Quando chegamos no quarto, Lucas foi tomar seu banho primeiro que eu, enquanto eu ainda fiquei no cômodo olhando a roupa que havia trazido. Aproveitei também o tempo que ele me deixou para poder dar uma olhada nas minhas redes sociais e logo que ele saiu - com seu contínuo truque de querer me provocar, tendo em seu corpo apenas uma toalha em volta do quadril -, eu pude entrar no banheiro para tomar o meu banho. Não me demorei por lá e como tinha levado as minhas peças ali para dentro, quando terminei e me sequei, me vesti por aqui mesmo. Saí, praticamente, pronta.
Voltando ao quarto e após pegar alguns acessórios que eu já estava, ocupei o espelho apenas para ajeitar o meu cabelo em um rabo de cavalo e pela sorte de ter trazido um batom bem clarinho, passá-lo em meus lábios. Parei pra me atentar ao Lucas quando ele ligou o secador, fazendo um bom barulho pelo cômodo e me fazendo dar conta que ele estava tentando secar o cabelo, como conseguia.
Lucas: Só pra eu não sair com ele molhadão desse jeito - falou mais alto por causa do ruído pra me avisar, quando percebeu que eu o estava observando.
Nina: Tá bom! - assenti com a cabeça e calcei o meu par de chinelos, sentando logo em seguida na pequena poltrona que lá tinha. Havia escolhido parar ali, simplesmente, pela vista que ela me dava ao banheiro. De onde eu estava, agora, conseguia o enxergar lá dentro e observá-lo havia se tornado um grande vício - dos bons! - que eu ganhei.
Lucas: Que foi, hein? - disse com um meio sorriso entre os lábios, desligando o aparelho uns cinco minutos depois (mesmo que seu cabelo não tivesse completamente seco, me pareceu que aquilo já foi o suficiente pra ele).
Nina: Nada... Só estava te olhando - afirmei, o vendo vir em minha direção e logo parar na minha frente, ainda de pé.
Lucas: Esse hábito é meu, viu? - disse colocando as mãos em meus ombros e fazendo uma leve massagem ali.
Nina: Agora é compartilhado - falei fechando levemente os meus olhos, sentindo o seu toque, e pude ouvi-lo rir - Mas eu também estava pensando em certas coisas...
Lucas: ... Se o meu hábito é compartilhado, seus pensamentos também tem que ser - disse apressado, me interrompendo
Nina; Calma, eu vou falar - disse rindo levemente - Eu sinto muito orgulho de ti, sabia? - falei o encarando e colocando a minha mão sobre a sua - Muito mesmo! Tu também é capaz de me surpreender de uma maneira que não cabe em mim o quanto me deixa feliz.
Lucas: Hoje cê tá falando cada coisa tão linda... é sério - ele disse, parecendo não conseguir tirar o sorriso do rosto.
Nina: Mas é sério mesmo, Lucas. Hoje é seu aniversário, a sua folga, a sua família tá aqui e tu tem todas as oportunidades do mundo pra fazer o que quiser, sabe? Até esbanjar todo o seu dinheiro naquelas festas que a gente sabe o quanto a maioria dos famosos e até mesmo gente que só quer aparecer faz. Mas não! Tu vai atrás de ajudar alguém, de fazer o dia de uma criança, que seja, feliz.
Lucas: Para, cara - ele disse pegando as minhas mãos e me puxando para que eu levantasse, ficando assim de frente á ele - Eu não quero fazer isso pra ter mérito de nada...
Nina: ... E isso torna a sua atitude mais bonita ainda! - o interrompi e ele sorriu, percebendo que eu não pararia de engrandecer o seu gesto, porque era realmente... raro. Essa palavra novamente, não haveria outra melhor para definir.
Como estava tornando um hábito nosso, aproveitamos aquela curta distância para um beijo - mas não passamos muita dessa linha, em virtude do longo tempo que programamos pela frente.
Lucas: Vamo descer, né? Cê tá pronta?
Nina: Uhum - assenti também com a cabeça e ele se soltou do meu corpo apenas para buscar seu aparelho que estava em um dos cantos do quarto.
Dali, saímos inevitavelmente animados - mesmo que sem saber o que resultaria dessa nossa ação -, mas já com a sensação que seria algo inesquecível. Ainda no corredor do segundo andar podíamos ouvir alguns barulho e logo que descíamos, descobrimos o que era: Os pais do Lucas haviam voltado de sua manhã pela orla e estavam subindo provavelmente em direção ao quarto onde estavam hospedados.
Paulim: Olha! - ele exclamou - Estávamos até pensando que cês tinham saído pelo silêncio...
Lucas: Tamo indo agora... Desce aí, desce aí rapidinho pra eu falar com cês - ele disse com uma voz animada e aproveitou que os pais ainda estavam nos primeiros degraus para fazer aquele pedido.
Karina: Aconteceu alguma coisa? - ela perguntou curiosa e com um leve teor de preocupação em sua voz, logo que eles desceram e nós também conseguimos chegar ali embaixo.
Lucas: Não, não. Mas eu e a Nina vamos sair por conta de uma ideia que eu tive e aí queria contar pro cês - ele falou ficando de frente pros pais e comigo em seu lado, apenas prestando atenção - Tem um tempo que eu vi um negócio de Desafio do Bem na internet, que é tipo uma corrente onde as pessoas vão fazendo boas ações e passando pras outras, sabe? Eu acho que cheguei até a te mostrar, não? - disse em direção ao pai.
Paulim: Não lembro, filho! - ele disse ponderando com a cabeça.
Lucas: Pode ter sido pro Zoca também, não sei - ele afirmou, pensando um pouco mais - Enfim, deixei isso guardado na minha cabeça, né? Mas hoje é um dia especial... pelo menos, eu acho - deixou um riso escapar e acabou fazendo nós três rirmos - E eu chamei a Nina para irmos fazer algo relacionado á essa corrente. Tive a ideia de procurar algumas crianças que possam passar o dia do meu aniversário comigo num passeio, assim, tipo shopping? Levá-las para almoçar, comprar alguns presentes... Bom, né? - ele falou cheio de expectativas, esperando a reação dos pais que já o sorriam com muito orgulho, provavelmente.
Paulim: Bom, Lucas? Isso é ótimo! Isso é lindo! - respondeu ainda mais animado do que todas as minhas expectativas poderiam prever - Cê é um homem e tanto, meu garoto - falou alcançando com alguns leves tapinhas o ombro do Lucas.
Karina: Eu iria até reclamar que cês não iam almoçar com a gente, mas não tenho como.. cê quebrou as minhas pernas, filho! - falou rindo da própria expressão.
Lucas: Ei, cê num vai escapar não... Só adiamos o almoço para um jantar, pode ser?
Karina: É claro! Porque eu vou me aproveitar disso para não fazer almoço e obrigar o seu pai e seu irmão á me levarem pra comer fora também.
Paulim: Quem ouve falar até pensa que nunca acontece - disse fazendo com que todos nós caíssemos em gargalhadas.
Karina: Mas deixa eu fazer uma pergunta... Como cês vão achar essas crianças?
Lucas: Na rua! Vamos vê onde vamos conseguir parar, o que vai aparecer no nosso caminho. Nessas horas, acho que Deus guia tudo.
Karina: Ah! Com certeza! - ela sorriu e intercalou o olhar entre Lucas e eu - Muito bom saber que cê vai acompanhar ele nessa! Estaremos aqui esperando cês voltarem cheio de novidades - sorriu para mim, que a devolvi o gesto, e recebi uma carga de paz a mais no meu coração. Era incrível como depois da conversa que tive com a Karina, a sentia tão mais leve com relação a mim e podia, então, ter total sensação de conforto com ela.
Lucas: Voltaremos sim, se Deus quiser! Vamo né, Nina? - falou, agora, também me dirigindo o olhar.
Nina: Bora, bora! - falei animada.
Paulim: Deus guie vocês, viu? - falou indo dar um beijo no filho e não se negou á fazer o mesmo gesto em meu rosto, assim como a Karina que nos abraçou em seguida.
Enquanto o Lucas começou a andar pela sala afim de procurar as chaves do próprio carro, vi a Karina e o Paulim subirem e eu fiquei ali parada - aproveitando somente para acarinhar a Luna que por ali passava. Ela era tão linda que era quase irresistível não brincar com ela, o pouco que fosse! Lucas não demorou nada para encontrar o seu chaveiro e assim chamou a minha atenção, nos levando a sair de casa em direção ao seu carro. Ele pediu que eu fosse dirigindo e não o neguei isso, dando a volta no automóvel para o lado do motorista e destravando as portas. Entramos juntos praticamente, ajeitamos os nossos cintos e como já era de hábito, dei partida no carro ao tempo que ele ligava o rádio para nós - a única diferença era que dessa vez fomos embalados ao som de sua playlist e não mais de nenhuma estação.
Quando alcançamos a entrada do condomínio, cumprimentamos o porteiro e dois dos seguranças que ali tinha, dali em diante instalando uma conversa entre nós. Assunto nunca nos faltava e era sempre agradável todas as opiniões que dividíamos, o que, então, nos fazia sempre prezar por um bom papo. Adentrei em uma das ruas principais do Rio de Janeiro, que esperadamente estava bastante movimentada e o nosso assunto cessou por alguns minutos quando o Lucas pegou seu celular, dando um pouco mais de atenção á ele - o que era justificável, por ser seu aniversário e eu nem ser capaz de imaginar a quantidade de mensagem que ali tinha.
Lucas: Olha só quem mandou mensagem - ele falou levando a mão livre do celular até o rádio, afim de abaixar um pouco do volume da música e antes que eu pudesse pensar que ele estava me virando a tela para que eu lesse, ouvi uma voz conhecida vinda de um provável áudio.
Voltando ao quarto e após pegar alguns acessórios que eu já estava, ocupei o espelho apenas para ajeitar o meu cabelo em um rabo de cavalo e pela sorte de ter trazido um batom bem clarinho, passá-lo em meus lábios. Parei pra me atentar ao Lucas quando ele ligou o secador, fazendo um bom barulho pelo cômodo e me fazendo dar conta que ele estava tentando secar o cabelo, como conseguia.
Lucas: Só pra eu não sair com ele molhadão desse jeito - falou mais alto por causa do ruído pra me avisar, quando percebeu que eu o estava observando.
Nina: Tá bom! - assenti com a cabeça e calcei o meu par de chinelos, sentando logo em seguida na pequena poltrona que lá tinha. Havia escolhido parar ali, simplesmente, pela vista que ela me dava ao banheiro. De onde eu estava, agora, conseguia o enxergar lá dentro e observá-lo havia se tornado um grande vício - dos bons! - que eu ganhei.
Lucas: Que foi, hein? - disse com um meio sorriso entre os lábios, desligando o aparelho uns cinco minutos depois (mesmo que seu cabelo não tivesse completamente seco, me pareceu que aquilo já foi o suficiente pra ele).
Nina: Nada... Só estava te olhando - afirmei, o vendo vir em minha direção e logo parar na minha frente, ainda de pé.
Lucas: Esse hábito é meu, viu? - disse colocando as mãos em meus ombros e fazendo uma leve massagem ali.
Nina: Agora é compartilhado - falei fechando levemente os meus olhos, sentindo o seu toque, e pude ouvi-lo rir - Mas eu também estava pensando em certas coisas...
Lucas: ... Se o meu hábito é compartilhado, seus pensamentos também tem que ser - disse apressado, me interrompendo
Nina; Calma, eu vou falar - disse rindo levemente - Eu sinto muito orgulho de ti, sabia? - falei o encarando e colocando a minha mão sobre a sua - Muito mesmo! Tu também é capaz de me surpreender de uma maneira que não cabe em mim o quanto me deixa feliz.
Lucas: Hoje cê tá falando cada coisa tão linda... é sério - ele disse, parecendo não conseguir tirar o sorriso do rosto.
Nina: Mas é sério mesmo, Lucas. Hoje é seu aniversário, a sua folga, a sua família tá aqui e tu tem todas as oportunidades do mundo pra fazer o que quiser, sabe? Até esbanjar todo o seu dinheiro naquelas festas que a gente sabe o quanto a maioria dos famosos e até mesmo gente que só quer aparecer faz. Mas não! Tu vai atrás de ajudar alguém, de fazer o dia de uma criança, que seja, feliz.
Lucas: Para, cara - ele disse pegando as minhas mãos e me puxando para que eu levantasse, ficando assim de frente á ele - Eu não quero fazer isso pra ter mérito de nada...
Nina: ... E isso torna a sua atitude mais bonita ainda! - o interrompi e ele sorriu, percebendo que eu não pararia de engrandecer o seu gesto, porque era realmente... raro. Essa palavra novamente, não haveria outra melhor para definir.
Como estava tornando um hábito nosso, aproveitamos aquela curta distância para um beijo - mas não passamos muita dessa linha, em virtude do longo tempo que programamos pela frente.
Lucas: Vamo descer, né? Cê tá pronta?
Nina: Uhum - assenti também com a cabeça e ele se soltou do meu corpo apenas para buscar seu aparelho que estava em um dos cantos do quarto.
Dali, saímos inevitavelmente animados - mesmo que sem saber o que resultaria dessa nossa ação -, mas já com a sensação que seria algo inesquecível. Ainda no corredor do segundo andar podíamos ouvir alguns barulho e logo que descíamos, descobrimos o que era: Os pais do Lucas haviam voltado de sua manhã pela orla e estavam subindo provavelmente em direção ao quarto onde estavam hospedados.
Paulim: Olha! - ele exclamou - Estávamos até pensando que cês tinham saído pelo silêncio...
Lucas: Tamo indo agora... Desce aí, desce aí rapidinho pra eu falar com cês - ele disse com uma voz animada e aproveitou que os pais ainda estavam nos primeiros degraus para fazer aquele pedido.
Karina: Aconteceu alguma coisa? - ela perguntou curiosa e com um leve teor de preocupação em sua voz, logo que eles desceram e nós também conseguimos chegar ali embaixo.
Lucas: Não, não. Mas eu e a Nina vamos sair por conta de uma ideia que eu tive e aí queria contar pro cês - ele falou ficando de frente pros pais e comigo em seu lado, apenas prestando atenção - Tem um tempo que eu vi um negócio de Desafio do Bem na internet, que é tipo uma corrente onde as pessoas vão fazendo boas ações e passando pras outras, sabe? Eu acho que cheguei até a te mostrar, não? - disse em direção ao pai.
Paulim: Não lembro, filho! - ele disse ponderando com a cabeça.
Lucas: Pode ter sido pro Zoca também, não sei - ele afirmou, pensando um pouco mais - Enfim, deixei isso guardado na minha cabeça, né? Mas hoje é um dia especial... pelo menos, eu acho - deixou um riso escapar e acabou fazendo nós três rirmos - E eu chamei a Nina para irmos fazer algo relacionado á essa corrente. Tive a ideia de procurar algumas crianças que possam passar o dia do meu aniversário comigo num passeio, assim, tipo shopping? Levá-las para almoçar, comprar alguns presentes... Bom, né? - ele falou cheio de expectativas, esperando a reação dos pais que já o sorriam com muito orgulho, provavelmente.
Paulim: Bom, Lucas? Isso é ótimo! Isso é lindo! - respondeu ainda mais animado do que todas as minhas expectativas poderiam prever - Cê é um homem e tanto, meu garoto - falou alcançando com alguns leves tapinhas o ombro do Lucas.
Karina: Eu iria até reclamar que cês não iam almoçar com a gente, mas não tenho como.. cê quebrou as minhas pernas, filho! - falou rindo da própria expressão.
Lucas: Ei, cê num vai escapar não... Só adiamos o almoço para um jantar, pode ser?
Karina: É claro! Porque eu vou me aproveitar disso para não fazer almoço e obrigar o seu pai e seu irmão á me levarem pra comer fora também.
Paulim: Quem ouve falar até pensa que nunca acontece - disse fazendo com que todos nós caíssemos em gargalhadas.
Karina: Mas deixa eu fazer uma pergunta... Como cês vão achar essas crianças?
Lucas: Na rua! Vamos vê onde vamos conseguir parar, o que vai aparecer no nosso caminho. Nessas horas, acho que Deus guia tudo.
Karina: Ah! Com certeza! - ela sorriu e intercalou o olhar entre Lucas e eu - Muito bom saber que cê vai acompanhar ele nessa! Estaremos aqui esperando cês voltarem cheio de novidades - sorriu para mim, que a devolvi o gesto, e recebi uma carga de paz a mais no meu coração. Era incrível como depois da conversa que tive com a Karina, a sentia tão mais leve com relação a mim e podia, então, ter total sensação de conforto com ela.
Lucas: Voltaremos sim, se Deus quiser! Vamo né, Nina? - falou, agora, também me dirigindo o olhar.
Nina: Bora, bora! - falei animada.
Paulim: Deus guie vocês, viu? - falou indo dar um beijo no filho e não se negou á fazer o mesmo gesto em meu rosto, assim como a Karina que nos abraçou em seguida.
Enquanto o Lucas começou a andar pela sala afim de procurar as chaves do próprio carro, vi a Karina e o Paulim subirem e eu fiquei ali parada - aproveitando somente para acarinhar a Luna que por ali passava. Ela era tão linda que era quase irresistível não brincar com ela, o pouco que fosse! Lucas não demorou nada para encontrar o seu chaveiro e assim chamou a minha atenção, nos levando a sair de casa em direção ao seu carro. Ele pediu que eu fosse dirigindo e não o neguei isso, dando a volta no automóvel para o lado do motorista e destravando as portas. Entramos juntos praticamente, ajeitamos os nossos cintos e como já era de hábito, dei partida no carro ao tempo que ele ligava o rádio para nós - a única diferença era que dessa vez fomos embalados ao som de sua playlist e não mais de nenhuma estação.
Quando alcançamos a entrada do condomínio, cumprimentamos o porteiro e dois dos seguranças que ali tinha, dali em diante instalando uma conversa entre nós. Assunto nunca nos faltava e era sempre agradável todas as opiniões que dividíamos, o que, então, nos fazia sempre prezar por um bom papo. Adentrei em uma das ruas principais do Rio de Janeiro, que esperadamente estava bastante movimentada e o nosso assunto cessou por alguns minutos quando o Lucas pegou seu celular, dando um pouco mais de atenção á ele - o que era justificável, por ser seu aniversário e eu nem ser capaz de imaginar a quantidade de mensagem que ali tinha.
Lucas: Olha só quem mandou mensagem - ele falou levando a mão livre do celular até o rádio, afim de abaixar um pouco do volume da música e antes que eu pudesse pensar que ele estava me virando a tela para que eu lesse, ouvi uma voz conhecida vinda de um provável áudio.
Babi: Feliz aniversário, Lucas! Muita saúde, muita paz, muitas alegrias e que Papai do Céu te mantenha num caminho de muita luz. Ahhh... Muito amor da Nina! - gargalhou
Jayme: Feliz aniversário, meu lindão! - a voz dele apareceu nos últimos segundos do áudio, fazendo com que eu e o Lucas gargalhássemos ainda sem saber se pela felicitação do Jayme ou pelo final da fala da Babi.
Nina: Essas pessoas são da minha família mesmo? - intercalei a minha visão entre a direção e ele, que ainda ria.
Lucas: Eles dois são comédias demais, como é que pode? - falou, mas com a sua atenção voltada ao celular, parecendo digitar alguma resposta.
Nina: Eles estão em lua de mel, devem estar dormindo e acordando mais alterados que o normal - ri e o Lucas acabou me acompanhando.
Lucas: Que dia que eles voltam, Nina?
Nina: Sabe que eu nem sei? Mas eu acho que é no próximo final de semana... Mesmo com o casório, o Jayme não conseguiu pegar tantos dias de folga assim.
Ele assentiu com a cabeça e terminou de fazer o que queria no celular, deixando o aparelho sobre o porta luvas e agora parecendo prestar atenção por onde nós passávamos. Aliás, estávamos mesmo precisando começar a olhar pro lado para, enfim, darmos sentido ao que de fato viemos fazer aqui na rua.
Digamos que não era tão difícil encontrar crianças moradoras de rua no Rio de Janeiro e bastava que prestássemos um pouco mais de atenção para podermos achar alguém para levarmos conosco durante o dia. No entanto, eu acredito muito que Deus sempre instrui qualquer pessoa, quando dentro de uma ação do bem. E assim como o pedido de Karina para que Ele nos guiasse, antes de sairmos de casa, eu percebi que tínhamos uma espécia de ajuda divina.
A prova disso veio quando paramos no semáforo e nós estávamos bem em primeiro ali, o que tornou fácil observar o que estava acontecendo naquele intervalo que o vermelho da sinalização pedia uma pausa no trânsito: Uma criança parou no meio da rua, com alguns limões em sua mão, e enquanto fazia uma espécie de malabarismo, uma outra bem pequena passava na lateral dos carros deixando balas em nosso retrovisor.
Lucas: Abre a janela, abre a janela - ele falou logo que o pequeno garoto deixou as balas ali no carro.
Nina: Não deu tempo - falei abrindo o vidro, mas pela pressa e provável ciência do pouco tempo que o semáforo ficava fechado, o menino já estava passando por outros carros - Tu quer falar com eles?
Lucas: Sim! - a voz do Lucas tinha uma mescla de determinação com animação.
Nina: Acho melhor eu encostar o carro, então. Se pararmos no meio do caminho, quando o semáforo abrir, esse povo vai ficar todo buzinando aqui nas costas...
Lucas: É, é melhor... então, tenta parar aí! - assenti com a cabeça, observando á nossa volta se realmente seria possível eu achar um lugar que fosse pra parar.
O pequeno garoto passou logo por nós, pegando a bala em nosso retrovisor, mas dessa vez Lucas não se afobou em falar com ele por ter ciência que teríamos mais calma para essa conversa. Por sorte, encontrei um lugar que não me parecia proibido em parar e quando o semáforo abriu, coloquei o carro mais para esse canto, dando passagem livre ao restante do trânsito. Deixei o carro com o alerta ligado, ainda assim, e aproveitei a janela aberta para inclinar um pouco do meu corpo pra fora e chamar aqueles meninos - que agora pareciam reorganizar todas as suas coisas, afim de entrar em ação novamente quando o vermelho obrigasse os carros a pararem.
Nina: Bom dia - falei assim que o garoto maior veio em direção ao carro, sendo quase imediatamente seguido pela menor.
XXXX: Oi tia, tu quer quantas balas? - ele concluiu que eu o havia chamado apenas para aquilo e veio com alguns pacotes daquilo em mãos, parando em frente a porta do lado do motorista.
Lucas: Eu tô querendo falar contigo, mlk... tudo bem com cê? - Lucas perguntou se encurvando um pouco e esticando a mão pra ele, que logo o cumprimentou com um daqueles toques.
XXXX: Tudo sim, tio, mas num tô podendo conversar.. Ó lá, já tá chegando os outros mlks, vô perder esse sinal - falou levando os olhos para um grupo de mais umas três crianças - adolescentes que pareciam chegar para fazer a mesma coisa que eles: vender o que tinham.
Lucas: Relaxa com isso hoje! Vô te falar o que a gente quer... Hoje é meu aniversário e eu quero passar o dia fazendo bem pra alguém que precise. Eu tô vendo a correria sua e do teu irmão aí... Ele é teu irmão, né? - o garoto, que agora parecia ter voltado sua atenção para nós dois, assentiu com a cabeça - Então, resolvi parar aqui com cês. Cês num querem não? Passar o dia comemorando meu aniversário comigo, pô
XXXX: Que isso, tio, tu num tá falando sério nada
Lucas: Claro que tô, ô! Tô te fazendo um convite sério e ia ficar felizão se cê aceitasse - falou todo animado naquele papo que eu nem ousava me intrometer, apenas observava como o Lucas tentava os convencer.
XXXX: Mas aí eu vô poder levar meu irmão? E pra onde a gente vai? É agora? - ele perguntou até parecendo um pouco desconfiado, mas eu acredito que seja normal até pela vida que, infelizmente, eles são postos á viver.
Lucas: Claro, claro! Quero cês dois como meus convidados...
XXXX: Então que que a gente faz? Vamo aceitar, pô - ele falou, pela primeira vez, esboçando um sorriso e eu respirei aliviada.
Lucas: Então cê vai com a gente! Pode entrar aí no carro! - o garoto arregalou os olhos quando ouviu o barulho que eu destravei as portas do carro. Ele, nitidamente, não podia acreditar naquilo.
XXXX: Mas pera aí tio! - ele falou depois de passado o êxtase da permissão para entrar no carro - Num posso perder mercadoria, que que eu vô fazer com elas?
Lucas: Coloca elas aqui atrás com vocês, num tem problema não... Quer que eu te ajude?
XXXX: Precisa não, precisa não... Vou só pegar! Tu fica aí, Gabrielzinho - falou pro irmão caçula e deu apenas alguns passos em direção aonde estava a caixa, com todos os pacotes de bala deles dentro.
Abri a porta traseira por dentro e o garoto maior indicou que o pequeno entrasse primeiro e só então, depois que ele pôs a caixa no banco também, ele entrou e bateu a porta logo em seguida.
Nina: Esse pequeno aí a gente ouviu que é Gabrielzinho o nome - falei fechando a janela do meu lado, por conta do ar que estava ligado, e me virando um pouco no banco afim de conhecê-los um pouco mais antes de darmos partida - Mas e o seu? - disse olhando pro maior.
Cauã: Cauã!
Nina: Nomes bonitos... Gosto dos dois - sorri, simpática - Com quantos anos vocês estão?
Cauã: Eu com catorze! E você, Gabrielzinho? - falou bagunçando o cabelo do irmão.
Gabriel: Seis... bem assim - falou fazendo o número com os dedos, deixando com que eu e o Lucas no entreolhássemos e ríssemos.
Lucas: Caraca, parceirinho, cê tá de parabéns hein! Grandão! - falou, empolgado.
Nina: E muito esperto - continuei sorrindo, assim agora como o maior ao observar aquilo e o pequeno por receber tantos elogios - Vou falar meu nome também, né? Me chamo Marina, mas assim como o Gabrielzinho, eu tenho um apelido... Então, vocês vão me chamar de Nina, se quiserem, tá certo? - vi os dois consentirem com a cabeça.
Lucas: E o meu nome é Lucas, acho que num tenho outro apelido não - falou rindo, coçando a própria cabeça
Cauã: Eu acho que eu te conheço de algum lugar, ô cara... - falou olhando pro Lucas, comprimindo um pouco dos olhos, como quem pensasse de onde já pudesse ter visto o Lucas.
Nina: Calma! Não fala! - disse apressada pro Lucas que eu tenho certeza que já contaria quem era ele - Vou mostrar uma coisa pra vocês dois, tá bom? - falei apontando pro Cauã e pro Gabriel que tinham seus olhos atentos e curiosos sobre mim.
Para falar a verdade, até Lucas estava assim: louco pra saber o que eu ia fazer. Virei-me em direção ao rádio e como estava plugado á playlist dele tudo seria ainda mais fácil. Mesmo sabendo que o Lucas não costumava ouvir as suas músicas - para falar a verdade, quase nem sertanejo ele ouvia -, eu comecei a procurar a sua inicial entre tudo o que tinha lá. Eu tinha certeza que algum dos seus álbuns estavam ali! Depois de um bom tempo no Brasil e de convivência, era fato saber quais eram os grandes sucessos irreconhecíveis do Lucas, mas não podia ter ficado mais feliz por ter encontrado Mozão antes de qualquer outra música.
Cauã: Tu é o Lucas Lucco! - ele falou completamente surpreso, antes mesmo de chegar o refrão, e fez o Gabriel arregalar os olhos - Tu é burro hein, como a gente não reparou? - disse falando pro Gabriel em total tom de descontração, dando até um tapinha na cabeça do irmão.
Lucas: Que ideia boa, dona Nina! - falou rindo pra mim, mas rapidinho voltamos a atenção aos meninos. Em especial, ao Gabriel que começara a cantarolar a música, mesmo que um pouco errada - Ih, cê sabe é, Gabrielzinho?
Gabriel: Uhum - ele respondeu com um bico nos lábios e balançando a cabeça positivamente - Essa música toca muito né mano? - falou virando pro irmão.
Cauã: Toca. Mlk, onde a gente costuma comer, num barzinho aqui perto até... só toca tu na rádio, a gente até aprende - ele falou rindo com as suas lembranças e nos fazendo acompanhá-lo.
Lucas: Que bom, cara! Mas ó, hoje a gente vai fazer um combinado... Eu só sou o Lucas, tá bem? E agora a gente vai decidir o que fazer... Cês querem ir no shopping?
Gabriel: Eu quero, eu quero! - ele respondeu de imediato, completamente animado com a ideia.
Lucas: Então, será que a nossa motorista vai querer levar a gente? - falou em tom de brincadeira com as crianças, mas alternou o seu olhar pra mim também por conta do que disse.
Nina: Só aceito ser a motorista de vocês se eu ganhar um beijo de cada lado dos dois quando chegarmos lá - falei levantando o dedo indicador, impondo a condição e segurando o riso.
Gabriel: Por favor, tia, eu dou! - ele falou juntando as mãos, me fazendo quase morrer de amores ali mesmo.
Cauã: Só isso? Eu dou, ainda mais que tu é mó gata mesmo - falou todo espontâneo, me fazendo rir e o Lucas também ali em meu lado.
Lucas: Ô mlk que tem bom gosto, escolhemos os certos! - falou ainda rindo, enquanto eu ligava o carro para voltarmos a rodovia e irmos em direção ao shopping, dominados por todo aquele clima de descontração.
Durante todo o caminho, minha pele por vezes se arrepiava. Era como aquele bom sentimento de ter sido guiada ás pessoas certas, de estar fazendo o certo. Eu rezei muito para que achássemos alguém que verdadeiramente precisava de um pouquinho mais de felicidade, de cuidado e de afeto - assim como imagino que o Lucas também - e acho que ele não pediu que eu parasse com esses meninos apenas por coincidência. Mesmo com a vida não tão fácil, eles eram tão alegres que chegava a doer em nós - que, por muitas vezes, lamentamos por pequeninas coisas, quando na verdade, o mundo inteiro está sempre a sorrir para nós independente das circunstâncias. Viria um bom dia pela frente, eu podia ter certeza. E fiquei grata por saber que foram aqueles meninos com tanta simpatia que afloraram ainda mais o nosso espírito de empatia.
Cauã: Sabe o que eu sei mesmo, tia? É que se vocês não são namorados, vocês são dois bundões - falou fazendo com que eu e o Lucas simulássemos caras de ofendido, mas logo caímos em gargalhada.
Lucas: Cê acha que eu deveria pedir á ela, Cauã?
Cauã: Tu ainda não fez isso? É óbvio! - ele disse olhando pro Lucas com a cara mais evidente possível
Lucas: Cê concorda com isso, Gabrielzinho? - falou encurvando um pouco do corpo, aproveitando pra mexer no cabelo do Gabriel
Gabriel: Sim! Ela é bonita, tio - falou do jeitinho calmo dele, que nos fez apaixonar desde o começo. Só desprendi meu sorriso dele quando percebi que o Lucas, aproveitou-se por estar ligeiramente abaixado, e ajoelhou-se ali no chão mesmo, em minha frente.
Nina: Que isso? - perguntei sob as vistas do Cauã e Gabriel.
Lucas: Eu vô te pedir em namoro, uai! Se eles dois deixaram, eu é que não quero ser bundão - falou fazendo o Cauã rir
Nina: A gente já namora, guri! - falei rindo, meio desentendida.
Lucas: Mas eu nunca fiz aquele pedido... Agora vô fazer...
Cauã: Agora tu tá com moral, tio! - ele falou todo empolgado, como quem incentivasse o Lucas a continuar.
Lucas: Nina... Cê quer namorar comigo? - falou pegando as minhas mãos, me fazendo sorrir e rir sem parar.
Nina: Claro, né, Lucas? - falei o vendo rir também e aproveitei nossas mãos unidas para puxá-lo a ficar de pé.
Cauã: Aeeeeee!! - ele comemorou, balançando os braços do Gabriel que só sabia gargalhar, encarando tudo como uma grande brincadeira - Ei, pera aí! - ele chamou a nossa atenção logo que o Lucas se pôs de pé
Lucas: Que que foi? Vai falar agora que eu não sou mais bundão? - falou rindo
Cauã: Também, mas primeiro eu preciso fazer igual no casamento... Eu declaro vocês dois namorado e namorada! - disse atuando em uma postura ereta e com o dedo indicador apontado para cima, simulando uma seriedade que me dava certeza da personalidade cômica daquele garoto - Agora tu beija ela né, mlk? - falou de forma tão óbvia, como quem se sentisse um padre num casamento, que nos fez gargalhar antes de qualquer coisa. Mas não deixamos de fazer o que ele havia pedido, finalizando aquele pedido com um selinho um pouco mais demorado.
Nina: Agora sim eu tive um pedido de namoro oficial, com bênção do Cauã e Gabrielzinho. Nada podia estar melhor, não é? - falei gesticulando e sem conseguir conter a minha felicidade. Era tão puro aquilo que eles me traziam que beirava o inexplicável.
Cauã: Agora sim! - ele disse, todo esperto e para frente como era.
Dali para nos despedir foi um pulo e também, a pior parte. Era facílimo passar o dia na presença daquelas duas crianças que tanto tinha para fazer por nós - ainda que aos olhos sociais tudo fosse ao contrário -, porém era dificílimo saber quando deveríamos parar de dar tchau e realmente entrar no carro. Deixamos com eles, além de tantos abraços, nossos pedidos para que eles se cuidassem e que lembrassem que haviam ganhado dois amigos de verdade. Inevitavelmente, eu pedi para que Deus vigiasse esses dois enquanto nos abraçávamos e farei isso por muitas vezes, em minhas orações. Hoje, das quatro pessoas, eu fui a mais beneficiada! Mesmo que as crianças tenham recebido presentes como nunca antes e o aniversário fosse do Lucas, ninguém se sentia mais lisonjeada que eu por poder compartilhar desse dia com eles três. Jamais conseguiria descrever o que foi ver tanto brilho nos olhos que traziam sonhos gigantes, tantas palavras espontâneas, tanto sorrisos ingênuos e tanta luta, mesmo que tão novos. Eles nos agradeceram, mas na verdade, foi Cauã e Gabriel que pegaram para si todo o nosso sentimento de gratidão. O coração chegava a bater acelerado por não saber transportar toda essa felicidade em palavras.
Quando, finalmente, conseguimos entrar no carro, eu finalizei meu trabalho como motorista por seguir aquele último caminho no volante. Lucas parecia anestesiado, com um sorriso que não saía do rosto enquanto via a própria história no SnapChat e aquele era o único barulho dentro do carro, até então.
Lucas: E então - ele disse dando uma pausa, enquanto deixava o aparelho entre as suas pernas e nos fazendo rir, provavelmente pela falta de palavras - Cê gostou do seu pedido de namoro, hein?
Nina: Gente, eles são duas figuras... Aliás, vocês, né?!- falei soltando um sorriso quase involuntário - Mas sim, não poderia ter sido melhor - tirei meus olhos por segundos da rua para poder encará-lo, que sorria tão iluminado quanto eu.
Lucas: Agora cê é minha namorada oficial, com direito a pedido ajoelhado e tudo. Foi até bom o Cauã ter nos chamado de bundões que agora cê num tem pra onde fugir, vai ter que seguir o livro de mandamentos dos namorados
Nina: Esquece esse livro imaginário teu - falei gargalhando e soltando uma das mãos do volante para dar um tapinha na perna dele - Mas é sério, mesmo com todas essas brincadeiras, eu repito que não poderia ter sido melhor. Aliás, o dia não podia ter sido melhor... O que são esses guris? - falei encantada ainda com tudo o que tínhamos vivido.
Lucas: É bizarro como eles são inocentes, né? - ele questionou no mesmo tom.
Nina: Sim! E tipo, qualquer pessoa em volta da gente poderia chegar interessado em qualquer coisa, sabe? Principalmente por ti, por tua fama. E até essa questão do namoro... Se alguém ouvisse, só se interessaria em contar isso de modo que pudesse vender notícia. Eles não! Eles veem sempre o lado mais puro, mais bonito. Eles queriam aproveitar isso com a gente.
Lucas: É exatamente isso! Cê acabou de organizar todos os meus pensamentos quanto ao que acabou de acontecer - ele falou empolgado, me fazendo rir - Sobre tudo, definitivamente, esse foi o melhor aniversário que eu já poderia ter passado.
Nina: E eu agradeço infinitamente por tu me deixar fazer parte dele - o olhei mais uma vez, sorrindo e ele me retribuiu.
Ficamos mais um tempinho seguido á isso em silêncio, porém, mais uma vez aquilo não foi constrangedor. O clima entre nós falava por si só e o caminho até a casa do Lucas, dali, foi tão curto que não era necessário mais nada. Certamente, se o dia acabasse aqui e agora, nós não teríamos um minimo arrependimento ou reclamação - aquilo era a meta de perfeição que muitas vezes passamos a vida inteira procurando, quando na verdade era alcançado com tão pouco.
Jayme: Feliz aniversário, meu lindão! - a voz dele apareceu nos últimos segundos do áudio, fazendo com que eu e o Lucas gargalhássemos ainda sem saber se pela felicitação do Jayme ou pelo final da fala da Babi.
Nina: Essas pessoas são da minha família mesmo? - intercalei a minha visão entre a direção e ele, que ainda ria.
Lucas: Eles dois são comédias demais, como é que pode? - falou, mas com a sua atenção voltada ao celular, parecendo digitar alguma resposta.
Nina: Eles estão em lua de mel, devem estar dormindo e acordando mais alterados que o normal - ri e o Lucas acabou me acompanhando.
Lucas: Que dia que eles voltam, Nina?
Nina: Sabe que eu nem sei? Mas eu acho que é no próximo final de semana... Mesmo com o casório, o Jayme não conseguiu pegar tantos dias de folga assim.
Ele assentiu com a cabeça e terminou de fazer o que queria no celular, deixando o aparelho sobre o porta luvas e agora parecendo prestar atenção por onde nós passávamos. Aliás, estávamos mesmo precisando começar a olhar pro lado para, enfim, darmos sentido ao que de fato viemos fazer aqui na rua.
Digamos que não era tão difícil encontrar crianças moradoras de rua no Rio de Janeiro e bastava que prestássemos um pouco mais de atenção para podermos achar alguém para levarmos conosco durante o dia. No entanto, eu acredito muito que Deus sempre instrui qualquer pessoa, quando dentro de uma ação do bem. E assim como o pedido de Karina para que Ele nos guiasse, antes de sairmos de casa, eu percebi que tínhamos uma espécia de ajuda divina.
A prova disso veio quando paramos no semáforo e nós estávamos bem em primeiro ali, o que tornou fácil observar o que estava acontecendo naquele intervalo que o vermelho da sinalização pedia uma pausa no trânsito: Uma criança parou no meio da rua, com alguns limões em sua mão, e enquanto fazia uma espécie de malabarismo, uma outra bem pequena passava na lateral dos carros deixando balas em nosso retrovisor.
Lucas: Abre a janela, abre a janela - ele falou logo que o pequeno garoto deixou as balas ali no carro.
Nina: Não deu tempo - falei abrindo o vidro, mas pela pressa e provável ciência do pouco tempo que o semáforo ficava fechado, o menino já estava passando por outros carros - Tu quer falar com eles?
Lucas: Sim! - a voz do Lucas tinha uma mescla de determinação com animação.
Nina: Acho melhor eu encostar o carro, então. Se pararmos no meio do caminho, quando o semáforo abrir, esse povo vai ficar todo buzinando aqui nas costas...
Lucas: É, é melhor... então, tenta parar aí! - assenti com a cabeça, observando á nossa volta se realmente seria possível eu achar um lugar que fosse pra parar.
O pequeno garoto passou logo por nós, pegando a bala em nosso retrovisor, mas dessa vez Lucas não se afobou em falar com ele por ter ciência que teríamos mais calma para essa conversa. Por sorte, encontrei um lugar que não me parecia proibido em parar e quando o semáforo abriu, coloquei o carro mais para esse canto, dando passagem livre ao restante do trânsito. Deixei o carro com o alerta ligado, ainda assim, e aproveitei a janela aberta para inclinar um pouco do meu corpo pra fora e chamar aqueles meninos - que agora pareciam reorganizar todas as suas coisas, afim de entrar em ação novamente quando o vermelho obrigasse os carros a pararem.
Nina: Bom dia - falei assim que o garoto maior veio em direção ao carro, sendo quase imediatamente seguido pela menor.
XXXX: Oi tia, tu quer quantas balas? - ele concluiu que eu o havia chamado apenas para aquilo e veio com alguns pacotes daquilo em mãos, parando em frente a porta do lado do motorista.
Lucas: Eu tô querendo falar contigo, mlk... tudo bem com cê? - Lucas perguntou se encurvando um pouco e esticando a mão pra ele, que logo o cumprimentou com um daqueles toques.
XXXX: Tudo sim, tio, mas num tô podendo conversar.. Ó lá, já tá chegando os outros mlks, vô perder esse sinal - falou levando os olhos para um grupo de mais umas três crianças - adolescentes que pareciam chegar para fazer a mesma coisa que eles: vender o que tinham.
Lucas: Relaxa com isso hoje! Vô te falar o que a gente quer... Hoje é meu aniversário e eu quero passar o dia fazendo bem pra alguém que precise. Eu tô vendo a correria sua e do teu irmão aí... Ele é teu irmão, né? - o garoto, que agora parecia ter voltado sua atenção para nós dois, assentiu com a cabeça - Então, resolvi parar aqui com cês. Cês num querem não? Passar o dia comemorando meu aniversário comigo, pô
XXXX: Que isso, tio, tu num tá falando sério nada
Lucas: Claro que tô, ô! Tô te fazendo um convite sério e ia ficar felizão se cê aceitasse - falou todo animado naquele papo que eu nem ousava me intrometer, apenas observava como o Lucas tentava os convencer.
XXXX: Mas aí eu vô poder levar meu irmão? E pra onde a gente vai? É agora? - ele perguntou até parecendo um pouco desconfiado, mas eu acredito que seja normal até pela vida que, infelizmente, eles são postos á viver.
Lucas: Claro, claro! Quero cês dois como meus convidados...
XXXX: Então que que a gente faz? Vamo aceitar, pô - ele falou, pela primeira vez, esboçando um sorriso e eu respirei aliviada.
Lucas: Então cê vai com a gente! Pode entrar aí no carro! - o garoto arregalou os olhos quando ouviu o barulho que eu destravei as portas do carro. Ele, nitidamente, não podia acreditar naquilo.
XXXX: Mas pera aí tio! - ele falou depois de passado o êxtase da permissão para entrar no carro - Num posso perder mercadoria, que que eu vô fazer com elas?
Lucas: Coloca elas aqui atrás com vocês, num tem problema não... Quer que eu te ajude?
XXXX: Precisa não, precisa não... Vou só pegar! Tu fica aí, Gabrielzinho - falou pro irmão caçula e deu apenas alguns passos em direção aonde estava a caixa, com todos os pacotes de bala deles dentro.
Abri a porta traseira por dentro e o garoto maior indicou que o pequeno entrasse primeiro e só então, depois que ele pôs a caixa no banco também, ele entrou e bateu a porta logo em seguida.
Nina: Esse pequeno aí a gente ouviu que é Gabrielzinho o nome - falei fechando a janela do meu lado, por conta do ar que estava ligado, e me virando um pouco no banco afim de conhecê-los um pouco mais antes de darmos partida - Mas e o seu? - disse olhando pro maior.
Cauã: Cauã!
Nina: Nomes bonitos... Gosto dos dois - sorri, simpática - Com quantos anos vocês estão?
Cauã: Eu com catorze! E você, Gabrielzinho? - falou bagunçando o cabelo do irmão.
Gabriel: Seis... bem assim - falou fazendo o número com os dedos, deixando com que eu e o Lucas no entreolhássemos e ríssemos.
Lucas: Caraca, parceirinho, cê tá de parabéns hein! Grandão! - falou, empolgado.
Nina: E muito esperto - continuei sorrindo, assim agora como o maior ao observar aquilo e o pequeno por receber tantos elogios - Vou falar meu nome também, né? Me chamo Marina, mas assim como o Gabrielzinho, eu tenho um apelido... Então, vocês vão me chamar de Nina, se quiserem, tá certo? - vi os dois consentirem com a cabeça.
Lucas: E o meu nome é Lucas, acho que num tenho outro apelido não - falou rindo, coçando a própria cabeça
Cauã: Eu acho que eu te conheço de algum lugar, ô cara... - falou olhando pro Lucas, comprimindo um pouco dos olhos, como quem pensasse de onde já pudesse ter visto o Lucas.
Nina: Calma! Não fala! - disse apressada pro Lucas que eu tenho certeza que já contaria quem era ele - Vou mostrar uma coisa pra vocês dois, tá bom? - falei apontando pro Cauã e pro Gabriel que tinham seus olhos atentos e curiosos sobre mim.
Para falar a verdade, até Lucas estava assim: louco pra saber o que eu ia fazer. Virei-me em direção ao rádio e como estava plugado á playlist dele tudo seria ainda mais fácil. Mesmo sabendo que o Lucas não costumava ouvir as suas músicas - para falar a verdade, quase nem sertanejo ele ouvia -, eu comecei a procurar a sua inicial entre tudo o que tinha lá. Eu tinha certeza que algum dos seus álbuns estavam ali! Depois de um bom tempo no Brasil e de convivência, era fato saber quais eram os grandes sucessos irreconhecíveis do Lucas, mas não podia ter ficado mais feliz por ter encontrado Mozão antes de qualquer outra música.
Cauã: Tu é o Lucas Lucco! - ele falou completamente surpreso, antes mesmo de chegar o refrão, e fez o Gabriel arregalar os olhos - Tu é burro hein, como a gente não reparou? - disse falando pro Gabriel em total tom de descontração, dando até um tapinha na cabeça do irmão.
Lucas: Que ideia boa, dona Nina! - falou rindo pra mim, mas rapidinho voltamos a atenção aos meninos. Em especial, ao Gabriel que começara a cantarolar a música, mesmo que um pouco errada - Ih, cê sabe é, Gabrielzinho?
Gabriel: Uhum - ele respondeu com um bico nos lábios e balançando a cabeça positivamente - Essa música toca muito né mano? - falou virando pro irmão.
Cauã: Toca. Mlk, onde a gente costuma comer, num barzinho aqui perto até... só toca tu na rádio, a gente até aprende - ele falou rindo com as suas lembranças e nos fazendo acompanhá-lo.
Lucas: Que bom, cara! Mas ó, hoje a gente vai fazer um combinado... Eu só sou o Lucas, tá bem? E agora a gente vai decidir o que fazer... Cês querem ir no shopping?
Gabriel: Eu quero, eu quero! - ele respondeu de imediato, completamente animado com a ideia.
Lucas: Então, será que a nossa motorista vai querer levar a gente? - falou em tom de brincadeira com as crianças, mas alternou o seu olhar pra mim também por conta do que disse.
Nina: Só aceito ser a motorista de vocês se eu ganhar um beijo de cada lado dos dois quando chegarmos lá - falei levantando o dedo indicador, impondo a condição e segurando o riso.
Gabriel: Por favor, tia, eu dou! - ele falou juntando as mãos, me fazendo quase morrer de amores ali mesmo.
Cauã: Só isso? Eu dou, ainda mais que tu é mó gata mesmo - falou todo espontâneo, me fazendo rir e o Lucas também ali em meu lado.
Lucas: Ô mlk que tem bom gosto, escolhemos os certos! - falou ainda rindo, enquanto eu ligava o carro para voltarmos a rodovia e irmos em direção ao shopping, dominados por todo aquele clima de descontração.
Durante todo o caminho, minha pele por vezes se arrepiava. Era como aquele bom sentimento de ter sido guiada ás pessoas certas, de estar fazendo o certo. Eu rezei muito para que achássemos alguém que verdadeiramente precisava de um pouquinho mais de felicidade, de cuidado e de afeto - assim como imagino que o Lucas também - e acho que ele não pediu que eu parasse com esses meninos apenas por coincidência. Mesmo com a vida não tão fácil, eles eram tão alegres que chegava a doer em nós - que, por muitas vezes, lamentamos por pequeninas coisas, quando na verdade, o mundo inteiro está sempre a sorrir para nós independente das circunstâncias. Viria um bom dia pela frente, eu podia ter certeza. E fiquei grata por saber que foram aqueles meninos com tanta simpatia que afloraram ainda mais o nosso espírito de empatia.
[...]
Eu sempre soube que ações como essas eram uma lição inesquecível. Já estava devidamente preparada a me surpreender e aprender muito com esses meninos que, por olhos julgadores, nós não somos capazes de imaginar o quanto eles podem nos oferecer. Mas o nosso dia, definitivamente, superou todas as minhas expectativas. Logo que chegamos ao shopping, os olhos de encantamento dos meninos poderiam ser classificados como uma das coisas mais bonitas que eu já vi em toda a minha vida. Dentre os corredores e vitrines, eles olhavam animados e surpresos com uma realidade que mesmo tão próxima fisicamente, os parecia tão distante. Circulamos pelo espaço do shopping bem devagar, deixando-os aproveitar como queriam e o Lucas não demorou muito para que começasse a fazer uma ótima farra com eles. Os três se valeram do estabelecimento não estar tão cheio, até por ser um dia de semana, e correram bastante entre as lojas. Brincaram do que podia e não podia, até ás vezes alarmando um pouco alguns seguranças que passavam. Mas dessa vez, eles não impediam - e eu queria muito acreditar que era somente por ver diversão naquele gesto e não por estar reconhecendo quem era o Lucas.
A minha posição foi a de câmera daquele dia. Gravei tanto snaps deles que não poderia mais contar! Mas ainda que por trás dela, guardando registro de cada momento daquele, eu podia dizer que me diverti tanto quanto os três. Uma infinidade de bons sentimentos me invadiam somente pela presença daquelas crianças que eu não ousaria em pedir mais nada. A felicidade estava ali.
Lucas: Bora, Gabrielzinho, bora pro chão que essa é a nossa última loja - falou assim que nós paramos em frente á uma das maiores lojas de brinquedos do shopping, tirando o pequeno que estava sobre os seus ombros.
Gabriel: A gente vai comprar brinquedo, tio? - ele perguntou completamente empolgado.
Lucas: Só pro cê - falou quando Gabrielzinho já estava no chão - Cauã não é mais criança - falou provocando o maior, quem estava de braços dados comigo.
Cauã já estava caindo em gargalhada se recordando que havia dito não ser mais criança quando o Lucas o perguntou, na hora do almoço, se ele preferia almoçar comida ou Mc Lanche Feliz, como havia sido a resposta do irmão.
Cauã: Quem disse isso? Tu lembra, tia? - falou olhando pra mim, num tom completo de cinismo - Olha, não sei mesmo! - balançou positivamente a cabeça, numa atuação que a Globo quase o perdia, causando gargalhada dessa vez em todos nós.
Dali, adentramos á loja e o fascínio do Gabriel foi o mais gostoso de poder trazê-lo aqui também. Parecia jamais ter visto tantos brinquedos assim e o seu sorriso de admiração principalmente ao Lucas mostrava o quanto ele queria agradecê-lo por deixar que ele escolhesse o que quisesse. Lucas assumiu o controle em ajudar o Gabriel á pegar alguns brinquedos, ainda que Cauã desse alguma opinião ás vezes, por também conhecer o irmão. Eu participei como pude daquele momento, mas era inegável a facilidade que o Lucas tinha de lidar com as crianças - principalmente, quando menores. Parecia que ele já tinha um laço com eles há um bom tempo, ninguém poderia acreditar que nos conhecemos pela manhã. Cauã preferiu escolher somente uma bola de futebol - até porque, como a maioria dos garotos de sua idade e principalmente frente á baixa oportunidade, tinha o sonho de seguir nessa profissão - enquanto Gabriel ficou com alguns brinquedos mais adequados á sua idade. Dava, realmente, prazer em comprar algo que correspondesse á sua infância - afinal, aquilo deveria ser como um resgate á sua real fase que já estava sendo soterrada junto á responsabilidade, aos seis anos, de ter que trabalhar com o irmão pelas ruas afim de conseguir o máximo de dinheiro para sobreviver.
Depois de finalizadas ás contas, encontramos perto da porta uma espécie de chapeleiro que abrigava várias toucas estampadas com animais e foi impossível - principalmente para a criança maior, vulgo Lucas - que não se parasse ali. Os três ainda brincaram um com o outro, vestindo as toucas e se zoando sempre que podiam que eu aproveitei a deixa da distração para pegar três daquelas e ir até o caixa novamente. Como a loja não estava muito cheia, cheguei até a atendente com rapidez e paguei por todas, voltando para perto deles que mal tinham se dado conta que eu havia sumido por breves segundos.
Nina: Crianças! - chamei, fazendo o Lucas mesmo rir pela forma que eu os tratava igualmente - Achei a touca muito boa em vocês, então... - falei tirando o saco que havia colocado em minhas costas apenas na tentativa de fazer uma leve surpresa.
Cauã: Tu comprou as toucas pra gente também, tia? - ele me olhou, parecendo o mais surpreso de todos.
Nina: Sim! E todas iguais, de pinguinzinho, porque é o meu preferido dos animais que tem aí - falei rindo, tirando a primeira peça de dentro da sacola - Pra ti... pode vestir - disse entregando ao Cauã - Pro meu pequeno - inclinei um pouco do corpo, entregando a segunda ao Gabrielzinho que, como sempre, abriu um dos maiores sorrisos do mundo - E pro maior que é aniversariante e também merece - ele riu quando viu que a última peça na minha mão era dele.
Lucas: Cê tá brincando! - disse rindo e causando isso nos meninos também.
Nina: Claro que não! - falei ainda com resquício de risos em meus lábios e depois que ele pegou a peça de minha mão, beijou a minha testa.
Gabriel: Aêee!! Até o tio Lucas ganhou presente - falou todo animado, trazendo nossa atenção pra ele.
Cauã: É o aniversariante, né? Não é só a gente que tem que ter moral, tia Nina mandou bem - falou entrelaçando o braço no meu novamente, para que andássemos lado a lado, e eu sorri pela aprovação dele.
Saímos da loja rindo de nós mesmos e recebendo um tchau de uma atendente que parecia ter ficado muito feliz quando percebeu aquilo que eu e o Lucas fazíamos. Chegava a soar engraçado os olhares que recebíamos, sempre divididos em aprovação instantânea ou tentativa de entender o que acontecia.
Como o Lucas havia dito, aquela loja foi a nossa última parada de compras. No entanto, pelo relógio já apontar ás 16:30 da tarde, mesmo que tenhamos almoçado pouco tempo depois que chegamos aqui no shopping, as crianças já deviam estar com fome novamente. E então, antes de irmos embora, passamos para lanchar dentre as tantas opções fornecidas pela praça de alimentação. Esperamos o tempo necessário para que as crianças se fartassem - enquanto, eu fiquei apenas num milkshake e o Lucas, na observação - e quando todos nós terminamos, conseguimos voltar ao nosso ponto inicial: o estacionamento, onde estava o carro.
Mais uma vez, Lucas pediu para que eu fosse dirigindo e depois de acomodar as coisas que compramos para eles no banco de trás, eles mesmo se ajeitaram para que eu e Lucas entrássemos na frente, dando partida assim. Os meninos, agora muito mais á vontade, pediram que o Lucas ligasse a rádio e aquilo foi a deixa perfeita para que finalizássemos nosso dia da melhor maneira: Cantarolando e por vezes dançando - como dava naquele pequeno espaço - até onde deixaríamos Cauã e Gabrielzinho novamente.
Me certifiquei com eles quando chegamos perto do sinal que havíamos os encontrado e eles acabaram nos dizendo onde costumavam ficar para dormir, o que me fez preferir deixá-los lá então. Confesso que fiquei um pouco mais tranquila quando paramos em frente á um pequeno cubículo que tinha uma madeira funcionando como a porta - porque aquilo me assegurava que eles não eram moradores de rua -, mas era evidente que uma certa tristeza me alcançava por toda a precariedade que aqueles meninos tinham de viver.
Lucas: É aqui? Tamo no lugar certo? - falou virando um pouco do corpo pra perguntar os meninos, que pude ver concordarem com a cabeça pelo retrovisor - Então bora sair que eu vô ajudar vocês com as coisas - disse e logo em seguida, eu ajeitei o carro no espaço que tinha lá, desligando-o para que todos nós pudéssemos sair.
Enquanto os meninos saíam da parte traseira, Lucas realmente ajudou o Cauã a tirar tanto as sacolas quanto ás caixas com as coisas do trabalho dele, deixando tudo em frente a espécie de porta que aquela madeira servia. Cauã chegou a comentar que eles tinham mãe, mas ela trabalhava vendendo cloro pelo trem e só voltava quando já estava escuro - afinal, no fim da tarde era a hora de seu maior lucro pela superlotação dos meios de transporte.
Gabriel: Vocês já vão? - ele perguntou com os olhos baixos o que foi o suficiente para apertar o meu coração e certamente o do Lucas também.
Lucas: Temos que ir, Gabrielzinho - disse pegando na mãozinha dele e inclinando o seu corpo para depositar um beijo ali.
Cauã: Tu vai fazer uma festa agora né, ô mlk? - falou com toda aquela sua imaginação que a vida de famoso fosse, realmente, só festa.
Lucas: Quem dera - disse rindo, até como se gostasse dessas comemorações gigantescas - Vou chegar e dormir, aproveitar o restante da minha folga que amanhã tem trabalho
Cauã: Ah é, tu também não pode ficar aproveitando essas festança dos ricos... Cheio de mulher e tu tá amarrado - falou todo sabido como ele era, fazendo com que eu e o Lucas nos entreolhássemos - Ué, vocês são namorados, né? - ele ficou intercalando o olhar entre mim e o Lucas que, na verdade, estávamos nos encarando - Ah qual é, gente, eu não sou mais criança... Eu já sei o que é um namoro! - ele disse revirando os olhos o que, inevitavelmente, nos fez rir.
Nina: Você é um pré adolescente, vai, sem pressa - fale dando um tapinha em seus ombros e logo o vendo negar com a cabeçaMe certifiquei com eles quando chegamos perto do sinal que havíamos os encontrado e eles acabaram nos dizendo onde costumavam ficar para dormir, o que me fez preferir deixá-los lá então. Confesso que fiquei um pouco mais tranquila quando paramos em frente á um pequeno cubículo que tinha uma madeira funcionando como a porta - porque aquilo me assegurava que eles não eram moradores de rua -, mas era evidente que uma certa tristeza me alcançava por toda a precariedade que aqueles meninos tinham de viver.
Lucas: É aqui? Tamo no lugar certo? - falou virando um pouco do corpo pra perguntar os meninos, que pude ver concordarem com a cabeça pelo retrovisor - Então bora sair que eu vô ajudar vocês com as coisas - disse e logo em seguida, eu ajeitei o carro no espaço que tinha lá, desligando-o para que todos nós pudéssemos sair.
Enquanto os meninos saíam da parte traseira, Lucas realmente ajudou o Cauã a tirar tanto as sacolas quanto ás caixas com as coisas do trabalho dele, deixando tudo em frente a espécie de porta que aquela madeira servia. Cauã chegou a comentar que eles tinham mãe, mas ela trabalhava vendendo cloro pelo trem e só voltava quando já estava escuro - afinal, no fim da tarde era a hora de seu maior lucro pela superlotação dos meios de transporte.
Gabriel: Vocês já vão? - ele perguntou com os olhos baixos o que foi o suficiente para apertar o meu coração e certamente o do Lucas também.
Lucas: Temos que ir, Gabrielzinho - disse pegando na mãozinha dele e inclinando o seu corpo para depositar um beijo ali.
Cauã: Tu vai fazer uma festa agora né, ô mlk? - falou com toda aquela sua imaginação que a vida de famoso fosse, realmente, só festa.
Lucas: Quem dera - disse rindo, até como se gostasse dessas comemorações gigantescas - Vou chegar e dormir, aproveitar o restante da minha folga que amanhã tem trabalho
Cauã: Ah é, tu também não pode ficar aproveitando essas festança dos ricos... Cheio de mulher e tu tá amarrado - falou todo sabido como ele era, fazendo com que eu e o Lucas nos entreolhássemos - Ué, vocês são namorados, né? - ele ficou intercalando o olhar entre mim e o Lucas que, na verdade, estávamos nos encarando - Ah qual é, gente, eu não sou mais criança... Eu já sei o que é um namoro! - ele disse revirando os olhos o que, inevitavelmente, nos fez rir.
Cauã: Sabe o que eu sei mesmo, tia? É que se vocês não são namorados, vocês são dois bundões - falou fazendo com que eu e o Lucas simulássemos caras de ofendido, mas logo caímos em gargalhada.
Lucas: Cê acha que eu deveria pedir á ela, Cauã?
Cauã: Tu ainda não fez isso? É óbvio! - ele disse olhando pro Lucas com a cara mais evidente possível
Lucas: Cê concorda com isso, Gabrielzinho? - falou encurvando um pouco do corpo, aproveitando pra mexer no cabelo do Gabriel
Gabriel: Sim! Ela é bonita, tio - falou do jeitinho calmo dele, que nos fez apaixonar desde o começo. Só desprendi meu sorriso dele quando percebi que o Lucas, aproveitou-se por estar ligeiramente abaixado, e ajoelhou-se ali no chão mesmo, em minha frente.
Nina: Que isso? - perguntei sob as vistas do Cauã e Gabriel.
Lucas: Eu vô te pedir em namoro, uai! Se eles dois deixaram, eu é que não quero ser bundão - falou fazendo o Cauã rir
Nina: A gente já namora, guri! - falei rindo, meio desentendida.
Lucas: Mas eu nunca fiz aquele pedido... Agora vô fazer...
Cauã: Agora tu tá com moral, tio! - ele falou todo empolgado, como quem incentivasse o Lucas a continuar.
Lucas: Nina... Cê quer namorar comigo? - falou pegando as minhas mãos, me fazendo sorrir e rir sem parar.
Nina: Claro, né, Lucas? - falei o vendo rir também e aproveitei nossas mãos unidas para puxá-lo a ficar de pé.
Cauã: Aeeeeee!! - ele comemorou, balançando os braços do Gabriel que só sabia gargalhar, encarando tudo como uma grande brincadeira - Ei, pera aí! - ele chamou a nossa atenção logo que o Lucas se pôs de pé
Lucas: Que que foi? Vai falar agora que eu não sou mais bundão? - falou rindo
Cauã: Também, mas primeiro eu preciso fazer igual no casamento... Eu declaro vocês dois namorado e namorada! - disse atuando em uma postura ereta e com o dedo indicador apontado para cima, simulando uma seriedade que me dava certeza da personalidade cômica daquele garoto - Agora tu beija ela né, mlk? - falou de forma tão óbvia, como quem se sentisse um padre num casamento, que nos fez gargalhar antes de qualquer coisa. Mas não deixamos de fazer o que ele havia pedido, finalizando aquele pedido com um selinho um pouco mais demorado.
Nina: Agora sim eu tive um pedido de namoro oficial, com bênção do Cauã e Gabrielzinho. Nada podia estar melhor, não é? - falei gesticulando e sem conseguir conter a minha felicidade. Era tão puro aquilo que eles me traziam que beirava o inexplicável.
Cauã: Agora sim! - ele disse, todo esperto e para frente como era.
Dali para nos despedir foi um pulo e também, a pior parte. Era facílimo passar o dia na presença daquelas duas crianças que tanto tinha para fazer por nós - ainda que aos olhos sociais tudo fosse ao contrário -, porém era dificílimo saber quando deveríamos parar de dar tchau e realmente entrar no carro. Deixamos com eles, além de tantos abraços, nossos pedidos para que eles se cuidassem e que lembrassem que haviam ganhado dois amigos de verdade. Inevitavelmente, eu pedi para que Deus vigiasse esses dois enquanto nos abraçávamos e farei isso por muitas vezes, em minhas orações. Hoje, das quatro pessoas, eu fui a mais beneficiada! Mesmo que as crianças tenham recebido presentes como nunca antes e o aniversário fosse do Lucas, ninguém se sentia mais lisonjeada que eu por poder compartilhar desse dia com eles três. Jamais conseguiria descrever o que foi ver tanto brilho nos olhos que traziam sonhos gigantes, tantas palavras espontâneas, tanto sorrisos ingênuos e tanta luta, mesmo que tão novos. Eles nos agradeceram, mas na verdade, foi Cauã e Gabriel que pegaram para si todo o nosso sentimento de gratidão. O coração chegava a bater acelerado por não saber transportar toda essa felicidade em palavras.
Quando, finalmente, conseguimos entrar no carro, eu finalizei meu trabalho como motorista por seguir aquele último caminho no volante. Lucas parecia anestesiado, com um sorriso que não saía do rosto enquanto via a própria história no SnapChat e aquele era o único barulho dentro do carro, até então.
Lucas: E então - ele disse dando uma pausa, enquanto deixava o aparelho entre as suas pernas e nos fazendo rir, provavelmente pela falta de palavras - Cê gostou do seu pedido de namoro, hein?
Nina: Gente, eles são duas figuras... Aliás, vocês, né?!- falei soltando um sorriso quase involuntário - Mas sim, não poderia ter sido melhor - tirei meus olhos por segundos da rua para poder encará-lo, que sorria tão iluminado quanto eu.
Lucas: Agora cê é minha namorada oficial, com direito a pedido ajoelhado e tudo. Foi até bom o Cauã ter nos chamado de bundões que agora cê num tem pra onde fugir, vai ter que seguir o livro de mandamentos dos namorados
Nina: Esquece esse livro imaginário teu - falei gargalhando e soltando uma das mãos do volante para dar um tapinha na perna dele - Mas é sério, mesmo com todas essas brincadeiras, eu repito que não poderia ter sido melhor. Aliás, o dia não podia ter sido melhor... O que são esses guris? - falei encantada ainda com tudo o que tínhamos vivido.
Lucas: É bizarro como eles são inocentes, né? - ele questionou no mesmo tom.
Nina: Sim! E tipo, qualquer pessoa em volta da gente poderia chegar interessado em qualquer coisa, sabe? Principalmente por ti, por tua fama. E até essa questão do namoro... Se alguém ouvisse, só se interessaria em contar isso de modo que pudesse vender notícia. Eles não! Eles veem sempre o lado mais puro, mais bonito. Eles queriam aproveitar isso com a gente.
Lucas: É exatamente isso! Cê acabou de organizar todos os meus pensamentos quanto ao que acabou de acontecer - ele falou empolgado, me fazendo rir - Sobre tudo, definitivamente, esse foi o melhor aniversário que eu já poderia ter passado.
Nina: E eu agradeço infinitamente por tu me deixar fazer parte dele - o olhei mais uma vez, sorrindo e ele me retribuiu.
Ficamos mais um tempinho seguido á isso em silêncio, porém, mais uma vez aquilo não foi constrangedor. O clima entre nós falava por si só e o caminho até a casa do Lucas, dali, foi tão curto que não era necessário mais nada. Certamente, se o dia acabasse aqui e agora, nós não teríamos um minimo arrependimento ou reclamação - aquilo era a meta de perfeição que muitas vezes passamos a vida inteira procurando, quando na verdade era alcançado com tão pouco.
Chegamos na casa de Lucas esbanjando sorrisos e aquilo era inevitável - ainda que esse ato pudesse ficar contido, alguma coisa em nós irradiaria a ponto de todos saberem o quão felizes estávamos. Foi o tempo do Lucas fechar a porta e chamar a atenção da Luna, que pelo cômodo passava, para que a Karina nos visse chegar e logo começasse com a sua sessão de perguntas sobre como havia sido o nosso dia. Obviamente, a curiosidade era imensa de saber tudo o que fizemos e se conseguimos colocar em prática tudo o que havíamos planejado de manhã. Asseguramos á ela que sim, mas decidimos que iriamos contar tudo apenas no jantar - nosso corpo agora só implorava por um banho. Ela até riu das nossas condições, mas aceitou veemente por também estar um pouco enrolada, inclusive por estar preparando a refeição. Lucas deu um beijo nela, ainda perguntando pelo pai e pelo irmão, e logo nós subimos para o quarto dele - com o intuito de relaxar com o banho, mas sem demoras, pois havíamos prometido á sua mãe que logo desceríamos.
Nina: A sua coluna não dói? A minha parece que... um caminhão passou por cima dela? - ele riu da forma com que eu metaforizava o meu cansaço.
Lucas: Não, Nina, não senta! - ele disse ao perceber que eu já me jogava na beirada de sua cama, afim de descansar o mínimo que fosse.
Nina: O quê? - perguntei, levemente sobressaltada - Tu ainda vai tomar o seu banho, não é? Guri, eu preciso descansar as minhas pernas! Agora que eu parei...
Lucas: Nina - ele me interrompeu, antes que eu começasse com o costume de divagar - Vem tomar banho comigo... - ele me encarou, tentando manter uma certa ingenuidade nos olhos (mas aquilo, com ele, definitivamente era impossível).
Nina: Lucas... - tentei falar em tom de advertência, mas eu não conseguia negar o quanto a sua proposta havia sido boa - Tu sabe que os seus pais estão lá nos esperando pra jantar, não é?
Lucas: É, mas a minha mãe ainda estava terminando o jantar, cê lembra? - ele disse vindo em minha direção e logo pegando as minhas mãos de modo que me fizesse levantar - A gente não vai demorar, eu prometo.
Nina: Não promete o que tu não pode cumprir - disse já em frente a ele e o seu rosto de expressões pidonas se desmanchou em uma linda gargalhada - Vai, vamos... - falei me dando por vencida e no fundo, adorando essa proposta.
Deixei somente uma das nossas mãos unidas e assim nós seguimos ao banheiro. Dentro do cômodo, nos despimos por nossa conta própria, enquanto até mesmo conversávamos sobre algumas coisas do nosso dia. Lucas ainda entrou no box antes de mim, adequando a temperatura da água, e quando me juntei á ele todos os assuntos terminaram com um beijo. O clima era tão quente quanto a água que ele havia programado para cair do chuveiro, mas ainda sim eu posso dizer que soubemos nos conter. As mãos de Lucas aproveitaram somente o clima de relaxamento para massagear as minhas costas - algumas horas escorregando sobre outras curvas do meu corpo - e eu não fiz muito além do que o meio de preliminares pedia. Ao final, estávamos devidamente melhores e não havíamos demorado tanto quanto eu havia pensado.
Quando saímos do banheiro, enrolados cada um em sua toalha, Lucas foi mais rápido que eu, mais uma vez ao se vestir. Colocou apenas uma bermuda, deixando toda a sua parte superior exposta, e depois do desodorante, ajeitou o seu cabelo em frente ao espelho. Enquanto eu, fui até a minha pequena bolsa que havia trazido com as roupas e depois que vesti as minhas peças intimas, não demorei á pegar meu short jeans e uma regata na tonalidade marsala.
Lucas: Eu vou ligar esse ar condicionado pra quando a gente voltar, está fresquinho... uma calor danado, ô! - ele disse buscando o controle do ar, enquanto eu terminava de me vestir com o último par de roupas despojadas que eu havia trazido.
Nina: Tu tá é com fogo! - ouvi ele gargalhar e eu prossegui - Não tá tão calor assim...
Lucas: É melhor a gente já deixar ligado que, quando a gente voltar, vai tá friozinho... Vai dá pra dormir melhor, pô!
Nina: Dezenove, Lucas? - arregalei os meus olhos ao observar a temperatura que ele colocava no ar condicionado - Vai ficar muito frio, guri.
Lucas: Vai nada, vai ficar bonzão! - falou deixando o controle sobre o rack e virou-se pra mim, me vendo já pronta pra descer - Esquece o ar! Cê ouviu o que eu te disse?
Nina: O frio já está alterando o meu cérebro
Lucas: Cê quando dá pra ser dramática, meu pai do Céu - ele dizia em meio ás gargalhadas e deixando impossível que eu me mantivesse séria.
Nina: Sério... O que tu queria que eu tivesse prestado atenção?
Lucas: Que cê vai dormir aqui comigo de novo... Não é? - falou vindo em minha direção, parando só quando praticamente á minha frente.
Nina: Lucas, essa é o meu último par de roupa... - - disse apontando para aquilo que vestia - Eu vim aqui passar só um dia e já estou passando dessa conta, tu sabe, não é?
Lucas: Mas ainda é meu aniversário hoje, cê tem que ficar comigo... Até meia noite é meu dia.
Nina: Então tá certo! - falei como quem se desse por vencida, mas logo prossegui para quebrar as expectativas dele - Eu fico e ás meia noite vou embora...
Lucas: Quero ver se cê vai conseguir sair da cama, cê nem brinca - falou, me fazendo rir e levando as mãos para a lateral do meu corpo, apoiando-as em seu criado mudo, que estava atrás de mim - E quanto a roupa, cê não se preocupe... É provável que cê nem precise delas - falou se aproveitando do fato que eu estava presa entre ele e o móvel para finalizar a distância também entre os nossos lábios. Um beijo provocativo e um ponto para ele, que havia me ganhado mais uma vez sob aquele aspecto.
Nina: Guri... - disse quase arfando, enquanto recuperava o ar daquele beijo e pairava com a mão na altura de seu peitoral - Vamos descer, porque estamos parecendo dois adolescentes que não podem mais ficar cinco minutos sozinhos - ele gargalhou, mas de fato, se afastou.
Lucas: Não esquece seu celular, hein! - falou enquanto ia em direção a porta, sabendo bem que eu já nem me lembrava que ele ainda estava dentro da minha bolsa.
Peguei, então, o meu aparelho rapidinho e nós descemos juntos, já conseguindo ouvir alguns barulhos vindos da sala de jantar - onde provavelmente, toda a família do Lucas já estava.
Lucas: Mãe! - ele exclamou trazendo a atenção toda para si, como sempre - Mentira! Esse bolo não! - falou me fazendo rir, ao observar a mesa que também dispunha o jantar e onde os seus pais e seu irmão já estavam sentados.
Nina: Bahhh! Eu amo bolo de milho! - falei me aproximando do bolo que ainda estava embalado em sua caixinha e embora pequeno, com aparência quase de padaria, já mostrava-se muito bem feito.
Lucas: Cê falou com a minha mãe, né? - disse me encarando, principalmente depois da minha fala.
Nina: Pior que eu juro por Deus como não - falei ainda rindo, sob os olhares de desconfiança dele - Acho que eu não tenho conexão só contigo não, viu? Tá com a família toda - disse diretamente á ele, me divertindo e logo voltando o olhar a toda sua família, afim de explicar aquela nossa reação - Karina, acredita que eu falei pro Lucas que ia falar contigo pra fazermos um bolinho pra hoje?
Karina: Jura, Nina? - ela também me pareceu surpresa com isso, agora entendendo o porquê de tudo aquilo.
Nina: Sim! Se tivéssemos combinado, não seria tão perfeito - falei puxando uma cadeira para me sentar em volta da mesa e logo vendo o Lucas fazer o mesmo, ao meu lado.
Lucas: Eu ainda não consigo acreditar que cês num combinaram - ele falou intercalando o olhar entre nós duas, simulando uma espécie de acusação e fazendo a todos nós cairmos em gargalhadas.
Leandro: Além do sexto sentido feminino, eles devem ter uma conexão entre elas que a gente nunca vai entender, meu irmão - ele disse numa tentativa de explicar aquela coincidência, com seu jeito cômico de sempre.
Paulim: Lucas tá louco ali tentando pensar em como ele vai escapar da tentação de um bolo de fubá bem no dia do aniversário dele! - falou, claramente se divertindo da situação.
Lucas: O senhor sabe que é impossível, né?
Karina: Hoje pode, hoje pode! É o seu preferido e eu sei que cê está há muito tempo sem comer. Hoje não é um bom dia pra fazer isso?
Nina: Tá vendo o que eu te falei? - disse me aproveitando que o Lucas estava do meu lado para encará-lo, dispondo daquele apoio da Karina.
Lucas: Cês duas tão fechando demais uma com a outra, é sério - alternou o olhar mais uma vez entre mim e a Karina que, rindo, só nos encaramos. Definitivamente, era boa aquela sensação de saber que, mesmo sem querer, fomos cúmplice e ela não estava nem um pouco incomodada com isso. Muito pelo contrário!
Leandro: Vai, gente, vamo comer que essa comida aí esfriar é até pecado, viu? - ele disse chamando a nossa atenção pro centro do jantar, enquanto já pegava o seu prato para começar a se servir.
Paulim: E cês já podem começar a desembuchar pra contar como foi o dia! Estamos esperando por isso... - falou diretamente pra mim e pro Lucas, sem esconder o sorriso orgulhoso do filho.
Leandro: Ô, eu vi cada snap foda, rapaz!
Lucas: É porque o dia foi assim, mano! - ele afirmou, também com um sorriso no rosto, inegavelmente feliz sobre como passava o seu aniversário.
E assim, entre nos servir e fazer as nossas refeições - com direito á um pedaço daquele bolo de fubá que estava simplesmente maravilhoso e o Lucas não pôde recusar -, nós contamos cada detalhe do nosso dia. Era inevitável não se estender no assunto, porque era muito gostoso de se falar. Em cada palavra, facilmente nos lembrávamos de cada sorriso que nos foi proporcionado e então, chegávamos a conclusão que fizemos um bem muito maior á nós do que aquelas crianças. E a família de Lucas não escondia a empolgação pelo nosso gesto, deixando-nos sempre muito a vontade para falar e se mostrando muito animados em ouvir tudo o que marcou o nosso dia.
Assim que terminamos a refeição, por todo esse clima, ainda ficamos na mesa um pouco mais de tempo pelo excesso de assunto. Era meio difícil de se concluir tamanha euforia, mas fizemos isso quando o nosso corpo já alertava certo cansaço de estar sentado naquela mesma posição há um bom tempo. Desse modo, tiramos a mesa todos juntos e eu me ofereci a lavar a louça. Obviamente, todos foram contra essa minha iniciativa, mas quando aleguei que seria melhor, até para que a Karina e o Paulim - pelo menos - aproveitasse um pouco mais do dia junto á ele, acho que eles se deram por vencidos. Foi um bom argumento para convencê-los e então, fui deixada na cozinha enquanto eles foram até a sala, me dispondo o aviso que se eu precisasse, era só chamar.
Ficar ali sozinha no cômodo para lavar as louças e colocá-las para secar foi até bom pra mim, que já era acostumada com o silêncio e gostava muito de estar assim. Nos últimos dias, tive tempos bem agitados e já quase não conseguia me recordar dessa solidão - que por ora, era boa e necessária - da minha rotina de morar sozinha. Mas obviamente, por estar em uma casa com mais quatro pessoas, era inevitável que algumas horas o barulho chegasse até a cozinha. Lucas junto á seus pais e seu irmão pareciam se divertir lá na sala, pelo som da televisão e as gargalhadas que algumas vezes invadiam a cozinha. E isso não me fazia sentir excluída ou com pressa pra sanar a curiosidade sobre o que eles estavam fazendo - me deixava ainda mais em paz ver o Lucas aproveitando a sua data com as pessoas que ele mais amava no mundo. Eu sabia o quão valioso isso é pra ele e eu acho que os poucos momentos que ele pode ter com a sua família, fazem toda a diferença até mesmo para a sua saúde emocional.
Quando, enfim, fui á sala, pude me surpreender mais uma vez com o que vi: Leandro estava despojado sobre um dos sofás, enquanto o Lucas estava deitado no tapete - depois de provavelmente arrastar a pequena mesa de centro para que ele coubesse ali - no colo de seus pais. Karina e Paulinho também estavam sentados no chão, talvez por um pedido do filho, e concederam esse gesto de carinho sem pestanejar. Dava pra se emocionar se eu parasse pra observar cada detalhe daquilo, porque era uma cena linda de se ver. Logo que notaram a minha presença, pediram para que eu me juntasse á eles apenas para esperar acabar o episódio de Bob Esponja que passava - mais alguma dúvida que a programação também era mais um mimo ao Lucas? - e nós iríamos subir para também conseguir descansar um pouco. Não demoramos muito ali na sala e o Lucas apressadamente se levantou do colo dos seus pais, os ajudando a levantar também e se despedindo deles para que pudéssemos ir ao quarto - assim como eu também fiz. Mas enquanto finalizávamos aquele dia todos juntos, eu ficava só pensando naquela relação do Lucas com a sua família. Era tão bonito, era de uma energia tão limpa que servia para fundamentar todas as razões dele ser tão especial.
A mesma dificuldade que Lucas tinha para manter sua sanidade mental, sob diversos aspectos que estavam em constante mudança na sua vida , era proporcional a sua facilidade de se recompôr frente á isso. E bom, a resposta também estava bem debaixo dos meus olhos: Era amor. Ele era cercado disso por sua família, pelas pessoas que o conhecia e hoje, mais do que nunca, por mim. Eu não precisava explicar mais nada.
Meu pensamento foi cortado logo que chegamos no segundo andar de sua casa e ele me avisou que apertaria o passo, porque estava apertado pra fazer xixi. Em meio á risadas, ele literalmente correu assim que arrastou a porta do seu quarto e sobrou pra que eu a fechasse. Quando me dei conta, ele já estava lá dentro do banheiro e eu decidi deitar na cama de uma vez - afinal, a minha coluna ainda pedia socorro. Deixei o celular ao lado do criado mudo e aproveitei que vi o controle para ligar a televisão, tentando encontrar algum programa por ali.
Nina: A sua coluna não dói? A minha parece que... um caminhão passou por cima dela? - ele riu da forma com que eu metaforizava o meu cansaço.
Lucas: Não, Nina, não senta! - ele disse ao perceber que eu já me jogava na beirada de sua cama, afim de descansar o mínimo que fosse.
Nina: O quê? - perguntei, levemente sobressaltada - Tu ainda vai tomar o seu banho, não é? Guri, eu preciso descansar as minhas pernas! Agora que eu parei...
Lucas: Nina - ele me interrompeu, antes que eu começasse com o costume de divagar - Vem tomar banho comigo... - ele me encarou, tentando manter uma certa ingenuidade nos olhos (mas aquilo, com ele, definitivamente era impossível).
Nina: Lucas... - tentei falar em tom de advertência, mas eu não conseguia negar o quanto a sua proposta havia sido boa - Tu sabe que os seus pais estão lá nos esperando pra jantar, não é?
Lucas: É, mas a minha mãe ainda estava terminando o jantar, cê lembra? - ele disse vindo em minha direção e logo pegando as minhas mãos de modo que me fizesse levantar - A gente não vai demorar, eu prometo.
Nina: Não promete o que tu não pode cumprir - disse já em frente a ele e o seu rosto de expressões pidonas se desmanchou em uma linda gargalhada - Vai, vamos... - falei me dando por vencida e no fundo, adorando essa proposta.
Deixei somente uma das nossas mãos unidas e assim nós seguimos ao banheiro. Dentro do cômodo, nos despimos por nossa conta própria, enquanto até mesmo conversávamos sobre algumas coisas do nosso dia. Lucas ainda entrou no box antes de mim, adequando a temperatura da água, e quando me juntei á ele todos os assuntos terminaram com um beijo. O clima era tão quente quanto a água que ele havia programado para cair do chuveiro, mas ainda sim eu posso dizer que soubemos nos conter. As mãos de Lucas aproveitaram somente o clima de relaxamento para massagear as minhas costas - algumas horas escorregando sobre outras curvas do meu corpo - e eu não fiz muito além do que o meio de preliminares pedia. Ao final, estávamos devidamente melhores e não havíamos demorado tanto quanto eu havia pensado.
Quando saímos do banheiro, enrolados cada um em sua toalha, Lucas foi mais rápido que eu, mais uma vez ao se vestir. Colocou apenas uma bermuda, deixando toda a sua parte superior exposta, e depois do desodorante, ajeitou o seu cabelo em frente ao espelho. Enquanto eu, fui até a minha pequena bolsa que havia trazido com as roupas e depois que vesti as minhas peças intimas, não demorei á pegar meu short jeans e uma regata na tonalidade marsala.
Lucas: Eu vou ligar esse ar condicionado pra quando a gente voltar, está fresquinho... uma calor danado, ô! - ele disse buscando o controle do ar, enquanto eu terminava de me vestir com o último par de roupas despojadas que eu havia trazido.
Nina: Tu tá é com fogo! - ouvi ele gargalhar e eu prossegui - Não tá tão calor assim...
Lucas: É melhor a gente já deixar ligado que, quando a gente voltar, vai tá friozinho... Vai dá pra dormir melhor, pô!
Nina: Dezenove, Lucas? - arregalei os meus olhos ao observar a temperatura que ele colocava no ar condicionado - Vai ficar muito frio, guri.
Lucas: Vai nada, vai ficar bonzão! - falou deixando o controle sobre o rack e virou-se pra mim, me vendo já pronta pra descer - Esquece o ar! Cê ouviu o que eu te disse?
Nina: O frio já está alterando o meu cérebro
Lucas: Cê quando dá pra ser dramática, meu pai do Céu - ele dizia em meio ás gargalhadas e deixando impossível que eu me mantivesse séria.
Nina: Sério... O que tu queria que eu tivesse prestado atenção?
Lucas: Que cê vai dormir aqui comigo de novo... Não é? - falou vindo em minha direção, parando só quando praticamente á minha frente.
Nina: Lucas, essa é o meu último par de roupa... - - disse apontando para aquilo que vestia - Eu vim aqui passar só um dia e já estou passando dessa conta, tu sabe, não é?
Lucas: Mas ainda é meu aniversário hoje, cê tem que ficar comigo... Até meia noite é meu dia.
Nina: Então tá certo! - falei como quem se desse por vencida, mas logo prossegui para quebrar as expectativas dele - Eu fico e ás meia noite vou embora...
Lucas: Quero ver se cê vai conseguir sair da cama, cê nem brinca - falou, me fazendo rir e levando as mãos para a lateral do meu corpo, apoiando-as em seu criado mudo, que estava atrás de mim - E quanto a roupa, cê não se preocupe... É provável que cê nem precise delas - falou se aproveitando do fato que eu estava presa entre ele e o móvel para finalizar a distância também entre os nossos lábios. Um beijo provocativo e um ponto para ele, que havia me ganhado mais uma vez sob aquele aspecto.
Nina: Guri... - disse quase arfando, enquanto recuperava o ar daquele beijo e pairava com a mão na altura de seu peitoral - Vamos descer, porque estamos parecendo dois adolescentes que não podem mais ficar cinco minutos sozinhos - ele gargalhou, mas de fato, se afastou.
Lucas: Não esquece seu celular, hein! - falou enquanto ia em direção a porta, sabendo bem que eu já nem me lembrava que ele ainda estava dentro da minha bolsa.
Peguei, então, o meu aparelho rapidinho e nós descemos juntos, já conseguindo ouvir alguns barulhos vindos da sala de jantar - onde provavelmente, toda a família do Lucas já estava.
Lucas: Mãe! - ele exclamou trazendo a atenção toda para si, como sempre - Mentira! Esse bolo não! - falou me fazendo rir, ao observar a mesa que também dispunha o jantar e onde os seus pais e seu irmão já estavam sentados.
Nina: Bahhh! Eu amo bolo de milho! - falei me aproximando do bolo que ainda estava embalado em sua caixinha e embora pequeno, com aparência quase de padaria, já mostrava-se muito bem feito.
Lucas: Cê falou com a minha mãe, né? - disse me encarando, principalmente depois da minha fala.
Nina: Pior que eu juro por Deus como não - falei ainda rindo, sob os olhares de desconfiança dele - Acho que eu não tenho conexão só contigo não, viu? Tá com a família toda - disse diretamente á ele, me divertindo e logo voltando o olhar a toda sua família, afim de explicar aquela nossa reação - Karina, acredita que eu falei pro Lucas que ia falar contigo pra fazermos um bolinho pra hoje?
Karina: Jura, Nina? - ela também me pareceu surpresa com isso, agora entendendo o porquê de tudo aquilo.
Nina: Sim! Se tivéssemos combinado, não seria tão perfeito - falei puxando uma cadeira para me sentar em volta da mesa e logo vendo o Lucas fazer o mesmo, ao meu lado.
Lucas: Eu ainda não consigo acreditar que cês num combinaram - ele falou intercalando o olhar entre nós duas, simulando uma espécie de acusação e fazendo a todos nós cairmos em gargalhadas.
Leandro: Além do sexto sentido feminino, eles devem ter uma conexão entre elas que a gente nunca vai entender, meu irmão - ele disse numa tentativa de explicar aquela coincidência, com seu jeito cômico de sempre.
Paulim: Lucas tá louco ali tentando pensar em como ele vai escapar da tentação de um bolo de fubá bem no dia do aniversário dele! - falou, claramente se divertindo da situação.
Lucas: O senhor sabe que é impossível, né?
Karina: Hoje pode, hoje pode! É o seu preferido e eu sei que cê está há muito tempo sem comer. Hoje não é um bom dia pra fazer isso?
Nina: Tá vendo o que eu te falei? - disse me aproveitando que o Lucas estava do meu lado para encará-lo, dispondo daquele apoio da Karina.
Lucas: Cês duas tão fechando demais uma com a outra, é sério - alternou o olhar mais uma vez entre mim e a Karina que, rindo, só nos encaramos. Definitivamente, era boa aquela sensação de saber que, mesmo sem querer, fomos cúmplice e ela não estava nem um pouco incomodada com isso. Muito pelo contrário!
Leandro: Vai, gente, vamo comer que essa comida aí esfriar é até pecado, viu? - ele disse chamando a nossa atenção pro centro do jantar, enquanto já pegava o seu prato para começar a se servir.
Paulim: E cês já podem começar a desembuchar pra contar como foi o dia! Estamos esperando por isso... - falou diretamente pra mim e pro Lucas, sem esconder o sorriso orgulhoso do filho.
Leandro: Ô, eu vi cada snap foda, rapaz!
Lucas: É porque o dia foi assim, mano! - ele afirmou, também com um sorriso no rosto, inegavelmente feliz sobre como passava o seu aniversário.
E assim, entre nos servir e fazer as nossas refeições - com direito á um pedaço daquele bolo de fubá que estava simplesmente maravilhoso e o Lucas não pôde recusar -, nós contamos cada detalhe do nosso dia. Era inevitável não se estender no assunto, porque era muito gostoso de se falar. Em cada palavra, facilmente nos lembrávamos de cada sorriso que nos foi proporcionado e então, chegávamos a conclusão que fizemos um bem muito maior á nós do que aquelas crianças. E a família de Lucas não escondia a empolgação pelo nosso gesto, deixando-nos sempre muito a vontade para falar e se mostrando muito animados em ouvir tudo o que marcou o nosso dia.
Assim que terminamos a refeição, por todo esse clima, ainda ficamos na mesa um pouco mais de tempo pelo excesso de assunto. Era meio difícil de se concluir tamanha euforia, mas fizemos isso quando o nosso corpo já alertava certo cansaço de estar sentado naquela mesma posição há um bom tempo. Desse modo, tiramos a mesa todos juntos e eu me ofereci a lavar a louça. Obviamente, todos foram contra essa minha iniciativa, mas quando aleguei que seria melhor, até para que a Karina e o Paulim - pelo menos - aproveitasse um pouco mais do dia junto á ele, acho que eles se deram por vencidos. Foi um bom argumento para convencê-los e então, fui deixada na cozinha enquanto eles foram até a sala, me dispondo o aviso que se eu precisasse, era só chamar.
Ficar ali sozinha no cômodo para lavar as louças e colocá-las para secar foi até bom pra mim, que já era acostumada com o silêncio e gostava muito de estar assim. Nos últimos dias, tive tempos bem agitados e já quase não conseguia me recordar dessa solidão - que por ora, era boa e necessária - da minha rotina de morar sozinha. Mas obviamente, por estar em uma casa com mais quatro pessoas, era inevitável que algumas horas o barulho chegasse até a cozinha. Lucas junto á seus pais e seu irmão pareciam se divertir lá na sala, pelo som da televisão e as gargalhadas que algumas vezes invadiam a cozinha. E isso não me fazia sentir excluída ou com pressa pra sanar a curiosidade sobre o que eles estavam fazendo - me deixava ainda mais em paz ver o Lucas aproveitando a sua data com as pessoas que ele mais amava no mundo. Eu sabia o quão valioso isso é pra ele e eu acho que os poucos momentos que ele pode ter com a sua família, fazem toda a diferença até mesmo para a sua saúde emocional.
Quando, enfim, fui á sala, pude me surpreender mais uma vez com o que vi: Leandro estava despojado sobre um dos sofás, enquanto o Lucas estava deitado no tapete - depois de provavelmente arrastar a pequena mesa de centro para que ele coubesse ali - no colo de seus pais. Karina e Paulinho também estavam sentados no chão, talvez por um pedido do filho, e concederam esse gesto de carinho sem pestanejar. Dava pra se emocionar se eu parasse pra observar cada detalhe daquilo, porque era uma cena linda de se ver. Logo que notaram a minha presença, pediram para que eu me juntasse á eles apenas para esperar acabar o episódio de Bob Esponja que passava - mais alguma dúvida que a programação também era mais um mimo ao Lucas? - e nós iríamos subir para também conseguir descansar um pouco. Não demoramos muito ali na sala e o Lucas apressadamente se levantou do colo dos seus pais, os ajudando a levantar também e se despedindo deles para que pudéssemos ir ao quarto - assim como eu também fiz. Mas enquanto finalizávamos aquele dia todos juntos, eu ficava só pensando naquela relação do Lucas com a sua família. Era tão bonito, era de uma energia tão limpa que servia para fundamentar todas as razões dele ser tão especial.
A mesma dificuldade que Lucas tinha para manter sua sanidade mental, sob diversos aspectos que estavam em constante mudança na sua vida , era proporcional a sua facilidade de se recompôr frente á isso. E bom, a resposta também estava bem debaixo dos meus olhos: Era amor. Ele era cercado disso por sua família, pelas pessoas que o conhecia e hoje, mais do que nunca, por mim. Eu não precisava explicar mais nada.
Meu pensamento foi cortado logo que chegamos no segundo andar de sua casa e ele me avisou que apertaria o passo, porque estava apertado pra fazer xixi. Em meio á risadas, ele literalmente correu assim que arrastou a porta do seu quarto e sobrou pra que eu a fechasse. Quando me dei conta, ele já estava lá dentro do banheiro e eu decidi deitar na cama de uma vez - afinal, a minha coluna ainda pedia socorro. Deixei o celular ao lado do criado mudo e aproveitei que vi o controle para ligar a televisão, tentando encontrar algum programa por ali.
Lucas: Óh - ele falou chamando a minha atenção, não vindo em direção a cama, mas sim a poltrona que lá tinha - Um frio da porra que tá nesse quarto - falou pegando a primeira blusa que estava na pilha de roupas sobre o estofado.
Nina: Eu falei que tu ia ligar esse ar muito forte, eu falei - disse dando de ombros, ainda concentrada em procurar algo naquela programação que fosse bom - Pra até tu tá sentindo frio, agora tu tá entendendo o que eu tava falando.
Lucas: Cê tá me dando esporro, é? - falou já com a peça em seu corpo.
Nina: Eu posso - dei de ombro mais uma vez, porém logo caímos em gargalhada - Eiii! Cadê a sua touca, falando em frio? Quero tirar uma foto tua com ela! - disse me recordando do que eu havia o comprado, o encarando.
Lucas: Tava na sua bolsa, não?
Nina: Ah é, eu acho que sim... Pega aí pra eu tirar! - falei indicando onde a bolsa estava ele realmente foi até lá, procurando e logo achando a peça.
Lucas: Pronto! - ele disse colocando a touca e vindo em direção a cama - Acho que eu tô prontinho pro frio mesmo! - falou rindo de si mesmo.
Nina: Que só está fazendo dentro desse quarto, diga-se de passagem - ele riu, enquanto se deitava de bruços sobre o colchão - Vai, deixa eu bater uma foto sua... Eu preciso ter isso - falei rindo, buscando o meu celular no criado mudo ao lado da cama e já virando em sua direção quando a câmera estava aberta.
Lucas: Vai lá, usa a minha imagem mesmo - falou me fazendo rir, mas logo deixando que eu tirasse a foto.
Nina: Ih, de primeira já ficou bonita - falei me surpreendendo e indo até a galeria me certificar disso.
Lucas: Tá achando que só cê tem cara de modelo aqui? - gargalhei e ele acabou me acompanhando, enquanto eu o mostrava a foto.
Nina: Vou bem postar essa foto, viu? Aproveitar que eu nem coloquei nada no meu instagram sobre o seu aniversário.
Lucas: Ahhhhh, posta aquela que a gente tirou de manhã... na verdade, a gente tem várias boas pro cê postar
Nina: Só que essa ficou fofinha! Depois eu posto a de hoje, a nossa... Eu quero te colocar lá com essa touca - falei rindo, já voltando os meus olhos ao celular e acho que por perceber que eu realmente iria escrever algo, o Lucas se calou.
Eu queria escrever algo puro e que, de certo modo, não tirasse o foco da mensagem e o tornasse apenas os comentários cheios de suposições que sempre tinham com coisas relacionadas á nós dois. Escrevi e apaguei a primeira frase, no mínimo, umas três vezes, até que pareci engrenar. Não tinha tanto dom para a escrita, mas tinha apreço por esse gesto - logo, gostava de dar o meu melhor quando me predispunha a escrever algo. Demorei um pouco mais do que esperava e um pouco menos do que previ, enviando logo que revisei aquelas breves linhas. Era uma dedicatória simples, mas eu queria que funcionasse apenas como um registro nas redes sociais - tudo o que eu queria dizê-lo e fazer para mostrar a importância da sua data também para mim, tive o privilégio de realizar pessoalmente.
@ninabarsanti A sua data está chegando ao fim, mas uma nova etapa da sua vida acabou de chegar. Abriu-se hoje mais uma porta que renovou suas oportunidades, seus sonhos e te concedeu mais dias para se viver. A partir de então, foi dado á você o direito de recomeçar e o livre arbítrio para seguir por onde quiser. Assim sendo, eu sigo pedindo baixinho nas minhas orações que tenhas sabedoria para escolher os melhores caminhos e sensibilidade para enxergar toda a beleza que esse mundo tem pra você. Nina: Eu falei que tu ia ligar esse ar muito forte, eu falei - disse dando de ombros, ainda concentrada em procurar algo naquela programação que fosse bom - Pra até tu tá sentindo frio, agora tu tá entendendo o que eu tava falando.
Lucas: Cê tá me dando esporro, é? - falou já com a peça em seu corpo.
Nina: Eu posso - dei de ombro mais uma vez, porém logo caímos em gargalhada - Eiii! Cadê a sua touca, falando em frio? Quero tirar uma foto tua com ela! - disse me recordando do que eu havia o comprado, o encarando.
Lucas: Tava na sua bolsa, não?
Nina: Ah é, eu acho que sim... Pega aí pra eu tirar! - falei indicando onde a bolsa estava ele realmente foi até lá, procurando e logo achando a peça.
Lucas: Pronto! - ele disse colocando a touca e vindo em direção a cama - Acho que eu tô prontinho pro frio mesmo! - falou rindo de si mesmo.
Nina: Que só está fazendo dentro desse quarto, diga-se de passagem - ele riu, enquanto se deitava de bruços sobre o colchão - Vai, deixa eu bater uma foto sua... Eu preciso ter isso - falei rindo, buscando o meu celular no criado mudo ao lado da cama e já virando em sua direção quando a câmera estava aberta.
Lucas: Vai lá, usa a minha imagem mesmo - falou me fazendo rir, mas logo deixando que eu tirasse a foto.
Nina: Ih, de primeira já ficou bonita - falei me surpreendendo e indo até a galeria me certificar disso.
Lucas: Tá achando que só cê tem cara de modelo aqui? - gargalhei e ele acabou me acompanhando, enquanto eu o mostrava a foto.
Nina: Vou bem postar essa foto, viu? Aproveitar que eu nem coloquei nada no meu instagram sobre o seu aniversário.
Lucas: Ahhhhh, posta aquela que a gente tirou de manhã... na verdade, a gente tem várias boas pro cê postar
Nina: Só que essa ficou fofinha! Depois eu posto a de hoje, a nossa... Eu quero te colocar lá com essa touca - falei rindo, já voltando os meus olhos ao celular e acho que por perceber que eu realmente iria escrever algo, o Lucas se calou.
Eu queria escrever algo puro e que, de certo modo, não tirasse o foco da mensagem e o tornasse apenas os comentários cheios de suposições que sempre tinham com coisas relacionadas á nós dois. Escrevi e apaguei a primeira frase, no mínimo, umas três vezes, até que pareci engrenar. Não tinha tanto dom para a escrita, mas tinha apreço por esse gesto - logo, gostava de dar o meu melhor quando me predispunha a escrever algo. Demorei um pouco mais do que esperava e um pouco menos do que previ, enviando logo que revisei aquelas breves linhas. Era uma dedicatória simples, mas eu queria que funcionasse apenas como um registro nas redes sociais - tudo o que eu queria dizê-lo e fazer para mostrar a importância da sua data também para mim, tive o privilégio de realizar pessoalmente.
Você é luz e eu, iluminada por te conhecer. Feliz aniversário por hoje, felizes sejam os dias por toda a sua vida. @lucaslucco
prasemprelucco posta foto de vcs dois pelo amor de Deus
anninhamattos Você é tão sortuda de tê-lo pertinho assim <3
prasemprelucco posta foto de vcs dois pelo amor de Deus
anninhamattos Você é tão sortuda de tê-lo pertinho assim <3
alicecastro lindos demais vocês dois, deveriam ficar juntos pra sempre
mi_lucca A foto fala por si só: TÁ NAMORANDO, TÁ NAMORANDO, TÁ NAMORANDO
baianasdolucco A postagem que eu tava esperando, SOCORRO
brunafranca Essa foto, essa carinha de bebê do Lucas... eu tô morrendo, que tiro
izabelaalmeida SHIPPO MTTTTTTTTTTT
myvidallucco Tava faltando a sua postagem!!! Lindos, af!!
gioconde Vocês namoram, né? O amor chega até aqui mano!!
luccosincero Oi, obrigada por me fazer chorar, bjs
lucaslucco Sou tão feliz por ter vc!! Você é maravilhosa, coisica!! Obrigado por tudo!
lucaslucco Sou tão feliz por ter vc!! Você é maravilhosa, coisica!! Obrigado por tudo!
relicariolucco MEU OTP PELO AMOR DE DEUS
cicloLL Vocês são maravilhosos, ó esse comentarioooo @lucaslucco
apegolucco É fofínea, é coisica... EU NUM TÔ DANDO CONTA! Assumam-se logoo!!
Nina: Coisica? Mais um apelido? - falei assim que os meus olhos alcançaram seu comentário, entre tantos, e não pude mais dar atenção á nenhum outro.
Lucas: Ah ô! Deixe meus apelidos tão bonitos e românticos!
Nina: Pelo amor de Deus, que cara de pau - falei passando a mão no rosto dele, que gargalhava
Lucas: Obrigado pelo que cê escreveu - disse se aproximando de mim, me dando um beijo casto - Mas sabe o que faltou? O feliz por ter você do recado de manhã, adorei aquilo - ri com a forma espontânea que ele disse.
Nina: Acho que eu ia causar mais do que já estamos causando...
Lucas: É bizarro como todo mundo fica em dúvida com nós dois, né?
Nina; Sim! É meio malvado afirmar isso, mas ás vezes eu me divirto lendo os comentários - ele gargalhou e foi impossível não acompanhar
Lucas: Que malvada que cê é dona Nina! - falou ironizando a minha própria fala - Mas a gente sabe, no fundo, o que é importante - disse passeando com as pontas dos dedos na extensão do meu braço - Nós dois somos suficientes, né? - falou fazendo referência a minha tatuagem, parando inclusive na altura onde ela estava desenhada.
Nina: Apenas isso! - sorri para ele, orgulhosa de mim mesma por aquele feito - A propósito, tu viu que eu postei foto da tattoo?
Lucas: Sim! E entendi muito bem o recado... - veio até a mim, logo em seguida colando nossos lábios onde ali a inocência do anterior já havia se perdido.
Poderia considerar algo como surreal a maneira que conseguíamos transformar os nossos beijos em tão pouco tempo de distância entre um e outro. Era como se, depois da primeira vez, nós tivéssemos ciência que não aguentaríamos estar tão perto e não nos pertencer, de uma só vez. Era como mágica! E isso ia refletindo em nosso corpo, que já se movimentava mais maliciosamente um contra o outro, além de ser necessário breves pausas para buscarmos um pouco mais de ar. Em uma dessas oportunidades, inclusive, pareceu a deixa perfeita para que Lucas colocasse o seu corpo sobre o meu - intensificando ainda mais o nosso contato.
Nina: Não dá pra te levar a sério com isso... - falei ao subir minhas mãos - que anteriormente estavam em sua nuca -, para tirar a sua touca enquanto ria e cortava brevemente os nossos beijos.
Lucas: Ah! - ele disse apoiando os antebraços em meu lado, porém no colchão, de modo que não sobrecarregasse todo seu peso em mim - Depois de me colocar até no instagram assim, cê reconhece isso? - ele disse tentando simular uma seriedade inexistente ao me encarar, mas o riso já escapava com facilidade da sua boca
Nina: Talvez - falei rindo e me aproximando de sua boca novamente, aproveitando a oportunidade e puxando o seu lábio inferior, o que logo o fez arfar.
Dali, nós sabíamos que não iríamos conseguir mais parar; inevitável. Fomos até o fim entre carícias, tesão e por que não, amor? Ali, era como se fôssemos feitos um para o outro; o encaixe era perfeito: ele sentia-se tão bem dentro de mim como eu sentia-me com a peça que faltava. Éramos um.
Já quero o próximo, esses dois são uns amores juntos.❤
ResponderExcluirEu amei a segunda parte mais do que a primeira viu? O carinho e a simplicidade do Lucas e da Nina com as crianças foram nota 10! Agora estou com saudades dos outros personagens: Ananda, Paulinho, Gio, Bruno... E vem cá? Quando terá uma viagrm vulgo show do Lucas Lucco com a Nina como MOZÃO + Babi e Jayme? Ia ser tão tão tão lindo. Merece uma viajem esses quatro viu? Bora dar uma folga a mais pra esses dois porque a família dos dois precisam se conhecer! Fica com Deus minha linda, um beijo!
ResponderExcluirFofiiiiiiineos!! Muitchooo amor!!
ResponderExcluira cada capítulo que se passa eu me surpreendo mais com esse casal e com a sua forma delicada e maravilhosa de escrever. Parabéns Gabi
ResponderExcluirManuh
Cara, que capítulo maravilhoso! Um dos capítulos mais lindos, sério! Quero um amor assim também! Kkkkkkkkkk
ResponderExcluirQue capítulo mais amor, já imaginava que seria lindo mas como sempre você se superou, senti falta do seu comentário no final hahaha
ResponderExcluirmuuuuuito amor por esses dois!!! tb senti falta do seu recadinho no final
ResponderExcluirVou ser sincera: essa é a história mais diferente que eu já li na minha vida e mais, eu demorei bastante pra me acostumar. Mas ela é tão bonita! É linda! É maravilhosa! Eu sinto uma paz tão grande que aos poucos eu fui vendo como ler isso me faz bem. Me faz viajar alem do Lucas, sabe, me faz ir a um mundo melhor. Obrigada pela Nina e por esse blog! Talvez algumas pessoas ainda não tenham entendido ele, mas quem se deixa tocar, ve a mágica que é. Capítulo perfeito da cabeça aos pés ❤
ResponderExcluirQUE AMOR ESSE CAPÍTULO ! Coração tá transbordando !!!
ResponderExcluirVc arrasa, poooooo, sou sua fa! Continua logo, hj e sabado!
ResponderExcluirQuando é que a nina vai ficar curiosa pra saber quem é a amiga que o Lucas divide, ou dividia a Luna 🤔😂
ResponderExcluirVai ser bizarro a cara da nina quando descobrir quem é 😂😂