sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Chapter 01.

02 de novembro de 2015. Não posso dizer que acordei, visto a noite que foi tão turbulenta a ponto de levar o meu sono para longe. Completavam-se seis meses que o Rafa não estava mais dentro dessa casa. E dessa vez, eu não tinha sido apenas trocada pelo mar ou estava num aguardo de uma viagem. Agora ele tinha ido longe demais... Meu coração ainda se espremia em pensar que todos esses meses haviam ido deixando por aqui apenas a ausência dele. Por todas as horas dessa noite que parei para pensar nisso, chorei - exatamente como acontece quando me lembro dele. Ainda é inevitável! Decidi me levantar da cama ao perceber que o Sol já estava invadindo o meu quarto e abri um pouco da cortina, antes de ir para a cozinha fazer um café que seja. Deixei aqueles raios fracos do Sol iluminar o cômodo e fechei meus olhos. Seja bem vindo, meu amor! Espero que você esteja se fazendo presente comigo, de alguma maneira. Respirei fundo, contendo novas lágrimas e peguei o meu celular, passando antes apenas no banheiro para fazer minhas higienes pessoais, e segui para a cozinha. Me aproveitei da cafeteira para fazer um café apenas e embora detestasse o amargo dele, hoje eu tomaria sem qualquer açúcar, exatamente como ele fazia. Me sentei na banqueta, colocando minha xícara sobre a bancada e nem mexi naquela espuma... Era como se formasse um coração ali por cima. Peguei o meu celular e desbloqueei sem ver muita coisa, apenas abri o instagram e fotografei direto de lá, sem também nem editar a foto, a enviei com poucas palavras.
@ninabarsanti Mais um café sem açúcar pra conta. Mais um mês de saudade também. Eu te amo, @rafaeldaher.
babibarsanti Não tás sozinha! Ele e nós estamos sempre contigo. Te amo mt!
natypicone Que dor =( que as forças do universo te energizem e te renove!
centraltoledo Ele sempre estará ao seu lado, linda. SEMPRE!
marimota Td vez que eu olho seu insta, choro muito. E sem sequer ter conhecido vcs!
laurazapata Só Deus pra te dá força. Seu anjo está sempre contigo!
adrianodesouza Saudade, meu irmão! Força sempre, Nina. Estamos juntos.
lugomes_ Esse coração aí não é a toa, seu companheiro de café tá ao seu lado.
fcgabmedina #LendasNuncaMorrem @rafaeldaher sempre em nossos corações.
danibarsanti Ele me prometeu que não te deixaria sozinha nunca. E não vai, meu amor!
paulabarcellos Esse comentário da sua mãe... Tô derrubada!
O comentário da minha mãe foi o suficiente para que meus olhos voltassem a marejar. Por não querer chorar mais, preferi não ler o que tinha por ali. Sabia que tinham milhares de mensagens lindas já, com o apoio de sempre que tenho recebido, sejam de fãs dele, fãs do surf, pessoas comovidas com a nossa história desde então e nossos amigos, que se tornaram peças fundamentais nessa caminhada. Mas eu, realmente, não conseguia ler aquilo. Não agora, não hoje. Deixei meu celular ali por cima, só que enquanto tomava o meu café, todo o plano de evitar pensar nas coisas que tinham na rede social era em vão! Por eu seguir nas minhas contas colocando coisas como se a minha vida seguisse normal com ele e por ter deixado o seu instagram ainda ativo, como uma gaveta onde ele registrou todas as coisas que queria enquanto pôde, eu vivia recebendo inúmeras mensagens que, embora sempre positivas, soavam como uma lembrança recorrente de nós. Eu sabia que não poderia fugir. Tentei terminar aquela xícara da forma mais serena possível, percebendo que o amargo do café era o de menos frente ao que teria que enfrentar no meu dia hoje, e depois de lavar apenas aquela louça, fui até a sala de estar, onde estava o meu notbook lá pelo sofá. Decidi aproveitar que estava acordada já tão cedo e dá uma checada nos meus e-mails. Logo que abri lá, respondi alguns de parcerias e percebi que tinha um que eu tinha deixado pendente: Rio 40°Models. 
Meu trabalho como modelo sempre foi o suficiente para eu me bancar desde a minha adolescência, ainda no Brasil. Fiz uma faculdade, de Design de Moda, apenas para ter um diploma de ensino superior, mas já estava empregada até antes de terminar o colegial - tinha convicção de que seguiria essa carreira para a vida. Quando vim para a Califórnia, aqui as coisas ficaram ainda melhores. Minhas oportunidades de casting aumentaram ainda mais e fui conseguindo me estabilizar financeiramente, graças a Deus, aqui com esse trabalho também. No entanto, eu confesso que recentemente eu tenha negado trabalhos demais pelas redondezas e isso não tem deixado a minha imagem tão boa assim por aqui. A agência para qual presto serviços entende muito bem o meu momento, mas não é todo mundo que gostaria de ter o meu trabalho que é assim, né? E então, desde anteontem cá estou relendo essa mensagem que recebi: Uma agência do Rio de Janeiro querendo meus trabalhos. Com um contrato incrível, pelo menos ao quê me enviaram, eles parecem estar querendo fazer de tudo para me ter lá. Mas é lógico, aquilo atormentava as minhas ideias. Aceitar uma proposta de trabalho dessa seria mudar a minha vida de cabeça pra baixo, mais uma vez. Bagunçar tudo aquilo que já nem mais se lembra o que é organização. E então, novamente, estava eu aqui relendo aquelas palavras, ainda sem ter resposta. Eles não me cobraram prazo para isso, mas com certeza esperavam ansiosos, nem que fosse para eu dizer não. Abaixei a tela e mais uma vez, não consegui enviar nada. Só que agora eu me permiti pensar a respeito daquilo: Não precisaria conviver com mais uma coisa perturbando a minha mente. Era um simples sim ou não. 
Envolvia muitos contras, como ter que sair da Califórnia e retornar ao Brasil, só que não para o meu lugar... Novamente, teria que me adaptar á um novo Estado, onde diferente do que já consegui aqui, me envolver em um novo ciclo de amizade e tentar me estabelecer. No entanto, os prós também poderiam ser considerados animadores: Embora eu não quisesse me desligar nunca da imagem que o Rafael faz sobre a minha vida, ficar aqui, especificamente dentro dessa casa parece que eu nunca ficarei livre o suficiente para tocar a minha vida. Já se passaram seis meses onde basicamente eu só transitei pelos cômodos daqui ou cheguei ir até a praia, onde me sinto ainda mais perto dele. Sem contar que novos ares profissionais seria exatamente o balanço que eu estava precisando. E no final de todos esses pesos, cheguei a uma única conclusão: Precisava de opiniões. Peguei o meu celular, mas ao encarar o visor me dei conta do quanto deveria ser cedo no Brasil também, então o jeito era dar uma volta. Pulei do sofá para o meu quarto e de lá eu só fiz trocar de roupa, pondo uma regata bem leve e um short jeans. Prendi o meu cabelo um pouco para trás, com o óculos de Sol na cabeça mesmo, coloquei pequenos brincos, escovei meus dentes, me perfumei e só calcei uns chinelos, pegando meu celular para sair. Assim que saí de casa, o que não vi de movimento na casa dos meus sogros, ouvi na outra casa ao lado - lá residiam os Toledos. Provavelmente, a animação logo tão cedo ficava pela chegada do Filipinho, que retornou de Portugal agora e em breve já estava indo para o Havaí, onde competiria a última etapa do WCT. Sorri ao pensar nessa família que foi muito importante desde que eu me mudei para cá com o Rafa. 
Filipinho e ele sempre foram amigos, em função do surf, mas no último ano essa relação ficou ainda mais forte, visto que na mesma época que viemos para cá, eles também estavam de mudança. Escolhemos nossa casa ao lado deles não tão coincidentemente assim. E embora eu não tivesse taaaanta proximidade assim com os amigos dele, apenas aquele papo mais superficial, Filipinho e sua família acabaram se tornando um pouco diferente dessa lista. Principalmente depois que Rafael se foi. Seus pais, Mari e Ricardinho, e os seus irmãos, Sofia, Davi e Matheus, me ajudaram e me ajudam muito até hoje, com tudo que desrespeita a minha vida. Sempre que estão por perto, não me deixam entristecer. Nem a mim, nem á Rosângela e Alberto, os pais do Rafael. E eu confesso que toda essa animação e energia que eles tinham, de família grande mesmo, foi acolhedor e necessário para mim. 
Mas enfim! Passei por lá sem chamá-los, caminhando até a praia, onde me sentei e fiquei encarando o mar. A brisa parecia que trazia o mesmo cheiro que o Rafa espalhava pela casa assim que voltava dos treinos e eu conseguia me sentir mais em paz. Depois de um tempo com a minha mente vagando, eu cheguei a firmar meus pensamentos na decisão que eu teria pela frente: E pedi orientação a ele. Sabia que, de alguma maneira, ele tinha ido para o Céu afim de cuidar de mim e desde então, conseguiria me ajudar, lá do seu jeitinho. Só me desconectei com toda aquela paz de espírito que eu estava tentando buscar quando senti um boné sendo colocado em minha cabeça, e um pouco assustada, vi o Filipinho rindo, se sentando ali ao meu lado.
Filipe: Good morning, Califa's girl.
Nina: Good morning, champs - falei tentando ser mais descontraída, tirando o boné dele da minha cabeça e ajeitando o meu cabelo com a mão livre.
Filipe: Quase lá... Ou não - falou rindo
Nina: Em Pipeline tudo pode acontecer, tu sabe
Filipe: É verdade... Mas e aí, hein? Falando nisso, acho que tá na hora de você nos dizer que vai para o Havaí assistir a última etapa, né?
Nina: Eu ainda não sei, pra falar a verdade. Mineiro até me mandou mensagem anteontem, eu te falei? - ele balançou a cabeça negativamente - Pois é, mandou! Fiquei até um pouco surpresa, porque eu não tenho tanta intimidade assim com ele, mas eu sei qual foi o intuito, né?
Filipe: Ele já disse que se levar o título, uma das dedicatórias é do Rafa... Eles eram muito brothers.
Nina: Eu sei.... - vi o Filipe encarar o mar e me peguei brincando com o seu boné que eu ainda mantinha em mãos.
Filipe: Ele faz muita falta.. O tempo parece que tá correndo.
Nina: Nem me fala! - falei engolindo com certa dificuldade até a minha própria saliva - Fi... posso te falar uma coisa?
Filipe: Até duas, Nina.
Nina: Eu tô um pouco confusa com os rumos da minha própria vida - ele virou o rosto pra mim, afim de me dá maior atenção - Recebi um convite... Do Brasil. Uma agência do Rio de Janeiro me enviou um contrato daqueles, querendo que eu fosse trabalhar lá.
Filipe: Uau! Você tá falando sério? - assenti com a cabeça, o olhando - Seria uma grande mudança, né?
Nina: Exatamente isso que me aflige um pouco... Um pouco não, na verdade é bem muito mesmo.
Filipe: Ah, Nina! Você sabe que tem potencial para trabalhar aonde quiser. Eu acho que se tiver alguma pontinha sua que está afim de encarar essa, mesmo que pareça difícil, vai. Sabe por quê? A sua vida não pode parar. E querendo ou não, a Califa te prende muito á coisas que, infelizmente, não estão mais com a gente.
Nina: Eu penso nisso, sabe? Mas eu também não sei se quero me desprender disso aqui, da minha vida aqui.
Filipe: Um fato é que você precisa se reconstruir, isso é inegável. A vida tem que seguir, cara! Você também não precisa se sentir culpada se quiser mudar um pouco mais, ousar nas suas escolhas. Você tem um anjo... E quando a gente tem isso, ele vai com a gente pra qualquer lugar - ele falou apoiando uma das mãos na minha perna, vendo meus olhos marejarem em um rápido intervalo de tempo - Ah não, meu, não chora - ele passou os braços sobre os meus ombros, me trazendo para dentro de um abraço e eu não contive aquilo. Era muito difícil toda aquela situação que eu estava imersa e não conseguia atribuir forças o suficiente para sair.
Nina: São seis meses, Filipe, seis meses! - falei com a voz embargada, mas ao mesmo tempo ríspida, ainda inconformada frente aquela situação que eu não considerava justa viver.
Filipe: Eu sei que dói... Brother, se pra mim é ruim, eu imagino pra você. Mas a gente não sabe qual propósito tá por trás disso, questionar não adianta muita coisa - ele me viu afastar, mas ainda tentou limpar um pouco das minhas lágrimas - Só que de tudo isso, uma coisa eu tenho certeza: O Rafael ia odiar te vê chorar desse jeito. Ele sempre disse o quanto achava você linda sorrindo - acabei colocando um sorriso de canto, lembrando a centena de vezes que ele repetia isso e sempre reclamava sobre o tanto de fotos que eu tirava séria - Tá vendo só? E eu concordo com isso! Você é muito melhor assim! - disse passando a ponta dos dedos na minha barriga, na clara tentativa de me fazer cócegas.
Nina: Eu sinto muito que me distanciei também do que eu era, com toda essa situação, sabes? - falei me recompondo e ele tentou voltar á um clima de seriedade
Filipe: Como assim? - a ruga formada entre suas sobrancelhas não escondia sua dúvida.
Nina: Sempre fui mais alto astral que isso. Ou pelo menos, sempre consegui entender a vida por uma outra ótica. Tu disse aí sobre questionar... A Nina que o Rafa conheceu buscava entender os acontecimentos. 
Filipe: Então é hora de você se reconectar com você mesma, Nina - ele disse apenas uma frase que foi o suficiente para que eu silenciasse.
Aquelas palavras mais pareciam ter vindo como respostas. Sentei-me aqui para pedir orientação a Deus, a Rafael e a quem mais pudesse me escutar e em seguida, Filipinho me trouxe aquilo. Era o que eu precisava ouvir, mas acima de tudo, eu tinha conhecimento que era o que eu precisava fazer.
Filipe: Agora vamos conversar mais aí sobre essa proposta... Tem muito tempo que você recebeu isso? - ele disse segundos depois, permitindo-me um momento de silêncio, mas interrompendo isso antes que se tornasse constrangedor.
Nina: Não, não. Mas acho que já passou da hora de eu responder, né? 
Filipe: Qual é a agência? Procurou saber se é direitinho e tal?
Nina: Procurei, procurei ontem mesmo. É Rio 40° Models, só vi elogios a respeito. É bem conhecida no ramo da Moda e tal...
Filipe: Ih! Essa é a agência da minha namorada, Nina!
Nina: Quê? Tá falando sério?
Filipe: Eu juro, cara. Tenho certeza que é onde a Ananda trabalha!
Nina: Caramba, Fi, que doideira - acabei rindo, frente aquela coincidência. Sempre acreditei muito em sinais, mas aquela conversa parecia beirar o surreal por me trazer tantas coisas assim.
Filipe: Aí, olha, se quiser ir pro Rio de Janeiro, já tá sabendo que não vai chegar lá e ficar sozinha. 
Nina: É verdade, foi bom saber disso... Mas se bem né?! Que vocês tão juntos todo esse tempo e eu só a vi na época que vocês ficaram, lá no Rio mesmo. Vir me apresentar ela que é bom nada!
Filipe: Tá difícil conciliar um tempo pra ela vir pra cá! Mas eu tenho certeza que vocês vão se dá bem, certeza mesmo.
Nina: Se ela tá te aguentando todo esse tempo, deve ser gente boa mesmo - disse tentando trazer um clima de descontração.
Filipe: Qual é, Nina - falou dando um tapinha em meus ombros, me fazendo rir e me acompanhando logo em seguida - Olha, lá no Rio também tem o Paulinho, pô! Agora que ele largou a gente, voltou pra lá
Nina: Pode crer! Deixou a paz reinar aqui e agora se eu chegar no Rio, lá vai ter eu sendo perturbada por ele de novo - ele gargalhou e eu embalei.
Filipe: Ah, tem o Scooby também...
Nina: Que isso, Fi, tá revirando o HD dos seus amigos que moram no Rio?
Filipe: Meus amigos que você conhece, ainda tem esse filtro - ri daquela palhaçada dele - Mas é sério! Se for por medo de ficar sozinha lá, suas desculpas acabaram de acabar.
Nina: Eu preciso pensar... Só mais um pouquinho! Mas já foi reconfortante pensar nisso e dividir contigo. Aliás, tu me trouxe tanta coisa, tanta resposta que eu mal posso agradecer.
Filipe: Tamo junto, Nininha!
Nina: Nininha não, né? - ele riu me dando a certeza que tinha feito isso de propósito, adorando me perturbar como sempre.
Ricardinho: Tô vendo essa lindeza aí - a voz do pai dele próximo a nós nos chamou atenção, fazendo-nos virar e vê-lo com duas pranchas embaixo do braço, com a Sophia logo atrás - Vem pra praia na nossa frente, arruma um assunto e me deixa com essas coisas todas lá - rimos dele tentando dar bronca, descendo até a areia e firmando as pranchas lá, parando em nossa frente.
Nina: Bom dia, comandante! - ele acabou rindo e veio me abraçar.
Ricardinho: Bom dia, Nina! E agora você, bora treinar?
Filipe: Tá vendo como é aqui? Cheguei ontem e já quer me mandar pro mar de volta.
Nina: Pipe tá logo aí, Filipinho!
Ricardinho: É isso aí, coloca moral nele também - falou nos fazendo rir, enquanto víamos o Filipinho pular para a areia também 
Filipe: Vou pegar esse treino da manhã de bermuda memo, será que cai?
Sofia: Se cair você pode ficar tranquilo que meu celular estará a posto aqui pra filmar tua bunda - rimos, a vendo sentar ali onde ele estava, ao meu lado.
Filipe: Valeu, maninha, valeu mesmo!
Ricardinho: Bora aí, aproveita a praia vazia, ninguém liga - rimos e os vimos logo passar pro mar juntos, enquanto eu fiquei ali com a Sofia.
Depois de batermos uma foto para o snap dela, começamos a conversar assistindo ao treino do Filipe. Sofia tinha apenas quinze anos, mas a gente tinha um bom vínculo, um bom papo... Ela era madura em horas certas, mas ainda tinha uma inocência que me fazia gostar de estar ao seu lado. Resgatava muita coisa necessária em mim! 
[...]
O meu dia se fez, praticamente, na casa dos Toledos. Após assistir aquele treino lá na praia, eles insistiram que eu fosse almoçar com eles, e bom, como estava todo mundo em casa, por uma tarde inteira eu consegui me esquecer que dia era hoje. Eles me faziam rir da barriga doer, chegava ser inexplicável como era leve dividir momentos assim com todos. Quando saí de lá, dei uma passada em casa para poder tomar um banho também, coisa que ainda nem tinha feito hoje e depois de dá uma zapeada pelas minhas redes sociais e as coisas novas que tinham lá, fui até a minha cozinha beber uma água. Achei ainda por lá um pedaço do bolo de chocolate que eu tinha feito ontem, afim de conter a minha vontade incontrolável de doce e tirei ele dali, com a ideia de levar até a casa da Rô e do Alberto, porque eu sabia o quanto eles gostavam dos doces que eu fazia na cozinha. Sem contar que ainda não os tinha visto hoje e embora soubesse que o clima de tristeza por lá estaria tão forte quanto dentro de mim, queria pelo menos ter um abraço de ambos. Fui então até lá e logo que toquei, fui recepcionada pelo Alberto, que foi quem me abriu a porta.
Alberto: Oi, minha querida - disse com um sorriso fraco para mim e eu não exigiria que fosse tão diferente assim - Entra, entra! A Rô tá aqui... - falou me dando passagem e eu lhe dei um abraço, que ele retribuiu com uma boa intensidade, logo em seguida entrando na sala de estar, onde a Rosângela estava e logo se levantou do sofá ao me vê.
Rosângela: Oi, meu amor! Como você está?
Nina: Indo e contigo, Rô? - disse a abraçando, essa que me dava sempre gestos tão acolhedores que muitas das vezes eu que ia na intenção de confortá-la, acabava sendo a confortada.
Rosângela: Exatamente assim, indo... Como todos os outros dias - respirei fundo, me afastando dela.
Alberto: Senta aí com a gente, Nina. Tá dando debate político dos democratas, mas dá pra assistir - falou se sentando lá na poltrona, tentando deixar o clima mais leve.
Nina: Pior que eu até gosto de assistir - disse rindo, dividindo sofá com a Rosângela - Rô, trouxe bolo! Fiz ontem, mas mesmo que eu seja formiguinha, não ia conseguir comer tudo isso sozinha.
Rosângela: Ai que maravilha! Seus doces são maravilhosos...
Alberto: São mesmos! Minha glicose sofre até um pouquinho só de ouvir falar, porque já sabe que eu vou me entupir de bolo hoje - rimos
Nina: Hoje ela deixa!
Rosângela: Eu também deixo - acabamos por rir - Deixa acabar isso aí que nós vamos a mesa e comemos... São seis horas, né? - assenti, olhando no relógio que estava em meu pulso - Tá um pouco tarde, mas a gente toma café a essa hora mesmo.
Alberto: Abrimos essa exceção para o seu bolo, Nina.
Nina: Me sinto honrada - falei rindo.
Ficamos assistindo ao debate, que já estava por terminar, e uns vinte minutos depois, fomos até a sala de jantar, onde a Rosângela colocou a mesa para nós comermos. Era engraçado a forma de lidar que ambos tiveram com a morte do filho, parecia que cada um havia ficado de um jeito! Não sei se pela sensibilidade feminina como a minha, ou ainda pela áurea maternal - embora com uma paz de espirito fora de série - Rosângela optou por se tornar ainda mais reclusa e mais sentimental frente a perda; enquanto o Alberto, que sempre foi um cara de muito ânimo, ficou ainda mais engraçado, como quem usasse do humor para tentar abstrair a falta que Rafael fazia. Isso era inegável! Ao sentar naquela mesa, parece que uma das cadeiras vagas chamava mais ainda nossa atenção. No entanto é claro que não queríamos fazer mais um momento triste ao nosso dia, sempre tentávamos pensar exatamente como o Filipinho me falou hoje: O próprio Rafael não gostaria de nos vê assim. E então, tentamos fazer daquele lanche algo mais leve, ainda que o assunto ele fosse impossível não rolar dentre as histórias que contamos. Fiquei ali com eles até vê o dia se escurecer, mas perto de todos os assuntos que apareceram entre nós, não toquei no da proposta que recebi do Rio de Janeiro. Preferia conversar com a minha mãe primeiro sobre isso e bom, depois que agradeci aquele momento com eles e fui para a minha casa, foi a primeira coisa que fiz. Me joguei na cama do meu quarto e peguei meu celular, tentando fazer uma chamada no Facetime com ela - que logo me atendeu.
Nina: Oi, mãezinha! - disse assim que a imagem dela se estabilizou.
Daniela: Oi, meu amor! Como é bom te vê... - ela disse sorridente, ajeitando o óculos no rosto - Como tás?
Nina: Hoje ainda bem mais ou menos, mas tô indo melhor... E por aí, como estão as coisas?
Daniela: Estamos todos bem, graças a Deus!
Nina: Cadê a Babi? Tá em casa não?
Daniela: Tá não, foi dormir no Jayme e me deixou aqui sozinha - disse soltando uma risada abafada e eu acabei a acompanhando - Tás vendo como contigo longe de mim fica ainda pior?
Nina: Ôh mãe, faz isso não...
Daniela: Tô brincando, filha! Sabes que eu só quero te vê feliz. Agora, ainda mais que tudo - dei um sorriso de canto, tirando os cabelos dos meus ombros - Hein, Nina, tem falado com o seu pai?
Nina: Ele me mandou mensagem, perguntando como eu estava... Aquela coisa de sempre, mãe.
Daniela: Fábio sendo Fábio - ela revirou os olhos e eu acabei soltando um risinho - Perguntei porque hoje o encontrei no mercado... Enfim, meu amor, como foi o seu dia?
Nina: Pensei que seria pior... Acordei um pouco mal, na verdade, eu nem dormi, né? Dias assim as coisas ficam mais difíceis. Mas também tentei espairecer o máximo possível e consegui, acabei ficando lá na casa do Filipe.
Daniela: Ai que bom! Tu sabes o quanto eu digo que precisas abstrair o máximo que der quando a barra pesar. E sobre a família do Filipinho, assim que eu vê-los, não vou ter mais palavras pra agradecer... E a Rô e o Alberto? Os viu hoje?
Nina: Vi sim! Depois passei lá também, tomei café da tarde com eles. As coisas estão indo como dá né, mãe?
Daniela: São dores que não dá para mensurar, para superar... principalmente para eles.
Nina: Ai, nem me fala - soltei o ar pesado dos pulmões - E o seu dia? Como foi?
Daniela: De descanso né? Aproveitei o feriado para colocar minhas pernas para o meu alto e me dar ao luxo de não fazer nada - ela disse, em tom mais descontraído e eu ri - Amanhã tenho três audiências e quero saber como vou me virar em tantas.
Nina: Vai dá tudo certo, relaxa se não enlouquece - ela riu - Mas mãe, deixa eu falar... Tô querendo bem conversar contigo.
Daniela: Estou aos seus ouvidos, filha!
Nina: Tô com uma dúvida muito grande do que fazer da minha vida daqui pra frente... Recebi uma proposta de trabalho aí do Brasil.
Daniela: Tás falando sério, Nina?
Nina: Sim! Uma agência do Rio de Janeiro está me procurando, querendo muito os meus trabalhos. Mas eu não faço muita ideia de qual rumo tomar com isso em minhas mãos...
Daniela: A resposta para isso é mais simples do que pensas... Ou é sim, ou é não.
Nina: Só que isso engloba muita coisa, mãe!
Daniela: Por trás de qualquer resposta envolve milhares de coisas. Mas decisões são assim... A gente tem que abrir mão de algumas para receber diversas outras de volta.
Nina: O problema tá aí... Do que eu vou abrir mão?
Daniela: Nina, o meu maior desejo seria tê-la no Brasil de volta. Embora soubesse que nos manteríamos distantes, porque se tu viesse, não seria para cá, nosso contato com certeza se tornaria mais frequente. No entanto, eu tenho que pensar em ti. E você, nesse momento, também precisa fazer isso. O quê te impede de largar a Califórnia? Queres ficar aí?
Nina: Eu não sei, mãe, eu não sei! - respondi sem conseguir encarar a tela, claramente confusa.
Daniela: Filha, com o tempo se descobre que essa resposta não existe. Pelo menos alguma parte sua tem alguma noção do que fazer.
Nina: Sabe o que acontece? A Califórnia é o meu lar com o Rafael. Aqui a gente se encontrou e aqui eu esbarro nos nossos sonhos juntos a todo momento. Eu não sei se teria coragem de deixar tudo isso aqui.
Daniela: A questão não envolve mais ele, Nina. O Rafa, embora o jeito não seja como a gente queria, estará contigo em qualquer lugar. O que tu tem que pensar é para si própria, para a sua profissão. Até que ponto tu almejas seguir como modelo? É isso que tu, realmente quer? Porque se for, vás ter que voltar a lutar. Sabe que não é uma profissão estável, não tem com ficar a todo momento rodeada com as dúvidas. E mais... Pense mais um pouco em ti. Até que ponto é bom você esbarrar com essa memória tão viva do Rafael? Meu amor, ele estará no seu coração para sempre e ele está te acompanhando, eu tenho certeza disso, mas não é de desejo dele, e muito menos meu, que a sua vida pare.
Nina: É muito difícil pensar assim - falei sentindo a minha garganta se preencher de nós.
Daniela: A vida é uma prova que a gente não sabe o dia de amanhã, mas que teremos que ser forte, independente do que venha pela frente. Tás em provação, mas Deus nunca dá uma cruz mais pesada que os nossos ombros podem carregar... Tenta ser mais leve frente tudo isso, Nina. Do jeito que tu sempre foi, a minha filha mais tranquila e entendida dessa vida. Se você quiser voltar, o Brasil está de braços abertos pra ti e eu e a sua irmã também. Mas acima de tudo, o que eu mais quero que você faça é que pense em ti e na sua profissão. Olhe suas fotos, seus trabalhos, sua carreira. Independente de aceitar essa oportunidade ou não, você precisa se reerguer por alguma maneira. E vai por mim, o trabalho é uma boa maneira para isso...
Nina: Você sempre vai ter as palavras certas mesmo? - falei limpando meus olhos, evitando que lágrimas caíssem naquele momento - Agora eu vou pensar em tudo isso com muito mais segurança, pode ter certeza. Obrigada pelas palavras, tá?
Daniela: Não precisa me agradecer, meu bem! Sabes que eu vou estar contigo para tudo, sempre juntas. Agora pense um pouco e deixe a mãe ir dormir que aqui já são meia noite! Amanhã a gente conversa e me contas o que decidiu, pode ser?
Nina: Assim eu espero - disse, respirando fundo - Mas vai dormir, mãe! Vai que amanhã o seu dia vai ser puxado. Depois eu ligo para falar com a Babi também.
Daniela: Isso mesmo, porque ela tá morrendo de saudade.
Nina: Eu também - sorri sem mostrar os dentes - Beijo, tá? Te amo muito.
Daniela: Eu também, Nina. Dorme com Deus... e com o seu anjo.
Nina: Amém! - falei, comprimindo os meus lábios e não demorei quase nada para encerrar a chamada. Levantei da cama como num impulso, pra poder pôr um pijama, mas fiquei com a minha cabeça inteiramente trabalhando naquelas palavras que minha mãe me disse.
Fugir de qualquer escolha, realmente, não estava mais ao meu alcance. E eu não poderia mais me ater as oportunidades que a vida estava me dando. De pouco me adiantava reclamar muito da falta de força, se no dia que algo chega até a mim quase batendo em minha porta, eu não permito a entrada. Sem contar o quanto que eu estava precisando de mim mesma. O Rafa sempre foi o meu amor, mas ser modelo também era algo que dividia com ele esse sentimento. A minha carreira sempre foi uma prioridade em minha vida e algo que lutei com unhas e dentes para seguir. Quando me deitei novamente, peguei o meu celular e decidi abrir na minha pasta com as fotos do meu último trabalho, feito até aqui em San Clemente. Através daquela foto eu via a paixão com que exercia aquilo. Eu me enxergava como a mulher que costumava ser e como a pessoa que queria voltar a construir. Minha imagem era aquela. Foi assim, inclusive, que ele se apaixonou por mim. Tudo ao meu redor foi conquistado através da minha força e eu não poderia bambear agora. Até porquê, muitas pessoas também me admiravam e me seguiam acreditando nesse espelho que eu passava frente as redes sociais - paz de espírito perante os acontecimentos da minha vida. Editei, inclusive, uma das fotos e resolvi enviar para o instagram com algumas palavras que eu adorava, já tinha até decorado.
@ninabarsanti "Me conecto com o poder infinito existente em mim que me defende, me envolve, me ilumina os passos e me alcança o que eu quiser. Assim sendo, deixo a minha mente vazia, límpida, positiva e iluminada. Isto é paz de espírito! A paz é a saúde da mente" - Lauro Trevisan, O Poder Infinito da Oração.
brazilianstorm Muito lindo! Vc é abençoada por ter tanta sabedoria e paz de espírito.
anamenin Sempre linda!!!
lusampaio Maravilhosa é maravilhosa né?
paulacruz Acho você linda e com energia contagiante. Muita paz!
nandalopes Califa e sua vibe única! Vocês duas são a combinação perfeita.
sofiatoledooo Lindaaaaa!!!
leticiaoliveira Tá vendo essa luz? É toda você!! 
rosangeladaher Nossa Nina amada e abençoada!
Fiquei lendo algum dos comentários, sempre com palavras que me traziam ainda mais paz e só saí do instagram quando recebi uma mensagem do meu pai, de boa noite.
"Boa noite, filhona! 
Tô com saudade.
Espero que esteja tudo bem!
Bjokas.
Boa noite, pai.
Fica com Deus!
Beijos."
Respondi até rindo, lembrando da minha mãe falando dele e também pensando do quanto a relação dos dois era engraçada. Meus pais eram separados desde que eu tinha 7 anos e a Babi 9, e bom, meu pai nunca preencheu aquele papel de homem da minha vida. Eu e minha irmã sempre fomos sustentadas, tanto emocionalmente quanto financeiramente, pela minha mãe. Acho que uma coisa que ele não nasceu pra ser na vida era pai. Mas era um cara gente boa! Para ser um amigo, por exemplo. A gente tinha uma relação tranquila, como dava, mas eu também sabia que não podia contar com ele para tudo, assim como tinha a figura da minha mãe. Enfim! Depois que respondi a sua mensagem, decidi deixar o celular um pouco de lado e peguei meu livro, que estava quase terminando, para ler. Precisava terminar o meu dia serena! E ao concluí-lo, antes de fechar meus olhos para o sono, dediquei-me a oração. Pedi que o Rafael intercedesse por mim nas minhas escolhas e pedi para que Deus o mantivesse em um bom lugar, cheio de luz e de ondas, como ele merecia. Agradeci por poder estar viva, ainda que com o coração apertado, isso valia muito e acabei agradecendo pela minha família: Minha mãe sempre tão correta perante aos meus anseios, minha irmã o porto seguro que eu tinha para a vida e até mesmo meu pai, que tinha um coração bom e eu sabia o quanto também torcia para que as coisas no meu caminho entrassem nos eixos. Relaxei e dormi... a espera de um amanhã que seria completamente decisivo e eu não poderia adiar mais. 


10 dias se passaram... 

Esses últimos dias foram os mais decisivos da minha vida: Depois daquela segunda feira, eu tomei frente da proposta que estava prestes a mudar a minha vida - iria me mudar para o Rio de Janeiro afim de trabalhar na agência a qual fui convidada. Pela rapidez com que as coisas deveriam acontecer, precisei contar com muita gente, mas graças a Deus, sou muito bem cercada e tudo estava resolvido para hoje, a data do meu embarque. Minha casa aqui na Califórnia se manteria - visto que eu não queria perder o meu lar com o Rafa - além do quê a Rô e o Alberto me disseram que ficariam sempre a cuidá-la, nos tempos que eu não tivesse uma folga de vir aqui vê como estavam as coisas. Conversei com todas as pessoas da minha área profissional aqui na Califórnia e depois disso, reencontrei meus amigos desse campo como todas as outras pessoas que se fizeram especial para mim aqui, numa "festa de despedida", que a família do Filipe me ajudou muito a organizar ontem. Com relação as coisas lá do Brasil, depois de avisar ao meu pai também que voltaria, ficou mais uma vez na responsabilidade da minha mãe e da minha irmã que foram ao Rio de Janeiro escolher alguma boa locação para eu morar, sendo ajudadas pela Ananda (namorada do Filipe, que iria trabalhar comigo na agência e a gente já tinha trocado contato para que eu tivesse alguém que me orientasse quando chegasse lá) e o Paulinho (grande amigo que eu fiz na Califórnia, em função do Rafael, da família Toledo e que minha família só conhecia pela televisão - ele é ninguém menos que o Vilhena - mas que se predispôs e muito a auxiliar minha mãe e a Babi nessa empreitada para me esperarem com tudo pronto para a minha nova vida em solo carioca). No último domingo, inclusive, eu sonhei com o Rafael... Ele estava tão sublime, tão sorridente que as lágrimas que acordaram inundando meu rosto talvez fossem a resposta de que eu poderia ir em paz para o que me esperava em novos ares: ele estava ali me abençoando, como sempre.
Enfim, quinta feira! Hoje era o dia da minha mudança e confesso que acordei com o coração na boca, já acelerado ainda antes de eu me levantar da cama. Peguei meu celular e depois de responder algumas mensagens que tinham lá, fui dá uma olhada no instagram, curtindo principalmente fotos tanto da minha mãe quanto da minha irmã lá no Rio, e depois resolvi postar uma foto minha para poder começar a agilizar minhas coisas. Escolhi uma na galeria que desse bem para vê a praia, a minha varanda, aquele lugar que sempre seria onde o meu coração escolheu para viver. Me faria muita falta! Mais uma das coisas para entrar nessa lista. Enfim, editei bem pouco, por que aquela paisagem nem precisava e enviei para o instagram.
@ninabarsanti Califa's girl!
centraltoledo E o Céu e o mar sempre a cuidarem de você.
mariaterra 
Linda foto!!
amandaamaral 
Que cena, Nina!
pedroscooby 
Califórnia e todo seu encanto...
lufbarbosa 
Inspiração de sempre.
paulo_barcellos 
Isso sim é estilo de vida...
thaisvieira 
Meu sonho morar na Califórnia, que lugar lindo!
Pela pressa, praticamente, não li os comentários e saí do meu quarto indo logo para a cozinha. Minha barriga roncava de fome lá pelas nove horas da manhã! Estava fazendo o café quando ouvirem tocar na minha casa e fui com certa pressa, ajeitando minha roupa de dormir ainda para vê quem era. Quando abri a porta, um largo sorriso se pôs em meu rosto ao vê a Rosângela e o Alberto, que carregava nas mãos como se fosse um tabuleiro tampado por um pano de prato, ali em minha frente.
Rosângela: Bom dia, minha filha! 
Alberto: Ou good morning para você não se desacostumar - falou fazendo rir eu e a Rosângela, que estávamos dentre um abraço.
Nina: Good morning, então - disse rindo, dando um beijo em seu rosto - Terei companhia para o café, é isso mesmo?
Rosângela: Sim senhora, pode nos deixar entrar - disse me vendo dá a passagem, de forma divertida
Nina: Vocês sabem bem como estão as coisas aqui nessa casa, né? Só malas - falei enquanto fechava a porta
Alberto: E a dispensa vazia também, então, trouxemos o café.
Nina: Ai mentira? Estava cheia de fome mesmo, mas por essa razão não tinha decidido o que tomar de café.
Rosângela: Compramos as coisas justamente por isso. E claro, para ti também não se esquecer do breakfast americano e voltar logo para nós - falou já na cozinha, onde eu fui dá uma olhadinha no café que já fervia e o Alberto colocava as coisas sobre a bancada.
Nina: Olha que desse jeito eu nem vou - rimos - O que trouxeram, hein?
Alberto: Nada que vá atrapalhar muito a sua dieta, Nina... - ele disse destampando o tabuleiro, fazendo a Rô rir - Só alguns pancakes, donuts e pão com pasta de amendoim.
Nina: Tá certo, nada que uns cinco dias sem comer não me faça emagrecer depois de tudo isso - falei rindo e desligando lá o fogo do café - Aqui também tá pronto, podemos começar, viu?
Alberto: Vim da padaria até aqui pensando nesse momento - falou divertido, nos fazendo rir.
Rosângela: Quer ajuda, meu amor?
Nina: Nada, Rô! Isso é rápido... Pelo menos, as louças, os móveis ficando aqui, não me atrapalham em nada - falei me esticando para alcançar a porta de cima do armário e pegar mais duas xícaras. Ajeitei tudo na mesa que também tinha ali na cozinha, eles acabaram me ajudando para agilizar e logo nos sentamos juntos, pra começarmos a refeição.
Rosângela: Nina... O vôo é que horas? Meio dia?
Nina: Aham - falei com certa dificuldade, por já estar comendo.
Rosângela: Vamos te levar lá, hein?! Pode nos esperar pronta aqui.
Nina: Ai, que bom! - falei logo que esvaziei a boca - Não queria pedir isso, mas estava rezando para que vocês realmente fossem comigo até o aeroporto.
Alberto: E você acha que nós não iríamos? Vamos até lá pra tu voltar sempre, é assim que se faz, né? - ri 
Nina: Tão me convencendo muito bem a estar sempre na Califórnia, estou amando.
Ficamos conversando, embasados nessa minha ida para o Brasil durante todo o café da manhã, intercalando as atenções apenas para aquelas maravilhas que estavam dispostas sobre a mesa e eu já sentia uma saudade imensa daquilo, preciso confessar.
[...]
Não tinha conseguido vê a família Toledo, por conta de que hoje eles tinha saído cedo a assistir uma competição estudantil que a Sofia e o Davi iriam participar, mas ainda sim, eu mandei uma mensagem para a Mari antes de sair de casa, agradecendo pela enésima vez todas as coisas que eles fizeram por mim e lembrando que eu voltaria em breve, nem que fosse somente a passeio. Por volta das 11:40, tínhamos acabado de chegar no aeroporto, que estava até bem movimentado, diga-se de passagem. Eu, a Rosângela e o Alberto, exatamente, como eles haviam dito antes. Além de me trazerem até aqui, me ajudaram com as malas durante todo o saguão e a gente foi tentando ter algum papo descontraído por todo caminho, apesar de sabermos que a emoção seria bem grande na hora de nos despedir, de fato. E ela chegou assim que olhei ao relógio, me dando bem conta da hora.
Nina: Bom, né, gente?! Eu acho que tenho que ir...
Alberto: É verdade. Precisa fazer as coisas sem pressa! - falou sorrindo e tomou logo a iniciativa de vir me abraçar - Eu quero que você seja muito feliz, Nina. Muito mesmo! Você merece viver tempos novos e tempos alegres pra entender porque o Rafael gostava tanto quando você sorria - já sentia a minha garganta travar pela emoção, mas o largo sorriso não conseguia sair do rosto - És minha filha também. Que Deus te abençoe! 
Nina: Ai, obrigada, eu nem sei o que te dizer... Você é um homem sensacional e sabe o tamanho da admiração que eu tenho - falei me afastando, mas segurando as suas mãos - Sempre foi a figura de pai que eu precisei e nada nessa vida vai mudar isso. Obrigada por tudo, eu amo você - ele assentiu com a cabeça, me puxando para mais um abraço e quando nos soltamos, já conseguia vê a Rosângela toda emocionada, com os olhos brilhando pela quantidade de lágrimas - Não tem como segurá-las com vocês - falei passando a mão em meu rosto que já sentia o choro descer.
Rosângela: Vem cá, minha nega! - ela me trouxe para dentro de mais um abraço e ali não conseguimos inibir mais qualquer choro. Os ombros uma da outra era testemunha que a reciprocidade daquele amor transbordava. E muito! - Nina... - ela disse assim que a gente se afastou um pouco - O aeroporto é sempre testemunha de um desespero de mães, de famílias, quando os seus acabam por ir embora para um outro lugar, iniciar algo ou ás vezes recomeçar a própria vida. Hoje, eu não tenho essa sensação! Depois do Rafa ter ido embora, eu percebi que esse espaço aqui não pode ser considerado ponto de tristeza, mas sim de felicidade. Se tem oportunidade, todo mundo tem o direito de ser livre e não há nada mais lindo do que viver. Pode acreditar que a gente torce muito por você e tem o nosso coração aberto pra sua volta, porque a esperamos. Viva, meu amor! Nosso anjo vai estar te protegendo - já nem podia dizer qual era o grau de inchaço do meu rosto e quando nos abraçamos, dessa vez, o Alberto também se juntou a nós, trazendo ainda mais intensidade para aquele gesto.
Nina: Vocês sabem o que significam pra mim. Muito obrigada pelas palavras, Rô - falei a olhando diretamente - Eu amo vocês demais, demais, demais. Logo logo tô voltando, pelo menos, pra matarmos essa saudade - respirei fundo, passando a mão em meu rosto, na tentativa de me recompôr - Agora eu vou! E vou ser ainda mais feliz, podem acreditar.
Alberto: É o que a gente espera, de coração - disse me entregando minhas malas. Me despedi deles ali com alguns beijinhos a mais, acenei e parti para fazer o meu check-in sob os olhares dos dois. Era impossível não ser nem um pouquinho doloroso isso! Eles sempre foram pessoas muito importantes pra mim e nada nessa vida seria capaz de mudar. Quando adentrei a sala de embarque e percebi que meu vôo acabaria por atrasar um pouquinho, sentada e imersa na música que entoava ali, eu optei por escolher uma foto com eles dentro a minha galeria e postar. Queria sair da Califórnia deixando claro todos os agradecimentos que eles eram dignos.  
@ninabarsanti As palavras não seriam capazes de traduzir todo o amor que eu tenho por essas pessoas. Hoje eu sei que o nosso anjo já vinha cumprindo sua missão enquanto estava em Terra, cuidando de mim e me apresentando pessoas tão especiais quanto vocês. Meus pais de coração e sogros para sempre, nosso coração está unido em qualquer lugar do mundo. Obrigada por tudo! @rosangeladaher 
annamattos Laços eternos...
taisgoncalves Você é muito especial, Nina. Mensagem linda!
surfpupo_ Com certeza, tem um anjo lá em cima que cuida muito de vocês três.
robertadosanjos Que foto linda!
rosangeladaher Vc é nossa nora e nossa filha do coração! Que nosso anjo te proteja sempre. Seja imensamente feliz! Amamos vc! Já estamos com saudade.
worldmedina Os amores do Rafa em vida e lá no Céu também, sem dúvidas.
_luizacosta Você vai viajar? Vai pra algum lugar?
pamelacoral Fantástico o amor que prevalece, Deus não larga vocês. 
danibarsanti Amo vcs!! Mensagem linda, pq eles merecem!!
Consegui escrever, relativamente, rápido, pensando o quanto é bom fazer isso com o coração: Tudo resulta em algo bem mais natural. E nos comentários, pelo o que li lá, isso acabava ficando ainda mais perceptível. Parei de zapear as minhas redes sociais somente quando, ás 12:20, anunciaram que o vôo saíria e lá fomos todos os passageiros até lá. No percurso até a chegada em minha poltrona eu me dei conta que sim, eu estava deixando a Califórnia. Por tempo indeterminado, o que acentuava ainda mais o sentido de partida. Vivi nesse lugar os melhores e o pior momento da minha vida. Nada que seria capaz de ser esquecido ou deixado pra um novo recomeço, porém que também tornava-o mais importante ainda. Solo norte americano... Até breve! Que venha você, meu amado Brasil!


Recadinho: Oi meninas! (Que amor dizer isso de novo!!!) Vocês me deixaram boquiaberta com a rapidez e a alegria nos comentários da introdução. Eu juro, mesmo sabendo o quão incríveis vocês são, ainda sim fiquei supresa com tamanho carinho e velocidade na resposta.
Então, vamos ao que interessa! Quanto ás "repostagens" dos capítulos, eu tô pensando em colocar sim mais de um por dia, dependendo do que eu ver por aqui. Eu sei que vocês já conhecem a história até certo ponto e rola uma falta de criatividade para comentar algo, mas eu peço que pelo menos deixem aqui uma sinalização do tipo "estou aqui!" para que eu saiba que posso continuar. E claro, vou tentar ser o mais ágil possível nos próximos dias para podermos dar prosseguimento a história (confesso que eu estou bem ansiosa para isso!). Peço também pra que vocês verdadeiramente releiam os capítulos, não só para matar a saudade (rss!), mas porque em alguns eu fiz leves alterações. Não é nada que comprometa o núcleo da história, são apenas acréscimos ou mudanças em alguns diálogos, porém eu acho válido alertá-las quanto á isso.
E por fim, até sendo o mais importante, registro mais uma vez a minha gratidão. Eu só estou de volta por duas razões que são bem óbvias na minha cabeça - porque Deus assim quis, me permitindo voltar pra cá e terminar aquilo que eu havia começado, e por vocês que nunca me deixaram desanimar, sequer me abandonaram. Obrigada!!!
[ Ahhh! Eu esqueci a senha da minha conta no instagram, então, qualquer contato comigo por rede social precisa ser feito pelo twitter, @amorproibidofic ]

13 comentários:

  1. Estou aqui! Na verdade, nem fechei a página do blog, ou seja, nem saí daqui hahah Enfim, seja como for, é ótimo reler de novo, porque muita coisa adormece na nossa memória e assim tudo fica fresquinho! Pode postar tudo de uma vez só porque a ansiedade fica ainda maior pra aquilo que será inédito. Beijão!

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  2. EU TÔ AQUI JA ESPERANDO O MEU CASAL SE ENCONTRAR NA CASA DO BRUNO. KK CONTINUA

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  3. Que saudades que eu estava!!!!
    -Cynthia

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  4. Olá, eu nunca comentei aqui, mas sempre li todas as 3 fics. Queria te dizer pra desanimar não, eu te entendo, quen escreve tem um baita de um trabalho, as vezes fica sem criatividade e passa por bastante dificuldades, mas não desanimar. Eu e muitas leitoras estamos aqui, pra o que você precisar. E continua logo, eu vou adorar ler a história de novo. Um beeeijo!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Ai que emocao!!!! Saudades do melhor casal ever. Já quero mais Gabi!!!!

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  7. Olá!! Estou curtindo mt a sua volta, pode postar mais =D

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  8. Oi Gabi,estou passando assim só para te dizer que eu estou desidratada de tanto chorar. Te espero aqui amanhã com mais 2 capítulos,para a pessoa aqui desidratar mais �� Um beijo,tchau

    Manu

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  9. Eu estou aqui! Ansiosa pelo encontro da Nina com o Lucas na casa do Bruno e da Gio. Também estou ansiosa pelo aniversário dela e da conversa dela com o Lucas. E também pela viagem deles pra Fernando de Noronha. Ah... São poucas e boas lembranças que me recordo dessa história tão linda! E eu super apoio você postar dois capítulos por dia, para que possamos acelerar um pouco a nossa ansiedade, e que possamos seguir assim até o capítulo em que paramos. Fica com Deus minha linda!

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  10. Eu já te amo... Você falando que vai postar mais de um capítulo, ai eu já te adoro kkkk.... velho do muito feliz que LUNINA VOLTOU,ja chorei e tudo lendo o capítulo, imagina nos outros, eu to numa expectativa, ansiedade... E que venha mais capítulos de LUNINA ♡♡♡

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  11. Me bota no grupo amor, 81988617542- Thamires.

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  12. Já estou morrendo de amores novamente que saudade que eu estava de tudo isso, fico imensamente feliz que tenha voltado Gabs de coração ❤️

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