sábado, 17 de setembro de 2016

Chapter 24 - first part.

Para mim, pareceu mesmo que aquela conversa com a Karina foi o ligar das turbinas para tudo seguir no caminho que deveria sem qualquer peso. Depois daquele momento, nós conseguimos terminar de fazer o jantar e fomos chamar o restante da família para que fizéssemos a nossa refeição juntos. Desde a primeira vez eu pude me sentir muito próxima á eles, como em casa mesmo, mas dessa vez eu beirava a estar plena - me diverti, brinquei, ri e me senti com a minha família de fato. E pela quantidade de sorrisos que o Lucas me deu, certamente, ele conseguia perceber o quão mais solta eu estava. Após a refeição, conseguimos convencer o Paulinho e o Leandro a lavarem as louças - livrando o Lucas que, mais uma vez, se beneficiou com a proximidade do seu aniversário - e ele aproveitou, então, para ir procurar um filme para vermos. 
Eu e a Karina ficamos já na sala junto com ele que pediu nossa opinião dentre todas as suas dúvidas, mas quando o Paulinho e o Leandro chegaram na sala, já tínhamos uma opção pronta. Escolhemos por um filme de comédia e quem diz que riso é contagioso, não poderia estar mais certo. Nos divertimos muito juntos e mesmo quando o filme acabou, ainda sobraram muitas risadas e muitos resquícios das cenas entre nós. O clima, verdadeiramente, só cessou quando a Karina se levantou, alegando que tinha quase uma necessidade de ir buscar um copo de água.
Karina: Filho... - ela disse no meio de seu caminho pra cozinha, chamando não só a atenção de Lucas e Leandro, como a minha e do Paulinho também - Quer dizer, Lucas.. - ela falou rindo, percebendo a confusão dos meninos pra saber sobre quem se tratava - Enfim, já são meia noite! Já é seu aniversário, meu amor! - ela voltava em direção á ele, desistindo de ir a cozinha por ter se dado conta do horário.
Leandro: Na verdade verdadeira, já são 00:08 - ele disse encarando o celular, na tentativa de zoar a mãe e o irmão, nos fazendo rir.
Lucas: Bonito minha família demorando oito minutos pra se dar conta que já é o meu aniversário - ele fez aquele drama carregado do humor dele, enquanto a Karina já se encurvava
 para abraçá-lo.
Karina: Sem tanto drama, por favor - falou ainda rindo, enquanto começava a dizer todos os seus desejos de aniversário ao filho e eu, ainda que antes bem junta ao Lucas, tentei me afastar um pouco para deixá-la a vontade - Cê sabe que é um presente de Deus pra mim. Não teve um dia nesses vinte e cinco anos que eu duvidei disso. Te amo demais, viu? Que os Céus te cubram de bençãos - ela deixou as mãos apoiadas sobre o rosto do Lucas e eles trocaram aqueles sorrisos que eram tão intensos a ponto de conseguirmos sentir ali externamente á cena.
Lucas: Obrigado, mãe... por tudo! Amo a senhora demais também - ele respondeu, abraçando-a mais uma vez.
Paulim: Então vamos dar parabéns também, né? - falou rindo, já de pé e vindo se encostar do outro lado onde Lucas estava sentado - Cê sabe que eu não gosto do meu aniversário, mas acho que cê não devia ter puxado isso de mim... até porque, o teu é um dos que eu mais adoro comemorar. É bom te ver virar homem, meu filho! Sinto muito orgulho do cê! Parabéns! - falou abraçando o filho como dava pelo jeito que eles estavam.
Lucas: Virei homem ainda não, um dia vô ser que nem o senhor! Te amo!
Paulim: Eu também! - ele sorriu, causando o mesmo no Lucas, e deixando ali explícito uma das cumplicidades mais bonitas que eu já vi em relacionamentos paternos.
Leandro: Vô ter que levantar, né? - virou o rosto para olhar pra nós que estávamos sentados no sofá atrás do tapete, onde ele ainda estava esparramado
Lucas: Num sei, mas eu acho que é bom, viu? - falou zoando o irmão, o que nos fez rir. Aproveitei a brecha e enquanto o Paulim também se levantava do sofá - que encostou apenas pra dar parabéns - pra que eu desse uma pequena felicitação pro Lucas.
Nina: Então, né... - me virei pra ele, rindo - Feliz aniversário! - sorri um tanto quanto sem graça e puxei seus ombros para um abraço, que ele correspondeu com a maior intensidade do mundo, como sempre.
Lucas: Obrigado, minha linda! - ele sorriu de volta pra mim e quando fomos nos soltando, a dúvida entre beijar o seu rosto ou dá-lo um selinho pairava em mim. Por sorte, Lucas conseguia ser uma pessoa muito mais bem resolvida que eu quanto á esse aspecto e não se privou de deixar um selinho em meus lábios, fazendo com que eu sentisse minha bochecha queimar um pouco pela presença de sua família ali - mas inegavelmente feliz.
Leandro: Ah não, ou, cê levanta também - falou logo puxando o irmão, assim que parou em nossa frente e aquela graça já logo cortou a minha timidez - Parabéns, mlk! Agora é sério memo... Cê num tem ideia do que significa pra mim!
Lucas: Te amo! Muito memo, Zoca - eles se abraçaram e ficaram ainda um tempinho aproveitando a presença do outro, fortalecendo em mim a visão que eu já tinha do quão apegado o Lucas era a sua família.
Leandro: Pô, acho que eu vô aproveitar que já me fizeram ficar de pé, né? - falou direcionando o olhar ao Lucas, me fazendo rir - E vou subir... tô é quebrado!
Paulim: Tá na hora mesmo... Tô querendo deitar também!
Karina: Eu vou só pegar uma água e já vou. Vai deitar também, Lucas? - disse diretamente á ele, que também permanecia de pé como todos eles - a exceção de mim.
Lucas: Vou... Vamos subir, né? - falou virando-se para mim e eu concordei com a cabeça, logo me levantando e parando ao seu lado.
Paulim: Então bora levantar acampamento todo mundo que quando a gente acordar tem é dia pela frente!
Concordamos com a certa animação do Paulinho e ainda esperamos a Karina pegar a água dela - aproveitando para desligar as coisas ali na sala de estar - e assim, podermos subir todos juntos. Nos cumprimentamos com mais um boa noite e eu entrei no quarto do Lucas, assim que ele me deu passagem, logo em seguida fechando a porta atrás de si.
Nina: Lucas... Cadê uma tomada? Meu celular vai acabar a bateria - falei o mostrando a tela que já estava até fosca de tão baixa que estava a porcentagem.
Lucas: Do lado da cama tem... Meu carregador tá ali também, se cê quiser usar ele mesmo - falou apontando em direção ao objeto.
Nina: Essa ia ser a próxima pergunta - falei rindo - Vou usar mesmo, tá? - o vi assentir com a cabeça, enquanto eu já me sentava em sua cama e pegava o carregador para plugar o celular.
Lucas: E eu vou tomar banho... O controle da tv também tá aí, cê já sabe, né? - concordei com a cabeça.
Nina: Mania de tomar banho antes de dormir, é? - ele riu
Lucas: Também, mas dessa vez eu preciso tomar meu primeiro banho com vinte e cinco anos... faz bem, gosto de começar o aniversário limpinho - dessa vez, foi a minha de gargalhar.
Nina: Depois tu fala que sou eu quem não bato bem! - disse ainda recuperando o ar - Vai lá, vai lá... 
Ele passou pro banheiro rindo, enquanto eu fiquei ali na cama lutando contra a minha preguiça até mesmo para trocar de roupa. Usei o celular para enrolar ainda mais e enquanto zapeava por todos os cantos do aparelho, parei percebendo que eu tinha algumas fotos da minha tatuagem lá na galeria e eu ainda não tinha postado. Para falar a verdade, o agora era ainda mais oportuno para publicá-la - visto o que ela significava pra mim e de certa maneira pra quem foi dedicada. Hesitei, obviamente, ao me dar conta que isso podia tomar uma proporção que fugisse do meu controle. Mas queria exibi-la e sabia que não tinha melhor dia do que hoje para que, pelo menos, o Lucas entendesse o que eu queria dizer. Tudo estava nos seus devidos trilhos e bom, o que nela estava escrito se confirmava: Nós, realmente, éramos suficientes.  
Assim sendo, recortei apenas um pouco da foto e enviei para o instagram sem necessidade de edição, tornando a postagem ainda mais rápida do que eu pensei.
@ninabarsanti Midnight.
mariiarmada QUE TATTOO LINDA! Tô sofrendo querendo copiar! 
mateuspires A tatuagem tá muito bem feita, salve pro artista, hein!
apegolucco 
midnight = meia noite = 04 de abril = aniversário do Lucas = tattoo pra ele SE FOR SONHO NÃO ME ACORDE
preciouslucco CARALHO @apegolucco
tutisdolucco Isso pode ser pro Lucas? Não brinca com meu coração
talitaalbuquerque Você e o Lucas Lucco juntos????
sorrialucco Socorro, isso não é coincidência!!!!!!
torrespati Vocês viajam KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
gabimattos Tattoo pro @lucaslucco é porque tá sério, viu? Faça ele feliz, por favor!
lucco_sarah Ela tá passando o aniversário com ele, postou isso... o que vocês acham que é?
alllucco GENTE! Eles são amigos. Por que vocês cismam em juntar as coisas nada a ver?
sinceeverlucco Nunca pensei que fosse pensar isso de você, mas: postou p aparecer!
Como eu já poderia esperar - principalmente por conta da legenda - algumas pessoas começaram a falar alguma coisa ou relacioná-la com o Lucas. A maioria que supunha, na verdade, pensavam que estavam viajando um pouco na torcida - o que de certo modo também, me aliviava -, mas decidi nem mesmo ficar olhando para os comentários. Travei a tela do meu celular logo em seguida e tomei coragem de me levantar, porque eu definitivamente precisava colocar a minha roupa de dormir. Optei por me trocar ali mesmo - até pelo Lucas estar ocupando o banheiro - mas estava tão imersa aos meus próprios pensamentos que eu nem havia me dado conta sobre não estar mais ouvindo o barulho do chuveiro. 
Lucas: Eu não sei como cê consegue ficar nesse silên... - ele vinha falando, mas não foi a sua voz que chamou a minha atenção assim que chegou ao quarto: Vestindo apenas a sua samba-canção, com o corpo ainda levemente úmido (pelas gotículas que ainda estavam em seu abdômen) e um cheiro de pele limpa que dominava o quarto inteiro, eu já nem podia mais me recordar como eu estava. E pelo visto, ele também perdeu o foco da sua fala, logo que me encarou - Isso é o meu presente de aniversário? - ele disse me encarando da cabeça aos pés, até me fazendo lembrar que eu ainda estava só de lingerie, mas não conseguia deixar de observá-lo enquanto ele punha um sorriso que alternava entre moleque e malicioso nos lábios.
Nina: Eu espero que essa sua pergunta signifique que eu sou um presente de aniversário, né? - falei dando de ombros, com certo convencimento, e tentando encontrar no humor uma maneira de afastar a minha timidez. Eu sabia que não precisava mais disso com o Lucas.
Lucas: Cê sabe que é... - ele falou vindo em minha direção e naquela altura, eu já podia sentir que meu corpo esquecia até mesmo como eu me chamava - Você por inteira - me fez sorrir, enquanto um clima diferente já poderia se instalar naquele cômodo.
A minha resposta veio naquela aproximação, quando encurtei a pouca distância que já estávamos e choquei os meus lábios contra os dele. Seus dedos adentraram aos meus fios de cabelo, já bagunçados pelo tempo que eu passei encostada na cama, e logo o meu corpo foi colocado contra a parede mais próxima que estávamos. Arfei quando Lucas pressionou o seu corpo ainda mais forte em direção ao meu e nossas línguas entraram em contato, com claro objetivo de aprofundar aquele beijo - e aquela noite.
Quando a falta de ar apareceu - e pelo visto, foi primeiro para mim -, cortei o nosso beijo, mas não dei tempo para que uma certa frustração aparecesse em Lucas; aproveitei para levar a minha boca até o seu pescoço, onde ali beijei e mordisquei a sua pele. Tive respostas em sua própria voz, que fez questão de sibilar algumas palavras bem próximo ao meu ouvido, arrepiando minha pele na mesma medida que pressionava ainda mais seu corpo contra mim. Era como se pudéssemos ser um apenas naquele contato já tão intenso.
Vendo o seu controle á se perder, Lucas trouxe o meu rosto em direção ao seu novamente e tornou a me beijar - dessa vez, cedendo liberdade á suas mãos também. Elas passaram a explorar todo o meu corpo, vagando entre as minhas costas e alcançando a minha bunda com uma agilidade absurda. Não demorou muito para sentir que a força dos seus braços me levantariam e então, logo o ajudei me impulsionando para o entorno de sua cintura. Ali, entrelacei as minhas pernas em suas costas e ele me pôs ainda mais contra a parede, aprofundando o beijo que tinham pausas apenas para que se reabastecesse o ar em nossos pulmões.
Os quadris de Lucas fizeram ainda mais força contra a minha intimidade, agora ainda mais exposta á sua ereção praticamente formada, e foi impossível que alguns gemidos ficassem contido. Enrolei as minhas mãos em seus cabelos, onde acarinhei e puxei a medida fosse o prazer que ele me proporcionava, e esperto como sempre, ele enxergou naquela posição uma oportunidade. Meus seios estavam muito mais perto de seu rosto e foi em direção ao meu colo que ele seguiu, assim que descolou os nossos lábios. Sua boca passeava sobre a minha pele e aquilo fazia o meu corpo, praticamente, ondular por todas aquelas múltiplas sensações que me causava. Lucas sabia e entendia o seu poder e o que fazia em cada área sensível do meu corpo que passava, por isso não poupava na sua forma de me ceder prazer; sua língua e seus dentes alternavam como em uma disputa para saber o que me faria enlouquecer ainda mais naquela região.
Quando já, realmente, podia me sentir beirando á loucura, agarrei em sua nuca e puxei-o para um novo beijo, onde ali demos ainda mais movimento á nossa noite - o que me fez concluir que Lucas também já estava querendo mais, sem conseguir aguentar por isso. Senti-o me guiando pelo quarto, aproveitando a facilidade que era eu estar sobre o seu colo, e logo percebi que havíamos alcançado a sua cama. Ele deitou o meu corpo e se pesou sobre ele, não deixando que perdêssemos o contato ou o frescor daquelas sensações. Dispôs-se da vantagem de estar posicionado entre as minhas pernas e trouxe seu membro para ainda mais perto de meu núcleo, fazendo com que eu me apertasse contra ele ainda que sobre o pano da calcinha que me vestia. 
Passeei com as minhas mãos pela pele de Lucas, cheirosa e úmida pelo banho de minutos atrás, e até mesmo aquilo me excitava. Percorri com elas pela lateral e consegui alcançar até mesmo alguma parte do seu abdômen, definido e agora contraído pelo tesão. Ele encurvou um pouco as costas e aquilo foi a deixa perfeita que eu queria - alcancei de uma vez o cós da sua cueca. Ele sorriu para mim, brincando com as próprias expressões, e eu mostrei pressa em deixá-lo nu, tendo seu total consentimento. Lucas me beijou mais uma vez, logo que nos desfizemos daquela peça, e em meio aquele gesto, suas mãos também foram brincando afim de livrar-se das minhas duas únicas peças no corpo - tão pequenas que foram desfeitas rápidas. Já tínhamos pele contra pele e mesmo que dominado por todo aquele clima, ele havia conseguido pegar um preservativo - deixando com que nada mais pudesse impedir a consumação que tanto implorávamos um ao outro, fosse por olhares ou gemidos dentro daquele quarto.
Lucas ainda tentou brincar e provocar-me quando alcançou a entrada de minha intimidade com o seu membro, mas ali parou. Queria que eu pedisse e tinha convicção que aquela batalha eu já tinha perdido há muito tempo. Meus olhos já estavam fechados e eu mordia o meu lábio na tentativa, falível, de conter o meu prazer. A minha vontade era de gritar e de pedir para que ele fizesse aquilo de uma vez por todas. Mas ele continuava a brincar, enquanto a minha voz me traía e não conseguia expôr o meu desespero. Ele se deliciava em assistir aquilo, meu corpo se contorcendo e minha unha sendo cravada contra a sua pele. Lucas estava entendendo que eu precisava dele, me conhecia como ninguém, mas esperou até que eu falasse. Implorei, definitivamente, e assim fui preenchida. De uma só vez. Tão forte quanto ele e quanto a nossa ligação.
Conforme as movimentações de Lucas se aceleravam e ele parecia perder-se por dentro de mim, no espaçamento entre os nossos beijos, eu agarrava seus ombros com a minha própria boca - precisava conter os meus gritos de prazer. Não queríamos  que aquilo acabasse tão rápido e fomos nos movendo um contra o outro, tentando controlar até mesmo o destino do nosso próprio corpo. Queríamos mais um do outro. E aquela altura, tudo cooperava ainda mais para a atmosfera sexual que havia sido implantada naquele quarto por nós mesmos: peles quentes, suadas, um rubor na altura das bochechas e fios de cabelo que não pareciam encontrar a sua ordem. Quando senti que não poderia aguentar mais, avisei-o, de modo que só pude perceber suas mãos agarrarem o meu quadril e me estocar de uma maneira mais forte: aproveitaríamos aquele momento até o seu último minuto - ainda que soubéssemos que aquela não seria a nossa última vez, nem mesmo naquela noite.
Gaguejei ao me derramar e meu corpo pareceu amolecer embaixo de Lucas, que ainda sim me segurava firmemente. Seus músculos também estavam trêmulos e a sua postura, antes tão selvagem e condizentes ao nosso momento, ia se acalmando ao modo que ele alcançou os meus lábios, mais uma vez. Nossas línguas se tocaram formando um encontro mais calmo e as nossas bocas não estavam com tanto desespero; era como se naquela pausa descansássemos um no outro. Nossos corpos se mantinham pressionados, juntos e ainda lidando com os efeitos daquela ação proporcionada. Era, definitivamente, demais.
[...]
Eu me surpreendi assim que acordei e descobri, pelo relógio digital que tinha ao lado da cama de Lucas - na direção que eu estava virada, inclusive -, ser 08:40. Embora a minha cabeça realmente tivesse planejado acordar mais cedo que ele no seu dia, eu não pensei que conseguiria. Ao menos, não depois da nossa noite. Sentia o meu corpo cansado, assim como pesavam os meus olhos, e permitindo-os fecharem num gesto de preguiça, eu percebi que ainda estava sob efeitos colaterais das últimas horas acordadas. Minha memória ainda estava fresca de tudo o que o Lucas me causou em cima dessa cama e de tudo que ainda sobrou para desfrutarmos no banho, antes de, enfim, nos deitarmos para dormir.
Sorri com os meus próprios pensamentos, mas abri os olhos logo em seguida para que não caísse em sono, mais uma vez. Precisava me levantar para que, quando o Lucas acordasse, estivesse pronto as ideias que também estavam em minha cabeça. Tentei não me mexer muito para que ele não despertasse - embora fosse bem difícil fazer isso quando um de seus braços estava envolvendo a minha cintura. Tirei-o de cima de mim e levantei com certa pressa, ainda que cuidadosa, colocando seu braço logo em seguida sobre um travesseiro, daquele mesmo modo que costumamos fazer para enganar bebês quando os colocamos na cama.
Ri de mim mesa por pensar dessa maneira, mas também comemorei por ele apenas ter se mexido e não acordado. Passei, então, para o seu banheiro enquanto me espreguiçava e lá fiz todas as minhas higienes pessoais de maneira bem rápida. Lucas tinha o costume de acordar cedo, o seu corpo já estava condicionado á isso e eu sabia que se queria surpreendê-lo, não podia me demorar. Parei de volta ao quarto apenas para trocar a minha roupa, colocando a mesma que eu estava ontem de modo que ficasse mais apresentável - até porque não estávamos sozinhos em casa - e saí do cômodo tentando ser o mais cuidadosa possível, com sucesso. Enquanto descia as escadas, podia ouvir algum barulho de chaves lá embaixo e quando cheguei na sala de estar, pude entender o porquê: Karina e Paulinho já estavam de pé, vestindo roupas de ginástica e tênis nos pés, e pareciam já planejar sair - parando o que faziam apenas porque também me viram chegar por ali.
Nina: Bom dia! - cumprimentei com a minha voz um pouco rouca pelo sono e sentindo a Lucca se aproximar das minhas pernas, o que me fez encurvar para acarinhá-la.
Karina: Bom dia, Nina! - ela me respondeu com um sorriso no rosto e eu ainda pude vê-la logo que voltei á minha posição normal.
Paulim: Bom dia! Lucas ainda está dormindo? 
Nina: Tá sim... Tentei não acordá-lo. Acho que hoje ele merece descansar um pouco mais, né? - tentei soar mais a vontade com eles, com um risinho no canto dos lábios.
Paulim: Ah, com certeza! Pelo menos no dia do aniversário, ele merece dormir mais um pouquinho.
Karina: Tomara que ele durma mesmo... Mas conhecemos o nosso filho, não é? São quase nove horas, daqui a pouco ele está de pé! - disse, alternando seu olhar entre mim e o Paulinho - Nina, nós vamos dar uma voltinha no calçadão da praia, aproveitar para caminhar um pouco. Acho que não vamos demorar, mas se o Lucas ou o Leandro acordar, cê avisa á eles, tudo bem?
Paulim: Não, não se preocupe com o Leandro... Nós podemos percorrer o litoral inteiro do Rio de Janeiro que conseguiríamos voltar e ele estar dormindo ainda - interrompeu a mulher de modo que causasse gargalhadas em todos nós por ali.
Nina: Tudo bem, pode deixar que eu aviso sim...
Karina: E ah, eu passei um café e o Paulim foi á padaria. Está tudo lá na cozinha... Cê já fica a vontade, né?
Nina: Acho que sim - respondi e pude ouvir um contido riso deles.
Paulim: Então vamos que senão, daqui a pouco, o Sol vai ficar muito forte e a gente não vai aguentar é nada! - falou chamando a atenção da esposa.
Karina: Vamos, vamos! Fique com Deus, Nina - voltou seu olhar á mim.
Nina: Vão com Ele também! Boa caminhada! - sorri para eles e me mantive ali de pé até eles saírem, quando foi a hora que decidi ir até a cozinha  e ainda seguida pela Lucca.
Como os próprios pais do Lucas havia dito, eu também sabia que ele não demoraria mais muito tempo na cama, então comecei a olhar as coisas que tinham por lá pela cozinha. Com sorte, a Karina já tinha adiantado o café, então só precisei decidir - e me lembrar - do que o Lucas costumava tomar na refeição para que eu preparasse aquilo para nós. Tomei a liberdade de abrir a sua geladeira, buscando ovos, e depois achei a despensa afim de achar ingredientes para fazer uma panqueca que fosse, minimamente, parecida com a dele. Não me enrolei muito com a aparelhagem da casa e consegui, num tempo até rápido, preparar tudo o que eu queria para o nosso café da manhã. Organizei, inclusive, a pequena mesa que tinha pela cozinha também, visando esperá-lo para comermos juntos. Tampei as panquecas já prontas e recheadas, torcendo para que elas não esfriassem tanto, e deixei as xícaras dispostas para que puséssemos pôr o café apenas na hora que nos sentássemos. 
Pensei em já acordar o Lucas, mas ainda tinha uma outra ideia para pôr em prática e como o tempo estava me sobrando, fui buscar algum papel e caneta por aquela casa para fazer isso. Queria que ele se surpreendesse ainda mais comigo e de certa maneira a minha forma de dizer o quanto ele era importante pra mim e o quanto eu queria que ele tivesse gosto de comemorar a sua vida, era com aqueles pequenos mimos que só eu sabia o quanto podiam se tornar valiosos.

Nina: OFF
Lucas: ON

Acordei e abri os meus olhos podendo perceber que eu já estava sendo enganado até mesmo no dia do meu aniversário: aquilo que o meu braço estava apoiado e a minha mão tateava não era mais o corpo de Nina, porém sim somente o travesseiro. Acabei rindo daquele meu primeiro pensamento e isso já foi o suficiente para me despertar. Me espreguicei na cama mesmo, tentando enviar aquela preguiça embora, e logo percebi que deveria ser mais tarde do que o meu habitual horário de acordar - ela não estava mais na cama e o meu corpo também sentia essa diferença na rotina. Puxei o meu celular que estava ali ao lado e descobri que já eram 09:20 o que, mais uma vez pelo susto, me fez levantar com certa pressa. Eu não tinha tantas coisas pra fazer hoje e fazer aniversário nunca foi uma data que me desse todo esse ânimo, mas não gostava de perder a minha manhã. Fui pro banheiro ajeitando o meu cabelo e estava completamente distraído, só parando quando me dei conta que a porta do cômodo estava fechada. Para completar a anormalidade, tinha um papel colado ali e então, me atentei a puxar aquilo. Tinha algo como se fosse um recado e enquanto abria a porta, me concentrei em ler as palavras que tinham ali.
A vida está aqui, batendo na sua porta, pedindo licença pra entrar.
Permita-a.
Abrace essa oportunidade de um novo ano como você me abraça todas as vezes que me vê, como você me abraçou desde a primeira vez que nos encontramos.
Permita-se.
Sorri. Nina. Embora não conhecesse a letra dela, eu tinha certeza que ninguém mais poderia ter feito aquilo. Reli e coloquei o bilhete em cima da pia somente para fazer as minhas higienes pessoais. Mas o sorriso... bom, não poderia sair do rosto. Ela, definitivamente, sabia me surpreender e eu nunca cansava daquilo. 
Olhei em volta no banheiro, procurando a bermuda que deveria estar ali e encontrei apenas mais uma anormalidade pro dia de hoje: a peça não estava. Saí, então, do cômodo e retornei ao meu quarto, logo percebendo que a bermuda estava dobrada sobre a minha cadeira que eu costumava amontoar milhares de coisas sobre ela. E mais: tinha algo branco ali também. Mais um papel, provavelmente. Mais uma surpresa, certamente. Isso incentivou que eu me aproximasse com pressa e sem nem ligar para a peça, peguei mais um bilhete com um sorriso que não sairia nunca mais de mim. 
Por um bom tempo, tomar café me trazia uma tristeza que você sabe que eu não consigo mensurar.
Para o café de hoje, eu contei os segundos. 
A razão não poderia ser ninguém menos que você! Obrigada por me proporcionar isso.
Estou te esperando!
Nina sendo Nina, foi o meu pensamento com aquele bilhete que já havia me deixado emocionar. Juntei-o com o primeiro e coloquei sobre o meu cômodo, pegando a bermuda para vesti-la com uma certa pressa. Queria muito descer e confesso que tinha até mesmo uma expectativa do que eu poderia encontrar lá embaixo. Quando se tratava dela, eu poderia esperar qualquer coisa - e o mais incrível era a tranquilidade que ela me proporcionava em saber que, mesmo sendo surpresa, viria algo maravilhosamente bom. Peguei só o meu celular e desci as escadas apressado, encontrando a minha casa em um certo silêncio, mas ainda sim decidindo procurá-la, antes de fazer qualquer barulho. Cheguei á cozinha e embora ali não tivesse ninguém, rasguei mais um imenso sorriso em meus lábios. A mesa estava lindamente pronta, com um café da manhã simples, mas parecendo ser do jeito que eu igualmente tomava, todos os dias. Me aproximei da cadeira para conferir e uma das xícaras fazia peso sobre mais um papel. Mais um bilhete e eu concluí que Nina estava incansável na tentativa de me fazer chorar logo pela manhã.
Hoje é um daqueles dias que todos os clichês fazem sentido. 
Me permito te agradecer por existir e te dou o conhecimento que mesmo sendo o seu aniversário, o presente vai ser meu a partir de agora.
Você é a revolução da minha vida! Feliz sou eu por ter te conhecido, feliz é o que você me faz, feliz aniversário.
Eu estava certo. Dessa vez, ela me arrebatou. As lágrimas caíram num misto de felicidade, surpresa e amor. Essa palavra mesmo que grandiosa, parecia a única capaz de comportar tudo o que Nina era capaz de me causar. Esse bilhete, assim como os outros, eu tive que reler para entender e gravar aquilo que ela me dedicava. Para falar a verdade, esse eu reli ainda mais vezes. A sinceridade da Nina passava por tudo que ela fazia. Beijei aquela folha de papel, deixando-a sobre a mesa novamente para secar o meu rosto, e balancei a minha cabeça desacreditado com tudo aquilo que ela havia se esforçado pra preparar pra mim. Eu, realmente, não poderia esperar.
Lucas: Nina! Nina! - chamei pela casa, enquanto limpava o meu rosto mais uma vez. Eu precisava encontrar a responsável por fazer o meu dia mais feliz.
Nina: Ah não! - ela disse com uma voz quase infantil, vinda do corredor, e batendo o pé firme no chão assim que parou - Eu tô aqui sentada á maior tempão, segurando o meu xixi, quando não tava aguentando mais, tu levanta? É isso mesmo? - gargalhei não só pela sua fala, mas também pelo fato que ela estava até mesmo de braços cruzados.
Lucas: Acontece, né? - respondi em tom total de brincadeira, me aproximando dela - Aliás, cê não tem que reclamar de nada comigo não, ou! Já me fez chorar á essa hora da manhã... - ela deu um riso tão lindo que eu quase perdi o foco
Nina: Gostou, aniversariante? - ela perguntou colocando os seus braços em volta do meu pescoço e esticando os pés para que nossos rostos ficassem ainda mais próximos.
Lucas: Eu não podia esperar por uma surpresa tão linda... E olha que eu tô sempre esperando coisas lindas do cê! - falei sorrindo, quase sem perceber como ela sempre me deixava, e dessa vez foi ela quem não esperou tempo algum para finalizar a pouca distância entre nós.
Seu beijo, somente, poderia ser eleito facilmente como um dos melhores presentes que ela poderia me dar de aniversário. Nina sempre se soltava quando estávamos nós dois apenas, mas era incrível como nunca perdia a sua essência. Tudo nela me trazia uma paz absurda e um gosto de sempre querer mais. Seus dedos acariciaram meus cabelos do mesmo modo que as minhas mãos faziam em sua cintura. Nos separamos só quando a falta de ar nos foi inconveniente - porque estava claro que nós, podíamos ficar a vida inteira fazendo aquilo.
Nina: Tudo o que escrevi foi do fundo do meu coração... - ela disse logo que abrimos nossos olhos e voltamos a nos encarar, sem conseguir nos desgrudar por inteiro - Tu não tem noção do que eu tenho aqui pra ti. Eu tô feliz de um jeito... inexplicável! Obrigada e feliz aniversário, de novo, guri! - ela sorriu, me roubando mais um rápido selinho em seguida e deixando dessa vez o sorriso em meus lábios.
Lucas: Eu também te falo de todo meu coração... obrigado! Cê num faz ideia do quão bom foi ler cada palavrinha dessa que cê me deixou. Eu nunca pensei que meu dia fosse ser tão bom - falei ainda acariciando a sua cintura e suas costas, aproveitando que as minhas mãos ainda estavam pousadas por ali.
Nina: Ei! Seu dia ainda não acabou, viu? Para falar a verdade, acabou de começar... ainda tem muita coisa boa pra se viver hoje!
Lucas: Depois dessas suas surpresinhas, acho que o coração tá preparado para aguentar qualquer coisa que venha daqui pra frente - ri e causei isso nela também, que logo me acompanhou - Mas vai, cê sabe que eu tô querendo saber desse café aí também que eu já vi, né?
Nina: Ai, até eu! Estava te esperando e confesso que tô morrendo de fome - ri enquanto a soltava de meus braços e nós fomos até a mesinha que estava ali preparada.
Lucas: Deixa eu só colocar o bilhete logo aqui no meu bolso para eu juntar com os outros dois que tão lá em cima, nada pode cair nele - falei cuidadoso, pegando o bilhete mesmo pra mim, antes de me sentar. Quando fiz isso, vi uma Nina com um sorriso bobo no rosto a me observar. Realmente, eu acho que isso seria a coisa que mais reinaria em nós no dia de hoje.
Nina: Ah! Eu tenho mais uma confissão á fazer antes de comermos - ela disse, enquanto destampava algumas coisas e já pegava a cafeteira para servir as xícaras - Foi sua mãe que fez o café, preciso dar os devidos créditos - acabamos por rir juntos pelo modo que ela falou.
Lucas: Pelo menos, cê foi honesta... Tem certeza que foi só o café? - falei observando o restante das coisas que ali tinham e era incrível pensar no cuidado da Nina, porque realmente tudo estava condizente com as comidas da minha rotina.
Nina: Ah, Lucas, não começa a me desvalorizar - acabei rindo e ela ainda prosseguiu - Foi só o café e isso porque ela acordou antes de mim, viu?
Lucas: Vô acreditar, juro! - falei ainda rindo, beijando os meus dedos em sinal de promessa - Mas vem cá, cadê meus pais, falando nisso? Pensei até que ainda tavam dormindo, pô
Nina: Nada! Eles saíram, disseram que iam caminhar e aproveitar um pouquinho do dia bonito, mas não iriam demorar. Dormindo mesmo só está o seu irmão!
Lucas: Pra variar, êta Zoca... - respondi, a fazendo rir ao tempo que começávamos a comer.
Enquanto fazíamos a nossa refeição, variamos entre alguns assuntos cotidianos e até esse tipo de conversa parecia muito fácil entre nós dois. A gente se entendia e ria das próprias coisas que falávamos, sem precisar de mais nada. Ela me trazia a verdadeira razão por trás de todo o meu amor por detalhes... eles, junto á pessoa certa, fazem a diferença. E cada vez mais, pelo menos ali em meu íntimo, tinha a certeza que ela era a pessoa certa - ainda que, também socialmente, visto o pouco tempo que nos conhecíamos aquilo parecesse equivocado.
Nina: Agora é sério... Vamos fazer alguma coisa hoje ou não? - ela aproveitou uma pequena brecha nos nossos assuntos pra questionar, ao tempo que tínhamos terminado e estávamos levando as louças á pia.
Lucas: Quem diria que a pessoa que mais gosta de ancorar no sofá está insistindo pra fazermos algo - disse rindo e brincando um pouco com ela.
Nina: Mas hoje é seu aniversário, né? A gente tem que comemorar - ela fez questão de virar-se pra mim, me encarando de modo á saber que eu não conseguiria contestar
Lucas: Não que isso seja razão, mas hoje é segunda também... Mais difícil pra fazer algo, não?
Nina: Vou resolver isso com a sua mamãe e aí só te aviso, tá bom? - falou abrindo a torneira, quase dando de ombros.
Lucas: Por acaso tem alguém tentando jogar baixo por aqui? - falei me encostando na bancada, tentando segurar o riso e sabendo que ela estava fazendo o mesmo.
Nina: Nada, guri - ela não aguentou em deixar o riso escapar e nós acabamos fazendo isso juntos - Agora é sério! Tipo, sério mesmo - ela frisou, porque sabia que já tinha dito antes - A gente nem precisa sair! Eu sei que tu tá cansado também e hoje é tua folga no Projac. Só que a tua família tá aí, a gente pode comemorar tipo com... Um bolo? - ela virou apenas o rosto pra mim, visto que as mãos estavam já lavando a louça e eu balancei a cabeça negativamente.
Lucas: Um bolo, Nina? Sério?
Nina: Ah, vai, hoje é seu aniversário! É bom ser formiguinha ás vezes, eu por exemplo adoro! - ela deu de ombros mais uma vez, voltando a concentração as louças, e era um pouco cômico quando ela tentava me convencer de algo ou divagava em sua própria mente.
Lucas: A gente conversa sobre isso depois, tá? - falei, me aproximando ainda mais dela e parando em suas costas - Podia também ter deixado essa louça aí, viu? Não precisava tá lavando agora - disse dando um beijo em seu ombro, de modo que ela logo respondesse com um esquivo involuntário.
Nina: Tô até acabando já, é rapidinho! - ela sorriu, deixando a cabeça pra trás um pouco e encostando-a rapidamente em meu peitoral.
Lucas: Coisa linda memo! - falei, dessa vez enrolando a sua cintura com os meus braços e a abraçando por trás, desestabilizando um pouco aquilo que ela fazia. 
Mas se hoje era meu aniversário... hoje podia, né? Ela não teria o direito de reclamar. E eu acho que nem quis.

Lucas: OFF
Nina: ON

Depois do Lucas me desconcentrar um pouquinho, eu consegui terminar de lavar a louça, enfim. Ele ainda ficou comigo pelo cômodo á me fazer companhia e quando eu disse-o que estava com vontade de meditar, ele pareceu se acender. O Lucas sempre se empolgava muito quando se tratava de certos hábitos meus e embora logo admitisse que não sabia se iria conseguir fazer isso, eu o incentivei e aceitei sua proposta quando me pediu em um sonoro posso tentar com você?. Ele disse que iria voltar no quarto só para ir colocar o celular pra carregar e eu aproveitei, então, para procurar um lugar tranquilo que pudéssemos fazer isso. Alguns dias, somente a prática da meditação era o suficiente para o meu exercício diário de yoga e eu estava sentindo tanta vontade de fazer isso que, certamente, hoje seria um desses.
Enfim, até havia gostado da sugestão do Lucas de fazermos isso em sua varanda, no entanto quando passei pela sala mudei rapidamente de ideia - os vidros e as janelas abertas estavam permitindo a entrada de feixes solares que formavam um ambiente tão bonito que eu optei por ficar ali. Peguei apenas duas almofadas no sofá, afim de colocá-las no chão, e me sentei para esperar pelo Lucas. Aquilo logo chamou a atenção da Lucca também, que passou por mim curiosa, mas me deixou rapidamente me permitindo colocar a atenção no celular. Mais uma vez pelo favorecimento da luz, tive a ideia de ver se alguma foto ficava boa naquela posição e foi isso que fiz, enquanto Lucas parecia ter se perdido lá no quarto. 
Lucas: Ei, psiu! - ele chamou a minha atenção, enquanto eu ainda estava admirada com as fotos boas que eu mesma tinha tirado - É pra tirar foto ou pra meditar, hein? - falou com um ar de riso no rosto, se sentando ao meu lado.
Nina: Na verdade, era só pra meditar, mas... olha essa luz! - falei, voltando a ficar incrédula - Olha as fotos, ficaram muito boas.
Lucas: Eu adoro quando cê tá se amando assim - falou rindo, enquanto pegava o celular da minha mão, mas se surpreendeu assim que viu a foto que eu tinha deixado aberto - Porra! Ficou bonita mesmo, ô!
Nina: Eu não disse? Olhos de fotógrafa que eu tenho - disse em tom de divertimento, enquanto o via passar as fotos na galeria e encontrando mais umas três ou quatro que eu havia tirado ali.
Lucas: Carinha de modelo que cê tem, isso sim - me fez rir, logo me devolvendo o celular - Aproveita aí pra eu ficar bonito também... Vamos bater uma foto juntos.
Nina: Opa, vamos! - disse saindo da pasta da galeria e retornando a câmera, logo a posicionando de modo á enquadrar nós dois sob aquela luz maravilhosa e fotografei-nos umas duas vezes.
Lucas: Prontinho, agora cê já tem a foto pra postar comigo - falou dando de ombros, mas sem esconder um certo convencimento na voz
Nina: Agora eu vou postar a minha... Depois, se tu continuar merecendo, eu posto uma contigo - falei segurando o riso e logo senti seus olhos me encararem.
Lucas: Ah que isso, Nina, tô sempre merecendo... - falou em tom quase manhoso
Nina: Meu Deus, quem ouve pensa que tu é quase um anjo, eu juro...
Lucas: E num sou?
Nina: Quer que eu responda sincera ou que te agrade por ser seu aniversário?
Lucas: Nina! Que decepção cê fazendo isso comigo! - falou colocando a mão no peito, simulando grande ofensa mesmo e aquilo foi a deixa para eu gargalhar tudo aquilo que estava segurando - um tempo depois, logo sendo acompanhada por ele
Nina: Tô brincando, tô brincando - falei ainda rindo, esticando um pouco do meu corpo para roubar dele um selinho - Agora deixa eu postar minha foto de uma vez, espera aí
Lucas: Eu jurava que o convencido de nós dois era eu, viu? - o ouvi falar, enquanto já desbloqueava o celular.
Nina: Isso não é convencimento, é amor próprio.
Lucas: Muito boa resposta, irei usar contra você em breve, inclusive - gargalhei, enquanto dava uma leve editada na foto (que nem precisava mesmo!) e logo enviei pro instagram, pra poder dá a devida atenção pro Lucas e seu dia.
@ninabarsanti De manhãzinha... bem vindo, dia!
surfilipe não te aguento
danadinhasdolucco
surra de beleza logo na manhã de segunda
relicariokarina
como faz pra acordar linda desse jeito, mainha?
michellesouza tô apaixonada
helentrindade
deusaaaa!!!
portimedina
você tá muito maravilhosa, Nina
jamesforrad beautiful as usual
luccosense
se @lucaslucco diz que chefe é chefe, então musa é musa!!Não li absolutamente nada dos comentários e sequer olhei as atualizações do feed. Bloqueei a tela com a foto ali, deixando o aparelho em meu lado e me virando um pouco pra encarar o Lucas. Expliquei algumas coisas pra ele sobre a meditação - que são um tanto quanto óbvias e até quem não é praticante, já ao menos ouviu falar - e peguei meu celular novamente apenas para iniciar o som que nos embalaria. Como ele não estava acostumado á fazer isso, sugeri que fizéssemos uma meditação guiada e escolhi uma das mais rápidas para que ele conseguisse, realmente, aproveitar aquele momento.
Tudo corroborou á favor, inclusive aquela luz do Sol que ficou nos iluminando da janela durante todo o tempo; foram vinte e cinco minutos de completa paz. Meditar era como fazer uma lavagem por dentro da nossa mente e do nosso corpo, reconectando-nos com todas as coisas boas que nós mesmos já temos. Quando abri os meus olhos - afim de desligar o guia - percebi o Lucas ainda com os seus fechados, esticando ainda mais a coluna, e o deixei que voltasse á mim em seu momento, permanecendo em silêncio até que ele mesmo falasse.
Lucas: Nossa... - sua voz saiu junto á uma expiração pesada, quase como um suspiro.
Nina: Foi bom pra ti? - perguntei, o encarando com certo sorriso no canto da boca.
Lucas: Eu adoro essa pergunta - falou rindo e sendo impossível pra mim conter o meu riso, quando percebi o teor malicioso que ficou - Tô brincando, foi maravilhoso. Parece que tô novinho...
Nina: Viu? Agora tás mais que pronto pra receber a nova idade...
Lucas: Ficando mais velho, né? Te alcancei!
Nina: Ih, é verdade hein, guri! Agora estamos os dois com vinte e cinco anos, os trinta tão ficando perto...
Lucas: Para Nina, pelo amor de Deus - gargalhei com seu certo desespero - Bom que cê vai fazer antes de mim, aí eu vou ter alguns meses pra me acostumar com isso
Nina: Tu fala como se janeiro e abril fosse uma diferença enorme...
Lucas: Me deixe arranjar desculpas pra não chegar no trinta, faz favô?!
Nina: Fala isso nem brincando que eu vou tá aqui pra te ver chegar nos trinta, viu?
Lucas: Claro que vai - ele se aproximou de mim, já mudando a feição para um pequeno sorriso - Papai do Céu vai permitir - colou nossos lábios, dessa vez de forma bem suave, e deixamos que aquele beijo acontecesse. Não foi longo, mas parece que durou o seu tempo suficiente para fazer da minha manhã ainda melhor - Vou lá na cozinha pegar um pouco d'água... quer? - disse logo que nos afastamos.
Nina: Aham, eu vou lá contigo! 
Lucas: Então, bora! - ele respondeu até com certa animação, se levantando bem rápido do chão e ainda estendendo suas mãos para me ajudar. 
Passamos juntos pra cozinha e eu fui pegar os copos, enquanto ele abria a geladeira para pegar a jarra. Nos serviu um pouco daquela bebida e estávamos em um bom silêncio, mas algo me dava a certeza que Lucas estava com algo em sua cabeça. Ele não costumava ficar quieto assim por tanto tempo, ainda mais no dia do seu aniversário.
Nina: Acho que eu te conheço o suficiente pra saber que tem algo passando aí nessa cabecinha... - falei depois que dei meu último gole na água, colocando o copo dentro da pia.
Lucas: Ainda me surpreendo quando cê acerta as coisas assim - falou me fazendo rir - Mas sabe, tô querendo fazer algo de bom hoje... Tô pensando em mil ideias, na verdade, só que tenho que organizar sobre como colocar em prática.
Nina: Algo de bom como assim? Nós podíamos ter planejado algo, mas teve toda a nossa enrolação, tu também ficou falando que não gosta muito de aniversário e aí...
Lucas: Não, mas não pra mim! - disse, me interrompendo ao perceber minhas divagações comuns - Quer dizer, não só pra mim. Queria algo especial... Cê vai entender, inclusive, pode me ajudar. Vou te explicar, tá?
Nina: Por favor! - pedi, realmente, sem entender aonde ele queria chegar.
Mas logo que Lucas começou a expôr todas as ideias que estavam na sua cabeça aquela hora da manhã, eu compreendi todo o sentido da palavra especial que ele repetiu. Eu ainda me surpreendia sobre como ele podia ser quase uma máquina de fazer o bem. Mesmo sendo seu aniversário, seu convite á mim do que poderíamos fazer hoje em comemoração envolvia muito mais outras pessoas do que ele mesmo... Eu poderia afirmar com todo orgulho do mundo que a minha tese sempre esteve correta: Lucas era uma raridade. 
Lucas não me deu apenas uma ideia sobre o que podíamos fazer no dia do seu aniversário, o que ele queria promover podia ser considerado até mesmo uma ação social. Talvez, bem mínima pelos olhos de quem parecia estar nesse mundo apenas para criticar, mas que no fundo todo mundo sabia o quão valiosa era - principalmente, pela figura que, independente do querer de alguns, o Lucas representava nacionalmente. 
Ele percebeu o quanto eu fiquei contagiada com a sua ideia quando além de um sorriso, ele recebeu a minha resposta positiva de imediato. E então, nem pensamos em mais nada e decidimos ir pro quarto afim de nos arrumarmos - passando na sala apenas pra colocar as almofadas em seus respectivos lugares. Mais uma vez, Lucas me proporcionava uma alegria ímpar por ser quem é, por ter o coração que tem e me deixava ainda mais certa de que eu não poderia deixar um ser humano desse ir embora da minha vida. Não, nunca mais.

Recadinho: Olá, meninas! Bom dia, sábadão! Hahaha. Quero agradecer imensamente os comentários na última postagem, me deixou muito feliz a rapidez e a sinceridade de vocês... Muito obrigada! Espero que continuemos nessa troca sempre. Também queria dizer sobre algumas pessoas que falaram sobre as lembranças do Rafael. Bom, ele não é mais o foco (na verdade, a história é sobre o Lucas, mas era necessário que eu colocasse muitas coisas sobre ele no começo pra que se houvesse todo entendimento da história da Nina com ele e essa fase de transição), no entanto, nem pra personagem e nem pra nós ficará esquecido. Sempre que eu sentir que cabe no contexto, ele será citado com todo carinho que a Nina nunca vai deixar de sentir. Inclusive, essa "discussão" que rolou no último capítulo, vai ser algo que vai até mesmo ser questionado a Nina mais pra frente (spoiler! rs), mas vocês vão entender melhor quando chegarmos lá. E por fim, dar boas vindas á uma linda que se apresentou como nova leitora! Espero que tenha gostado de Helucas e que fique nos acompanhando por aqui também. Aliás, se tiver mais leitoras novas, sejam todas bem vinda! Amo saber disso e ver que o blog ainda cresce <3 beijo, bom final de semana pra vocês.

12 comentários:

  1. Estou em prantos com esse capítulo,que tatuagem linda,que jeito de começar o aniversário lindo. Amo esses dois

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  2. SE EU ESTAVA ANSIOSA PELA TATUAGEM? MAGINA!

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  3. Eu estou sem palavras pra descrever o quanto achei esse capítulo fofíneo. Como toda fã sabe, o aniversário do Lucas esse ano nos fez refletir muitas coisas... Fazer o bem a todos. Mas como você só volta na terça com a segunda parte, o meu melhor comentário vai ser ao ler o desfecho dele. Então, fica com Deus e um bom domingo Gabis!

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  4. Muito bom começar a semana lendo um capítulo lindo como esse! Adorei a tatuagem que a Nina presenteou o Lucas, simboliza muito a relação deles. Estou na espera da segunda parte!! Beijos e ótima semana =)

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  5. Que capítulo lindo! De chorar e morrer de amor a cada palavrinha =)

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  6. VocÊ arrasa tanto, pelo amor de Deus. To muuuuuuuuito ansiosa pra segunda parte, obrigada por partilhar seu dom com a gente.

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  7. Hj já é terça né???/ Imagino como vai ser lindo essa segunda parte do capitulo, ainda mais que já da pra imaginar que aqui o Lucas vai fazer a mesma coisa que fez de verdade no dia do aniversário dele <3

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  8. Não sei o que dizer, apenas sentir. Cada capítulo você arrasa mais, e eu fico mais viciada rs. Ainda bem que hoje é terça ! ♡♡♡♡

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  9. Uma palavra pra resumir o capítulo FOFÍNEO kkkkk eu amo muito esses dois, eles são maravilhosos juntos

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  10. Depois que eu passei a ler essa historia só tenho um objetivo na vida: UM AMOR QUE NEM LUNINA !!! Kkkkkk posta logo, pfvr

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  11. Eu acho que nunca comente aqui. Mas preciso dizer o quanto essa história me deixa co fascina pra ler. Faz entrar cabeça e querer conviver diariamente com ele. Muito bom!!!

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  12. Nossa, estou muito feliz por vc ter respirado em mim 😍 Sou sua fã mana ❤️
    Já quero o outro capítulo, mas que tudo 😍😍

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