Chapter 06.

Esse final de semana passou tão rápido que ao dizer essa frase até pode soar que eu fiz um monte de coisas relevantes assim, mas a verdade é que o máximo que aconteceu na minha vida foi conseguir me atualizar nas séries que estou acompanhando no Netflix. E ah, claro, fui ao mercado, exatamente como estava precisando! Passei aquela sexta feira em casa mesmo, fazendo esse meu programa favorito que se chama sentar no sofá pra vê televisão e no sábado, eu liguei meu facetime lá pra Califórnia, matando um pouco da saudade que estava da Rô e do Alberto - além de ter conversado pelo whatsapp com a Sophia também. 
Enfim, hoje já era domingo e eu já podia dar bom dia ao eleito mais tedioso da semana. Não que aquilo me incomodasse, não costumava ser ingrata com a existência de um novo dia, no entanto, tinha já um pouco de conhecimento que meu dia não renderia tanto assim. Desse modo, fiquei enrolando um pouquinho na cama, aproveitando para mexer nas minhas redes sociais e quando me deparei com uma postagem que tinha um texto tão bonito, decidi repostá-lo com alguma foto minha. Olhei na galeria algumas daquelas do último ensaio que fiz aqui no Rio de Janeiro e optei por uma das que mais gostei para enviar. Não precisava editar nada, então, só coloquei uma margem e a pus no meu instagram.
@ninabarsanti PRECE: 
Que habite em mim a coragem do primeiro raio de sol, que carregando uma pequena luz ousou mergulhar para enfrentar a escuridão . Que habite em mim o perfume da flor que cresceu indomável e apesar das dificuldades, resiste com ternura, perfumando os caminhos. Que meu coração seja um sino e que ele seja atingido pelo amor, e que o som seja ouvido em toda a cidade e saibam o quanto o amor é sagrado
AMÉM.

patriciaeicke Amém! Que linda!

chriscolton So hot!

brunachagas Amém, Nina! Você é amor! Você merece tudo de bom.

centraltoledo Obrigada pelo incentivo pra ir treinar domingo kkkkk

jumoreira Essa foto ficou maravilhosa! Você é espetacular.

anandamrp EITCHAAAAA!!! Tá maravilhosa hein

elisavieira É incrível o quanto você irradia luz... Linda!!

smilelucco_ GENTE ela é perfeita

loveulucco @lucaslucco curtiu, estamos de olho amigo.

thiagomonte Nossa, Nina, você é linda demais... Que mulherão.

Fiquei lendo os comentários, como sempre gostava, e até me diverti com alguns deles. Era sempre cômico quando postava alguma foto desse tipo, porque as pessoas me viam tão diferente que, por ora, também assustava. Deixei o celular um pouco de lado, tomando impulso para me levantar da cama e seguir até o banheiro, apertada para fazer xixi. Aproveitei pra fazer minhas higienes pessoais de uma vez, prendi meu cabelo num leve coque e saí, pegando meu aparelho novamente e indo até a cozinha, preparar qualquer coisa que fosse para eu tomar café. Deixei o mesmo fazendo sobre o fogão e fui arrumando meu pão, com peito de peru + cottage. Coloquei pra fora um potinho de gelatina que eu tinha feito ontem também, porque minha barriga tava até roncando de fome e o comi primeiro, a espera do café ficar realmente pronto. Coloquei o pote sobre a pia, quando terminei, e peguei minhas coisas para pôr sobre a bancada, afim de fazer minha refeição. Sem variedade alguma, peguei meu celular pra ser a companhia da manhã, no entanto, para uma espécie de surpresa, vi duas mensagens nas notificações: Da Babi, pedindo para que eu a chamasse no Facetime, e do Lucas. Sim! Não tínhamos nos falado esse final de semana mais, pelo o que via no instagram e pelo o que ele havia comentado estaria em show, então também imagino o quão ocupado. Mas ainda com todas essas justificativas, não tirava o peso do susto. Abri logo aquela conversa e o respondi, aproveitando o fato de vê-lo como online. 

"Bom dia, Nina...
Como vc tá?

Tô bem e você?
Bom dia rs

Tô também, graças a Deus.
Vi sua foto, tô aqui a toa aí resolvi te chamar kkkkk

Hahaha que coisa maravilhosa, hein?
Tô tomando café ainda, mas tão a toa quanto, 
provavelmente haha
Tás viajando?

To sim, to em Macapá 
Mas chego hjjj aí

Ah sim...
Chegar em casa é a melhor coisa, né?

Nem fala
To cansadão.

Eu imagino!"

Ficamos conversando ali um pouco e o assunto variou em diversas coisas: Ele me contou lá dos shows, fiquei falando desse meu final de semana completamente sem ter feito nada e quando ele contou sobre um açaí que tinha ganhado lá - me mandando até uma foto inclusive - desatamos a falar sobre comida até que acabamos combinando dele vir jantar aqui em casa hoje. Já tinha comentado com ele a última vez que nos vimos que eu ia cozinhar para ele qualquer dia desses e bom, marcamos. Graças a Deus, tinha ido ao mercado ontem também e como meus dias estavam tão parados, não tive porquê não gostar daquela ideia. Só fomos encerrar nosso papo quando ele me disse que estavam chamando ele para fazer alguma coisa e eu aproveitei também para, enfim, me levantar ali da banqueta - porque me distrai tanto no celular que terminei meu café, mas me mantive sentada ali, imersa no assunto com o Lucas. Coloquei as louças na pia e fui lá pra sala respondendo dessa vez a Babi, falando que já iria chamá-la no Facetime. Estava morrendo de saudade de conversar com ela, então, aquilo seria até bom. Me sentei no sofá e tentei fazer a chamada que, afinal, foi bem rapidinha e logo a Babi me atendeu, parecendo estar em seu quarto, pelo que dava ver dela encostada na cabeceira da cama.
Babi: Oi, meu amor! - disse logo colocando um sorriso no rosto, animada e linda como sempre.
Nina: Oi, Babi! Saudade...

Babi: Eu quem digo, né? Porque se eu não te chamar, a gente não conversa

Nina: Ai, até parece - falei rindo - Como tás?

Babi: Tô bem e tu?

Nina: Tudo bem também... Minha mãe tá bem? Jayme?

Babi: Tudo certo! Minha mãe saiu agora de manhã, acho que foi na feira, sei lá, viu? Só sei que acordei e vi um recado dela. E Jayme tá aqui!

Jayme: Pera aí, cunhada - ouvi a voz dele antes de dar qualquer resposta, me fazendo rir.

Nina: Ah tá! Tô esperando, meu amor!

Babi: Vai começar vocês dois - falou me fazendo rir e consegui ouvir a gargalhada do Jayme também.

Jayme: Pronto, apareci... - disse se enquadrando no vídeo - Chega pra lá, amor -falou com a Babi, conseguindo se sentar lá ao lado dela.

Nina: Caramba, eu tô com uma saudade de ti! Sério, não sei o que vocês estão esperando para vir me visitar!

Jayme: Só um negócio chamado folga mesmo - ri - Mas vamos aparecer já já, quero conhecer teu barraco.

Babi: Barraco nada, ô! Tu sabe que fui eu que ajudei a procurar, então valoriza - rimos

Nina: É isso aí, pode me defender, sis! - pausei, me ajeitando no sofá.

Jayme: Como é que tá a vida nesse Rio de Janeiro, Nina?

Nina: Ai, tá boa, viu? Muito menos difícil do que eu pensava que seria. Tô trabalhando direitinho, graças a Deus! Esse final de semana foi bem tranquilo... Única coisa que tá faltando pra mim é achar alguém pra vir fazer faxina aqui em casa, que quando eu paro pra olhar vejo como tudo tá de cabeça pra baixo - eles riram.

Babi: Vê com o Paulinho, Nina. Ou com a Ananda... eles devem conhecer alguém.

Nina: É! Amanhã eu vou pra agência mesmo, aí pergunto a ela direitinho.

Jayme: E já tá conseguindo se achar aí nos lugares? Toda familiarizada?

Nina: Isso é a pior parte, né? Mas agora eu tô andando com meu carro também, ontem fui no mercado... Meio espreitada pelo gps, mas tô indo, tá tudo indo.

Babi: Ih, sério, sis? Tu foi dirigindo na boa? Sozinha?

Nina: Uhum! Falei até com a minha mãe... Ela te contou nada?

Babi: Dona Daniela anda com a cabeça no mundo da lua.

Jayme: Talvez seja um mal de família - falou simulando tosse, com a Babi dando um leve tapa em seu ombro, me fazendo gargalhar. Aqueles dois eram uma comédia juntos!

Nina: E você, hein, cunhado? Só me fala de trabalho pra cima e pra baixo, quero saber da vida.

Jayme: Tá aqui do meu lado, pô - falou fazendo referência a minha irmã.

Babi: Agora que dar de romântico, tás presenciando isso, né Nina? - falou tentando se fazer de durona, mas assim que eu ri, ela logo caiu em gargalhada junto comigo.

Nina: Vocês dois vão ser sempre assim, né?

Babi: Se Deus quiser - ela disse sorrindo e bom, ao olhar aquilo podia assumir que lá em casa dávamos sorte com o amor. Eles dois também vêm de um relacionamento consolidado e estão juntos há quase quatro anos já.

Jayme: Mas então, Nina, não tenho nada mais de novo não... A vida tá parada mesmo, essa história de vida adulta fode todo mundo.

Nina: Pois é, né? Vamos fazer campanha pras crianças não quererem crescer.

Jayme: Ô, pode crer! 

Nina: Gente... Deixa eu aproveitar vocês dois, que são duas pessoas muito criativas...

Babi: ...Senti ironia aqui, sentiu aí? - disse me interrompendo, virando pro Jayme, que já estava rindo.

Jayme: Com certeza!

Nina: Parem de graça! Óh, deixa eu falar... Que que eu posso fazer pra jantar? Um amigo meu vai vir pra cá e não tô sabendo o que fazer.

Babi: Quem é? O Paulinho?

Nina: Nada, é o Lucas...

Babi: ... Mas guria, tu tá mesmo colando no Lucas Lucco. É ele, né? - falou, praticamente, me interrompendo.

Nina: É - falei rindo da cara que ela fez - Eu não contei que ele mora aqui no condomínio? Aí tipo, é a única pessoa aqui dentro que eu conheço. E ele é muito gente boa, sério! 

Babi: É, tu falou... Tô bem feliz o quanto tu tá colando bem, porque olha! Aquele guri tá de parabéns.

Jayme: Isso aqui ainda não virou o clube da Luluzinha, eu estou aqui, viu? - falou nos fazendo rir.

Nina: Quando vocês vierem aqui, eu apresento ele também. Ele é bem engraçadinho assim, bem sua vibe, Jayme, acho que vocês se darão bem.

Jayme: Engraçadinho é ótimo, né? - ele riu - Mas agora falando sério, eu vi uma foto sua com ele.. E acho que tava o Bruno Gagliasso também.

Babi: Nina agora é amiga só de Global...

Nina: Vida de carioca, né? - falei meio me gabando, rindo e causando isso neles - Tô brincando! Mas é sério gente, me ajuda. 

Babi: Não sei... O que você vai fazer pro almoço?

Nina: Nem eu sei! Tava querendo fazer só uma salada, pra mim mesmo, coisa levinha e prática. Mas por quê? Eu não vou dá comida requentada, né?

Jayme: Eu sigo ele no instagram e no snap, o guri só come marmita, comida requentada pra ele vai ser normal - falou nos fazendo rir

Nina: É um idiota mesmo! - disse recuperando o ar ainda - Pensei em fazer alguma coisa com frango e tal, é uma boa, né?

Babi: Ah, acho que sim! Ele é mais saudávelzinho também, né? Aí dá pra ornar com as coisas que tu sabe fazer.

Nina: Pois é! Acho que vou pensar em algo assim...

Babi: Melhor opção, sis.

Jayme: Se fosse jantar para mim ia querer logo uma batata frita, uns bifes mergulhados na fritura, uma farofa carregada de bacon

Babi: Ai que exagerado - falou rindo

Nina: Quem ouve até pensa que é assim...

Jayme: Ah sai, é assim sim. Lembra o hambúrguer que eu e o Rafael pedimos lá em São Francisco?

Babi: Caralho, não, aquele dia vocês bateram o recorde.

Nina: Depois ficaram dias passando mal, inesquecível - rimos - É sério, o Rafael ficou uns três dias sem surfar depois que a gente voltou pra San Clemente.

Jayme: Pô, deu até água na boca - falou rindo, parecendo passar a mão na barriga também.

Nina: Tudo maluco! Igual chimarrão também...

Jayme: Vem jogar só na minha conta e na dele não que vocês aqui acabavam com a cota de chimarrão, as duas natureba aí, mlk

Babi: Tinha nada de errado nele, ué, podíamos ficar tranquilos

Nina: É verdade! Nossa, deu até vontade de chimarrão agora - falei pausando, realmete pensando em um - Aí, cunhado, tu que é um guri mó trabalhador, podia bem hoje tirar um dia de meu assessor e ir responder minha caixa de email, né? Tô desde sexta sem vê, deve tá cheio de coisa lá.

Jayme: Bah, mas nem pagando - falou rindo e causando isso em mim também - Deixa essa preguiça, aproveita a boa vida que tu tá.

Nina: Eu tô é enrolando a beça pra fazer isso, sério.

Fiquei ainda mais alguns poucos minutos conversando com a Babi e o Jayme até decidirmos finalizar a chamada, visto que tínhamos conseguido matar um pouquinho da saudade que estávamos. Poderia dizer abertamente o quanto considerava o Jayme como parte da minha família mesmo, praticamente um irmão para mim e uma parcela fundamental para todo esse sentimento era perceber que, além de ser uma pessoa maravilhosa, ele fazia um bem incrível á Babi. Desde que eu me mudei para a Califórnia com o Rafael, eles foram nos visitar algumas vezes e eram sempre passagens divertidíssimas, onde acabávamos fazendo uns passeios pelos Estados Unidos também, quando dava, tornando tudo ainda mais legal. O Rafael e o Jayme também se davam muito bem, então, posso dizer o quanto tudo cooperava para que eu vivesse uma fase sem igual. 
Enfim, depois daquela conversa, eu ainda fiquei pensando e rindo dentro das minhas próprias memórias, um pouquinho, até ter a ideia de ligar a televisão para assistir alguma coisa enquanto concretizava na minha cabeça o que iria fazer para o jantar.

[...]

Como tinha combinado com o Lucas por volta das 19:00, quando foi umas seis e pouquinha eu resolvi ir tomar meu banho. Não iria me arrumar, mas também não estava dando para me levar a sério com aquela roupa de dormir desde a hora que acordei. Escolhi colocar só uma calça jeans e uma blusinha bem básica, acrescentando poucas coisas e prendendo um pouco do meu cabelo - porque como já estava para ficar sujo, não tava conseguindo dá essa moral toda a ele. Me ajeitei direitinho, sem tanta pressa assim, e aproveitei quando peguei o celular para vê se ele tinha mandado alguma coisa pra bater uma foto minha. Estava gostando da forma que estava me vendo no espelho e isso me fazia bem. Desliguei as coisas ali no quarto, ajeitando o óculos em meu rosto e desci para vê como estavam as coisas na cozinha, antes de me sentar para, finalmente, dá uma olhada na minha caixa de entrada de emails. Tinha colocado na mesa já as louças, arrumadinhas, e os potes de vidro que serviam a comida que, enfim, eu tinha decidido qual seria: Crepioca de frango cremoso + salada de agrião e manga em cubos que era divina. Tipo, uma das minhas preferidas mesmo! Com tudo por ali certo - como não tinha mais muita coisa para fazer a não ser esperar - deixei a luz ligada ali e fui até a sala, onde coloquei o notbook para abrir o meu email e enquanto ia fazendo isso, decidi postar a foto que tinha tirado também lá em cima. Tinha ficado bem bonita e quis enviá-la para o instagram.

@ninabarsanti Sunday's vibe.

mirellasouza Tá tão amorzinho de óculos, linda demais.

sofiatoledooo Quando a pessoa é linda até domingo, como faz? 

punchisfe_90 Deslumbrante, como sempre.

ludosantos Que look básico e lindo. Você arrasa!

mariquarti Nunca tinha te visto de óculos... Continua belíssima! Te admiro mt, viu?

ohana_pupo Me ensina a ser linda assim? rs

Dessa vez nem li os comentários muito bem, deixando o aparelho ali do meu lado e me sentei no tapete - visto que o notbook estava na mesinha de centro - para dá uma olhada nas coisas. A maioria dos emails que tinham lá era da agência mesmo, com algumas exposições de cursos e possibilidades de castings, mostrando que essa semana seria bem intensa. Abri também aqueles que eram de lojas virtuais, as quais algumas acabam fazendo parceria comigo, e por fim abri o que tinha de mais diferente ali que era vindo da Revista Glamour, me convidando para fazer uma matéria comigo a respeito da história com o Rafael. Li tudo direitinho, mas foi o único que deixei em pendência por duas razões: Embora eles tenham me dado um prazo curto para resposta - em função de ter que haver o fechamento da edição - eu precisava pensar um pouquinho que fosse quando se tratava disso; e além disso podia ouvir tocarem lá em casa, denunciando a provável chegada do Lucas. Falei um já vou enquanto desligava o notbook, me levantava e colocava o óculos sobre o rack, pois também era demais ter de ficar com aquele acessório durante toda a noite. Fechei o notbook, o colocando em outro lugar também e dei uma acelerada até a porta, onde abri com um sorriso no rosto, encontrando o Lucas lá da mesma maneira. Todo arrumadinho, com uma calça justa jeans e uma blusa quase que social azul rei, de meia manga. Ele, por sua vez, tratou logo de me abraçar para nos cumprimentarmos.

Nina: Pode entrar, pode entrar - disse assim que me soltei dos braços dele, o dando passagem.

Lucas: Olha, até a casa tá com cheirinho de comida... - falou me vendo fechar a porta, me fazendo rir com o nariz.
Nina: Acho que tás sentindo, porque vai bem conhecer... Pelo menos, o recheio.
Lucas: Olha, cê tá cheia de suspense, hein?
Nina: Fica tranquilo que eu juro que não tem nada pra sair da dieta - falei me virando para ele - Vamos lá pra cozinha?
Lucas: Cê num vai me fazer sala? - se fingiu de ofendido, claramente.
Nina: Ah, Lucas... Eu tô com fome, sério - ele riu, enfim.
Lucas: Tô brincando, até porque nem precisa mais disso, né?
Nina: Ai, graças a Deus! Faço a sala depois do jantar - falei rindo - Vem cá! - disse passando em sua frente, que me seguiu até a cozinha, onde já enxergou de uma vez a mesa que eu tinha arrumado para que tudo ficasse, pelo menos, mais apresentável.
Lucas: Caramba, que coisa lindinha - falou se aproximando lá da mesa - Tanto a arrumação quanto a comida, vai dá até pena de bagunçar - disse me fazendo rir.
Nina: Ó, eu acho que não errei em nada... Senta aí! - falei fazendo esse gesto e ele logo se pôs em uma cadeira - Tem crepioca com frango cremoso, tem agrião e manga...
Lucas: ... Só no cardápio cê tá aprovada! - falou me interrompendo.
Nina: Então já comecei bem - ri.
Lucas: Mas vou falar pro cê, eu não ia conseguir te deixar fazer uma mesa direitinha dessa, só que cê podia ter me esperado, pô. Ter mais trabalho ainda! Eu te ajudava a colocar as coisas aqui.
Nina: Ah, até parece, né? Já não reparou que tu só me ajuda, o tempo todo? Deixa eu fazer alguma coisa.
Lucas: Tem nada a vê! Vai deixar eu lavar a louça então, né?
Nina: Tá... Mas vamos comer? - falei parte evitando o assunto e parte, realmente, faminta.
Lucas: Vamos, dá pra vê nos seus olhos a quantidade de fome que cê tá - falou me fazendo rir e, realmente, não demorou nada para começarmos a colocar os nossos pratos.
Deixei com que ele provasse primeiro e daí se instalou a série de elogios que perdurou durante todo o jantar. Nem eu conseguia mais acreditar que sabia cozinhar assim! Mas nossa refeição não se resumiu, também, só a encher a minha bola. Conversamos sobre nossos respectivos finais de semana, falamos sobre alguns compromissos dessa semana e claro, sempre tem algumas coisas engraçadas que compartilhamos. Sentíamos-nos tão a vontade um com o outro que eu não me canso de repetir: Qualquer pessoa que entrasse por aquela porta atestaria que nós dois já nos conhecíamos a, no mínimo, a vida inteira.
Nina: Então, fui aprovada mesmo, né? - disse colocando as louças sobre a pia, om a ajuda dele.

Lucas: Tá e demais! Não me deixar sair da minha alimentação normal já te fez começar com dez - disse me fazendo rir, colocando os pratos lá e depois apoiando as costas de seu corpo ali do lado, á perceber que eu estava abrindo a torneira - Ei, cê disse que eu ia lavar, viu?

Nina: Ah, sai dessa, já estou lavando! Prefiro que tu fique aí falando da minha comida ao invés de reclamar disso.

Lucas: Gostou dos elogios, né? - falei tombando levemente a cabeça, consentindo, mantendo os olhos apertados e um sorriso sem mostrar os dentes - Toda neném que cê fica fazendo isso - disse me fazendo rir e me acompanhando logo em seguida - Mas da comida, agora é sério, é muito raro achar quem come bonitinho assim por prazer.

Nina: Come bonitinho - ri com o nariz - Mas eu entendo o quê tu tá falando, muita gente entra nessa história de querer uma vida mais saudável, só que no fundo é apenas modismo.

Lucas: Pois é! Aí fica foda pra aguentar depois, né? Ou então, vive de mau humor.

Nina: Exatamente! Um negócio que era pra ser prazeroso...

Lucas: Aham, comer entra pra aquela quadro de uma das melhores coisas da vida 

Nina: Simmm - falei rindo - É assim, né? Cada um tem que fazer as coisas de acordo com o que quer, não adianta obrigar ninguém a seguir um estilo de vida, por exemplo - falei começando a colocar as louças no escorredor - Com o Rafa, era muito engraçado, era aquelas cenas bem grotescas! Tipo, eu pedia salmão grelhado e ele batia pratão de hambúrguer e batata frita - ouvi-o gargalhar, sem perceber que já tinha entrado no assunto Rafael.

Lucas: Que figura devia ser essa cena! Ainda mais pro Estados Unidos, cê que era a errada, né?

Nina: Ah é, ainda tinha isso!

Lucas: Mas ele não ficava sem comer besteira nunca, Nina? - percebi-o realmente interessado naquele assunto. 

Nina: Por ser atleta, ele sempre seguiu treino também, então isso ajudava a segurar essa alimentação meio pesada. Mas também quando chegava época de competição, era certo! Uns trinta dias antes eu acordava e a nossa dispensa estava cheia de frutas, de legume, verdura, pão e arroz integral... Já sabia, né? Entendia o recado.

Lucas: Devia ser a melhor fase, né?

Nina: Como eu te falei, eu não obrigava ele a fazer isso... Mas não dá pra negar que era sim! E ele intensificava os treinos também, aí que era sensacional, porque me dava aquele gás pra ir acompanhá-lo, sabe? - falei secando minha mão no pano de prato que estava ali por cima, terminando a louça - Essa época mesmo que a gente, tá segundo semestre, ele competia certo no Tahiti, em Portugal e agora no Havaí, então, olha... Melhor temporada que estava o meu corpo - falei rindo, encostando a parte de trás do meu corpo na bancada, ficando praticamente de frente para ele, que me ouvia bem atentamente, inclusive - Sou um saco falando do Rafael, né? - falei ajeitando meu cabelo, deixando soltar um suspiro ao, enfim, me dar conta que tinha levado o assunto longe.

Lucas: Quem disse isso pro cê, hein?

Nina: Eu sei que começo a falar dele e não paro...

Lucas: ... Tem problema nisso? - ele acabou me interrompendo - Nina, cê é muito pura! E pode acreditar que não ninguém que ouse discordar do quanto é bonito vê cê falando nele..

Nina: Não, Lucas, não deixa eu me emocionar - falei olhando levemente para cima, abanando os meus olhos com a própria mão. Era sempre assim.. Já conseguia falar sobre o Rafael, mas quando vinham com palavras muito bonitas, nem sempre o choro conseguia ficar contido.

Lucas: Não, isso eu não deixo memo! Cê é bonita do jeitinho de antes... Descontraída - falou pegando minhas mãos, as segurando junto as suas e ficando mais perto de mim, comparado ao antes.

Nina: Isso! Isso! - falei me ajeitando, respirando fundo - Tu já tem que ir embora? - disse, ainda sim, tentando trocar o assunto.

Lucas: Bom, não... Mas se cê quiser que eu vá, eu finjo que tenho - falou me soltando e me fazendo gargalhar.

Nina: Não, muito pelo contrário! Vamos lá pra sala? - ele assentiu com a cabeça e pegamos apenas os nossos celulares na mesa, desligando a luz do cômodo e passando para lá - Senta aí - falei já me sentando no sofá, dobrando as pernas sobre a poltrona e me esticando para pegar o controle na mesa de centro.
Lucas: Tô indo, o quê vamos vê? - disse vindo pelo outro lado do sofá, se sentando ali, com um pouco menos de despojamento que eu.
Nina: Programação de domingo é sempre muito animante, né? - falei abrindo o guia da sky, o fazendo rir.
Lucas: Se tivesse Malhação, Uods resolveria nosso problema, tá vendo?
Nina: É verdade... Embora tenha passado um pouco da hora, né?
Lucas: Só um pouquinho, coisa boba - rimos do seu tom irônico na voz - Então... Vamos rodar lá o Netflix?
Nina: Eu não ia dizer ele de cara, porque a Ananda diz que eu sou escrava dele - falei rindo e o Lucas me acompanhou - Mas já que foi tu quem sugeriu, vou ter que render a ele.
Lucas: Fala como se fosse um sacrifício - falou me vendo já abrir o programa - Se eu tivesse ainda mais tempo em casa, com certeza passaria dias assistindo... 
Nina: É o que eu faço sempre que posso, como esse final de semana. Pra mim não tem balada que valha isso.
Lucas: Cê tem muita cara de caseira, mas tá me surpreendendo...
Nina: Isso só me lembra a Ananda, mais uma vez. Ela diz que isso assusta as pessoas!
Lucas: Cês duas são comédias demais - disse rindo - Mas fica tranquila e pode falar pra ela que não me assusta não, eu entendo um pouco desse sentimento.
Nina: Ela também já percebeu que tu é do meu bando, no dia lá do show mesmo falou enquanto a gente tava conversando.
Lucas: E olha que era show do Jorge e Mateus, hein? Mas sei lá, é a minha... - ele pausou - Se bem que eu pensei que a Ananda era mais tranquilona assim que nem cê é
Nina: Não, ela é, a gente até tem bastante coisa em comum. Mas quando chega final de semana, ela curte sair pelo menos um diazinho, sabe? E acho que quer me animar também, me fazer conhecer mais coisa, sei lá. Só sei que comigo ela sempre se empolga mais nos programas - falei ajeitando meu cabelo - Pronto, dá aí uma sugestão do que vamos assistir.
Lucas: Ih, mas eu nem faço ideia! Vê o que tá em alta, dá um ajuda
Nina: É verdade! - disse com o controle apontado para a televisão, rodando aquilo que nos era apresentado
Lucas: Esse pode passar, terror não.
Nina: É suspense - falei rindo
Lucas: Dá tudo no memo, é só um jeito bonito de enganar os medrosos - gargalhei e dessa vez ele quem me acompanhou
Nina: Tudo bem, então vamos lá... 
Confesso que demoramos um pouco até conseguirmos entrar em um consenso sobre o que assistirmos, mas já nos divertimos ali vendo pela primeira vez, nossas opiniões e gostos diferir. Por fim, acabamos optando por uma sinopse e um título que atendia ao nome de A Caça. Apostamos bem, a propósito. O enredo fictício contava a história envolvente de um professor que ao tempo que tentava reconstruir sua vida pós o divórcio e a perda da guarda do filho, se envolve em mais um problema - dessa vez completamente falacioso - vindo de uma das pequenas alunas. O personagem principal acaba perseguido por habitantes da própria cidade, acusado de um assédio que não existiu á aluna e constrói-se uma trama toda arredor disso. Um filme que prendia e fazia a mim e ao Lucas debatermos o tempo inteiro sobre o que acontecia ali, além de irmos ficando mais confortáveis sobre o meu sofá. Só quando o filme acabou que eu me dei conta do quão mais próximos estávamos, inclusive - me sentava com as pernas dobradas sobre uma almofada que era a única coisa que separava a mim e ao Lucas, que estava com o corpo totalmente relaxado ali, com as pernas abertas, e até um dos braços para cima da cabeça.
Lucas: Gostou? - inclinou um pouco a cabeça para conseguir vê o meu rosto e eu acabei fazendo a mesma coisa, assim que o filme acabou e nós voltamos a atenção total um ao outro.
Nina: Aham! Achei muito legal mesmo...
Lucas: Eu também! Eu adoro filmes e ao memo tempo quase não assisto, gosto quando tiro tempo pra isso.
Nina: Fica só assistindo desenho, né?
Lucas: Como cê sabe? - ele disse franzindo o cenho de forma engraçada.
Nina: No dia que tu foi me levar lá em Grumari, não teve como passar desapercebida a mochila que tu trazia dentro do carro do Bob Esponja - ele gargalhou e eu o acompanhei.
Lucas: Isso aí são minhas fãs que me dão de presente... Mas eu gosto, gosto memo! Bob é o meu preferido.
Nina: Desenhos são bons.. A gente aprende bastante, mesmo sem perceber isso quando é criança.
Lucas: Pois é! Eu gosto de vê o mundo dessa maneira, mais inocente, sei lá se essa é a palavra. E hoje adulto também eu vejo a quantidade de coisa boa dá pra se tirar de uma coisa que parece ser só infantil.
Nina: Entendo... Eu quase não assisto desenho assim, mas quando paro pra reparar, tenho essa sensação também - tirei os meus olhos da direção dos dele e a gente ficou um tempinho em silêncio, mas eu conseguia sentir que ele ainda se mantinha me olhando, tendo a confirmação disso quando voltei a encará-lo - Tá quietinho... Tá com sono, né?
Lucas: Um pouco, mas eu também consegui descansar quando vinha pro Rio...
Nina: Ah, em avião nem dá pra descansar lá grandes coisas! Acho que eu te tirei do seu sono que deve ser sagrado domingo quando não tem show.
Lucas: Eu não perdi ele, eu ainda vou dormir, uai! Tava pensando memo...
Nina: É? Então divide, porque a gente tem horas que tem um monte de assunto, um atrás do outro, mas ás vezes...
Lucas: Sei lá, tem coisas que a gente só pensa.
Nina: Pensar demais atrapalha, sabia? Sempre ouvi isso.
Lucas: Eu sei! Mas tem coisas que é difícil fazer por impulso.
Nina: Eu sei disso também - falei ajeitando minhas pernas sobre a almofada - Mas vai, me fala o que tu tava pensando.
Lucas: Nina... - não sei porquê, mas aquela continuidade na frase fez meu coração acelerar de uma maneira que disparou ainda mais quando percebi que a mão dele já estava rodeando a minha nuca.
Nina: Lucas... - falei de forma mais suspirada do que pensava e o via ainda chegar mais perto de mim. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, nem ter reação alguma frente aquilo.
Ele não disse mais nada e eu sentia a sua respiração tão ofegante quanto a minha, quando elas já se misturavam pela proximidade. Seus dedos se desenharam entre os meus cabelos e nossos lábios se tocaram de uma forma que fez tudo estremecer em mim. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas nada meu queria parar aquilo. Me sentia completamente sem força. Deixei minhas mãos irem até a sua nuca e ele me trouxe um pouco mais para perto, me fazendo descobrir que aquilo era melhor do que eu pensei. Quer dizer, do que eu nunca pensei. Não tinha, um minuto sequer, passado na minha cabeça que eu estaria naquela situação. Tínhamos uma sintonia muito além de opiniões e atitudes, aquilo ficava bem provado dentre aquele beijo onde nossas bocas pareciam se encaixar da maneira certa, ainda que nós dois pudéssemos estar confusos dentro daquele gesto. Eu estava me sentindo quase fora de si e fui sentindo ele parando o beijo, me fazendo abrir lentamente os olhos, mas o vendo se afastar de mim rápido, assim que me deu um selinho, tirando todo o contato físico que estávamos tendo.
Lucas: Não... Desculpa! - ele disse se ajeitando no sofá e com os olhos fixos em qualquer ponto a nossa frente. Eu estava desconcertada demais para falar alguma coisa, mas não sei se pelo fato dele não estar me olhando, conseguia vê-lo. Meu coração batia de uma maneira inigualável e minha respiração parecia que não conseguia voltar ao normal. Levei as mãos em meu cabelo, o ajeitando em um coque muito mal feito e o Lucas mexia as pernas, como quem se sentisse nervoso - Eu vou embora - falou se levantando num súbito, pegando o celular na mesa de centro, ainda sem conseguir me encarar.
Nina: Eu acho melhor - foram as únicas palavras que eu consegui soltar, mas espera... Não! Não era isso! Não conseguia assimilar as coisas e parecia que a conexão entre meu cérebro e a minha boca não existia. Vi o Lucas se aproximar da porta e me levantei rápido ao perceber que a chave ainda estava na fechadura e ele iria, realmente, sair - Espera! - falei o fazendo parar, mas ainda se manter de costas para mim - Eu não sei o quê falar, mas... Sei lá... Não era pra ter falado isso... - disse rápido, até embolado e ele, enfim, se virou, deixando nossos olhos se encontrarem.
Lucas: Nem eu sei o quê eu tô fazendo... Deixa eu ir - esperei um pouco, mas assenti apenas com a cabeça e passei na frente para abrir a porta para ele. Nos entreolhamos, mas não tivemos reação alguma para outro gesto. O vi sair por aquela porta e assim que a fechei, percebi ainda minhas pernas trêmulas.
Me joguei no sofá sem entender nada de como aquela noite tinha terminado. Sentia-me na mesma proporção que mal por ter feito algo que já nem conseguia me lembrar se sabia, bem porque aquilo tinha sido bom e eu não achava meios de negar. Minha cabeça parecia desenfreada e o meu coração sem vontade de voltar a frequência normal. Depois de seis anos dentro de um relacionamento, era como se eu não conseguisse mais me vê com outra pessoa. Com a morte do Rafael, isso foi acentuado. Era um misto de ter gostado de tudo aquilo, mas com culpa. De certa forma, culpa era a palavra mais correta. Minha voz interior quase gritava para que eu repudiasse toda a minha parte que conseguia aprovar aquele gosto e eu não sabia o que fazer frente a isso. Poucas vezes na minha vida me vi numa confusão tão gigante. Essa situação estava completamente fora dos meus planos. Parece que num ato de segundos, minha vida saiu totalmente do meu controle. E foi dentre toda essa confusão, que dali mesmo daquele cômodo, eu quase vi o dia amanhecer.

Recadinho: Meninas, olha quem tá de parabéns hoje - eu mesma, que consegui fazer as duas postagens que prometi! Hahaha. Brincadeiras a parte, esse é o capítulo que acontece o primeiro beijo e eu confesso que relendo fiquei com meu coração apertadinho, juro. Contem sobre esse capítulo! Beijos a todas e boa noite!