diferença enorme e me deixava ainda mais confortável ver a minha família se comportar da mesma maneira.
Era difícil até se afastar da mesa por tão bom que estava o clima e animado os assuntos por ali que até então, eu só fiz isso para as vezes que eu estava precisando mesmo ir ao banheiro. No entanto, em uma dessas vezes me surpreendi, pois ao passar pela cozinha - que era o caminho necessário para chegar ou sair do banheiro -, acabei ouvindo uma parte de uma conversa da Babi que estava no celular, distraída o suficiente para nem perceber que eu havia chegado ali.
Babi: ... Eu entendo tu não poder vir e quero realmente acreditar nesse não poder, tudo bem? Porque se a razão for qualquer outra, sabes muito bem que essa sua atitude é ridícula - ela pausava, provavelmente pra ouvir o que falavam lá do outro e instintivamente parei no cômodo, com curiosidade por aquela conversa - Ainda bem que o senhor sabe que somos grandinhas mesmo! Tu também és, já podes parar com isso e reconhecer que o errado dessa história sempre foi o senhor - ela pausou mais uma vez e me vi nervoso com aquela conversa, premeditando quem seria do outro lado apenas por aquelas falas - Tá, tá, nós não iremos discutir por isso. Vamos marcar outro dia pra vir aqui, ok? Quero que conheça a minha casa... - nesse exato momento ela se virou e conseguiu me enxergar ali, mudando a feição para certo espanto e se apressando ainda mais para desligar aquela chamada ao perceber que eu permanecia no cômodo mesmo depois de ser flagrado.
Lucas: Babi... - eu comecei logo que ela abaixou o celular, finalizando a chamada, mas ela quem me interrompeu.
Babi: Tás aí há muito tempo?
Lucas: Tempo o suficiente para ter uma dúvida a respeito de quem era na linha. Desculpa, eu sei que não tenho o direito de ficar ouvindo suas conversas, mas o começo foi realmente sem querer... Peço desculpas de novo, mas fiquei aqui, porque eu queria saber se era o seu pai - fui direto e ela pareceu não se incomodar com o fato de eu ter ouvido sua conversa, sua expressão era apenas de preocupação - a mesma linha na testa que se formava no rosto de Nina, quando estava igualmente assim.
Babi: Era ele... Mas ele não vem hoje - ela confirmou o que eu já premeditava apenas pelo pouco que eu ouvi.
Lucas: Por minha causa, eu imagino
Babi: Pra ser sincera, eu também. Ele me disse que não poderia vir, que está um pouco enrolado com assuntos do trabalho e que amanhã tem um compromisso cedo, mas eu desconfio que não seja só isso - ela foi franca como sempre, encostando parte do seu corpo em uma das cadeiras que tinha ali.
Lucas: Não posso mentir e dizer que não fico aliviado dele não vir, mas isso é mais por conta da minha família. Eu não queria que eles vissem essa situação tão mal resolvida, sabe?
Babi: Entendo! Eles não sabem nada sobre a história da Lorena? - ela questionou, agora parecendo curiosa.
Lucas: Sabem! Minha mãe, inclusive, também não é das maiores fãs dela. Eu acho até que já falei pro meu pai que o pai dela é seu padrinho, mas das confusões mesmo, só o Leandro sabe. Cê tá vendo que tá todo mundo num clima tão bom, né? Se eu contar alguma coisa sobre o pai do cês, eles vão ficar preocupados.
Babi: E com toda razão, as atitudes do meu pai contigo são bizarras, Lucas - ela afirmou e logo prosseguiu - Mas eles não acham nem estranho o meu pai não estar aqui, por exemplo?
Lucas: Se acham, não falaram nada - confirmei - Mas posso te falar porque eu fiquei ouvindo o restante da sua conversa? É que eu não quero mais essa situação com o seu pai. Eu estou há quatro meses com a sua irmã e ela mesma já me disse que nunca falou com ele que nós estamos namorando...
Babi: ... Ele já sabe! - ela acabou me interrompendo, mas não me deixando surpresa por aquilo que disse.
Lucas: Todo mundo sabe, seria subestimar demais a ele que não soubesse. Mas isso é errado, cara! Cê entende o que eu tô falando? Tudo dá certo no nosso relacionamento, mas isso me incomoda. Querendo ou não, ele é o pai de vocês duas! Não tá certo!
Babi: Eu sei, é claro que eu entendo! Lucas, eu sou a pessoa que mais tento conversar com ele sobre isso. Eu juro! Eu tenho esse meu jeito, mas eu sei que de certa maneira isso também incomoda a Nina, do mesmo jeito que eu tô vendo que incomoda a ti. Mas o problema do meu pai é que ele não sabe assumir que tá errado, isso é a maior merda que alguém pode ter.
Lucas: Eu até pensei que isso fosse passar com o tempo, que ele fosse aceitar por não ter meio jeito, só que pelo visto ele é bem irredutível. Acho que ele tem que conversar é comigo!
Babi: Lucas...
Lucas: Babi, eu não falei isso pra sua irmã, porque eu sabia que a resposta dela ia ser exatamente desse jeito que cê quer começar - a interrompi, presumindo que ela iria contestar minha atitude - Se ele não conversar comigo, isso nunca vai se resolver.Babi: Sabes que quando o meu pai quer, ele é um ser humano sem um pingo de educação.
Lucas: Eu preciso conversar com ele, não tem outro jeito. E no mais, eu já tô aqui! Cê pode me ajudar com isso?
Babi: Posso, mas eu não quero que isso torne as coisas ainda piores, Lucas. Como tu mesmo disse, tá tudo indo tão bem...
Lucas: Isso vai ser um ponto final. Ou pra gente ver que ele não vai me tolerar aqui mesmo ou pra mudar isso de uma vez.
Babi: Se tás dizendo, eu posso tentar dar um jeito pra vocês conversarem... Vocês vão embora amanhã que horas?
Lucas: De tarde, depois do almoço.
Babi: Então tá... A gente vai se falando, pode ser?
Lucas: Pode! Só não fala com a sua irmã ainda, ok?
Babi: Por mim.. A hora que tu achar melhor, vocês que conversem sobre isso.
Lucas: Obrigado, Babi - sorri sinceramente grato por poder contar com ela nesse aspecto.
Babi: Cunhado é pra isso, até pra se der merda! - acabamos por gargalhar juntos e ela logo me chamou para voltar lá pra fora.
Chegamos a mesa e eu percebia que a Babi ainda estava um pouco tensa, talvez por efeito da conversa que tivemos na cozinha, mas por sorte ninguém mais reparou nisso. Nem mesmo a Nina e nem no sentido de minha demora. Estava tão entretida na conversa que só se animou ainda mais quando me juntei aquilo, sem questionamentos sobre onde eu estava ou o que fazia. Os assuntos variaram entre adolescência e algumas histórias de Babi e Jayme no começo de namoro até a hora que o mesmo anunciou que poderíamos jantar. Para tal, juntamos todas as mesas - inclusive com a família dele e mais alguns amigos que ali tinha - e toda leveza do lugar se multiplicou quando fizemos a refeição todos juntos, dividindo risadas e a mesma conversa.
Para completar também, eu e minha família ainda nos tornamos o centro no começo da refeição quando o Jayme fez questão de colocar um pedaço de carne de Sol para cada um de nós, ainda com aipim de acompanhamento. Realmente, era um prato delicioso, mas consegui me conter em não exagerar e fiquei com a consciência um pouco mais leve por isso.
Dali, prosseguimos o restante da noite em toda essa animação - com alternância entre mil assuntos e comidas - e só por volta das 23:00 que começamos a nos dar conta que precisávamos ir embora. Até porque também, amanhã ainda era sexta feira e ao menos Jayme e Babi iriam trabalhar. Ajudamos um tanto a desfazer as coisas para lá, reduzindo o lixo e a bagunça e pouco tempo depois, já estávamos nos despedindo deles. Minha família agradeceu muito pela recepção, assim como eles dois expressaram mais uma vez a felicidade de termos vindo. Entramos no carro permitindo que a Nina voltasse dirigindo, como foi na vinda, e o caminho de volta pareceu ainda mais rápido por termos nos entretido em uma conversa sobre como a nova residência de Babi e Jayme era espaçosa e bonita.
Ao chegarmos no apartamento, após um copo d'água pra quase todo mundo, nos despedimos ali também com um boa noite e nos encaminhamos mais rápido do que imaginei para os respectivos quartos onde estávamos. Mesmo que tenhamos ficado sentados por quase toda a noite, todo mundo parecia bastante cansado no resultado daquele dia e agora só buscava a cama para poder dormir. Assim que eu entrei no quarto da Nina, me sentei no meio da cama, deixando as minhas pernas um pouco esticadas sobre a cama e balançando os meus pés, logo a vendo vir em minha direção após se livrar de suas sapatilhas.
Nina: Sabes no que eu estava pensando? - ela começou a dizer enquanto se sentava no meio das minhas pernas e se virava levemente para conseguir me enxergar.
Lucas: Hoje cê tá querendo memo que eu vire leitor de mentes, né?
Nina: Tô te testando, tô te testando pra saber se tu chegou lá - rimos - Sério, o tempo tá passando bem rápido, não é? A gente já tá fazendo quatro meses hoje.
Lucas: Sim! Todas as vezes que eu penso nisso, eu fico um pouco louco... quase como nos meus aniversários.
Nina: Não! Não é pra pensar nisso como uma coisa ruim... Mesmo voando, cada data significa que a gente tá um pouquinho mais de tempo juntos.
Lucas: Tá vendo porque eu preciso do cê? Cê sempre tá aqui pra me fazer ver o lado bom delas.
Nina: É porque sempre tem, eu tô te lembro disso - ela me sorriu e emanou toda aquela pureza que só ela tinha - Só uma coisa que é complicada de pensar em um lado bom é quando eu lembro que nunca consigo comprar um presente pra ti.
Lucas: Ah não, Nina, sai dessa - joguei minha cabeça levemente para trás e ela segurou o meu rosto, trazendo-me de volta a encará-la.
Nina: Eu tô falando sério... Eu sempre penso em comprar alguma coisa pra ti e não consigo.
Lucas: Então, eu também vou falar sério - disse segurando seus ombros e fazendo virá-la de frente, a abraçando logo em seguida e desse modo a gente conseguia encarar o espelho - Aquela pessoa lá no relexo é o meu presente e pronto - ela riu, encostando sua cabeça em meu ombro.
Nina: Tu é o arsenal de clichês mais lindo que eu já vi!
Lucas: É porque ainda que seja clichê, nesse caso, é verdadeiro - beijei seu ombro e ela manteve o sorriso no rosto, de modo que eu pudesse observar pelo espelho.
Nina: Estamos tão bonitinhos assim - ela tombou a cabeça levemente para o lado, olhando o nosso reflexo - Vamos tirar uma foto, cadê seu celular? - sem nem responder, tirei uma das mãos do corpo dela apenas para pegar o aparelho que estava já na cama e a entreguei.
Encostei a minha cabeça em seu ombro e a ouvi tirar diversas fotos, logo depois escolhendo - sem pedir minha opinião - quais estavam boas para permitir que ficassem ali na minha galeria.
Nina: Vou no banheiro rapidinho, aproveitar pra trocar de roupa e já venho pra gente deitar, tá?
Lucas: Uhum - assenti balançando a cabeça e ela ainda se virou para me dar um selinho, logo se levantando da cama e indo fazer o que havia me avisado.
Aproveitei pra tirar a minha camisa e trocar o meu short de uma vez também, deixando a roupa usada sobre a minha mala e me deitei logo na cama para esperá-la, tentando me distrair com o celular. Quando desbloqueei, a nossa foto ainda estava lá e imediatamente me vieram inúmeros pensamentos na cabeça, inclusive uma ideia que se atrelou a uma das músicas que tinha ouvido lá na casa da Babi e do Jayme. Lucky, uma parceria de Jason Mraz e Colbie Caillat, sempre foi uma das músicas que eu achava mais gostosa de se ouvir, no entanto hoje ganhou um novo sentido: conhecendo a sua tradução, aquela letra descrevia bastante coisa do meu agora e desse meu relacionamento com a Nina. Só de olhar para a fotografia que tínhamos batido a pouco, meus lábios conseguiam cantarolar parte dessa canção e aquilo soava quase como uma trilha sonora.
Editei aquela foto, a princípio, sem qualquer intenção, mas em seu resultado final, tive a vontade de colocá-la no meu Instagram. Estava tudo ajeitado: desde o filtro até uma legenda. Certamente, faria todo sentido até mesmo pela entrevista que saiu hoje! Nina não era muito fã de acreditar em coincidências, mas essa seria uma perfeita. Embora fosse arriscado fazer isso sem comunicá-la, tomei a liberdade dessa atitude. Uma surpresa que poderia ser boa ou ruim, mas que finalizaria aquele dia. Não demorei quase nada para publicar, pela primeira vez, algo relacionado a nós dois como forma de amor. Como forma do que exatamente era agora.
@lucaslucco "Lucky I'm in love with my best friend, lucky to have been where I have been, lucky to be coming home again..."
luccosincero VOCÊ É FODA!!!! @lucaslucco
relicariolucco É a Nina!!! Meu Pai!!!! ATÉ QUE ENFIM!!
luizameireles "melhor amiga" viram???? hahaha @candangasll @lucaslucco_pa
vanessaporto Coração em pedaços né, gente? socorro
patibittencourt é, parece namoro sério mesmo... sejam felizes!
doidasdolucco não aceito isso, ok?
jessicamatos e a nossa relação de amor? como fica?
newsleandrolucco Felicidades, meu amor! Se você está feliz, a gente também tá!
meuamorll NÃO ME RECUPEREI ATÉ AGORA
lleternitylove E o ciúmes, onde fica?
beijolucco Fico feliz que de uma amizade verdadeira nasceu algo lindo... amo!
sorrisodolucco Melhor amizade e melhor casal!!
luizadantas Felicidades ao casal... aleluia que assumiram! haahah
apegolucco Melhor amiga né, seu sem vergonha hahaha tava na hora!
xonadasnolucco Finalmente, LUNINA! Tô apaixonada nessa foto!
angellucco Já sabíamos, né? Vocês merecem toda felicidade!
Em segundos, os comentários enlouqueceram e se multiplicavam a cada vez que eu atualizava o feed. Era impossível acompanhar e contabilizar. Para completar, Nina estava de volta ao quarto e trouxe toda a minha atenção para ela - embora, agora, um certo receio tomasse conta de mim para contá-la o que havia postado.
Nina: Vou apagar a luz, tá bom? - ela perguntou, me vendo concordar com a cabeça e vindo no escuro em direção a cama, porém logo acendendo o abajur ao lado para que não ficássemos totalmente apagados ali.
Lucas: Tenho uma coisa pra te contar... Ou melhor, pra te mostrar - disse quando ela já estava deitada, se ajeitando na cama.
Nina: O que tu fez? - ela elevou as sobrancelhas para me encarar, parecendo preocupada.
Lucas: Eu acho que não foi nada demais. Na verdade, eu até espero que cê goste... - disse sem esconder o receio na voz, mas abrindo a publicação pra mostrá-la em meu celular.
Quando virei o aparelho para ela, que o pegou em minhas mãos, Nina ficou encarando a tela parecendo tentar acompanhar o que estava acontecendo, mas ainda sim em completo silêncio. Por incontáveis segundos.
Lucas: Devo começar a pedir desculpas? - perguntei até um pouco impaciente com a demora de resposta dela.
Nina: Não, não, claro que não! - ela respondeu em tom óbvio, porém parecendo sincera.
Lucas: Cê... gostou?
Nina: Todo mundo já sabia, né? - ela disse se virando pra mim, me devolvendo o celular - Já estava na hora disso.
Lucas: Eu perguntei se cê gostou...
Nina: Como não? Não tinha legenda mais a nossa cara. E bom, se eu não fosse hétero, meu sonho seria se casar com a Colbie Caillat, então... Tu, como sempre, foi certeiro - sorri aliviado por vê-la ser honesta e até divagar um pouco entre seus pensamentos para me responder, sendo a Nina que eu conheço e me tranquilizando por isso.
Lucas: Que bom que sim! Minha melhor amiguinha - falei roubando um selinho dela que riu no meio do gesto.
Nina: Meu telefone também deve estar uma loucura... Posso deixar pra comentar amanhã?
Lucas: E a história de mundo globalizado e a agilidade da tecnologia?
Nina: Não joga as coisas que eu mesma falei na minha cara - ela revirou os olhos e eu gargalhei, sendo impossível de controlar.
Lucas: Tô brincando mesmo, vamos deixar o celular pra lá... - disse me esticando para pôr o aparelho no criado mudo - Só quero dormir assim com cê! - falei passando o braço em sua cintura e trazendo-a para mais perto do meu corpo, logo sentindo uma de suas mãos alcançar a minha nuca.
Nina: Eu também - ela afirmou, sorrindo - Hoje tu me falou de sorte duas vezes... mais cedo, sobre o trevo de quatro folhas e agora, com essa música. Pode dormir acreditando em uma coisa... A sorte é toda minha por ter você!
Ela nem me deixou responder e iniciou um beijo entre nós que embora tivesse todas as razões para ser mais agitado, foi calmo e singelo. Um selo do nosso relacionamento e de certo modo, de tudo aquilo que esperávamos dele. Naquela noite, não aconteceu nada - após o fim do gesto, Nina roubou mais um selinho meu e virou-se, deixando que meu corpo a protegesse para dormirmos em segurança. Naquele momento, então, não me importava como estava o mundo lá fora, tudo o que eu precisava estava dentro dos meus braços.
Recadinho: Meninas, peço mais uma vez desculpa pelo meu atraso na postagem. Mais um dia atribulado que eu tive ontem e foi complicado parar pra postar. Não queria ter que colocar aqui mais um capítulo sem revisar, então, desculpem-me. Por isso também vou adiantar que nessa semana eu estarei extremamente enrolada, portanto postarei na quinta feira pra que assim não hajam mais falhas minhas. Eu gostei bastante de escrever esse capítulo e quero saber a opinião de vocês, ok? Sobre os últimos comentários, a maioria continuou sugerindo coisas bonitas e eu tô adorando essa troca! Obrigada e continuem. Faz muito a diferença! Estou tentando, inclusive, adaptar alguns capítulos já prontos e espero que as agrade. Beijo a todos!
Lucas: E a história de mundo globalizado e a agilidade da tecnologia?
Nina: Não joga as coisas que eu mesma falei na minha cara - ela revirou os olhos e eu gargalhei, sendo impossível de controlar.
Lucas: Tô brincando mesmo, vamos deixar o celular pra lá... - disse me esticando para pôr o aparelho no criado mudo - Só quero dormir assim com cê! - falei passando o braço em sua cintura e trazendo-a para mais perto do meu corpo, logo sentindo uma de suas mãos alcançar a minha nuca.
Nina: Eu também - ela afirmou, sorrindo - Hoje tu me falou de sorte duas vezes... mais cedo, sobre o trevo de quatro folhas e agora, com essa música. Pode dormir acreditando em uma coisa... A sorte é toda minha por ter você!
Ela nem me deixou responder e iniciou um beijo entre nós que embora tivesse todas as razões para ser mais agitado, foi calmo e singelo. Um selo do nosso relacionamento e de certo modo, de tudo aquilo que esperávamos dele. Naquela noite, não aconteceu nada - após o fim do gesto, Nina roubou mais um selinho meu e virou-se, deixando que meu corpo a protegesse para dormirmos em segurança. Naquele momento, então, não me importava como estava o mundo lá fora, tudo o que eu precisava estava dentro dos meus braços.
Recadinho: Meninas, peço mais uma vez desculpa pelo meu atraso na postagem. Mais um dia atribulado que eu tive ontem e foi complicado parar pra postar. Não queria ter que colocar aqui mais um capítulo sem revisar, então, desculpem-me. Por isso também vou adiantar que nessa semana eu estarei extremamente enrolada, portanto postarei na quinta feira pra que assim não hajam mais falhas minhas. Eu gostei bastante de escrever esse capítulo e quero saber a opinião de vocês, ok? Sobre os últimos comentários, a maioria continuou sugerindo coisas bonitas e eu tô adorando essa troca! Obrigada e continuem. Faz muito a diferença! Estou tentando, inclusive, adaptar alguns capítulos já prontos e espero que as agrade. Beijo a todos!
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Chapter 26.
04 meses depois...
Se tem uma coisa nessa vida que nós sempre podemos depositar boas expectativas, ela é o tempo. Dentro dele, tudo se ajeita e se encaminha da maneira que está destinada a acontecer, ainda que tenhamos nós o livre arbítrio de seguirmos para onde quisermos. No mais, eu posso afirmar que tive sorte! Tudo em minha vida anda seguindo o seu fluxo da maneira mais bonita possível e eu, certamente, não poderia estar mais feliz. Hoje, eu não tenho mais dúvidas que as coisas trilharam para o caminho certo e ele nada mais é do que eu e o Lucas juntos, crescendo como pessoa e como casal de um modo ainda maior do que qualquer otimista poderia pensar.
Hoje é uma quarta feira, três de agosto de 2016, e estamos nós chegando em Balneário Camboriú por volta das 12:45. Dessa vez, no entanto, o nós não acopla somente duas pessoas; ele acrescenta entre mim e o Lucas toda a sua família e seus pais vinham visitar a cidade pela primeira vez. Junto conosco estavam Karina, Paulinho e Leandro que pareciam tão ansiosos quanto eu para esses próximos dois dias que viveríamos por aqui.
Nina: A minha mãe! Já a achei! - falei trazendo a atenção de todos para mim, apontando para frente á loja de comida chinesa, uma que conseguíamos enxergar ali de onde estávamos após pegarmos nossas malas na esteira - Oi, mãe! - disse com um sorriso enorme, travando a minha mala e a abraçando saudosamente logo que nos aproximamos.
Daniela: Oi, meu amor! Como tás? Fizeram boa viagem? - falou se afastando devagar e mantendo nossas mãos unidas ainda, enquanto me analisava de cima a baixo como uma boa mãe sempre faz assim que vê o filho após um longo tempo.
Nina: Aham, tudo veio direitinho, graças á Deus!
Daniela: Olá, meu querido! Quanta saudade de ti! - disse trazendo a atenção pro Lucas após a minha resposta, o abraçando forte e eu pude ver o sorriso dele sobre os ombros dela.
Lucas: Também Dani! Como cê tá?
Daniela: Tudo bem, graças a Deus, e contigo? - ela respondeu se afastando dele.
Lucas: Eu tô bem também! Olha, hoje eu trouxe mais uma galerinha comigo... - falou rindo, em direção a própria família - Esse aqui é meu pai, Paulinho e homem bão de Minas Gerais - falou fazendo graça, nos levando ao risos, enquanto minha mãe ia cumprimentá-lo - Essa loira aqui é minha mãe, Karina, e chegou com potencial pra competir com a beleza das gaúchas, viu, Dani?
Karina: Garoto bobo esse meu filho! - falou num sorriso que variava entre simpático e tímido.
Daniela: Mas ele tá certo, viu? - disse, enquanto a cumprimentava logo em seguida.
Lucas: E falta esse bicho aqui, ó... - falou bagunçando o cabelo do Leandro, que estava em seu lado e tentava se esquivar
Leandro: Ó o respeito, ô! - disse fazendo a minha mãe rir
Lucas: É o Leandro, meu irmão!
Daniela: Dá logo pra perceber que vocês são irmãos, né? - falou cumprimentando o Leandro.
Paulim: Um relacionamento com tanta maturidade assim, só podia, né? - complementou, fazendo a todos nós rirmos.
Lucas: E agora pro cês tudo, essa é a Dani... Mãe da Nina e minha sogra também, viu? - falou olhando pra minha mãe que nem escondia o sorriso orgulhoso, assim como eu também não.
Daniela: Ah gente, é um prazer ter vocês aqui! Vamos que o carro está logo estacionado ali... - disse apontando em direção á nossa frente.
Paulim: Mas espere, não vamos caber todos, não é? Nós podemos pedir alguma outra condução.
Daniela: Não se preocupem com isso, meu carro cabe até sete lugares. Caiu como uma luva para o momento! - ela se apressou em responder ao Paulinho que, de certa forma, até pareceu mais aliviado.
Nina: Vai ser a minha estreia nesse carro também, nem eu ainda andei nesse - disse enquanto já começávamos a seguir a minha mãe que nos instruía por onde estava o carro.
Lucas: Tomou coragem pra trocar mesmo, Dani?
Daniela: Consegui me desapegar do meu antigo - ela já respondeu rindo, provavelmente se recordando que se tinha uma coisa que minha mãe tinha dificuldade, isso se chamava trocar o próprio carro - Mas consegui isso pensando que a família tá aumentando, né? Mesmo eu ficando sozinha na maior parte do tempo agora, nós temos a ti, isso pode servir de incentivo para Jayme e Babi me darem logo um neto... Então, né? Acho que tudo cooperou a favor! - falou fazendo todos nós rirmos, em função da parte dos netos que ela já cobrava a Babi e ao Jayme desde quando eles decidiram se casar.
Quando chegamos ao carro, conseguimos nos organizar da melhor maneira possível - assim como fizemos com as malas - e eu fui no banco do carona, ao lado da minha mãe. O conforto do seu novo Toyota Hilux SW4 2015 era inegável e até eu que pouco sabia sobre carros, estava encantada com aquele. Lucas e Leandro, ao contrário de mim, por saberem bastante tomaram aquilo como o primeiro assunto principal entre nós. Depois disso, logicamente, a conversa só poderia enveredar para um tópico: comida. Minha mãe, que ainda não tinha almoçado também - por ainda ter trabalhado nessa manhã -, sugeriu que fôssemos a algum restaurante do Centro de Balneário e como eles quase não conheciam nada por ali, fomos nós duas quem fizemos a escolha também.
Com um tráfego um pouco intenso e pela distância do aeroporto até o Centro, demoramos além do previsto para chegarmos até o Restaurante Estaleirinho. No entanto, isso foi até um ponto positivo, porque conseguimos encontrar o estabelecimento também bem mais vazio do que o esperado. Adentramos ao espaço recepcionados de uma forma incrível, como de costume, e escolhemos uma mesa que todos nós pudéssemos nos acomodar bem a vontade. Logo nos trouxeram os cardápios e entre tantas coisas deliciosas, eu fui uma das últimas a fazer o meu pedido por arroz a grega e camarão empanado.
Leandro: Pô, essa praia aqui é muito bonita! A vista é ótima já daqui! - ele iniciou uma nova conversa na mesa logo após o garçom se afastar de nós com os pedidos.
Paulim: Tem mais praias por aqui, não tem? - disse perguntando ainda fazendo menção a vista que nós tínhamos dali do restaurante que, embora não fosse de frente a praia, por estarmos na área externa era bem fácil enxergá-la logo próxima.
Nina: Tem, tem sim! Aqui o que mais tem é praia! - respondi até me divertindo quanto aquilo.
Leandro: Mas essa é a que mais fica cheia, né? Toda vez que eu venho pra cá, eu caio aqui.
Lucas: Eu também... Acho que nunca nem visitei outra.
Daniela: É que essa aqui é a mais famosa mesmo, a Praia Central. Na verdade, é exatamente por ser aqui no Centro, né? E rola tudo... Tem bastante esporte na areia, tem muito surfista, dá para tomar banho. Então, todo mundo aproveita!
Karina: Mas também a maioria das pessoas que vem pra cá, acabam só vendo essa por conta que é a mais cercada de prédio, né? Parecem que todos os hotéis ficam nessa orla.
Daniela: Ah sim, tem isso também! A maioria são aqui por perto, então todo mundo vem pra cá. E ainda tem os próprios moradores... Vou dar uma ideia pra ti, essa praia é enorme! São sete quilômetros, se eu não tô enganada.
Paulim: Caramba! É chão, viu?!
Leandro: Mas o prédio que cês moram é aqui perto ou roda a orla ainda?
Nina: Aham, é rapidinho daqui...
Daniela: Na verdade, estamos próximos a tudo. Do nosso prédio e a casa da Babi e do Jayme é numa rua aqui atrás, só um pouco mais pra lá - disse gesticulando com a mão e dando sentido para a frente - Vocês vão ver depois. De um jeito ou de outro, estamos todos pertinhos.
Karina: Ah, assim que é legal! - complementou e viu minha mãe com um sorriso no rosto por, de certa maneira, ainda manter a Babi próxima.
Lucas: Babi e Jayme estão trabalhando, Dani? - ele perguntou, aproveitando o engancho da fala de minha mãe.
Daniela: Estão sim! Falei até com ela hoje de manhã. Acredita que o Jayme não vai conseguir tirar folga nem mesmo amanhã? Acho que somente terá uma dispensa mais cedo - a minha mãe disse mais voltada a mim, que a encarei com surpresa.
Nina: Nossa, que vacilo! Ao menos a Babi vai ficar em casa, né?
Daniela: Sim, mas acho que vai te dar um pouco de trabalho, sabia? Amanhã eu também tenho uma audiência pela manhã e um cliente para atender depois do almoço, só devo parar em casa por volta das três, quatro horas.
Lucas: Que horas que eles marcaram o movimento lá?
Daniela: Sete horas! A sorte é que são poucas pessoas, mais nós mesmo da família.
Lucas: Ah, mas mesmo assim, amanhã a gente ajuda lá, né? - disse virando pra mim, falando especificamente.
Nina: Claro! Chegando em casa eu vou até dá uma ligada pra ela...
Daniela: Acredito que eles devem ir lá em casa mais tarde também.
Karina: Nós também podemos ajudar - ela se prontificou, se adentrando ao assunto da mesa - Quanto mais gente, fica ainda melhor pra ela, né?
Daniela: Ôh, Karina! Ela vai ficar toda boba se tu falar isso pra ela... - minha mãe disse rindo.
Nina: Eu tenho que avisar antes de vocês conhecê-la que para a Babi, a gente não pode dar muita condição, viu?
Daniela: Tás vendo aí o que tu falou sobre maturidade no relacionamento entre irmãos? - minha mãe mencionou o Paulinho, diretamente a ele, levando-o a gargalhada e nos fazendo rir também.
Enquanto esperávamos, continuamos dentro do real assunto que nos tinha trazido até Santa Catarina: Babi e Jayme iriam fazer uma espécie de inauguração da casa deles, para onde finalmente tinham se mudado. Como o casamento deles foi resolvido de uma maneira quase contra o tempo, por toda a rapidez, essa questão sobre a casa que eles iriam viver juntos ficou um pouco em aberto. O Jayme tinha uma residência - que por ser térrea, uma verdadeira casa e não apartamento, a Babi era apaixonada - concedida pela família dele e os planos iniciais eram se mudar para lá quando casados. De fato, isso é o que acontece hoje, mas a demora para a mudança foi que antes eles não tiveram foco nenhum nisso e somente quando passada a lua de mel, que eles começaram a ver mobília e meios de regularizar a documentação das contas, passando tudo diretamente ao nome do Jayme.
Devido á tudo isso, somente nesta semana eles conseguiram deixar a casa do jeito que queriam para vir morar e finalmente largar a casa dos pais para viverem juntos, com a experiência de casado que iria verdadeiramente aflorar a partir de agora - na convivência. Para celebrar essa finalmente mudança, eles decidiram fazer um churrasco hoje e eu, em uma das conversas com a Babi, sugeri em convidar a família do Lucas também. Animada como é, ela me respondeu com um mana, não podias ter ideia melhor! E assim foi feita a razão que nos trouxe até aqui.
Desde que eu e o Lucas começamos a namorar oficialmente, as coisas andam indo de bom á melhor como num passe de mágica e novamente, eu não poderia ser mais grata. Todos os dias, depois de toda a minha fase de entendimento, eu agradeço e muito por ele ter insistido em fazer parte da minha história e nunca ter permitido desistir de nós. Certamente, essa foi a luta da minha vida que mais valeu a pena, até então. No entanto, mesmo com todos esses aspectos mais do que positivos em torno de nós, nossas famílias ainda não se conheciam. E além disso, quando comentei com o Lucas sobre trazer os seus pais, ele afirmou que eles não conheciam Balneário Camboriú. Vimos aí, então, a oportunidade perfeita para juntar todas essas coisas de uma vez.
Só por observar a mesa durante o nosso almoço, era fácil enxergar que o bom convívio entre eles já estava instalado ali. Ou melhor, entre todos nós. Desde o momento que nos sentamos até quando terminamos a nossa refeição, dividimos muitas risadas, conhecimentos sobre a cidade e diversos assuntos em comum - alguns até inimagináveis. Eu estava como nadar em plumas de tão leve ao ver tudo seguindo de maneira tão boa e nossas famílias - que sempre serão a coisa mais importante, seja para mim ou para o Lucas - se entendendo tão bem. Isso, sem sombra de dúvidas, era quase um combustível para o nosso relacionamento a dois.
Enfim, quando o nosso almoço acabou, minha mãe fez questão de pagar as contas de um jeito escondido que ela deu - e até a mim surpreendeu - e quando os pais do Lucas se deram conta, foi razão para irmos o caminho inteiro do restaurante até o nosso apartamento com o Paulinho pedindo pra ela dizer quanto foi, de modo que eles ao menos pudessem dividir. De uma certa maneira, até isso foi um momento engraçado até chegarmos no prédio! Lá, a minha mãe estacionou na sua costumeira vaga e nos ajudou a colocar as malas no elevador, assim como nós nos posicionamos lá dentro e subimos até o nosso apartamento. Ao chegar, saímos e ela se apressou em abrir a porta para que pudéssemos entrar e tirar todas aquelas bagagens do corredor.
Daniela: Sejam bem vindos, viu? Podem se sentir a vontade! Eu fiquei muito feliz quando a Nina disse que vocês aceitaram ficar aqui, então, não precisa ter vergonha de se sentir em casa.
Karina: Obrigada, querida! - se apressou a responder, dando um sorriso a minha mãe assim que ela terminou de trancar a porta.
Daniela: Vocês querem água, alguma coisa?
Paulim: Ah, eu aceito um copo d'água...
Karina: Eu também, eu também.
Daniela: Venham aqui! Vou pegar pra vocês e já mostro a cozinha - ela riu e chamou-os em direção aquele cômodo.
Leandro: Cara, essa vista da varanda já ganha de tudo... Eu quero só colocar uma rede aqui e vou fazer disso meu quarto - falou parando entre a passagem da sala pra varanda, fazendo a mim e ao Lucas rir.
Nina: Assumo que é o meu lugar preferido da casa também - respondi-o e vi o Lucas se sentar lá no sofá - Ah, deixa eu sentar aí contigo - falei por força do hábito, me sentando verdadeiramente ao seu lado.
Lucas: Deixo sim, tá com a minha permissão - falou passando um dos braços pelo estofado, de certo modo que ficasse quase sobre os meus ombros.
Nina: Tá abusado, né? - olhei pra ele, semicerrando os olhos e o vi gargalhar
Lucas: Cê que pediu, tô te respondendo, ô - continuava rir, me respondendo naquele tom de voz falsamente ingênuo que só ele sabia fazer.
Nina: Vou é parar de te dar atenção e ligar pra minha irmã, isso sim - falei ainda naquela conversa paralela com ele, porque o Leandro parecia não nos dar qualquer atenção enquanto estava com a atenção fixada á praia que víamos lá da varanda do apartamento da minha mãe.
Lucas: Nina, ela não é igual a mim e a você não, ela trabalha, viu?
Nina: Hoje tás engraçado, né? - falei o encarando e vendo que ele segurava o riso
Lucas: Tá estressada, meu amorzinho? - falou forçando uma voz mais infantil, já com as mãos preparadas pra me faze cócegas.
Nina: Não faz isso! - falei devagar cada palavra, tentando segurar a mão dele.
Lucas: Ó, eu não tô fazendo nada - levantou essa mesma mão livre, tentando esconder a real finalidade.
Nina: Lucas, eu te conheço! - disse já sem conseguir segurar o riso.
Lucas: Eu num tô nem fazendo nada e cê já tá rindo, ô! - falou, me acompanhando na risada e logo em seguida, quase como num susto, começou as cócegas em minha barriga, me fazendo quase deitar no espaço do sofá para tentar me esquivar dele. Completamente, em vão, como sempre.
Leandro: Aí ó, depois cês falam que é relação de irmãos que não tem maturidade - falou assim que o Lucas decidiu para de me fazer cócegas, mas eu ainda estava em crise de risos e nós nos demos conta que os pais dele e a minha mãe já estavam ali.
Karina: Filhos nunca podem reclamar quando nós chamamos de bebê, no fundo, cês num mudam não - disse rindo, assim como todos ali, por provavelmente terem assistido aquela cena ou parte dela.
Nina: Mãe - disse ainda meio ofegante, me ajeitando no sofá - Será que se eu ligar pra Babi, ela pode me atender?
Lucas: Dani, eu já avisei á ela que a irmã dela não decidiu ser modelo, que ela preferiu trabalhar, mas ela acha que eu tô zoando
Nina: Fica quieto, guri - falei dando um tapinha em seus ombros, trazendo todo mundo na sala ás gargalhadas, inclusive ele.
Daniela: Não sei, não é melhor mandar mensagem?
Nina: É... Acho que vou fazer isso. Vou perguntar também se ela vai vir aqui, né?
Daniela: Por favor, mas acho que vem sim. Vou fazer um jantarzinho para nós também, se ela disser que não vem, tu avisa ao Jayme que ele com certeza convence ela a mudar de ideia - rimos pela forma que a minha mãe falou, enquanto eu me levantava do sofá pra pegar o meu celular na bolsa.
Paulim: Nós já estamos te dando tanto trabalho que eu tô quase aproveitando que agora eu e a Karina sabemos sobre a porta dos fundos para sair por lá - disse, rindo.
Daniela: Tá dando trabalho nada, é um prazer, de coração - ela respondeu e logo prosseguiu - Gente, eu vou mostrar pra vocês os quartos, pra vocês se acomodarem, colocarem as coisas, né?
Eles concordaram com a cabeça e enquanto eu peguei o celular para mandar a mensagem pra minha irmã, foi o tempo que eu os vi seguindo a minha mãe para poderem saber onde ficariam. Ela organizou todo mundo muito bem, deixando a Karina e o Paulinho no quarto que rotineiramente era de hóspedes, colocando o Leandro pro quarto que costumava ser da Babi e o Lucas levou as nossas malas pro meu quarto, onde ele já sabia que ficaria. Quando ele foi para lá, eu fui até a cozinha aproveitar para beber uma água, enquanto aguardava uma resposta da Babi e depois decidi ir ao meu quarto - onde encontrei o Lucas sentado na cama, mexendo em seu próprio celular.
Nina: Vamos ter uma conversinha, senhor - falei em tom de autoridade assim que entrei no quarto, trazendo a atenção dele pra mim.
Lucas: Opa, eu gosto quem chega assim - disse me encarando e praticamente desfazendo toda a minha pose, me fazendo rir segundos depois - Cê num aguenta, Nina, desiste
Nina: Fica quieto, hoje tu tá só me desvalorizando, né? - falei me aproximando dele e ele deixou que eu ficasse de pé, entre as suas pernas.
Lucas: Até parece que eu faço isso, nem se eu fosse maluco - disse colocando os braços em volta da minha cintura e deixando um beijo logo abaixo entre o meio dos meus seios, se aproveitando de sua posição.
Nina: Nem gosta disso, né? - falei depois de estremecer um pouco, levando as minhas mãos até a nuca dele e o obrigando a levantar um pouco a cabeça para me olhar.
Lucas: Nem - disse rindo, num sorriso safado, e eu aproveitei para finalizar aquela distância e começar um beijo.
Qualquer gesto entre mim e o Lucas era como uma grande corrente elétrica que começava a passear em nosso corpo no mesmo instante do contato. Imediato. Abaixei um pouco mais do meu corpo para que pudéssemos ficar numa posição mais confortável e ele se aproveitou disso para apoiar as mãos em meu quadril, como quem instruísse o que queria que eu fizesse. Apoiei as minhas pernas uma de cada lado do seu corpo, sentando sobre o seu colo e assim que ele fez o caminho de volta do meu quadril para a minha cintura, apertando a minha pele, me movimentei inevitavelmente sobre o seu colo, fazendo-o arfar. Ele me pressionou ainda mais contra o seu corpo e isso fez a minha intimidade pulsar só por aquele contato tão próximo, mas ainda sim tão distante por tantos panos de roupa.
Ele me provocou ainda com alguns sussurros em meu ouvido, enquanto recuperava o ar entre um beijo e outro e eu sentia-me em combustão. Antes de levar sua boca contra a minha mais uma vez, suas mãos pegaram o meu corpo com uma facilidade absurda e logo senti o que ele estava a fazer: deitou-me na cama, antes percorrendo os seus olhos pelas minhas curvas, e logo em seguida tratou de pesar o seu corpo sobre o meu.
Iniciou mais um beijo entre nós, agora naquela posição, e a essa altura eu pouco mais raciocinava. Deixei que as minhas mãos massageassem os seus ombros e o seu pescoço, mas elas logo perderam a força quando ele levou uma das suas até os meus seios, apalpando-os de uma maneira quase enlouquecedora. Fechei os meus olhos e mordi o meu próprio lábio, na tentativa de conter qualquer barulho, mas ele sentia todas as minhas respostas pela forma com que meu corpo se contraía e se mexia embaixo do dele. Quando percebi que eu parecia não aguentar mais ainda nas preliminares, arranjei uma força em algum lugar desconhecido e puxei seu corpo contra o meu, colando os nossos lábios mais uma vez e deixando ali uma tentativa de colocar para fora todo aquele incêndio que ele havia implantado dentro de mim.
Ao fim de um daqueles incontáveis beijos, um toque nos surpreendeu e eu vi as expressões do Lucas - quando nos afastamos - se transformarem em inacreditáveis por estarmos sendo interrompidos pela chamada de alguém que me ligava.
Lucas: Só eu tô ouvindo isso, né? É uma coisa da minha cabeça, né? - ele questionou ainda com a voz ofegante e até um pouco rouca, apoiando um braço de cada lado do meu corpo de modo a não pesar tanto sobre mim.
Nina: Eu bem que queria que fosse só coisa da sua vida, mas eu tô ouvindo também...
Lucas: O que é isso, Nina? É o seu celular? - balancei a cabeça positivamente e o vi tirar um dos braços em minha volta para que eu pudesse ver o que estava acontecendo. Até eu havia ficado frustrada com aquilo e não pude estar menos do que quando vi que só era a Babi.
Nina: Se eu te contar o que é, tu vai ficar puto... - falei olhando pro Lucas que estava deitado de lado, ainda parecendo controlar o próprio corpo que estava sobre os efeitos dos recentes acontecimentos.
Lucas: O que é? - ele perguntou parecendo curioso, mesmo que tão frustrado quanto eu.
Nina: Minha irmã que mandou uma mensagem pra falar que tá cansada, com dor de cabeça e que não sabe se vai vir aqui hoje... pra eu falar com a minha mãe.
Lucas: Esse toque todo foi só a mensagem?
Nina: Não! Ela tem essa mania de quando a gente demora a visualizar a mensagem, ligar - falei, me sentando na cama sem qualquer novo clima - Acho que eu vou lá falar logo com a minha mãe.
Lucas: Ah não, deita aqui comigo, pelo menos... Vamos descansar um pouco e daqui a pouco cê fala.
Nina: E se eu esquecer? -disse me virando pra olhá-lo.
Lucas: Pode deixar que eu não vô esquecer - ele disse virando na cama de barriga pra cima e com os braços esticados acima da cabeça também, acabando por me fazer rir.
Nina: Tu foi muito judiado mesmo, vou fazer o que tu tá pedindo, tá bom? - falei já me ajeitando na cama e aproveitando o espaço que ele tinha deixado ali, pra me juntar á ele.
Lucas: Não pense que isso vai te afastar da dívida comigo que a sua irmã te colocou não, tá?
Nina: Eu prometo que vou pagar direitinho - falei me deitando de lado, virando-me pra ele e aproveitei para roubá-lo mais um beijo que, talvez por todo esfriamento que já tinha acontecido, realmente não se estendeu e nós ficamos apenas deitados, descansando e curtindo a presença um do outro a partir de então.
Aquela observação sempre era algo que me remetia á milhares de pensamentos e com a mente vagando, ia permitindo que diversas sensações me atingissem, desde gratidão á lembranças inevitáveis. Pude sentir um vento quase específico passar por todo o meu corpo e num arrepio, alcancei uma memória em especial na minha mente.
Flashback: ON
Amanheci no dia que eu não queria. Segunda feira, 02 de maio de 2016. Abri os meus olhos com a minha cabeça como um alarme, estrondando na minha mente que doía, a infeliz lembrança que se completava hoje um ano que o Rafael não estava mais aqui. Há exatos trezentos e sessenta e cinco dias o barulho que ele me trouxe não foi o da porta abrindo e anunciando a sua chegada, porém sim a do toque do celular que anunciava o seu estado no hospital. Tudo ainda era muito fresco na minha memória: A correria de sair de casa com a roupa que eu estava, o tremor nas mãos que tomava o meu corpo inteiro por um medo antes nunca sentido, as vozes de tantas conversas paralelas no hospital, a notícia que me tirou o chão. Nesse exato momento, deitada nessa semana, o meu corpo formigava ainda em recordar tão originalmente aquelas sensações.
Meus olhos umedeceram numa rapidez absurda e logo que os fechei, as primeiras lágrimas caíram pelo meu rosto. Inevitável. Mesmo doendo, a minha cabeça não parava de trabalhar em me trazer memórias que, independente da ordem cronológica, tinham uma única ligação: em todas elas, ele estava. Fosse sorrindo ou me fazendo sorrir, fosse brincando ou trabalhando com o mar, fosse em momentos fáceis ou momentos difíceis... Em seis anos de relacionamento, definitivamente, a coisa que Rafael mais pôde me deixar foram lembranças. Inesquecível.
Lucas: Hmmm - ouvi um sussurro do Lucas que me denunciava que ele estava se espreguiçando, a beira de seu acordar. Dessa vez, eu mantive os meus olhos fechados e me arrependi por breves segundos por tê-lo deixado dormir aqui ontem.
Depois de uma semana corrida para ele com gravações no Projac, na última sexta e no último sábado ele fez shows, o que contribuiu para que quase não ficássemos juntos esses dias. A vontade de tê-lo por perto era enorme e ontem me contagiei com isso, querendo-o o máximo de tempo comigo para podermos recuperar um pouco desse tempo perdido. Vivemos um bom domingo, a propósito. Ele chegou na hora do almoço e não foi embora mais: Maratonamos série, ele me ensinou a fazer um incrivelmente gostoso doce com pasta de amendoim e nos aproveitamos de uma maneira que me fazia afirmar cada vez mais o quanto eu queria estar com Lucas. No entanto, exatamente nesse momento, tudo o que eu esperava era estar sozinha.
Aproveitei que não estava mais envolvida em seus braços para virar-me de bruços e manter os meus olhos fechados de modo que o fizesse acreditar que eu ainda estava dormindo. Não sei se fui boa atriz ou se ele realmente não quis reparar nisso, mas apenas o senti deixando um beijo no meu ombro esquerdo e se levantando com cuidado da cama. Em pouco tempo, ouvi a porta do banheiro se fechar e segundos depois, o barulho do chuveiro sendo ligado, o que me fez permitir ficar aqueles minutos seguintes sozinha.
Virei-me de barriga pra cima e passei as mãos sobre os meus olhos completamente molhados, limpando-os, mas sabia que havia sido completamente em vão. Hoje, eu não conseguia controlar o fluxo de lágrimas em mim. Sentir saudade, algumas vezes, é até bom, nos alimenta de certa maneira. Mas nesse momento, ela era esmagadora. A definição era essa porque eu só conseguia me recordar do dia que eu descobri que nunca mais o veria fisicamente. E ter essa conclusão nos faz perder qualquer sensatez e caminho de progresso; hoje era um dia que eu só queria ser imatura e chorar como se isso realmente fosse acabar com todos os meus problemas ou a minha dor.
Com os pensamentos embaralhados na minha cabeça e um choro que não conseguia ficar presto, tentei me ocultar mais uma vez quando ouvi o fim do barulho da água do chuveiro. Permaneci naquela posição, com a barriga pra cima, mas pus um dos meus braços sobre os meus olhos e os fechei, do modo mais convincente que eu poderia ser a alguém. Pouco tempo depois, senti o cheiro do Lucas invadir o quarto e imaginei até mesmo que ele deveria estar se arrumando para ir pro Projac daqui a pouco ou treinar - porque eu mesma nem me lembrava mais como estaria o dia dele hoje -, mas de toda essa percepção, eu havia me esquecido da mais importante: Lucas me conhecia como ninguém.
Lucas: Bom dia, Nina - ele disse ao mesmo tempo que eu ouvia o barulho do desodorante que ele provavelmente estava passando - Sua respiração tá pesada, eu sei que cê tá acordada - ouvi a embalagem sendo posta sobre o meu móvel e respirei fundo mais uma vez, antes de tirar o braço dos olhos.
Esperei que meus olhos se acostumassem com o pouco da claridade e olhei pelo quarto o vendo quase de frente ainda a porta do banheiro, somente de bermuda e com os cabelos parecendo úmidos. Seus olhos que me encaravam de longe pareceram escurecer ao se encontrar com os meus - provavelmente inchados e até mesmo vermelhos.
Lucas: Cê tá se sentindo bem? - seu tom de preocupação na voz o trouxe para mais perto da cama e eu fiz esforço para me sentar nela, mesmo sentindo a cabeça pesada.
Nina: Não - minha voz saiu quase como um suspiro e ele se sentou na minha frente, sem tirar a expressão preocupada de seu rosto.
Lucas: O que cê tem? Quer ir num médico? - tratou de perguntar apressado.
Nina: Hoje... - falei, pegando o meu celular que estava ali do lado no criado mudo - São dois de maio - disse acendendo a tela e virando o aparelho para que ele visse, depois de me certificar do dia - Dois de maio - afirmei novamente e vi o seu rosto confuso, provavelmente sem entender do que eu falava - Faz um ano da morte do Rafael - falei e soltei um soluço logo em seguida, percebendo que o choro já queria voltar apenas por pronunciar essa frase.
Lucas: Nina - ele arregalou os olhos em completa surpresa, me deixando ciente que ele não sabia muito bem o que falar e eu coloquei o meu celular de volta ao criado mudo - Cê não falou nada comigo ontem, nem esses dias... desculpa, eu não sabia - ele falou quebrando a sequência de alguns segundos de silêncio.
Nina: Eu não queria falar sobre isso, achei que ia espairecer, mas... hoje não dá, hoje não dá! - repeti aquilo balançando a minha cabeça negativamente, com os olhos fechados, e sentindo novas lágrimas escorrerem. Os braços do Lucas trataram de rapidamente me trazer para dentro de um abraço forte e intenso, como sempre era.
Lucas: Eu sei que é ruim, mas cê não precisa segurar essa barra sozinha... Cê tá acordada há muito tempo? Por que não me chamou?
Nina: Eu queria não precisar falar sobre isso contigo - falei quase que ignorando as perguntas que ele havia me feito.
Lucas: Mas tem outro jeito? É ainda melhor do que cê tentar esconder isso, me afastar dos seus problemas não é uma solução - ele disse me soltando daquele abraço, mas permanecendo com o seu olhar atento á mim - Quer que eu faça alguma coisa? O seu café ou.. Abra a janela?
Nina: Até o Céu tá nublado hoje - falei olhando pra janela e concluindo o que já dava para perceber, mesmo estando os vidros fechados - Parece até uma coisa, né? - voltei os meus olhos á ele, tentando controlar toda a minha sensibilidade.
Lucas: Isso não importa! A luz está aqui, ó... - ele disse levando a mão em direção ao meu peito esquerdo, exatamente no meu coração - Assim como ele.
Foi em vão a tentativa de segurar o meu choro quando com essas palavras, Lucas conseguiu inundar os meus olhos. Dessa vez, eu que me impulsionei para abraçá-lo e fiquei quase em seu colo, de tão forte que quis o ter pra mim. Apertei seus ombros e ele fazia o mesmo em meu corpo, demonstrando estar ali. Na verdade, ainda que tentasse esconder, no fundo eu só queria ser uma criança no colo de quem soubesse cuidar - e ele, como sempre, sabia fazer isso como ninguém.
Depois daquela breve conversa e daquele abraço, não houve mais arrependimentos por ter o Lucas aqui. Na verdade, ele era tudo o que eu precisava para aprender a seguir em frente.
Flashback: OFF
Aquela lembrança trazida pelo vento me fez pensar em todos os últimos acontecidos da minha vida. Há um tempo, eu não cogitava a chegada de um novo amor por temores bobos. Na verdade, eu adiei muita coisa até mesmo entre mim e o Lucas por conta disso. E para ser honesta, ás vezes, me ocorre sensações como essa, no entanto, o que eu sinto pelo Lucas me move em sentido contrário. Na verdade, ele sempre me afasta de qualquer medo. Hoje, pensar no Rafael e no Lucas não dividia mais a minha mente, só acumulava nela uma porção de amor inexplicável. Ter tido um foi o que me deu base o suficiente para ser quem eu sou hoje e ter o outro é o que me trouxe de volta a quem eu era. Eles funcionam com um equilíbrio que, embora em momentos distintos e controversos, guardam o sentimento mais puro que eu posso oferecer a alguém.
Aproveitei que também senti o meu celular vibrar, por uma mensagem aleatória do grupo da agência, e o peguei para fazer algo que há um bom tempo não fazia: Ir até o Instagram do Rafael. Eu gostava quando conseguia pensar nele com essa sensação de leveza, de total conforto e isso fora mais uma das coisas que o Lucas me trouxe. Rolei pouco pelas primeiras fotos e foi inevitável não me sentir inspirada a escrever algo. Gostava de me dedicar ás palavras quando pareciam que só elas se enquadrariam a descrever o que passava agora dentro de mim. Escolhi uma que sempre foi uma das minhas preferidas, uma das últimas inclusive que ele havia colocado em seu Instagram, e logo pensei em postá-la no meu Instagram. Enquanto fazia todo o processo para a publicação, fiquei pensando no que estava acontecendo nas minhas redes sociais ultimamente. Por ter trocado a minha foto do perfil - onde finalmente tirei a que estava eu e o Rafael, colocando somente uma minha - e por ter feito a minha última postagem a ele exatamente nesse dia da minha recente lembrança, quando completou um ano de seu falecimento, era inevitável que alguns comentários aparecessem por lá. A internet, assim como tudo nessa vida, é uma moeda de dois lados e do mesmo modo que aparecem milhares de coisas boas para se ver, existem pessoas que são capazes de se colocar apenas em prol do julgamento.
Não era de hoje que eu lia um comentário ou outro em cada foto que eu postava me perguntando sobre o Rafael. Algumas pediam para eu voltar a postar mais sobre ele, alegavam saudade dos meus textos; outros eram invasivos em questionar se eu tinha um novo alguém e até ousavam em comentar algo sobre o esquecimento. Na maioria das vezes, algumas palavras me soavam agressivas e doíam, mas eu nunca tinha respondido. Sempre achei que certas coisas não valeriam a pena e no final das contas, as pessoas sempre iriam entender apenas o que elas quisessem, não importando quantas vezes as forem repetido o contrário. No entanto, como queria escrever algo para aquela foto que publicaria, achei que seria válido atrelar esse assunto na legenda. Talvez, eu estivesse precisando desabafar por algo que venho acumulando há boas semanas.
@ninabarsanti Não, eu não me esqueci. Sim, eu tive que me acostumar com a dor da saudade. Não, eu não vou deixar de postar fotos aqui sobre ele. Mas isso vai acontecer sempre no tempo que eu achar que devo.
Me julguem ou me deem elogios. A questão é que isso não importa.
Todas as vezes que escrevi aqui, foi como uma válvula de escape. Mas isso não significa que os dias que eu não postar nada, eu não estou pensando nele. Rafael e eu somos ligados á uma maneira que as redes sociais são superficiais demais para entender.
Para mim, na verdade, o importante sempre foi e sempre vai ser saber que eu fiz parte da história dele e ele da minha. E que independente do caminho que a vida levar, nada vai apagar.
Se tem uma coisa nessa vida que nós sempre podemos depositar boas expectativas, ela é o tempo. Dentro dele, tudo se ajeita e se encaminha da maneira que está destinada a acontecer, ainda que tenhamos nós o livre arbítrio de seguirmos para onde quisermos. No mais, eu posso afirmar que tive sorte! Tudo em minha vida anda seguindo o seu fluxo da maneira mais bonita possível e eu, certamente, não poderia estar mais feliz. Hoje, eu não tenho mais dúvidas que as coisas trilharam para o caminho certo e ele nada mais é do que eu e o Lucas juntos, crescendo como pessoa e como casal de um modo ainda maior do que qualquer otimista poderia pensar.
Hoje é uma quarta feira, três de agosto de 2016, e estamos nós chegando em Balneário Camboriú por volta das 12:45. Dessa vez, no entanto, o nós não acopla somente duas pessoas; ele acrescenta entre mim e o Lucas toda a sua família e seus pais vinham visitar a cidade pela primeira vez. Junto conosco estavam Karina, Paulinho e Leandro que pareciam tão ansiosos quanto eu para esses próximos dois dias que viveríamos por aqui.
Nina: A minha mãe! Já a achei! - falei trazendo a atenção de todos para mim, apontando para frente á loja de comida chinesa, uma que conseguíamos enxergar ali de onde estávamos após pegarmos nossas malas na esteira - Oi, mãe! - disse com um sorriso enorme, travando a minha mala e a abraçando saudosamente logo que nos aproximamos.
Daniela: Oi, meu amor! Como tás? Fizeram boa viagem? - falou se afastando devagar e mantendo nossas mãos unidas ainda, enquanto me analisava de cima a baixo como uma boa mãe sempre faz assim que vê o filho após um longo tempo.
Nina: Aham, tudo veio direitinho, graças á Deus!
Daniela: Olá, meu querido! Quanta saudade de ti! - disse trazendo a atenção pro Lucas após a minha resposta, o abraçando forte e eu pude ver o sorriso dele sobre os ombros dela.
Lucas: Também Dani! Como cê tá?
Daniela: Tudo bem, graças a Deus, e contigo? - ela respondeu se afastando dele.
Lucas: Eu tô bem também! Olha, hoje eu trouxe mais uma galerinha comigo... - falou rindo, em direção a própria família - Esse aqui é meu pai, Paulinho e homem bão de Minas Gerais - falou fazendo graça, nos levando ao risos, enquanto minha mãe ia cumprimentá-lo - Essa loira aqui é minha mãe, Karina, e chegou com potencial pra competir com a beleza das gaúchas, viu, Dani?
Karina: Garoto bobo esse meu filho! - falou num sorriso que variava entre simpático e tímido.
Daniela: Mas ele tá certo, viu? - disse, enquanto a cumprimentava logo em seguida.
Lucas: E falta esse bicho aqui, ó... - falou bagunçando o cabelo do Leandro, que estava em seu lado e tentava se esquivar
Leandro: Ó o respeito, ô! - disse fazendo a minha mãe rir
Lucas: É o Leandro, meu irmão!
Daniela: Dá logo pra perceber que vocês são irmãos, né? - falou cumprimentando o Leandro.
Paulim: Um relacionamento com tanta maturidade assim, só podia, né? - complementou, fazendo a todos nós rirmos.
Lucas: E agora pro cês tudo, essa é a Dani... Mãe da Nina e minha sogra também, viu? - falou olhando pra minha mãe que nem escondia o sorriso orgulhoso, assim como eu também não.
Daniela: Ah gente, é um prazer ter vocês aqui! Vamos que o carro está logo estacionado ali... - disse apontando em direção á nossa frente.
Paulim: Mas espere, não vamos caber todos, não é? Nós podemos pedir alguma outra condução.
Daniela: Não se preocupem com isso, meu carro cabe até sete lugares. Caiu como uma luva para o momento! - ela se apressou em responder ao Paulinho que, de certa forma, até pareceu mais aliviado.
Nina: Vai ser a minha estreia nesse carro também, nem eu ainda andei nesse - disse enquanto já começávamos a seguir a minha mãe que nos instruía por onde estava o carro.
Lucas: Tomou coragem pra trocar mesmo, Dani?
Daniela: Consegui me desapegar do meu antigo - ela já respondeu rindo, provavelmente se recordando que se tinha uma coisa que minha mãe tinha dificuldade, isso se chamava trocar o próprio carro - Mas consegui isso pensando que a família tá aumentando, né? Mesmo eu ficando sozinha na maior parte do tempo agora, nós temos a ti, isso pode servir de incentivo para Jayme e Babi me darem logo um neto... Então, né? Acho que tudo cooperou a favor! - falou fazendo todos nós rirmos, em função da parte dos netos que ela já cobrava a Babi e ao Jayme desde quando eles decidiram se casar.
Quando chegamos ao carro, conseguimos nos organizar da melhor maneira possível - assim como fizemos com as malas - e eu fui no banco do carona, ao lado da minha mãe. O conforto do seu novo Toyota Hilux SW4 2015 era inegável e até eu que pouco sabia sobre carros, estava encantada com aquele. Lucas e Leandro, ao contrário de mim, por saberem bastante tomaram aquilo como o primeiro assunto principal entre nós. Depois disso, logicamente, a conversa só poderia enveredar para um tópico: comida. Minha mãe, que ainda não tinha almoçado também - por ainda ter trabalhado nessa manhã -, sugeriu que fôssemos a algum restaurante do Centro de Balneário e como eles quase não conheciam nada por ali, fomos nós duas quem fizemos a escolha também.
Com um tráfego um pouco intenso e pela distância do aeroporto até o Centro, demoramos além do previsto para chegarmos até o Restaurante Estaleirinho. No entanto, isso foi até um ponto positivo, porque conseguimos encontrar o estabelecimento também bem mais vazio do que o esperado. Adentramos ao espaço recepcionados de uma forma incrível, como de costume, e escolhemos uma mesa que todos nós pudéssemos nos acomodar bem a vontade. Logo nos trouxeram os cardápios e entre tantas coisas deliciosas, eu fui uma das últimas a fazer o meu pedido por arroz a grega e camarão empanado.
Leandro: Pô, essa praia aqui é muito bonita! A vista é ótima já daqui! - ele iniciou uma nova conversa na mesa logo após o garçom se afastar de nós com os pedidos.
Paulim: Tem mais praias por aqui, não tem? - disse perguntando ainda fazendo menção a vista que nós tínhamos dali do restaurante que, embora não fosse de frente a praia, por estarmos na área externa era bem fácil enxergá-la logo próxima.
Nina: Tem, tem sim! Aqui o que mais tem é praia! - respondi até me divertindo quanto aquilo.
Leandro: Mas essa é a que mais fica cheia, né? Toda vez que eu venho pra cá, eu caio aqui.
Lucas: Eu também... Acho que nunca nem visitei outra.
Daniela: É que essa aqui é a mais famosa mesmo, a Praia Central. Na verdade, é exatamente por ser aqui no Centro, né? E rola tudo... Tem bastante esporte na areia, tem muito surfista, dá para tomar banho. Então, todo mundo aproveita!
Karina: Mas também a maioria das pessoas que vem pra cá, acabam só vendo essa por conta que é a mais cercada de prédio, né? Parecem que todos os hotéis ficam nessa orla.
Daniela: Ah sim, tem isso também! A maioria são aqui por perto, então todo mundo vem pra cá. E ainda tem os próprios moradores... Vou dar uma ideia pra ti, essa praia é enorme! São sete quilômetros, se eu não tô enganada.
Paulim: Caramba! É chão, viu?!
Leandro: Mas o prédio que cês moram é aqui perto ou roda a orla ainda?
Nina: Aham, é rapidinho daqui...
Daniela: Na verdade, estamos próximos a tudo. Do nosso prédio e a casa da Babi e do Jayme é numa rua aqui atrás, só um pouco mais pra lá - disse gesticulando com a mão e dando sentido para a frente - Vocês vão ver depois. De um jeito ou de outro, estamos todos pertinhos.
Karina: Ah, assim que é legal! - complementou e viu minha mãe com um sorriso no rosto por, de certa maneira, ainda manter a Babi próxima.
Lucas: Babi e Jayme estão trabalhando, Dani? - ele perguntou, aproveitando o engancho da fala de minha mãe.
Daniela: Estão sim! Falei até com ela hoje de manhã. Acredita que o Jayme não vai conseguir tirar folga nem mesmo amanhã? Acho que somente terá uma dispensa mais cedo - a minha mãe disse mais voltada a mim, que a encarei com surpresa.
Nina: Nossa, que vacilo! Ao menos a Babi vai ficar em casa, né?
Daniela: Sim, mas acho que vai te dar um pouco de trabalho, sabia? Amanhã eu também tenho uma audiência pela manhã e um cliente para atender depois do almoço, só devo parar em casa por volta das três, quatro horas.
Lucas: Que horas que eles marcaram o movimento lá?
Daniela: Sete horas! A sorte é que são poucas pessoas, mais nós mesmo da família.
Lucas: Ah, mas mesmo assim, amanhã a gente ajuda lá, né? - disse virando pra mim, falando especificamente.
Nina: Claro! Chegando em casa eu vou até dá uma ligada pra ela...
Daniela: Acredito que eles devem ir lá em casa mais tarde também.
Karina: Nós também podemos ajudar - ela se prontificou, se adentrando ao assunto da mesa - Quanto mais gente, fica ainda melhor pra ela, né?
Daniela: Ôh, Karina! Ela vai ficar toda boba se tu falar isso pra ela... - minha mãe disse rindo.
Nina: Eu tenho que avisar antes de vocês conhecê-la que para a Babi, a gente não pode dar muita condição, viu?
Daniela: Tás vendo aí o que tu falou sobre maturidade no relacionamento entre irmãos? - minha mãe mencionou o Paulinho, diretamente a ele, levando-o a gargalhada e nos fazendo rir também.
Enquanto esperávamos, continuamos dentro do real assunto que nos tinha trazido até Santa Catarina: Babi e Jayme iriam fazer uma espécie de inauguração da casa deles, para onde finalmente tinham se mudado. Como o casamento deles foi resolvido de uma maneira quase contra o tempo, por toda a rapidez, essa questão sobre a casa que eles iriam viver juntos ficou um pouco em aberto. O Jayme tinha uma residência - que por ser térrea, uma verdadeira casa e não apartamento, a Babi era apaixonada - concedida pela família dele e os planos iniciais eram se mudar para lá quando casados. De fato, isso é o que acontece hoje, mas a demora para a mudança foi que antes eles não tiveram foco nenhum nisso e somente quando passada a lua de mel, que eles começaram a ver mobília e meios de regularizar a documentação das contas, passando tudo diretamente ao nome do Jayme.
Devido á tudo isso, somente nesta semana eles conseguiram deixar a casa do jeito que queriam para vir morar e finalmente largar a casa dos pais para viverem juntos, com a experiência de casado que iria verdadeiramente aflorar a partir de agora - na convivência. Para celebrar essa finalmente mudança, eles decidiram fazer um churrasco hoje e eu, em uma das conversas com a Babi, sugeri em convidar a família do Lucas também. Animada como é, ela me respondeu com um mana, não podias ter ideia melhor! E assim foi feita a razão que nos trouxe até aqui.
Desde que eu e o Lucas começamos a namorar oficialmente, as coisas andam indo de bom á melhor como num passe de mágica e novamente, eu não poderia ser mais grata. Todos os dias, depois de toda a minha fase de entendimento, eu agradeço e muito por ele ter insistido em fazer parte da minha história e nunca ter permitido desistir de nós. Certamente, essa foi a luta da minha vida que mais valeu a pena, até então. No entanto, mesmo com todos esses aspectos mais do que positivos em torno de nós, nossas famílias ainda não se conheciam. E além disso, quando comentei com o Lucas sobre trazer os seus pais, ele afirmou que eles não conheciam Balneário Camboriú. Vimos aí, então, a oportunidade perfeita para juntar todas essas coisas de uma vez.
Só por observar a mesa durante o nosso almoço, era fácil enxergar que o bom convívio entre eles já estava instalado ali. Ou melhor, entre todos nós. Desde o momento que nos sentamos até quando terminamos a nossa refeição, dividimos muitas risadas, conhecimentos sobre a cidade e diversos assuntos em comum - alguns até inimagináveis. Eu estava como nadar em plumas de tão leve ao ver tudo seguindo de maneira tão boa e nossas famílias - que sempre serão a coisa mais importante, seja para mim ou para o Lucas - se entendendo tão bem. Isso, sem sombra de dúvidas, era quase um combustível para o nosso relacionamento a dois.
Enfim, quando o nosso almoço acabou, minha mãe fez questão de pagar as contas de um jeito escondido que ela deu - e até a mim surpreendeu - e quando os pais do Lucas se deram conta, foi razão para irmos o caminho inteiro do restaurante até o nosso apartamento com o Paulinho pedindo pra ela dizer quanto foi, de modo que eles ao menos pudessem dividir. De uma certa maneira, até isso foi um momento engraçado até chegarmos no prédio! Lá, a minha mãe estacionou na sua costumeira vaga e nos ajudou a colocar as malas no elevador, assim como nós nos posicionamos lá dentro e subimos até o nosso apartamento. Ao chegar, saímos e ela se apressou em abrir a porta para que pudéssemos entrar e tirar todas aquelas bagagens do corredor.
Daniela: Sejam bem vindos, viu? Podem se sentir a vontade! Eu fiquei muito feliz quando a Nina disse que vocês aceitaram ficar aqui, então, não precisa ter vergonha de se sentir em casa.
Karina: Obrigada, querida! - se apressou a responder, dando um sorriso a minha mãe assim que ela terminou de trancar a porta.
Daniela: Vocês querem água, alguma coisa?
Paulim: Ah, eu aceito um copo d'água...
Karina: Eu também, eu também.
Daniela: Venham aqui! Vou pegar pra vocês e já mostro a cozinha - ela riu e chamou-os em direção aquele cômodo.
Leandro: Cara, essa vista da varanda já ganha de tudo... Eu quero só colocar uma rede aqui e vou fazer disso meu quarto - falou parando entre a passagem da sala pra varanda, fazendo a mim e ao Lucas rir.
Nina: Assumo que é o meu lugar preferido da casa também - respondi-o e vi o Lucas se sentar lá no sofá - Ah, deixa eu sentar aí contigo - falei por força do hábito, me sentando verdadeiramente ao seu lado.
Lucas: Deixo sim, tá com a minha permissão - falou passando um dos braços pelo estofado, de certo modo que ficasse quase sobre os meus ombros.
Nina: Tá abusado, né? - olhei pra ele, semicerrando os olhos e o vi gargalhar
Lucas: Cê que pediu, tô te respondendo, ô - continuava rir, me respondendo naquele tom de voz falsamente ingênuo que só ele sabia fazer.
Nina: Vou é parar de te dar atenção e ligar pra minha irmã, isso sim - falei ainda naquela conversa paralela com ele, porque o Leandro parecia não nos dar qualquer atenção enquanto estava com a atenção fixada á praia que víamos lá da varanda do apartamento da minha mãe.
Lucas: Nina, ela não é igual a mim e a você não, ela trabalha, viu?
Nina: Hoje tás engraçado, né? - falei o encarando e vendo que ele segurava o riso
Lucas: Tá estressada, meu amorzinho? - falou forçando uma voz mais infantil, já com as mãos preparadas pra me faze cócegas.
Nina: Não faz isso! - falei devagar cada palavra, tentando segurar a mão dele.
Lucas: Ó, eu não tô fazendo nada - levantou essa mesma mão livre, tentando esconder a real finalidade.
Nina: Lucas, eu te conheço! - disse já sem conseguir segurar o riso.
Lucas: Eu num tô nem fazendo nada e cê já tá rindo, ô! - falou, me acompanhando na risada e logo em seguida, quase como num susto, começou as cócegas em minha barriga, me fazendo quase deitar no espaço do sofá para tentar me esquivar dele. Completamente, em vão, como sempre.
Leandro: Aí ó, depois cês falam que é relação de irmãos que não tem maturidade - falou assim que o Lucas decidiu para de me fazer cócegas, mas eu ainda estava em crise de risos e nós nos demos conta que os pais dele e a minha mãe já estavam ali.
Karina: Filhos nunca podem reclamar quando nós chamamos de bebê, no fundo, cês num mudam não - disse rindo, assim como todos ali, por provavelmente terem assistido aquela cena ou parte dela.
Nina: Mãe - disse ainda meio ofegante, me ajeitando no sofá - Será que se eu ligar pra Babi, ela pode me atender?
Lucas: Dani, eu já avisei á ela que a irmã dela não decidiu ser modelo, que ela preferiu trabalhar, mas ela acha que eu tô zoando
Nina: Fica quieto, guri - falei dando um tapinha em seus ombros, trazendo todo mundo na sala ás gargalhadas, inclusive ele.
Daniela: Não sei, não é melhor mandar mensagem?
Nina: É... Acho que vou fazer isso. Vou perguntar também se ela vai vir aqui, né?
Daniela: Por favor, mas acho que vem sim. Vou fazer um jantarzinho para nós também, se ela disser que não vem, tu avisa ao Jayme que ele com certeza convence ela a mudar de ideia - rimos pela forma que a minha mãe falou, enquanto eu me levantava do sofá pra pegar o meu celular na bolsa.
Paulim: Nós já estamos te dando tanto trabalho que eu tô quase aproveitando que agora eu e a Karina sabemos sobre a porta dos fundos para sair por lá - disse, rindo.
Daniela: Tá dando trabalho nada, é um prazer, de coração - ela respondeu e logo prosseguiu - Gente, eu vou mostrar pra vocês os quartos, pra vocês se acomodarem, colocarem as coisas, né?
Eles concordaram com a cabeça e enquanto eu peguei o celular para mandar a mensagem pra minha irmã, foi o tempo que eu os vi seguindo a minha mãe para poderem saber onde ficariam. Ela organizou todo mundo muito bem, deixando a Karina e o Paulinho no quarto que rotineiramente era de hóspedes, colocando o Leandro pro quarto que costumava ser da Babi e o Lucas levou as nossas malas pro meu quarto, onde ele já sabia que ficaria. Quando ele foi para lá, eu fui até a cozinha aproveitar para beber uma água, enquanto aguardava uma resposta da Babi e depois decidi ir ao meu quarto - onde encontrei o Lucas sentado na cama, mexendo em seu próprio celular.
Nina: Vamos ter uma conversinha, senhor - falei em tom de autoridade assim que entrei no quarto, trazendo a atenção dele pra mim.
Lucas: Opa, eu gosto quem chega assim - disse me encarando e praticamente desfazendo toda a minha pose, me fazendo rir segundos depois - Cê num aguenta, Nina, desiste
Nina: Fica quieto, hoje tu tá só me desvalorizando, né? - falei me aproximando dele e ele deixou que eu ficasse de pé, entre as suas pernas.
Lucas: Até parece que eu faço isso, nem se eu fosse maluco - disse colocando os braços em volta da minha cintura e deixando um beijo logo abaixo entre o meio dos meus seios, se aproveitando de sua posição.
Nina: Nem gosta disso, né? - falei depois de estremecer um pouco, levando as minhas mãos até a nuca dele e o obrigando a levantar um pouco a cabeça para me olhar.
Lucas: Nem - disse rindo, num sorriso safado, e eu aproveitei para finalizar aquela distância e começar um beijo.
Qualquer gesto entre mim e o Lucas era como uma grande corrente elétrica que começava a passear em nosso corpo no mesmo instante do contato. Imediato. Abaixei um pouco mais do meu corpo para que pudéssemos ficar numa posição mais confortável e ele se aproveitou disso para apoiar as mãos em meu quadril, como quem instruísse o que queria que eu fizesse. Apoiei as minhas pernas uma de cada lado do seu corpo, sentando sobre o seu colo e assim que ele fez o caminho de volta do meu quadril para a minha cintura, apertando a minha pele, me movimentei inevitavelmente sobre o seu colo, fazendo-o arfar. Ele me pressionou ainda mais contra o seu corpo e isso fez a minha intimidade pulsar só por aquele contato tão próximo, mas ainda sim tão distante por tantos panos de roupa.
Ele me provocou ainda com alguns sussurros em meu ouvido, enquanto recuperava o ar entre um beijo e outro e eu sentia-me em combustão. Antes de levar sua boca contra a minha mais uma vez, suas mãos pegaram o meu corpo com uma facilidade absurda e logo senti o que ele estava a fazer: deitou-me na cama, antes percorrendo os seus olhos pelas minhas curvas, e logo em seguida tratou de pesar o seu corpo sobre o meu.
Iniciou mais um beijo entre nós, agora naquela posição, e a essa altura eu pouco mais raciocinava. Deixei que as minhas mãos massageassem os seus ombros e o seu pescoço, mas elas logo perderam a força quando ele levou uma das suas até os meus seios, apalpando-os de uma maneira quase enlouquecedora. Fechei os meus olhos e mordi o meu próprio lábio, na tentativa de conter qualquer barulho, mas ele sentia todas as minhas respostas pela forma com que meu corpo se contraía e se mexia embaixo do dele. Quando percebi que eu parecia não aguentar mais ainda nas preliminares, arranjei uma força em algum lugar desconhecido e puxei seu corpo contra o meu, colando os nossos lábios mais uma vez e deixando ali uma tentativa de colocar para fora todo aquele incêndio que ele havia implantado dentro de mim.
Ao fim de um daqueles incontáveis beijos, um toque nos surpreendeu e eu vi as expressões do Lucas - quando nos afastamos - se transformarem em inacreditáveis por estarmos sendo interrompidos pela chamada de alguém que me ligava.
Lucas: Só eu tô ouvindo isso, né? É uma coisa da minha cabeça, né? - ele questionou ainda com a voz ofegante e até um pouco rouca, apoiando um braço de cada lado do meu corpo de modo a não pesar tanto sobre mim.
Nina: Eu bem que queria que fosse só coisa da sua vida, mas eu tô ouvindo também...
Lucas: O que é isso, Nina? É o seu celular? - balancei a cabeça positivamente e o vi tirar um dos braços em minha volta para que eu pudesse ver o que estava acontecendo. Até eu havia ficado frustrada com aquilo e não pude estar menos do que quando vi que só era a Babi.
Nina: Se eu te contar o que é, tu vai ficar puto... - falei olhando pro Lucas que estava deitado de lado, ainda parecendo controlar o próprio corpo que estava sobre os efeitos dos recentes acontecimentos.
Lucas: O que é? - ele perguntou parecendo curioso, mesmo que tão frustrado quanto eu.
Nina: Minha irmã que mandou uma mensagem pra falar que tá cansada, com dor de cabeça e que não sabe se vai vir aqui hoje... pra eu falar com a minha mãe.
Lucas: Esse toque todo foi só a mensagem?
Nina: Não! Ela tem essa mania de quando a gente demora a visualizar a mensagem, ligar - falei, me sentando na cama sem qualquer novo clima - Acho que eu vou lá falar logo com a minha mãe.
Lucas: Ah não, deita aqui comigo, pelo menos... Vamos descansar um pouco e daqui a pouco cê fala.
Nina: E se eu esquecer? -disse me virando pra olhá-lo.
Lucas: Pode deixar que eu não vô esquecer - ele disse virando na cama de barriga pra cima e com os braços esticados acima da cabeça também, acabando por me fazer rir.
Nina: Tu foi muito judiado mesmo, vou fazer o que tu tá pedindo, tá bom? - falei já me ajeitando na cama e aproveitando o espaço que ele tinha deixado ali, pra me juntar á ele.
Lucas: Não pense que isso vai te afastar da dívida comigo que a sua irmã te colocou não, tá?
Nina: Eu prometo que vou pagar direitinho - falei me deitando de lado, virando-me pra ele e aproveitei para roubá-lo mais um beijo que, talvez por todo esfriamento que já tinha acontecido, realmente não se estendeu e nós ficamos apenas deitados, descansando e curtindo a presença um do outro a partir de então.
[...]
Praticamente, eu pouco cochilei e ao abrir meus olhos me dei conta que eu não conseguiria mais ficar na cama. O aconchego do abraço do Lucas em volta de mim e a quentura do seu corpo tão próximo era sem dúvidas uma das coisas mais gostosas desse mundo, mas eu precisava levantar. Como sempre e com todo cuidado que eu quase me obrigava a ter para não despertá-lo, eu consegui sair da cama e fui primeiramente ao banheiro, logo em seguida indo para a sala junto ao meu celular. Pelo silêncio que percorria o apartamento, todo mundo parecia ter aproveitado a tarde para pôr o sono em dia e eu acabei indo a varanda - o que já era um costume meu, principalmente por ser tratar do horário das 17:45, quando o Sol já dava seus indícios para se pôr. Sentei-me na cadeira de balanço que tinha ali, certamente uma das minhas preferidas de toda a vida, e fiquei olhando pra praia que não estava tão cheia. No entanto, para ser franca, isso não fazia muita diferença: a beleza particular que tinha o Céu conseguia prender toda a minha atenção nele.Aquela observação sempre era algo que me remetia á milhares de pensamentos e com a mente vagando, ia permitindo que diversas sensações me atingissem, desde gratidão á lembranças inevitáveis. Pude sentir um vento quase específico passar por todo o meu corpo e num arrepio, alcancei uma memória em especial na minha mente.
Amanheci no dia que eu não queria. Segunda feira, 02 de maio de 2016. Abri os meus olhos com a minha cabeça como um alarme, estrondando na minha mente que doía, a infeliz lembrança que se completava hoje um ano que o Rafael não estava mais aqui. Há exatos trezentos e sessenta e cinco dias o barulho que ele me trouxe não foi o da porta abrindo e anunciando a sua chegada, porém sim a do toque do celular que anunciava o seu estado no hospital. Tudo ainda era muito fresco na minha memória: A correria de sair de casa com a roupa que eu estava, o tremor nas mãos que tomava o meu corpo inteiro por um medo antes nunca sentido, as vozes de tantas conversas paralelas no hospital, a notícia que me tirou o chão. Nesse exato momento, deitada nessa semana, o meu corpo formigava ainda em recordar tão originalmente aquelas sensações.
Meus olhos umedeceram numa rapidez absurda e logo que os fechei, as primeiras lágrimas caíram pelo meu rosto. Inevitável. Mesmo doendo, a minha cabeça não parava de trabalhar em me trazer memórias que, independente da ordem cronológica, tinham uma única ligação: em todas elas, ele estava. Fosse sorrindo ou me fazendo sorrir, fosse brincando ou trabalhando com o mar, fosse em momentos fáceis ou momentos difíceis... Em seis anos de relacionamento, definitivamente, a coisa que Rafael mais pôde me deixar foram lembranças. Inesquecível.
Lucas: Hmmm - ouvi um sussurro do Lucas que me denunciava que ele estava se espreguiçando, a beira de seu acordar. Dessa vez, eu mantive os meus olhos fechados e me arrependi por breves segundos por tê-lo deixado dormir aqui ontem.
Depois de uma semana corrida para ele com gravações no Projac, na última sexta e no último sábado ele fez shows, o que contribuiu para que quase não ficássemos juntos esses dias. A vontade de tê-lo por perto era enorme e ontem me contagiei com isso, querendo-o o máximo de tempo comigo para podermos recuperar um pouco desse tempo perdido. Vivemos um bom domingo, a propósito. Ele chegou na hora do almoço e não foi embora mais: Maratonamos série, ele me ensinou a fazer um incrivelmente gostoso doce com pasta de amendoim e nos aproveitamos de uma maneira que me fazia afirmar cada vez mais o quanto eu queria estar com Lucas. No entanto, exatamente nesse momento, tudo o que eu esperava era estar sozinha.
Aproveitei que não estava mais envolvida em seus braços para virar-me de bruços e manter os meus olhos fechados de modo que o fizesse acreditar que eu ainda estava dormindo. Não sei se fui boa atriz ou se ele realmente não quis reparar nisso, mas apenas o senti deixando um beijo no meu ombro esquerdo e se levantando com cuidado da cama. Em pouco tempo, ouvi a porta do banheiro se fechar e segundos depois, o barulho do chuveiro sendo ligado, o que me fez permitir ficar aqueles minutos seguintes sozinha.
Virei-me de barriga pra cima e passei as mãos sobre os meus olhos completamente molhados, limpando-os, mas sabia que havia sido completamente em vão. Hoje, eu não conseguia controlar o fluxo de lágrimas em mim. Sentir saudade, algumas vezes, é até bom, nos alimenta de certa maneira. Mas nesse momento, ela era esmagadora. A definição era essa porque eu só conseguia me recordar do dia que eu descobri que nunca mais o veria fisicamente. E ter essa conclusão nos faz perder qualquer sensatez e caminho de progresso; hoje era um dia que eu só queria ser imatura e chorar como se isso realmente fosse acabar com todos os meus problemas ou a minha dor.
Com os pensamentos embaralhados na minha cabeça e um choro que não conseguia ficar presto, tentei me ocultar mais uma vez quando ouvi o fim do barulho da água do chuveiro. Permaneci naquela posição, com a barriga pra cima, mas pus um dos meus braços sobre os meus olhos e os fechei, do modo mais convincente que eu poderia ser a alguém. Pouco tempo depois, senti o cheiro do Lucas invadir o quarto e imaginei até mesmo que ele deveria estar se arrumando para ir pro Projac daqui a pouco ou treinar - porque eu mesma nem me lembrava mais como estaria o dia dele hoje -, mas de toda essa percepção, eu havia me esquecido da mais importante: Lucas me conhecia como ninguém.
Lucas: Bom dia, Nina - ele disse ao mesmo tempo que eu ouvia o barulho do desodorante que ele provavelmente estava passando - Sua respiração tá pesada, eu sei que cê tá acordada - ouvi a embalagem sendo posta sobre o meu móvel e respirei fundo mais uma vez, antes de tirar o braço dos olhos.
Esperei que meus olhos se acostumassem com o pouco da claridade e olhei pelo quarto o vendo quase de frente ainda a porta do banheiro, somente de bermuda e com os cabelos parecendo úmidos. Seus olhos que me encaravam de longe pareceram escurecer ao se encontrar com os meus - provavelmente inchados e até mesmo vermelhos.
Lucas: Cê tá se sentindo bem? - seu tom de preocupação na voz o trouxe para mais perto da cama e eu fiz esforço para me sentar nela, mesmo sentindo a cabeça pesada.
Nina: Não - minha voz saiu quase como um suspiro e ele se sentou na minha frente, sem tirar a expressão preocupada de seu rosto.
Lucas: O que cê tem? Quer ir num médico? - tratou de perguntar apressado.
Nina: Hoje... - falei, pegando o meu celular que estava ali do lado no criado mudo - São dois de maio - disse acendendo a tela e virando o aparelho para que ele visse, depois de me certificar do dia - Dois de maio - afirmei novamente e vi o seu rosto confuso, provavelmente sem entender do que eu falava - Faz um ano da morte do Rafael - falei e soltei um soluço logo em seguida, percebendo que o choro já queria voltar apenas por pronunciar essa frase.
Lucas: Nina - ele arregalou os olhos em completa surpresa, me deixando ciente que ele não sabia muito bem o que falar e eu coloquei o meu celular de volta ao criado mudo - Cê não falou nada comigo ontem, nem esses dias... desculpa, eu não sabia - ele falou quebrando a sequência de alguns segundos de silêncio.
Nina: Eu não queria falar sobre isso, achei que ia espairecer, mas... hoje não dá, hoje não dá! - repeti aquilo balançando a minha cabeça negativamente, com os olhos fechados, e sentindo novas lágrimas escorrerem. Os braços do Lucas trataram de rapidamente me trazer para dentro de um abraço forte e intenso, como sempre era.
Lucas: Eu sei que é ruim, mas cê não precisa segurar essa barra sozinha... Cê tá acordada há muito tempo? Por que não me chamou?
Nina: Eu queria não precisar falar sobre isso contigo - falei quase que ignorando as perguntas que ele havia me feito.
Lucas: Mas tem outro jeito? É ainda melhor do que cê tentar esconder isso, me afastar dos seus problemas não é uma solução - ele disse me soltando daquele abraço, mas permanecendo com o seu olhar atento á mim - Quer que eu faça alguma coisa? O seu café ou.. Abra a janela?
Nina: Até o Céu tá nublado hoje - falei olhando pra janela e concluindo o que já dava para perceber, mesmo estando os vidros fechados - Parece até uma coisa, né? - voltei os meus olhos á ele, tentando controlar toda a minha sensibilidade.
Lucas: Isso não importa! A luz está aqui, ó... - ele disse levando a mão em direção ao meu peito esquerdo, exatamente no meu coração - Assim como ele.
Foi em vão a tentativa de segurar o meu choro quando com essas palavras, Lucas conseguiu inundar os meus olhos. Dessa vez, eu que me impulsionei para abraçá-lo e fiquei quase em seu colo, de tão forte que quis o ter pra mim. Apertei seus ombros e ele fazia o mesmo em meu corpo, demonstrando estar ali. Na verdade, ainda que tentasse esconder, no fundo eu só queria ser uma criança no colo de quem soubesse cuidar - e ele, como sempre, sabia fazer isso como ninguém.
Depois daquela breve conversa e daquele abraço, não houve mais arrependimentos por ter o Lucas aqui. Na verdade, ele era tudo o que eu precisava para aprender a seguir em frente.
Flashback: OFF
Aquela lembrança trazida pelo vento me fez pensar em todos os últimos acontecidos da minha vida. Há um tempo, eu não cogitava a chegada de um novo amor por temores bobos. Na verdade, eu adiei muita coisa até mesmo entre mim e o Lucas por conta disso. E para ser honesta, ás vezes, me ocorre sensações como essa, no entanto, o que eu sinto pelo Lucas me move em sentido contrário. Na verdade, ele sempre me afasta de qualquer medo. Hoje, pensar no Rafael e no Lucas não dividia mais a minha mente, só acumulava nela uma porção de amor inexplicável. Ter tido um foi o que me deu base o suficiente para ser quem eu sou hoje e ter o outro é o que me trouxe de volta a quem eu era. Eles funcionam com um equilíbrio que, embora em momentos distintos e controversos, guardam o sentimento mais puro que eu posso oferecer a alguém.
Aproveitei que também senti o meu celular vibrar, por uma mensagem aleatória do grupo da agência, e o peguei para fazer algo que há um bom tempo não fazia: Ir até o Instagram do Rafael. Eu gostava quando conseguia pensar nele com essa sensação de leveza, de total conforto e isso fora mais uma das coisas que o Lucas me trouxe. Rolei pouco pelas primeiras fotos e foi inevitável não me sentir inspirada a escrever algo. Gostava de me dedicar ás palavras quando pareciam que só elas se enquadrariam a descrever o que passava agora dentro de mim. Escolhi uma que sempre foi uma das minhas preferidas, uma das últimas inclusive que ele havia colocado em seu Instagram, e logo pensei em postá-la no meu Instagram. Enquanto fazia todo o processo para a publicação, fiquei pensando no que estava acontecendo nas minhas redes sociais ultimamente. Por ter trocado a minha foto do perfil - onde finalmente tirei a que estava eu e o Rafael, colocando somente uma minha - e por ter feito a minha última postagem a ele exatamente nesse dia da minha recente lembrança, quando completou um ano de seu falecimento, era inevitável que alguns comentários aparecessem por lá. A internet, assim como tudo nessa vida, é uma moeda de dois lados e do mesmo modo que aparecem milhares de coisas boas para se ver, existem pessoas que são capazes de se colocar apenas em prol do julgamento.
Não era de hoje que eu lia um comentário ou outro em cada foto que eu postava me perguntando sobre o Rafael. Algumas pediam para eu voltar a postar mais sobre ele, alegavam saudade dos meus textos; outros eram invasivos em questionar se eu tinha um novo alguém e até ousavam em comentar algo sobre o esquecimento. Na maioria das vezes, algumas palavras me soavam agressivas e doíam, mas eu nunca tinha respondido. Sempre achei que certas coisas não valeriam a pena e no final das contas, as pessoas sempre iriam entender apenas o que elas quisessem, não importando quantas vezes as forem repetido o contrário. No entanto, como queria escrever algo para aquela foto que publicaria, achei que seria válido atrelar esse assunto na legenda. Talvez, eu estivesse precisando desabafar por algo que venho acumulando há boas semanas.
@ninabarsanti Não, eu não me esqueci. Sim, eu tive que me acostumar com a dor da saudade. Não, eu não vou deixar de postar fotos aqui sobre ele. Mas isso vai acontecer sempre no tempo que eu achar que devo.
Me julguem ou me deem elogios. A questão é que isso não importa.
Todas as vezes que escrevi aqui, foi como uma válvula de escape. Mas isso não significa que os dias que eu não postar nada, eu não estou pensando nele. Rafael e eu somos ligados á uma maneira que as redes sociais são superficiais demais para entender.
Para mim, na verdade, o importante sempre foi e sempre vai ser saber que eu fiz parte da história dele e ele da minha. E que independente do caminho que a vida levar, nada vai apagar.
weberkaren Você tem todo o direito de lembrar pra sempre! Amor mais lindo!
rosangeladaher A dor da saudade só sabe quem a vive, longe de tudo isso, bem aqui dentro do coração. Te amo!
luizamarques Me emociono sempre com as suas postagens. Rafael é o seu anjo da guarda!
marinapassos Que lindo! Ninguém tem que julgar, isso que é amor verdadeiro!
medinavida.fc Você está certíssima! Siga em frente com um novo amor, com novos projetos... a sua proteção tá cuidada lá de cima! Não tenha medo!
surfilipe Admiro demais você! Acredite: Você tá aqui pra ser feliz!
albuquerquelarissa Gosto do teu jeito simples de fazer as coisas por teu coração, não para aparecer... Muita luz!
nathportela Você viveu um grande amor e o melhor é que a vida tem mais amor! Se sua diminuição de postagens for sinal de um novo capítulo da vida chegando pra você, não o impeça, guria!
luccofeelings Você é uma guerreira! Um amor e uma saudade tão puros quantos esse não poderiam ser alvo de julgamento.
karinaazevedo Só peço que não pare de postar! Eu amo tudo o que você escreve pra ele! É tocante, lindo e real.
Como costumava fazer sempre que eu postava algo para o Rafael, me perdi ao dar atenção aos comentários. Tinham muitas coisas positivas por ali e embora ainda tivessem pessoas supondo que a minha mudança de atitude com relação ás publicações para ele tivessem a ver com um novo relacionamento, a maioria delas apoiavam esse passo. Escreviam, inclusive, palavras que eu precisava ler para reafirmar em mim a certeza que eu não precisava me culpar por nada; uma história jamais é capaz de anular outra.
Dessa vez, eu não chorei. Sentia-me bem com a minha alma e depois de um bom tempo de contradições dentro de mim, hoje isso não fazia mais parte. Desde o fatídico dia que eu perdi o Rafael, eu nunca estive tão feliz como estou agora, com a alegria e a tranquilidade que esse novo relacionamento com o Lucas me trouxe. Todas as coisas existem o seu tempo pra acontecer e esse, sem qualquer dúvidas, era o meu tempo e do Lucas.
Quando bloqueei a tela do celular, fiquei ainda mais um tempo com os olhos em direção ao Céu, conseguindo enxergar o movimento leve das ondas e sentindo a brisa que batia contra mim. De uma maneira ou de outra, aquela conexão entre o Mar e o Céu me dava esperanças que todos os planos estavam ligados de alguma forma - e nós podíamos nos acalmar nessa certeza, se nos permitíssemos prestar atenção. Ao ver o Sol cada vez se abaixando mais, levei as minhas mãos ao peito e fiz a minha pequena oração de gratidão a vida e ao Rafael. Era sempre importante aquilo para mim e não poderia deixar de viver esse momento. Entretanto, assim que abri os meus olhos, cheguei a me assustar ao olhar para trás e ver o Lucas naquela passagem entre a sala de estar e a varanda.
Lucas: Não quis te interromper, cê tava tão... calminha aí - sorri pra ele, logo em seguida passando a mão no meu rosto e o vendo ir em direção a segunda cadeira que ali tinha.
Nina: Pensei que tu ias dormir mais - disse virada pra ele que já estava sentado
Lucas: Depois que cê levanta da cama, é mais difícil pra eu dormir, cê sabe disso, né?
Nina: Vai fazer com que eu me sinta culpada a partir de agora, também sabes disso, né? - respondi no mesmo tom e a gente acabou rindo.
Deixamos um silêncio entre a nossa conversa e mesmo que aquilo não me desagradasse, em uma das primeiras vezes o Lucas parecia não estar em seu extremo conforto e então, logo o quebrou.
Lucas: Cê tá bem? - ele disse encurvando um pouco do corpo, deixando apoiar os seus cotovelos em seus próprios joelhos e esticou uma das mãos para alcançar a minha.
Nina: Uhum - respondi quase num suspiro e os olhos dele logo se estreitaram, em sinal de desconfiança - Eu juro que tô! É só que depois de um tempinho em silêncio, eu fico ainda meio assim pra retomar a conversa... é normal.
Lucas: Pra mim, isso significa que cê tava com muitos assuntos nessa sua mente e pensando sem parar - ela falou naquela tentativa de adivinhação sobre o que estava acontecendo.
Nina: Sabes que eu consigo meditar, né? Do tipo "controlar" - fiz aspas com as minhas mãos - O fluxo de pensamentos, né?
Lucas: Esqueço que tô namorando o Professor X DO X-Men
Nina: Ele controla a mente dos outros, engraçadinho - falei tentando segurar o riso sobre o pensamento rápido do Lucas.
Lucas: Então... Cê também controla os meus pensamentos, dona deles todinhos - dessa vez, foi impossível não cair em gargalhada e acho que nem ele se aguentou, logo me acompanhando.
Nina: Se tu dependesse dessa cantada, Lucas... Tu tava ferrado mesmo guri! - falei segurando a mão dele que já estava sobre mim, ainda rindo.
Lucas: Ainda bem que eu tenho conteúdo, num só um tanque, tá vendo?
Nina: Pois é, né? Embora que um tanque é muito importante algumas vezes, não é? - questionei, colocando o tom mais ingênuo possível na minha voz.
Lucas: Claro... Lavar a roupa, ás vezes, é bom - dei de ombros, mas logo desci o meu olhar para o seu peitoral e seu abdômen que estavam ainda desnudos.
Nina: Fundamental, eu diria - levei a minha mão em direção ao ombro dele e desci com o meu dedo indicador vagarosamente, fazendo desenhos aleatórios sobre a pele do Lucas.
Lucas: Nina... - ele chamou o meu nome enquanto observava por onde o meu dedo passeava e ainda que sem a unha, estremecia os seus músculos com o meu toque.
Nina: Considere-se um guri de sorte por estarmos na varanda - falei tirando a minha mão de seu corpo, agora encarando os seus olhos que faziam o mesmo comigo.
Lucas: E se eu disser que tenho fetiche em varanda? - acabei gargalhando, quebrando qualquer possibilidade de um clima sexy entre nós e ele me acompanhou.
Nina: Tu não existe mesmo, pelo amor de Deus - falei deixando agora os meus braços sobre os seus ombros, aproveitando que estávamos um sentado frente ao outro, e quis diminuir aquela distância que estava a me perturbar.
Senti as mãos de Lucas se dividirem um em direção a minha cintura e outra que alcançou a minha nuca, prestes á controlar qualquer movimento nosso. Meu coração sempre se acelerava de uma maneira quase especial para aqueles momentos e a nossa variante velocidade dava um sabor á mais aquele gesto. Seus dedos se emaranhavam ainda ainda mais pelo meu cabelo - do jeito que ele já tinha descoberto o quanto eu gostava - e eu aproveitei para fazer o mesmo com as minhas mãos, deixando a ponta das unhas por ora contra a sua pele da nuca e por outra acarinhando seus cabelos que agora estavam tão mais baixos. A respiração falhava, a gente se afasto por uns breves segundos e como num imã, nossas bocas se atraíram novamente. Uma das certezas que eu ganhei dessa vida foi que parar de beijar o Lucas é mais difícil do que qualquer pessoa nesse mundo pode pensar.
E assim, hoje, embora o meu pensamento e a minha escrita tenha sido toda voltada á ele, eu não quis mais falar sobre o Rafael. Não por uma espécie de acreditar que o Lucas não iria me ouvir - até, porque muito pelo contrário, certamente ele é o melhor ouvinte que eu poderia encontrar -, mas porque eu me sentia completamente certa de que cada história tem o seu momento e o seu valor. Por todos os acontecimentos da minha vida, eu também sabia o quanto deveria aproveitar o presente, por não ter noção do dia de amanhã. Com isso, preferi protelar qualquer assunto sério e ficar ali nos braços do Lucas um pouco mais, curtindo aquela chance que a vida havia me dado. A oportunidade veio para eu ser feliz, no agora, sem pesar qualquer coisa que antes já me aconteceu - e livre de todo peso na consciência pra me dispôr a isso.
Recadinho: Oi meninas! Primeiramente, desculpem a minha falha de ontem. Tive um imprevisto e não tinha como eu sequer vir aqui só pra postar o capítulo. No mais, tenho textão pra fazer rs: Eu gostei bastante de um comentário que fizeram pedindo pra colocar e detalhar mais os momentos deles, como carinhos, brincadeiras e hot. Não sei se vocês sabem, mas eu não sou a melhor em escrever as cenas mais quentes, no entanto como eu disse, gostei bastante da forma como essa menina se expressou. Isso é importante pra mim, essa via de mão dupla onde vocês me contam em que pontos podemos melhorar. Quando falo sobre os comentários, não quero que inflem meu ego o tempo inteiro, eu tô aqui para ouvir cada dica de vocês e tentar aperfeiçoar ao meu jeito de escrever. Tem coisa que até é mais complicado de fazer pra mim e não tô dizendo que eu vou mudar, mas se eu posso me esforçar a agradá-las, por quê não? Então, esse tipo de comentário e até mesmo posso considerar uma crítica construtiva, me deixa feliz de verdade. Por fim, quero falar de quem está pedindo Lunina três vezes na semana: Eu não vou me comprometer a isso, porque é como eu digo, não posso firmar o compromisso aqui com vocês de regularidade, se as minhas pernas não poderão alcançar isso. No entanto, eu vou prometer tentar seguir uma ideia também cedida nos comentários (na última postagem, vocês arrasaram nesse aspecto!), de ao menos uma semana colocar três vezes os capítulos e em outra, duas. Vou avisando vocês aqui nos recadinhos quanto á isso, tudo bem? Nos próximos capítulos tem volta do Fábio (calmem!), mais família deles juntas (com momentos mais divertidos), uma surpresinha e depois vai ter viagem para um lugar que vocês já descobriram com os amigos deles. Desculpem também por eventuais erros, eu tô postando na correria da minha hora do almoço e não revisar uma palavra. Beijo e até sábado!
Como costumava fazer sempre que eu postava algo para o Rafael, me perdi ao dar atenção aos comentários. Tinham muitas coisas positivas por ali e embora ainda tivessem pessoas supondo que a minha mudança de atitude com relação ás publicações para ele tivessem a ver com um novo relacionamento, a maioria delas apoiavam esse passo. Escreviam, inclusive, palavras que eu precisava ler para reafirmar em mim a certeza que eu não precisava me culpar por nada; uma história jamais é capaz de anular outra.
Dessa vez, eu não chorei. Sentia-me bem com a minha alma e depois de um bom tempo de contradições dentro de mim, hoje isso não fazia mais parte. Desde o fatídico dia que eu perdi o Rafael, eu nunca estive tão feliz como estou agora, com a alegria e a tranquilidade que esse novo relacionamento com o Lucas me trouxe. Todas as coisas existem o seu tempo pra acontecer e esse, sem qualquer dúvidas, era o meu tempo e do Lucas.
Quando bloqueei a tela do celular, fiquei ainda mais um tempo com os olhos em direção ao Céu, conseguindo enxergar o movimento leve das ondas e sentindo a brisa que batia contra mim. De uma maneira ou de outra, aquela conexão entre o Mar e o Céu me dava esperanças que todos os planos estavam ligados de alguma forma - e nós podíamos nos acalmar nessa certeza, se nos permitíssemos prestar atenção. Ao ver o Sol cada vez se abaixando mais, levei as minhas mãos ao peito e fiz a minha pequena oração de gratidão a vida e ao Rafael. Era sempre importante aquilo para mim e não poderia deixar de viver esse momento. Entretanto, assim que abri os meus olhos, cheguei a me assustar ao olhar para trás e ver o Lucas naquela passagem entre a sala de estar e a varanda.
Lucas: Não quis te interromper, cê tava tão... calminha aí - sorri pra ele, logo em seguida passando a mão no meu rosto e o vendo ir em direção a segunda cadeira que ali tinha.
Nina: Pensei que tu ias dormir mais - disse virada pra ele que já estava sentado
Lucas: Depois que cê levanta da cama, é mais difícil pra eu dormir, cê sabe disso, né?
Nina: Vai fazer com que eu me sinta culpada a partir de agora, também sabes disso, né? - respondi no mesmo tom e a gente acabou rindo.
Deixamos um silêncio entre a nossa conversa e mesmo que aquilo não me desagradasse, em uma das primeiras vezes o Lucas parecia não estar em seu extremo conforto e então, logo o quebrou.
Lucas: Cê tá bem? - ele disse encurvando um pouco do corpo, deixando apoiar os seus cotovelos em seus próprios joelhos e esticou uma das mãos para alcançar a minha.
Nina: Uhum - respondi quase num suspiro e os olhos dele logo se estreitaram, em sinal de desconfiança - Eu juro que tô! É só que depois de um tempinho em silêncio, eu fico ainda meio assim pra retomar a conversa... é normal.
Lucas: Pra mim, isso significa que cê tava com muitos assuntos nessa sua mente e pensando sem parar - ela falou naquela tentativa de adivinhação sobre o que estava acontecendo.
Nina: Sabes que eu consigo meditar, né? Do tipo "controlar" - fiz aspas com as minhas mãos - O fluxo de pensamentos, né?
Lucas: Esqueço que tô namorando o Professor X DO X-Men
Nina: Ele controla a mente dos outros, engraçadinho - falei tentando segurar o riso sobre o pensamento rápido do Lucas.
Lucas: Então... Cê também controla os meus pensamentos, dona deles todinhos - dessa vez, foi impossível não cair em gargalhada e acho que nem ele se aguentou, logo me acompanhando.
Nina: Se tu dependesse dessa cantada, Lucas... Tu tava ferrado mesmo guri! - falei segurando a mão dele que já estava sobre mim, ainda rindo.
Lucas: Ainda bem que eu tenho conteúdo, num só um tanque, tá vendo?
Nina: Pois é, né? Embora que um tanque é muito importante algumas vezes, não é? - questionei, colocando o tom mais ingênuo possível na minha voz.
Lucas: Claro... Lavar a roupa, ás vezes, é bom - dei de ombros, mas logo desci o meu olhar para o seu peitoral e seu abdômen que estavam ainda desnudos.
Nina: Fundamental, eu diria - levei a minha mão em direção ao ombro dele e desci com o meu dedo indicador vagarosamente, fazendo desenhos aleatórios sobre a pele do Lucas.
Lucas: Nina... - ele chamou o meu nome enquanto observava por onde o meu dedo passeava e ainda que sem a unha, estremecia os seus músculos com o meu toque.
Nina: Considere-se um guri de sorte por estarmos na varanda - falei tirando a minha mão de seu corpo, agora encarando os seus olhos que faziam o mesmo comigo.
Lucas: E se eu disser que tenho fetiche em varanda? - acabei gargalhando, quebrando qualquer possibilidade de um clima sexy entre nós e ele me acompanhou.
Nina: Tu não existe mesmo, pelo amor de Deus - falei deixando agora os meus braços sobre os seus ombros, aproveitando que estávamos um sentado frente ao outro, e quis diminuir aquela distância que estava a me perturbar.
Senti as mãos de Lucas se dividirem um em direção a minha cintura e outra que alcançou a minha nuca, prestes á controlar qualquer movimento nosso. Meu coração sempre se acelerava de uma maneira quase especial para aqueles momentos e a nossa variante velocidade dava um sabor á mais aquele gesto. Seus dedos se emaranhavam ainda ainda mais pelo meu cabelo - do jeito que ele já tinha descoberto o quanto eu gostava - e eu aproveitei para fazer o mesmo com as minhas mãos, deixando a ponta das unhas por ora contra a sua pele da nuca e por outra acarinhando seus cabelos que agora estavam tão mais baixos. A respiração falhava, a gente se afasto por uns breves segundos e como num imã, nossas bocas se atraíram novamente. Uma das certezas que eu ganhei dessa vida foi que parar de beijar o Lucas é mais difícil do que qualquer pessoa nesse mundo pode pensar.
E assim, hoje, embora o meu pensamento e a minha escrita tenha sido toda voltada á ele, eu não quis mais falar sobre o Rafael. Não por uma espécie de acreditar que o Lucas não iria me ouvir - até, porque muito pelo contrário, certamente ele é o melhor ouvinte que eu poderia encontrar -, mas porque eu me sentia completamente certa de que cada história tem o seu momento e o seu valor. Por todos os acontecimentos da minha vida, eu também sabia o quanto deveria aproveitar o presente, por não ter noção do dia de amanhã. Com isso, preferi protelar qualquer assunto sério e ficar ali nos braços do Lucas um pouco mais, curtindo aquela chance que a vida havia me dado. A oportunidade veio para eu ser feliz, no agora, sem pesar qualquer coisa que antes já me aconteceu - e livre de todo peso na consciência pra me dispôr a isso.
Recadinho: Oi meninas! Primeiramente, desculpem a minha falha de ontem. Tive um imprevisto e não tinha como eu sequer vir aqui só pra postar o capítulo. No mais, tenho textão pra fazer rs: Eu gostei bastante de um comentário que fizeram pedindo pra colocar e detalhar mais os momentos deles, como carinhos, brincadeiras e hot. Não sei se vocês sabem, mas eu não sou a melhor em escrever as cenas mais quentes, no entanto como eu disse, gostei bastante da forma como essa menina se expressou. Isso é importante pra mim, essa via de mão dupla onde vocês me contam em que pontos podemos melhorar. Quando falo sobre os comentários, não quero que inflem meu ego o tempo inteiro, eu tô aqui para ouvir cada dica de vocês e tentar aperfeiçoar ao meu jeito de escrever. Tem coisa que até é mais complicado de fazer pra mim e não tô dizendo que eu vou mudar, mas se eu posso me esforçar a agradá-las, por quê não? Então, esse tipo de comentário e até mesmo posso considerar uma crítica construtiva, me deixa feliz de verdade. Por fim, quero falar de quem está pedindo Lunina três vezes na semana: Eu não vou me comprometer a isso, porque é como eu digo, não posso firmar o compromisso aqui com vocês de regularidade, se as minhas pernas não poderão alcançar isso. No entanto, eu vou prometer tentar seguir uma ideia também cedida nos comentários (na última postagem, vocês arrasaram nesse aspecto!), de ao menos uma semana colocar três vezes os capítulos e em outra, duas. Vou avisando vocês aqui nos recadinhos quanto á isso, tudo bem? Nos próximos capítulos tem volta do Fábio (calmem!), mais família deles juntas (com momentos mais divertidos), uma surpresinha e depois vai ter viagem para um lugar que vocês já descobriram com os amigos deles. Desculpem também por eventuais erros, eu tô postando na correria da minha hora do almoço e não revisar uma palavra. Beijo e até sábado!
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