terça-feira, 13 de setembro de 2016

Chapter 23.

Domingo iniciou como eu havia planejado e até mesmo poderia dizer que ansiava. Aproveitei o tempinho da manhã que deu com a minha mãe e também fui me despedir do Alberto e da Rosângela, que já voltariam para a Califórnia hoje, ao fim do dia. Com a manhã corrida, segui ao aeroporto com a necessidade até de almoçar por lá - para evitar os atrasos - e poder pegar o meu rumo ao Rio de Janeiro, como o planejado. Diferentemente do costume, eu tive um voo cansativo, mas não deixei que a preguiça tomasse conta de mim nem mesmo quando cheguei em casa, por volta das 16:00. Tratei de deixar as minhas malas pela sala de estar mesmo e peguei o meu celular não somente para avisar a minha mãe da minha chegada - eu precisava falar com o Lucas. Hesitei quando abri a sua conversa pelo whatsapp, mas me recompus quando sabia que eu não teria coragem de também ligar para ele. Preferi, então, resolver as coisas por ali.
"Oi, Lucas. Tudo bem? Eu vi que tu já estava no Rio e bom... eu quero falar contigo. Podemos nos encontrar na praia? Eu, inclusive, prefiro que seja na Reserva. Estarei lá por volta das 17:00. Espero que você também! Beijo, fique com Deus"
Enviei logo tudo o que eu queria de uma vez - não saberia fazer diferente e ficar aos poucos esperando uma resposta. Travei o meu celular, jogando-o sobre o sofá e me apressei em subir para tomar um banho, me livrar daquela roupa e vestir algo para ir até onde eu tinha dito á ele que estaria. A escolha da praia da Reserva tinha os seus motivos e meu interior, durante todo o tempo que fiquei separando as minhas coisas para me arrumar e de fato me arrumando, ficava conversando com Deus em quase uma súplica para que o Lucas fosse. Se Ele atendesse o meu pedido e estivesse lá, tudo seria diferente daqui pra frente e o que eu tinha feito valeria a pena. Ou melhor, se confirmaria em seu verdadeiro sentido.
Enfim, estive pronta em pouquíssimo tempo depois, desde que comecei a me arrumar. Uma certa angústia e ansiedade dominavam dentro do meu peito e eu mal conseguia fazer as coisas que queria, então, era melhor que eu aceitasse o ritmo acelerado que estava e fosse para o combinado o mais rápido possível. Saí do meu quarto ajeitando o meu cabelo e na sala, eu peguei meu celular e as minhas chaves. O primeiro par de chinelos foi aquele que calçou os meus pés e antes de sair, a única coisa que fiz foi deixar a luz da varanda e daquele cômodo acesa - como eu não sabia que horas voltaria, aquilo poderia ser útil.
Saí á minha garagem e decidi ir de carro, por mais perto que a praia fosse do meu condomínio. A minha cabeça foi tagarelando tanto ao longo do pequeno percurso que o som do rádio ou das minhas próprias músicas nem mesmo se fez necessário. Estacionei numa das tantas vagas que tinha ali e agradeci mentalmente por ter escolhido vir para cá - além de toda significação, me lembrei o quanto costumava ser vazia em finais de tarde ou fora de época do Rio de Janeiro ensolarado. Minha ideia inicial não era nem mesmo adentrar tanto as areias assim, mas como imaginava que se o Lucas realmente viesse iria precisar fazer contato comigo, acabei andando mais despreocupada por ali. Fui até mesmo lá na beira do mar, onde permiti que a água alcançasse levemente os meus pés. O mar estava agitado, quebrando com algumas ondas fortes, mas naquela altura, chegava a mim brando e logo corria de volta á aquele caos. Não gostava de pensar que a vida era assim - tinha os seus segundos de calmaria, mas logo retornava á seguir seu fluxo intenso e agitado -, mas algumas vezes essa metáfora conseguia fazer todos os sentidos imagináveis.
Respirei fundo e tirei os meus chinelos, segurando-os em minhas mãos, enquanto voltava a andar pela areia. Alcancei metade da extensão vertical - me afastando um pouco da água, mas não chegando ao calçadão - e me acomodei ali, naquele meio. Pus meu chinelo em meu lado, para que secasse, e quando tirei o celular do bolso, senti-o vibrar. A pontinha de esperança que meu coração acelerado me enviou se confirmou quando meus olhos viram o visor - o nome do Lucas estampava ali.
Nina: Alô? - atendi tão apressada de modo que a minha voz pareceu até ofegante.
Lucas: Oi, Nina. É... Cê já tá na praia? - eu bem o conhecia, seu tom de voz era de alguém extremamente nervoso com a situação.
Nina: Tô... Tu... Veio? - perguntei no mesmo tom espaçado e como se tivéssemos com medo de falar um com o outro.
Lucas: Acabei de estacionar. Onde cê tá?
Nina: Hm, deixa eu ver - falei virando um pouco o meu corpo, afim de achar uma boa referência para indicá-lo. Não demorei muito para fazer isso, o explicando, enfim, minha localização.
Lucas: Ah, claro! Tô pertinho então, graças á Deus - se tudo estivesse normal, eu poderia jurar que havia ouvido uma espécie de riso lá do outro lado, mas não sabia se podia afirmar isso agora.
Nina: Tá bom... tô te esperando aqui! - falei, tensa demais para pensar em acionar o meu filtro quanto ás frases polissêmicas que eu soltava.
Lucas: E eu já estou chegando! - confirmei com a cabeça, como se ele pudesse me ver, e ele prosseguiu - Pera aí, beijo, tá?
Nina: Tá bom.. beijo! - assim que encerramos a ligação e ainda no tempo que eu descia com o meu celular da orelha, eu podia sentir a minha cabeça trabalhando em mil informações.
Em casa, o meu discurso para ele estava pronto e revestido de uma coragem absurda. Aqui e quanto mais perto ele parecia estar, as palavras iam se perdendo como na imensidão dessa praia - o que só servia para acentuar o meu nervosismo. Eu precisava falar. E deveria ser com o coração - como ele sempre gostou, como eu sempre fui e como realmente deveria ser. Apenas isso.
Lucas: Nina? - sua chegada tão rápida e sua voz em meio á minha distração, praticamente, me assustou - Desculpa! - ele disse percebendo a minha expressão e se sentando ao meu lado, ainda sem me olhar.
Nina: Não foi nada, Lucas - disse o encarando e ele, mesmo que já sentado, deixava os olhos fitar em sua frente o mar e toda sua dimensão - Que bom que tu veio... Eu não pensei que viria.
Lucas: Por que? - ele questionou, franzindo o cenho, mas ainda parecendo pensativo demais para ser o Lucas que eu conhecia.
Nina: Um por conta do seu aniversário amanhã, pensei que sua família pudesse estar aí como tu tinha me dito há alguns dias, enfim... E dois, porque, bom... Eu não tinha certeza que tu queria me ver - pude assisti-lo dar uma risada pelo canto dos lábios, confirmando que aquele meu segundo pensamento era uma tolice.
Lucas: Minha família está realmente aí, mas, cê também já sabe disso, eu não gosto muito de aniversários. Pensar nessa correria do tempo e em tudo que ele pode fazer me deixa louco... - ele explicou somente a primeira parte da minha fala.
Nina: Não pensa por esse lado, então - falei aproveitando para encarar á minha frente também, dispondo que Lucas parecia ainda não ter tido coragem para me olhar de fato - Deixar de comemorar é algo duro demais. Tu tens mil motivos para celebrar, não só no dia do seu aniversário, e deveria fazer isso todas as vezes - disse e ele logo permitiu que eu prosseguisse, já conhecendo esse meu hábito de não falar pouco - Tu também sabe que eu tive um tempo de escolhas... E eu tinha dois opções: podia desistir de comemorar qualquer coisa por pensar nesse tempo que corre e é mesmo tão maluco ou podia prosseguir, buscando entender esse mesmo tempo. É, bom... Se eu tivesse parado na primeira opção, eu não teria você - falei aquele final da frase um pouco mais baixo, mas senti que Lucas havia entendido por, pela primeira vez naquela conversa, direcionar o seu olhar á mim.
Lucas: Nina... O que estamos fazendo aqui? - ele foi objetivo e eu aproveitei para me virar para ele, encarando seus olhos, enfim. 
Nina: Eu tô aqui pra esclarecer que eu não vou deixar mais que façam o que eles querem de nós dois. Eu sou complicada já o suficiente pra tornar o que a gente tem assim... Eu quero ser leve pra ti. E quero que isso aqui - falei apontando pra ele e pra mim - seja leve também para compensar, exatamente, essa correria louca que a gente já é obrigado á viver.
Lucas: Eu sempre vi e vejo nós dois desse jeito... - ele disse, com poucas palavras, como estava hoje.
Nina: Então! Eu não quero cobrar nada de nós. O que tivemos não sempre foi suficiente?
Lucas: Para mim, sim. Pro cê, parece que não.
Nina: Não é isso, Lucas! - percebi que poderia tê-lo interrompido, mas ainda sim eu prossegui - Ás vezes, eu sou vulnerável. Principalmente, quando se trata da minha família e das pessoas que eu gosto. Eu queria que, pelo menos, dentro da minha casa, as coisas entre nós dois e as pessoas de lá fossem harmônicas. Pensar em todas as coisas erradas que o meu pai acredita me desestabiliza um pouco e juntando toda a parte emocional que eu já estava por conta do casamento da Babi, eu me deixei contaminar pelas palavras da Lorena.
Lucas: No final das contas, fazendo exatamente o que ela quer... que a gente brigue e tenha essa mesma conversa pela milésima vez - ele afirmou, ajeitando a postura e revelando seus ombros tensos - Nina, eu não estou mais com a Lorena, porque ela é completamente o oposto do que eu estou buscando pra minha vida. E agora, eu não quero acreditar que o que a gente encontrou pra nós vá se tornar isso também...
Nina: Não vai! Eu mesma não posso deixar - disse convicta das minhas palavras - Certa vez eu te disse quais eram as opiniões que, realmente, me importavam e mesmo que me doa, eu vou tentar prestar atenção só á elas. Quem mais chegar pra desestabilizar o que a gente tem, não vale a pena.
Lucas: Eu vou te contar uma coisa pro cê nunca mais esquecer - ele falou, olhando para o mar rapidamente, mas logo voltando seus olhos a mim. Parecia que o que ele tinha a me falar necessitava daquele contato visual sempre tão intenso e presente entre nós - Nina, quando eu te conheci... Ah, cê sabe dos problemas que eu tive! Eu estava muito afastado de Deus! Mas naquele dia, eu acho que Ele ficou feliz. Talvez, porque sabia o que estava fazendo, né? Eu cheguei em casa e rezei mesmo, com tanta gratidão que eu agradecia de um jeito que há tempos eu não estava fazendo. A partir dali e de como as coisas foram acontecendo pra nós dois, eu fui descobrindo como a gente era suficiente um para o outro.
Eu, definitivamente, parei com aquela fala do Lucas. A minha garganta que já estava cheia de nós por conta dessa lembrança que ele me narrava, não aguentou e se desmanchou como laço - assim como eu em lágrimas. Estava completamente arrepiada e o meu coração batia acelerado de modo que eu o sentia vibrar contra a pele do meu peito. Lucas havia acabado de dizer exatamente como a minha mãe. Mais, inexplicavelmente, ele havia falado todo o sentido que me levou á fazer uma tatuagem para ele. Se aquilo não era uma resposta de Deus me indicando que nele estava o meu caminho certo e somente aquilo bastava, eu já não poderia mais acreditar em nada.
Nina: Lucas - respirei fundo e quase solucei, sob os olhos atentos do Lucas que parecia surpreso quanto á minha reação - Eu não sei mais o que te falar, mas... só olha isso! - falei mexendo na pequena manga da minha camisa, trazendo o meu braço esquerdo ás suas vistas. 
Lucas: Nina! - seus olhos se arregalaram e se preencheram de lágrimas quando ele observou e fez a conexão instantânea com aquilo que ele havia acabado de falar. Seus dedos vieram até a minha pele e passearam pelo desenho das duas mãos unidas que ali tinha, acompanhada de uma frase - Isso significa... Você é suficiente, né? - ele me questionou quanto ao inglês, ainda sem tirar os olhos ou o dedo sobre a tatuagem.
Nina: Sim... - eu afirmei, sentindo a emoção alcançar meus olhos mais uma vez
Lucas: Eu não sabia disso aqui... - ele falou me olhando, mais surpreso ainda do que quando me viu chorar e agora entendendo a minha reação.
Nina: Nem tinha como... Eu decidi fazer ontem. Fiz lá no Felipe e a ideia surgiu porque a minha mãe me disse a mesma coisa que tu falou aqui, agora - falei, pausando quando senti minha garganta fazer mais um nó.
Lucas: Isso então é...
Nina: Sim, pra ti - falei, o interrompendo e presumindo a sua pergunta - Na verdade, pra gente. Quero que isso seja o lembrete, para quando nós esquecermos, que nós não precisamos de qualquer rótulo pra termos tudo o que um casal tem. A gente tem a gente, não é?
Lucas: Cê não existe, cê não existe! - ele repetiu, quase abobado e balançando a cabeça negativamente.
Nina: Posso te dar um abraço pra provar o contrário? - falei com um sorriso quase infantil no canto da boca, o vendo soltar um sorriso e com um brilho nos olhos que o deixava ainda mais bonito.
Ele não me respondeu com palavras, porém mais uma vez nossos gestos falaram por nós. Nos abraçamos tão forte e tão intenso que toda aquela frase fazia sentido - ali eu tive certeza que o importante éramos nós. Tínhamos muita coisa pra viver e Deus atestava isso pra gente em cada novo sinal, em cada nova instrução que bastávamos estar um pouco alertas para entender. Ficamos juntos um bom tempo, morando um no abraço do outro, até que quando ele afastou um pouco, pude perceber seus olhos úmidos. Sorri com aquela facilidade que o Lucas tinha em demonstrar suas emoções sem temer á isso. Talvez, fosse uma das qualidades dele que eu mais admirava!
Aproveitamos, então, que não havíamos nos distanciado por completo e nossas bocas se encontraram - elas sempre davam um jeito disso. Mas foi tão incrível á ponto de parecer a primeira vez! Suas mãos acarinhavam o meu cabelo, apoiadas em minha nuca, e eu o abraçava como conseguia. Tudo era mágico quando estávamos juntos, aquilo não poderia (e não iria) se perder por qualquer motivo externo - já era de nosso conhecimento que, mesmo com todas as complicações e o pouco tempo de intimidade, nós éramos maiores que isso. Pelo menos, quando assim, juntinhos.
Fomos parando o beijo aos poucos e compartilhamos da mesma respiração, extremamente descompassada, de modo que chegasse a nos fazer soltar pequenos sorrisos por isso. Nosso brilho nos olhos estava de volta e agora não mais por lágrimas tristes; era simplesmente a reação que tínhamos por estar um com o outro. E dessa vez, seria para valer. Qualquer amarra que poderia me prender eu tinha soltado, assim como tínhamos esgotado os assuntos que poderiam nos impedir de ir á frente. Agora era só tempo de caminhar entrelaçados rumo á mesma direção.
Lucas: Eu tô pensando em começar á gostar de aniversários... Olha esse presente bom que ele me trouxe - falou com aquele sorriso de moleque no rosto e aquilo acalmou meu coração... agora sim, estava tudo bem!
Nina: Eu já tava aqui há muito tempo - falei rindo
Lucas: Eu sei que sim, mas agora, trouxe isso - disse apontando para o meu braço, fazendo mais uma referência perplexa a tattoo - Eu sei também o quanto cê é cética quanto á tatuagem e se fez isso, é porque eu sou um pouquinho importante né? - disse, fazendo uma pequena medição com os dedos, me fazendo rir por sua falsa modéstia.
Nina: Cética - falei repetindo aquela palavra tão formal que ele usou e me divertindo ás custas disso - Tu é importante, não me faça repetir isso para alimentar seu ego - praticamente, gargalhei com a cara de ofendido que ele me encarou.
Lucas: Deixa eu ver isso de novo... - ele falou pegando o meu braço e eu ajeitei a manga da camisa, de modo que ela ficasse mais a mostra - Cara, ficou muito linda...
Nina: Eu também tô apaixonada...
Lucas: Por mim ou pela tatuagem? - ele me interrompeu e pressionou os próprios lábios, como quem segurasse a risada.
Nina: Seguindo o raciocínio que a tatuagem é pra ti, digamos que.. pelos dois?! - respondi, rindo e ele acabou me acompanhando - Bah, hoje tu tá afim de ter esse ego muito inflado mesmo.
Lucas: Qual é, né? Hoje eu posso, amanhã é meu aniversário...
Nina: Tá bom, tá bom, vou te conceder essa cortesia! - disse o interrompendo, com ar de vencida.
Lucas: Nossa, que mocinha boazinha - falou levando os dedos pra a minha cintura e ali fazendo cócegas, instalando em mim uma risada instantânea
Nina: Lucas, não, pelo amor de Deus! - supliquei em meios ás gargalhadas, que ele também me acompanhava só por não se aguentar frente á minha reação de tentar fugir, em vão, das suas cócegas - Ai, tu me mata assim, sabia, guri? - falei ofegante, logo que ele decidiu parar e ainda ria ás minhas custas.
Lucas: Agora que eu tenho uma namorada, eu não posso ficar sem ela - ri, quase como no automático, mas parei aos poucos, quando me dei conta do termo que ele havia usado.
Nina: Eu... Ouvi bem? - perguntei, elevando uma de minhas sobrancelhas.
Lucas: Vai... A gente não precisa de rótulos entre a gente, mas talvez vamos precisar pra nos apresentar aos outros. E mesmo que cê seja uma amiga maravilhosa, eu não quero mais te apresentar como só isso...
Nina: Que lindinho - brinquei, enquanto descansava os meus braços em volta de seu pescoço, nos aproximando ainda mais - Só que quem te assegurou que eu iria aceitar, assim, tão fácil?
Lucas: O meu ego inflado - falou rindo e tornando impossível que eu me mantivesse séria, ainda mais com aquele ínfima distância.
Nina: Realmente, o ego está infladíssimo... Depois teremos que resolver esse problema do meu namorado - usei o mesmo termo, sorrindo, e o sorriso que brotou no rosto do Lucas fez valer a pena, por alguns segundos, o uso dos rótulos. Não falamos mais nada e nem precisávamos - um beijo era a única coisa capaz de expressar a importância daquele momento.
O tempo sempre passa muito rápido quando eu estou com o Lucas e dessa vez, mais do que nunca, o relógio correu. Estávamos tão perdidos dentro da presença um do outro, aproveitando tudo estar tão bem entre nós e sim, namorando ali na praia que somente quando o Sol começou a dar sinais que iria se pôr que nós nos tocamos que precisávamos ir embora.
Lucas: E agora? E o que nós vamos fazer? - ele perguntou enquanto já de pé, esticava as suas mãos para me ajudar a levantar da areia.
Nina: Ir pra casa? - eu respondi em um tom óbvio, balançando o meu corpo pra tirar a areia e o vendo fazer o mesmo.
Lucas: Pra minha, né? - o olhei, depois de pegar os meus chinelos, exatamente porque sabia que ele estaria com aquela cara quase infantil de tão pidona.
Nina: Sua família não tá aí? - perguntei, não aguentando e deixando que um risinho escapasse pelo canto dos lábios ainda pela cara que ele fazia.
Lucas: Tá, mas isso não é um problema! Aliás, amanhã é meu aniversário, cê tem que dormir lá comigo, sabia? Tá no livro de mandamentos dos namorados - gargalhei a ponto de jogar um pouco a minha cabeça pra trás e ele acabou me acompanhando.
Nina: Tu é uma figura, como é que nega alguma coisa pra ti? - disse ainda me recuperando
Lucas: Essa é mesmo a intenção - falou passando o braço pelos meus ombros, rindo - Cê veio de carro, é?
Nina: Vim, tá aqui pertinho
Lucas: O meu também! Então, bora! - falou enquanto já estávamos caminhando na areia de volta ao calçadão. Por realmente o meu carro estar bem pertinho dali, não demoramos nada para alcançá-lo e Lucas foi até lá comigo, onde eu já cheguei destravando as portas.
Nina: Nós vamos passar lá em casa antes, né? Eu preciso pegar, ao menos, uma roupa de dormir e alguma que dê para eu ficar amanhã...
Lucas: Olha, cê já leu rápido assim o livro de mandamentos dos namorados? Porque é assim mesmo que tem que agir, dormir lá e passar o dia todo do aniversário comigo - gargalhei mais uma vez, acompanhada por ele.
Nina: Hoje tu tá demais, meu Deus! - falei ainda rindo.
Lucas: É o bom humor do amor - disse, rindo - Vai, vamos! A gente passa lá na sua casa e aí é bom que cê deixa seu carro lá.
Nina: Tá bom... bora! - estiquei meus pés para dá-lo um selinho e entrei no carro enquanto o via caminhar no mesmo sentido da rua, provavelmente indo até onde o seu estava estacionado. 
Tentei acompanhá-lo com os olhos e por sorte, nossos carros - coincidentemente - estavam estacionados tão próximos que eu ainda consegui vê-lo entrar no seu. Aproveitei aí, então, para retirar o meu da vaga e nós saímos praticamente juntos rumo ao condomínio. Aquela hora era sempre normal ver um Rio de Janeiro com um trânsito mais intenso, mas com um pouco de sorte, não demoramos a conseguir entrar no condomínio. Estava um pouco a frente do Lucas, mas assim que estacionei na minha casa, podia ver o seu carro fazer o mesmo ali por perto. 
Então, peguei o que eu tinha ali dentro pra pegar e saí, travando o carro e ainda esperando que Lucas saísse do seu - enquanto abria a porta de casa, para adiantar.
Ele não demorou nada para chegar em minha casa e fechei a porta logo em seguida, não demorando para vê-lo sentar lá no meu sofá e mexer em seu próprio celular.
Nina: Ei - disse chamando a atenção dele - Vou tomar um banho rapidinho e separar as coisas, tá?
Lucas: Cê disse que só ia pegar as coisas... - falou me encarando
Nina: Estar limpa faz parte do livro de mandamentos dos namorados e do código que rege a humanidade, Lucas - ele, enfim, gargalhou e eu não consegui ficar séria.
Lucas: Sua sorte é que Willi me chamou aqui - disse fazendo referência ao celular - E vô conseguir me ocupar pra te esperar.
Nina: Ahhh, até parece que eu demoro! - falei colocando as chaves em cima do rack, fazendo cara de tédio - Qualquer coisa liga a televisão aí também! - falei apontando pro controle que estava em seu lado no sofá.
Lucas: Tá bom, vai ô, tomar seu banho...
Nina: Tô indo, tô indo... - disse indo até ele para dá-lo um selinho, mais uma vez, e saí da sala de estar rumo ao meu quarto apenas para pegar uma nova roupa.
Passei pro banheiro a fim de tomar o meu banho e demorei um pouco mais que o planejado - até porque, pra mim, estar embaixo do chuveiro era uma das horas mais relaxantes do meu dia, logo muito fácil de se perder o horário. Mas ainda sim, quando saí e me enxuguei, consegui ser um pouco mais rápida: Vesti o vestidinho estampado em flores e de malha fina que havia separado, prendi apenas a parte da frente do meu cabelo e voltei ao meu quarto com o intuito de pegar mais algumas coisas. Depois que achei uma pequena bolsa minha, pus ali dentro uma roupa de dormir, duas peças íntimas, mais um par de roupas para amanhã e fui pegar a minha escova de dentes que havia esquecido. Aproveitei para me perfumar também e depois que peguei a minha bolsa, estava devidamente pronta - como planejava.
Nina: Fui pra balada e armei um piseiro, beijei mais bocas que batom vermelho, mas eu ainda me vejo com você... - fui cantarolando pra sala, até chegar lá e ver o Lucas me encarando como quem segurasse o riso - Que foi? - perguntei, sentindo minha testa franzir.
Lucas: Cê tá ouvindo o que cê tá cantando?
Nina: Putz! - levei a minha mão ao rosto, rindo, e agora sim me dando conta que aquela música era do Lucas - Ás vezes, eu até esqueço que tu é o Lucas Lucco - ele acabou rindo, me acompanhando
Lucas: Isso é bom, né? 
Nina: É! Mas foi até bom ter falado nisso... Guri, sabe por que eu tô com essa música na minha cabeça? Eu juro, desde ontem, eu a ouvi três vezes na rádio. Não tem nem como esquecer dela! 
Lucas: Graças a Deus - falou rindo e eu acompanhei - Tá pronta, é?
Nina: Tô! Por mim, a gente pode ir.
Lucas: Então bora! - ele disse apoiando as mãos nos joelhos e logo se levantando, depois ainda se encurvando só pra pegar o controle e desligar a televisão.
Permiti-me pegar apenas as chaves de casa - já que eu ia no carro dele para lá - e desliguei as coisas, saindo nós dois juntos. Lucas destravou as portas de seu carro quando nos aproximamos dele, ainda fazendo a gentileza de abrir a porta pra mim, e eu entrei ali já colocando o cinto, assim como ele. Incrivelmente, dessa vez nós não fomos conversando muito pelo caminho, mas aquele silêncio foi de extrema utilidade para mim - fui pensando, durante todo o tempo, em todas as coisas que estavam acontecendo. Era tão louco, mas entre tantas certezas e incertezas, dessa vez algo em mim dizia que estava tudo certo. Não tinha mais porque não está. Eu poderia ser a pessoa mais complicada do mundo e o Lucas, por vez, também sabia estar nesse papel, mas a gente parecia ter algo muito maior que nos movia: a vontade de estar um com o outro. Dentre todas as nossas conversas e desentendimentos, o final era sempre o mesmo - ficávamos juntos. 
E hoje, de uma maneira ou de outra, conseguimos selar isso. Mais um passo foi dado, ainda que do nosso jeitinho. Eu poderia considerar o Lucas meu namorado e me orgulhava já em ouvir ele afirmar isso. Nós não precisávamos daquilo, no fundo, mas era um rótulo que trazia um conforto por saber que estava tudo bem. Melhor do que isso, nós estávamos indo bem. Cada hora mais um pouquinho á frente. E eu me encontrava num estado quase pleno de felicidade, como há muito tempo não sentia. Lucas voltou á me dar sentido, ele é o responsável pela reconexão comigo mesma que eu vinha buscando. Encontrá-lo foi como me reencontrar e talvez essa seja a razão de eu o querer tanto. Eu conseguia me ver nele e quando não, ele tornava-se motivo para eu almejar melhorar. Definitivamente, hoje eu entendia como ninguém o sentido de Deus escreve certo por linhas tortas. Apesar de todas as sinuosidades da minha vida, ainda tinha algo certo preparado pra mim. E a rapidez da chegada disso em minha vida, certamente, contou com uma ajuda especial que chegou lá no céu. Rafael sempre gostou de me ver sorrir e com o Lucas ao meu lado, eu não sabia fazer outra coisa. Ele estava feliz, eu sentia isso e logo, me sentia em paz. Estava tudo bem, fosse no mundo material ou não.
Lucas chamou a minha atenção quando já estávamos próximos a estacionar na sua casa e então, aqueles pensamentos voaram. Ele parou ali em frente, destravando as portas para que pudéssemos sair e procurando em seu bolso a chave de casa, pra enfim entrarmos ali. Era natural que eu estivesse um pouco nervosa - na verdade, eu sempre ficava - por saber que sua família estava ali, mas relaxei quando naquele primeiro cômodo, não encontramos ninguém.
Lucas: Ué? Cadê todo mundo nessa casa? - ele falou trancando a porta.
Nina: Não faço muita ideia - soltei um risinho e logo o senti pegar a minha mão.
Lucas: Vem que esse povo deve tá tudo ali, ó - disse apontando para outro ambiente que dava continuidade a sua sala de estar e quando chegamos lá, realmente os encontramos lá. Seu pai e seu irmão pareciam estar jogando alguma coisa sobre a grande mesa que tinha ali, enquanto a sua mãe estava com os pés esticados em outra cadeira e distraída no celular.
Leandro: Ô fi, que susto! - falou assim que nos olhou, levando a atenção de todo mundo para nós e trazendo riso, ao menos, pra mim e pro Lucas.
Karina: Cê conseguiu chegar silencioso mesmo ou eles dois que tão fazendo muito barulho aqui nesse jogo? - disse rindo, mas eu podia ver seu olhar intercalar entre o filho e as nossas mãos que ainda estavam juntas. Inclusive, causou um leve rubor nas minhas bochechas e mesmo temendo que ela pudesse dizer algo, não consegui soltar as mãos do Lucas.
Lucas: Num sei, acho que cês que tão muito distraído aí...
Paulim: Até porque o Lucas não sabe chegar silencioso, né?
Lucas: Ah ôh, pai! - falou trazendo ainda mais graça pro ambiente.
Nina: Oi gente! Nem consegui cumprimentar vocês... - falei sorrindo, acenando com a mão livre.
Leandro: Povo sem educação nessa casa, né? - falou rindo, me olhando.
Paulim: Tudo bem, Nina?
Karina: Olá! - ela falou sorrindo, parecendo simpática mais uma vez, antes que eu pudesse responder o seu marido.
Nina: Tô bem sim e você? - falei diretamente ao Paulinho.
Paulim: Também, graças á Deus!
Lucas: E aí, falta muito pro cês acabarem isso aí? - falou prestando atenção naquele jogo de cartas posto sobre a mesa entre seu pai e seu irmão.
Leandro: Só mais uma né, pai?
Paulim: Só mais uma pra eu terminar de vencer aqui teu irmão
Leandro: Sai fora - falou trazendo risos á todos nós.
Lucas: Então bora lá em cima que quando a gente descer, eles já saíram desse vício e a gente consegue conversar direito - falou diretamente a mim, me trazendo de volta a timidez, mas ainda sim não consegui negá-lo - E isso inclui você hein dona Karina?! Larga esse trem, ô! - falou levando os olhos á mãe, que logo riu.
Karina: Olha quem fala né, mocinho? - disse ainda rindo, mas não falamos mais nada e o Lucas logo tratou de ir me levando pra fora daquele cômodo.
Subimos as escadas juntos e eu sabia muito bem como eram as coisas naquela casa, mas era impossível manter o mesmo jeito que eu tinha quando estávamos juntos ao saber que sua família também estava ali. Meu acanhamento quase adolescente me fazia sempre ficar um pouco mais desconfortável quanto á isso, não tinha jeito.
Lucas: Pode colocar suas coisas aí, Nina... - falou logo que entramos em seu quarto e depois que eu entrei, ele arrastou um pouco da porta de correr, como quem a encostasse.
Nina: Vou pôr - disse, logo em seguida deixando minha bolsa sobre o pequeno estofado que tinha em seu quarto.
Lucas: Cê tá tão fofinha com essa roupa - falou me fazendo virar pra olhá-lo e ele estava com um sorriso no rosto.
Nina: Tu tá me zoando, é? 
Lucas: Não! Tô falando sérião memo... Ficou muito bonitinha! - ele disse tentando soar o mais sincero possível pra que eu parasse de pensar o contrário.
Nina: Eu gosto desse vestido mesmo - falei me virando para o espelho que ali tinha e me encarando nele, passando a mão sobre o pano da peça.
Lucas: É fofo! Vai, deixa eu tirar uma foto sua - o vi pelo reflexo se esticando para alcançar o celular que ele já tinha posto sobre o criado mudo ao lado da cama.
Nina: Olha que eu vou achar que tu tá querendo me zoar mesmo
Lucas: Para, ô! Faz pose de modelo aí - falou rindo, se sentando na cama de modo que conseguisse tirar uma foto minha ali e sem sair no reflexo do espelho. Fiz algumas poses, sempre rindo entre elas e depois que ele bateu umas três, eu corri para me sentar em seu lado.
Nina: Deixa eu vê isso aí, Lucas! - falei o vendo abrir a galeria de seu celular.
Lucas: Ó, ficaram lindas! Já posso ser promovido á seu fotógrafo, quantas vezes eu vô ter que falar isso? - disse todo convencido de si, como sempre.
Nina: Ih, guri, ficaram boas mesmo, hein! - disse observando o resultado das fotos, mesmo que o aparelho ainda estivesse nas mãos dele.
Lucas: Vô até postar pra expôr memo meu dom e minha modelo.
Nina: Tá falando sério? - falei o encarando
Lucas: Hoje eu tô com nariz vermelho, Nina? - disse me fazendo rir e no fim, ele acabou me acompanhando - Posso, né?
Nina: Pode, mas não causa muito na legenda, tá? - ele gargalhou
Lucas: Gosto de fazer isso não...
Nina: Aham - ironizei e ele continuou rido, mas agora já focado no celular - Espera que eu vou pegar meu celular também pra vê como é que tá isso aí
Lucas: Vai logo que eu já até postei - disse, enquanto eu me levantava pra buscar meu celular que eu tinha jogado dentro da bolsa. Assim que o alcancei, abri logo no instagram - porque ele não tinha me marcado -, mas era de cara a primeira postagem.
@lucaslucco Fofínea.
marianateixeira Lindinhaa!!
doidasdolucco Eu quero tanto que você seja feliz....
anjosemasasll Você com a Nina é meu amor todinho!!
minadolucco Eu amo essa AMIZADE! rs
newsleandrolucco Fofíneos são vocês dois!! Af, eu amo muito!
tatialcantara Ela é maravilhosa, meu pai
perfectlucco Quando vai soltar ela? Já passou da hora rs
ellendolucco Ela é tão fofa, socorro
nunesandrea Quem é essa?
luccoprince Ela vai passar o aniversário dele com ele, vamo apostar?
surfilipe Nina é uma bebê, preciosa demais!
fclucco_bahia @ninabarsanti nova amiga inseparável dele @nunesandrea 

Nina: Fofínea? - olhei pra ele, rindo, depois de curtir a foto.
Lucas: É, ô, me deixa com meus apelidos - falou ainda rindo - Não, não, me deixa não, vem deitar aqui memo - disse todo jogado já na cama e ainda sim, batendo ao seu lado para que eu fosse pra lá.
Nina: A gente não vai descer? - falei, mesmo que indo de volta á cama - Sabe que se a gente deitar, a gente não levanta - ri, pensando na preguiça que sempre se instalava entre a gente - Inclusive, seus pais devem tá esperando a gente lá embaixo, né?
Lucas: Tão nada... Meu pai e o Zoca devem tá dando graças á Deus que dá tempo deles jogarem outra partida - falou rindo, esticando seu braço direito para que eu me deitasse ali e isso funcionasse como o meu travesseiro.
Nina: Enquanto a sua mãe deve estar contando os segundos que a gente tá aqui - falei já deitada, com o rosto virado pra ele e uma das mãos ajeitando o pano do meu vestido, de modo que não ficasse dobrado e não deixasse meu bumbum aparecer.
Lucas: Ela não é tão carrasca assim... Ciumenta, talvez - falou ponderando com a cabeça, me fazendo rir.
Nina: Tô brincando, eu sei que não! Depois do primeiro dia que eu a vi, ela sempre foi simpática comigo. Mas... que ela foi a única que reparou que a gente tava de mãos dadas, ah, foi!
Lucas: Nossa, nisso eu também me liguei - ele riu, voltando seu rosto a me encarar - Quando ela tiver uma oportunidade, ela vai me perguntar algo sobre isso, eu tenho certeza.
Nina: E tu vai contar? - perguntei, digamos que já tendo uma noção que a resposta seria positiva.
Lucas: Claro... Até porque, eu acho que isso tá no livro dos mandamentos dos namorados, né? - gargalhei de modo que até me deixasse de barriga pra cima, me mexendo na cama.
Nina: Meu Deus, a gente cismou com isso, né? - disse ainda recuperando o ar, com ele que ria.
Lucas: Fazer o que, né? É uma boa pra justificar tudo agora - falou aproveitando que eu estava deitada em seu braço e usando a sua mão pra acarinhar o meu cabelo.
Nina: Guri... Vai fazer isso que eu dou só cinco minutos para eu dormir aqui e agora, sabia? - falei o olhando e vendo que ele também me encarava.
Lucas: Não deixo - falou com um sorriso que permeava entre a fofura e a malícia, mas logo me fez entender o porquê. Finalizou a mínima distância entre as nossas bocas, iniciando um beijo que parecia nunca deixar de ser bom. Ou novidade.
As coisas entre mim e o Lucas eram exatamente dessa maneira: Gostosas, porque sempre pareciam novas, sempre parecia ter algo inédito ali para que desfrutássemos. A cada fração de segundos, era algo diferente e isso tornava tudo ainda melhor. Descobríamos um ao outro no silêncio que só se quebrava quando as nossas respirações ofegantes demais faziam necessária a parada daquele gesto. E então, descansávamos entre selinhos e com as nossas mãos que acariciavam todo o restante do corpo do outro. 
Lucas: Por que é tão difícil parar com cê, hein? - disse rindo, ainda me roubando um selinho 
Nina: Queria entender, porque compartilho dessa opinião aí - ele quem riu, dessa vez
Lucas: Vai, vamo descer que eu tô ficando com fome e depois a gente se resolve - falou meio que se espreguiçando, colocando sua barriga para cima e esticando as suas pernas o máximo que podia.
Nina: A gente se resolve - ri da expressão que ele usou e acabei me sentando na cama num impulso, não enrolando mais naquela preguiça.
Lucas: Tá rápida, hein? Quem vê, nem pensa que é fã do Netflix - gargalhei e ele não se aguentou em me acompanhar, sentando na cama logo em seguida.
Lucas foi ao banheiro ainda, depois que levantou, e eu aproveitei aquele espaço curto de tempo para ajeitar o meu cabelo em frente ao espelho - porque aquela altura, já estava todo bagunçado de novo. Peguei o meu celular também e quando ele saiu, apenas descemos para ver como estava a família dele. Como ele mesmo esperava, eles ainda estavam todos na mesa, quase na mesma posição de quando subimos - a exceção de que agora, o pai e o irmão dele pareciam, enfim, guardar as cartas do baralho. 
Lucas: E então, que horas vai ter comida aqui nessa casa? - ele chegou, como sempre nada discreto, chamando logo a atenção da família dele pra si.
Leandro: Se cê tá esperando a minha mãe pra isso, olha...
Karina: Ah, Leandro...! - ela disse, quase repreendendo o filho caçula, e acabou nos fazendo rir - Cês querem que eu faça alguma coisa? Rapidinho? Eu até faço.
Paulim: Um jantarzinho ia ser bom, né? Aproveitar que a Nina tá aí também...
Leandro: Fazer aquela média que a gente é uma família normal, quando na verdade, a gente come é uns pães com ovo mesmo de janta
Lucas: Sai fora, mlk - falou rindo e me fazendo rir também - Quer ajuda, mãe? - ele disse se virando para ela, que já estava se levantando da cadeira.
Karina: Precisa não, meu filho... pode aproveitar que tá chegando seu aniversário e descansar um pouco mais.
Paulim: Tá com moral hein?! 
Leandro: Isso é minha mãe querendo fugir das receitas de batata doce dele! - ri, porque definitivamente era impossível ficar séria perto do Leandro. De longe, era a pessoa com o melhor humor daquela casa.
Lucas: Vou até procurar a Lucca e a Luna que Leandro num tá merecendo minha presença não 
Paulim: Pega o violão, ô, Lucas, vamo tocar uma moda.
Leandro: Ô, aí sim eu faço esforço pro cê ficar por aqui - falou ainda zoando do irmão e quando a Karina passou por mim, eu me desconectei do assunto deles para chamar a atenção dela.
Nina: Quer que eu te ajude, Karina? - falei, o que a fez parar perto de mim.
Karina: Não precisa se incomodar, mas se cê quiser ir lá pra cozinha me fazer uma companhia, eu aceito.
Nina: Vou sim... Acho que eles vão ficar bem sem mim - disse deixando um sorriso escapar pelos lábios ao ver o Lucas, junto ao seu pai e ao seu irmão, em completo clima de descontração.
Assim, fomos á cozinha dali e eu aproveitei, enquanto a Karina parecia ir pegar algumas coisas na despensa, para pegar um copo d'água - porque estava verdadeiramente morrendo de sede. Não ficamos em completo silêncio no cômodo, pelo barulho que os homens faziam pela casa e por realmente parecer que o Lucas havia ido pegar o próprio violão, mas ainda sim aquilo me incomodava um pouco. Eu queria ter, ao menos, um pouco mais de assunto com ela para que evitasse me sentir acanhada daquela maneira.
Nina: O que vais fazer? - disse, na tentativa de puxar um papo, a vendo colocar o arroz integral em um pote para lavar.
Karina: Acho que algo que não é muito novidade - ela acabou deixando um riso escapar, antes de prosseguir - Um arroz, um frango, fazer uma saladinha e preparar um bacon pro Lucas, porque ele tá incluindo agora isso na refeição.
Nina: Ah... Está ótimo - sorri para ela, assentindo - Posso pegar pra te ajudar? - falei fazendo referência ao tomate  e o alface que estava sobre a bancada.
Karina: Pode! - ela disse se dando por vencida, sabendo que eu não conseguiria ficar naquela cozinha apenas a observando - Corta só o tomate primeiro que eu vou pôr o arroz no fogo e ainda vou lavar o alface.
Nina: Tá certo! - assenti, pegando apenas uma bandeja de vidro e a faca para poder, então, cortar o fruto.
Fatiei os tomates em tempo suficiente que desse para ela lavar as folhas de alface e eu aproveitei para recortá-las um pouco, de modo que não ficasse aquilo tão grande. Ela também tinha me dado um recipiente, onde eu já poderia colocar a dispôr a salada e então comecei a arrumar aquilo ali logo de uma vez.
Karina: Eu gosto do cê... - ouvi a voz dela quebrar o silêncio que perdurou muitos minutos, enquanto a mesma agora verificava o arroz no fogo. 
Nina: É... eu também! - falei quase gaguejando, surpresa por aquela fala dela - Quer dizer, eu gosto de ti também - disse ajeitando a minha frase, me perdendo um pouco nos variados sentidos das palavras. Ouvi-a rir, virando-se pra mim.
Karina: Sabe, Nina, eu tô falando isso, porque eu percebo cê sempre mais a vontade com o Paulinho ou com o Leandro e quando é algo relacionado á mim, cê parece sempre mais desconfortável - ela apoiou as mãos sobre a bancada e eu parei de organizar a salada para dedicar a minha atenção aquela conversa - Espero que eu nunca tenha te tratado mal...
Nina: Não, não, não é isso! - afirmei apressada, a interrompendo - Em todas as vezes que nos vimos, você me tratou muito bem. Eu vou ser sincera que me sinto um pouco mais tímida perto de ti, mas eu acho que também são coisas do seu jeito... o Paulim e principalmente o Leandro estão sempre brincando, né? Acho que é mais normal a gente se sentir próximo mais rápido.
Karina: Eu entendo! Mas eu também não sou tão séria assim - ela riu e eu acabei acompanhando - É que... eu sei que cê e o Lucas não são só amigos - ela disse e foi inevitável que a minha timidez se reproduzisse num leve queimar sobre as minhas bochechas - E mesmo torcendo muito pra que meu filho seja feliz, querendo realmente que ele encontre uma pessoa incrível, digamos que ele tem um dedo um pouco podre pros relacionamentos - ela falou de um modo que chegou a me fazer rir - Ele também costuma conversar mais sobre essas coisas com o pai ou com o irmão, então, ás vezes a minha postura é assim por estar mais de fora do assunto, consegue entender?
Nina: Claro! E além de tudo, és mãe, né? Acho que esse tipo de preocupação é muito normal. 
Karina: Fico feliz que cê entenda - ela sorriu, parecendo aliviada. Karina era uma boa pessoa, mas quando se tratava dos seus filhos, era visível que ela poderia se transformar no quisesse para defendê-los; era o verdadeiro espírito de leoa que eu tanto já ouvi falar - E também o Lucas já conversou comigo sobre você. Ao menos um pouco, me contou sobre a sua vida. Incrivelmente e como dizem que mãe não costuma falar, eu acho que dessa vez ele te escolheu com outro dedo... Um que ainda não está podre - ela riu, tentando mostrar seu bom humor, e eu acabei acompanhando. O alívio agora parecia mútuo, porque eu realmente me sentia melhor em ouvir essas palavras vindo dela mesma.
Nina: Eu que fico feliz em te ouvir falando isso... Um pouco aliviada até, confesso - dessa vez, rimos juntas.
Karina: Cê é uma boa pessoa, Nina. E esse tipo de gente está se tornando raro, infelizmente. Então, eu não quero espaço para mal entendidos... 
Nina: Se tinha algum, pode ficar bem tranquila que desapareceu. Eu gosto muito de estar com vocês, já falei isso com o Lucas. E gosto dele também, eu só penso em o fazer bem... Seu filho que é raro - falei, percebendo que quando se tratava do Lucas, os elogios praticamente fluíam para fora da minha boca e eu só pude me dar conta disso quando vi o grande sorriso da Karina se formar.
Karina: Cês se fazem bem, isso é muito nítido. Então, eu só posso gostar muito disso também, né? - dessa vez, foi a minha deixa para sorrir - Agora vamos terminar esse jantar que se cê ver como ficam chatos esses três homens com fome, cê vai desistir rapidinho da nossa família - o meu sorriso se tornou gargalhada e logo todo aquele clima na cozinha se transformou. Verdadeiramente, eu não tinha outra palavra.
Começamos a acelerar o ritmo da refeição daquele pequeno jantar e ainda que nas vezes que eu e a Karina ficávamos em silêncio, o desconforto já não tinha espaço mais. Era incrível como poucas palavras foram suficientes para que eu enxergasse a Karina ainda além do que a imagem que eu tinha formado dela. Tudo o que eu queria era que as coisas entre mim e o Lucas desse certo e parecia que o mundo conspirava a nossa favor por todos os cantos dele. Definitivamente, eu não podia me sentir mais feliz e descansada nessa certeza.

Recadinho: Oi, meninas! Hoje eu tenho bastante coisa pra falar, então, sentem-se lá vem textão e Gabs tagarela haha primeira coisa é quanto a tattoo da Nina - eu errei! Sim, gente, pensei que seria nesse capítulo que estava a foto, mas na verdade, está no próximo. Aqui vocês só descobriram, mais ou menos, o que é pela descrição que ela faz. Mas eu prometo que no próximo tem a foto e vocês vão entender em que contexto se encaixa essa demora (e desculpem pelo erro, é que eu já estava com esse capítulo pronto há um tempo e havia me esquecido mesmo). Segunda coisa - eu sei que nós temos um contrato quanto aos dias de postagem e eu tô me esforçando ao máximo para seguí-los, de modo a não furar com vocês, mas quero pedir também que me ajudem. Eu adoro ler os comentários de vocês e ás vezes, fico meio perdida em pensar que quando eu estava repostando os capítulos, lia mais comentários do que agora, que eu tanto preciso da opinião. Por favor, deixem o que estão achando, sejam quanto á acertos e erros da história. O incentivo faz uma diferença enorme, é sério! Sem contar que o número de visualizações tá aumentando muito, então, eu sei que tem gente aí, né? Terceira coisa - ainda não vai ter treta, porque eles precisam um pouco de paz, né? Vem bons momentos e vão trazer novamente os amigos da Nina, do Lucas, que estão um pouco em falta. Mas, também gostaria de algumas ideias para tretas futuras (tô um pouco sem criatividade e vocês sempre me ajudam, né?). Pode lembrar do fato que a Nina não sabe da conversa Lorena-Lucas. Enfim, chega, né? Hahaha. Próximo capítulo tem duas partes do aniversário do Lucas!! Aguardem. Bjooo!
Observação: Me perguntaram do grupo no último capítulo e eu respondi por lá mesmo, por favor, quem foi vai lá dá uma olhada.

19 comentários:

  1. Ai meu core!!!! Pode ta muito apaixonada por esse capitulo? PODE SIM. Esses dois sao muito amor messssmo. Não tem nem o que falar, e mal posso esperar por esse aniversário, pelas declaracoes e pelo pedido de namoro oficial. E quanto a Lorena, vamos deixar ela longe do casal mais fofíneo do mundo das fofuras, haha! Beijão!!!!

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  2. Que bom que as intrigas acabaram, espero ver elas nem tão cedo rs

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  3. Tô amando tanto esses dois juntinhos

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  4. Sinto saudade da Nina mencionando o Rafael

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    1. Mas ela lembrou do Rafa nesse capítulo,e a fanfic é sobre o Lucas,não sobre o Rafa. É óbvio que ela irá lembrar do Rafa em certos momentos

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    2. Ah gente para com isso rs a Nina nunca vai esquecer do Rafa

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    3. Eu sinto falta também de alguns momentos que a Nina narrava com o Rafa

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  5. Você se supera cada vez mais !!! Meu, estou encantada com esse capítulo, parece ser tudo tão real ... Você é fantástica ��

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  6. As tretas nem chegaram e eu já quero que elas acabem hahaha não gosto de treta. Estou chocada com a coragem da Nina de fazer a tatuagem,achei a atitude dela linda. O que foi esse casal na Praia? Maravilhosos e fofos demais,não canso de dizer,sou apaixonada por esse casal

    Manu

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  7. Chega logo sábado !!!! Hahaha
    Tô ansiosa demais pra ver a tatuagem da Nina

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  8. Que capítulo fofíneo. Tô muito ansiosa pra ver essa tatuagem

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  9. Fofíneo - essa é a palavra que define esse capítulo! O que tenho pra falar sobre esse capítulo é o pequeno espaço de tempo que eles ficaram sem se falar: a atitude do Lucas colocar um fim em relação a Lorena e a nova tatuagem da Nina. Confesso que, para que continue com essa sintonia deles, eu sugiro que o assunto Lorena não volte mais, ou seja, acho que a Nina não precisa ficar sabendo da conversa. E sobre esse fim de tarde na praia como dois passarinhos apaixonados, eu pude dizer: FINALMENTE LUNINA! E com as brincadeiras deles dois dizendo que está no manual dos namorados, a conversa dela com a Karina foi o suficiente pra não ficar com esse ar pesado... Eu particularmente, adorei esse pedacinho de capítulo! E que venha os vinte e cinco anos do melhor ídolo do mundo! hahaha

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  10. E acabei esquecendo de falar: TÔ ANSIOSA DEMAIS PRA VER ESSA TATUAGEM. E que venha a primeira e a segunda parte desse capítulo TÃO especial. Fica com Deus Gabi!

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  11. Eu, a cada capítulo, fico mais encantada por esses dois. É muito amor! Essa conversa da Karina com a Nina, graças a Deus aconteceu, porque eu percebia elas sempre um tanto "distante", não muita coisa, mas enfim. Eu também mal posso esperar pelo o encontro das famílias do casal! Sobre tretas: da primeira vez que foi postada a história, eu me lembro que havia dado uma ideia de treta, tipo, algum amigo da Nina vir da Califórnia para o Rio e ela levá-lo para conhecer a cidade e isso dê uma enciumada no Lucas, mas é óbvio que tretas podem acontecer mais pra frente porque chega de terminar capítulo com o coração na mão hahahaha Beijos e (vai ser dificil aguentar) até sábado =)

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  12. Quero uma história de amor assim também, socorro! Os dois são perfeitos. Que chegue logo sábado, to muito ansiosa!!!!!

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  13. Eu só acho que a nina tem que fazer textão de aniversário pro Lucas 😍😍😍
    Amando sua fic, assim como a outra ❤️
    OBS: A outra eu terminei de ler por esses dias, e já comecei a ler essa. Agora eu vou ter a oportunidade de comentar 😍❤️

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