quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Chapter 07.

Depois daquele domingo, a minha vida seguiu, mas a cabeça... Virou completamente. Tentei passar minha segunda e terça feira sem me dá conta de tal último acontecimento, mas era impossível. Claramente impossível. O que eu consegui abstrair foi graças a agência - até porque eu passei esses dias fazendo duas campanhas diferentes e isso foi a única coisa que me deixou esquecer, por alguns segundos, a confusão mental que eu estava. Não tinha contado a ninguém sobre isso, sabia que eu precisava me encontrar um pouco mais para conversar com quem quer que fosse. E sobre o Lucas, quanto mais as horas dos dias posteriores se passavam, eu me dava conta que ele deveria estar numa situação tão complicada quanto a minha - ele não me chamou para nenhuma conversa, sequer nos víamos ali pelo condomínio e se não parecer muita paranoia, eu conseguia perceber que nada do que eu postei, ele curtiu.
Para completar todo esse momento que eu estava imersa, chegou no calendário, nesta quarta feira, uma das datas que, pela primeira vez, eu menos queria vivenciar. Depois de uma noite completamente em claro, sentada na minha cama, eu vi nascer o dia que seria aniversário do Rafael. Ele completaria vinte e seis anos e na minha cabeça, ineditamente nos últimos dias, não havia espaço para mais nada além daquela volta ao questionamento sobre o porquê. Em determinadas datas, as coisas pareciam ainda mais difíceis de se assimilar. Se ele estivesse aqui comigo, tudo estaria tão diferente. Muito provavelmente, nem aqui eu estaria. Minha vida continuaria seguindo de acordo com os nossos planos na Califórnia. Eu não sentiria que vivi mais de dez anos dentro de um pouco mais de seis meses. Passei as mãos pelo meu rosto, inchado visto a quantidade de vezes que o choro foi inevitável essa noite, e peguei o meu celular para olhar a hora. Seis e dez ainda e mais uma vez me invadiu aquela sensação de viver muito mais do que o relógio marcava. 
Resolvi levantar, tentar fazer alguma coisa do que simplesmente ficar parada, presa nas memórias e dúvidas que a minha cabeça insistia em deixar presente, então, fui até o banheiro. Fiz todas as minhas higienes pessoais, lavei o meu rosto por último e depois de secá-lo com a toalha, me encarei no espelho. Não conseguia enxergar muito bem aquele eu que vinha lutando para construir nesses últimos meses. Hoje, neste exato momento, via apenas as feições que denunciavam o quanto eu nunca entenderia nada sobre a vida, por mais que me esforçasse. Saí do banheiro assim que prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e fui direto para a cozinha. Até para fazer café era complicado: Sairia dali um daqueles bem preto e sem qualquer açúcar, do jeito que ele gostava. O mundo parecia que havia parado e ia girar em torno disso, pelo menos, nessas vinte e quatro horas da forma mais intensa possível. Tomei só uma xícara, quando ficou pronto, sem comer o que quer que fosse - pela falta de fome que estava - e ainda tentei passar um pouco do tempo lavando a louça, até porque tinha coisa acumulada até de ontem e ao colocar tudo para secar, decidi pegar um remédio para dor de cabeça. A qualquer momento parecia que ela ia explodir bem acima do meu pescoço. Bebi água para ajuda a engolí-lo e fui até o meu quarto para achar meu celular novamente. Precisava ligar para o Sérgio ou para qualquer pessoa que fosse dentro daquela agência, eu não teria condições alguma de ir trabalhar hoje. Quando me dei conta, novamente, que ainda era muito cedo e ele poderia nem estar acordado, deitei na minha cama mais uma vez, passando o braço sobre os meus olhos e os fechando. Eu só queria encontrar a minha paz interior de novo, eu só queria me entender e tentar compreender todos os propósitos que os acontecimentos em minha vida tinham e enfim, me reconectar comigo mesma. Para falar a verdade, aquela era a minha luta diária e a minha maior proposta pessoal, desde que vim pro Rio de Janeiro.
Perdi a noção do tempo em que fiquei ali. Por ora, nem pensava em nada, mas só o fato de não estar em meu estado normal me perturbava. Assim que saí daquela posição, me esticando para pegar o celular, vi que eram 07:00, então já estava mais do que na hora de ligar pra falar sobre a minha falta.
Nina: Alô? - tentei manter uma voz firme, assim que ouvi a chamada sendo atendida pelo Sérgio.
Sérgio: Alô? Nina? - ele disse em um tom ainda confuso, talvez em dúvida.
Nina: Oi Sérgio, sou eu sim. Nina Barsanti.
Sérgio: Ah sim! Olhei no visor meio apressado, desculpe-me.
Nina: Que isso! Não te acordei não, né?
Sérgio: Não, claro que não! Hoje a equipe da Caderno Ela vai estar lá 08:00, esqueceu? Ou não tá incluída no perfil? Estou saindo pra ir a agência já.
Nina: Eu tô sim. Na verdade, eles queriam mais morenas com os olhos claros, mas o Jeff pediu que eu fosse com a Ananda, a Fernanda, a Leônor e a Cinthia, porque ainda com essa exigência que a gente não se enquadraria, a equipe tinha elogiado muito os nossos perfis. 
Sérgio: Maravilhoso! Ele agiu certinho - acabou me interrompendo, provavelmente empolgado com o profissionalismo do Jeff.
Nina: Pois é, mas era sobre isso que eu queria falar... Eu hoje não estou me sentindo nada bem. Não consegui dormir essa noite e estou com uma dor de cabeça fora do normal! Não tenho condições e nem cara para chegar lá pra me apresentar pra possibilidade de estrelar campanha.
Sérgio: Está falando sério, Nina? Você já se medicou?
Nina: Tomei um remédio agora pela manhã, quando consegui levantar. Mas acho que não seria válido para eu ir, entende? Não sei se prejudicaria muito, só que também meu perfil não é a primeira opção deles. O que achas? Eu tenho mesmo que ir?
Sérgio: Aparecer lá com olheiras e cara de doente não vai te fazer ganhar campanha nenhuma, muito pelo contrário, vai ser só perda de tempo e cartucho - ele suspirou, sem esconder a frustração - Mas olha só, Nina, você se cuida e tenta resolver isso o mais breve! Sabe que na sexta feira o pessoal da Anthropologie vai lá e eles estão querendo você! Vieram com a sua indicação da Califórnia, eu não tenho como substituir nesse caso e uma falta pecaria muito na sua imagem como profissional.
Nina: Quanto a isso, podes ficar tranquilo! Sexta feira eu estarei lá prontinha.
Sérgio: Assim espero! Então fica em casa hoje, tenta ir a um médico se tudo piorar e se cuida.
Nina: Tudo bem, obrigada, viu, Sérgio? De verdade.
Sérgio: Nada! Qualquer outro problema, me mantenha informado.
Nina: Pode deixar! Abraços.
Sérgio: Pra você também - desliguei aquele celular respirando quase como aliviada. Sabia que ele não tinha me dado essa folga de completo bom grado, mas só eu podia entender o quanto eu precisava ficar em casa hoje.
Estava num desânimo que, de fato, só iria me prejudicar na tentativa de ir para outro lugar. Diferentemente de muitas pessoas que viam trabalho ou saídas como válvula de escape, eu não era assim. Queria dar sempre o melhor de mim desde quando estava trabalhando até nas coisas mais simples - como ser uma companhia de brigadeiro numa sexta feira a noite - e então, o meu rendimento numa data dessa seria quase como negativo. Acabaria agregando mais uma coisa para não me fazer bem. Enfim, aproveitei o celular em mãos e algo mais forte do que eu me fez ir até a minha galeria. Rolando por ela era tão fácil ainda encontrar as minhas fotos com o Rafael que não resisti em revê-las. E assim deixar recair todas as lágrimas que ficaram presas por poucas horas nesse dia. Passei por diversos momentos, diversos sorrisos, diversos lugares, mas sempre com a mesma pessoa. Aquela que hoje aniversaria e não está aqui. Encontrei uma foto dele maravilhosa, assoprando o seu bolo no último aniversário e cheguei a me arrepiar por ter encontrado aquilo ali. Naquele momento nenhum de nós diria que seria o último que comeríamos juntos. O imprevisível não é uma brincadeira, como a gente costuma levar. Perdi minutos observando aquelas fotos e o meu choro se intensificou quando veio a minha cabeça a música que sempre foi atemporal para mim, mas nos últimos seis meses eu evitei ouvir. Delineava já em minha mente aquele instrumental e lá me via cantarolando - mesmo que minha voz passasse longe de ser das melhores realmente - enquanto o polegar deslizava pela imagem. 
Ultimamente, tenho pensado quem ocupará meu lugar quando eu me for. Você vai precisar de amor para iluminar as sombras do teu rosto! Se uma grande onda cair e cair sobre todos nós, então, entre a areia e a pedra, você conseguiria se virar sozinha? Se eu pudesse, então, eu iria... Eu vou aonde quer que você vá! Bem lá em cima ou lá embaixo, eu vou aonde quer que você vá! E talvez eu descubra um modo de conseguir voltar algum dia para te vigiar, para te guiar, para te guiar nos seus dias mais negros. Se uma grande onda cair e cair sobre todos nós, então, eu espero que haja alguém lá que possa me trazer de volta para você (...)  Agora eu sei exatamente como minha vida e o meu amor poderão continuar em seu coração, em sua mente... eu ficarei pra sempre com você! 
Wherever you'll go, talvez sua letra já me fosse um aviso prévio durante toda essa vida que passei te considerando minha música preferida. Soltei um suspiro que quase soou como um soluço, deixando meu celular sobre a cama e tentando me recompôr minimamente que fosse. Refiz o rabo de cavalo em meu cabelo e peguei o aparelho novamente, desbloqueando e vendo a mesma foto que ainda estava ali aberta. Decidi postá-la. Queria escrever alguma coisa, externar o que quer que fosse que soasse um pouco mais de felicidade na tentativa de viver esse dia da maneira que o Rafael gostaria de me vê, por mais difícil que fosse.
@ninabarsanti 25 anos de vida. Hoje poderia se completar mais um, daqueles bem do jeitinho que você adorava. Sem muita festa e sem nenhuma surpresa, porque depois de levar vaca no mar, isso era a coisa que você mais odiava. Ah, claro, não poderia faltar o bolo de chocolate com maracujá. Chocolate, porque era o seu preferido, e maracujá, porque você sabia o quanto eu adorava essa combinação. Se você estivesse cercado da sua família e dos seus amigos a qualquer hora desse dia, eu já entendia que tinha ganhado o presente que desejava. Estar com quem você amava era a sua maior riqueza e esse coração gigante não fazia questão de esconder isso de ninguém. O mundo poderia acabar sempre nessa noite, quando nos deitávamos e você me agradecia. Muitas vezes, eu não tinha feito nada e tinha consciência de quem deveria agradecer era eu por ter você. Mas ainda sim, você repetia aquele "obrigado" e seguia com o "eu te amo, gostosa" que nunca faltava antes de dormir. 
Anjos sabem contar? Os dias existem aí em cima também? Caso todas as respostas sejam sim, eu só desejo que o seu seja tão incrível como foi todos os anos. Te conhecer e me sentir amada por você faz eu me sentir a mulher mais abençoada dessa vida inteira. Só agradeço a Deus por ter podido te amar tanto. E continuar te amando. Todos os dias. @rafaeldaher
flaviafontes Espero que você esteja bem. A vida é um eterno aprendizado e devemos sempre ter gratidão por tudo que passa em nossas mãos.
miferreira Que mulher incrível você é. Eu chorei do começo ao fim! Não te desejo mais força, porque você é a força em pessoa. Só quero que tenha paz!
felipetorres Sem palavras... #DaherParaSempre 
helenadias Que sorte de vocês dois terem tido um ao outro. Ou melhor, ainda se terem. Rafael, inspire e conforte essa mulher. Esse amor é, realmente, de outro mundo!
leticiaalves @rafaeldaher que você esteja, acima de tudo, em paz. Muita luz nessa sua nova condição! Você é e sempre será um ídolo para todas gerações do surf.
suelencouto É de partir o coração, não tem como! Ainda que toda dor que isso envolva, não tem coisa mais linda do que pensar na existência de um amor tão genuíno.
jucavalcanti Arrepiou! Emocionou! Parabéns @rafaeldaher de onde você estiver.
sarahcoelho Que Deus te abençoe SEMPRE. Sua história é muito linda, que garra!
90_carlaseixas Observo seu instagram todos os dias para vê o que postas pro Rafael, mas essa foi, de longe, a mais linda. É mágico, transporta a gente para um outro mundo. Não vai existir relação mais surreal!
tainaalmeida Incrível esse texto e sua maneira de transmitir tudo o que deseja... Que seu coração seja sempre repleto desse amor que te alimenta inteira.
Fiquei lendo os comentários até perder de vista, não posso negar o quanto conseguia reorganizar a minha mente com aquelas palavras, ainda que a emoção continuasse a falar tão alto. Desde a morte do Rafael, eu encontrei um conforto muito grande vindo de pessoas, muitas vezes, desconhecidas, mas que pareciam ter a verdade necessária para eu atravessar o momento. Até hoje é assim e eu pude atestar isso nesta data, por exemplo. O instagram, principalmente, virou um cantinho que eu me sentia em um divã: falava aquilo que meu coração mandava e recebia respostas de milhares de outros corações tão bons que me faziam crer no ser humano. Realmente, me fazia bem e eu não me importava com a quantidade de tempo perdido dentre a leitura de todas aquelas palavras. Larguei o celular quando, depois de atualizar o feed, decidi fazer mais outra coisa para ocupar a minha cabeça e optei pela televisão, assim que vi o controle ao meu alcance. Rodei um pouco da programação na SKY, mas como não achei muita coisa que me interessasse a aquela hora da manhã, deixei no jornal da manhã e fiquei tentando assistir qualquer notícia que fosse, que no final das contas, não me prendeu em nada. Mas ainda sim insisti! Fiquei vendo televisão até ouvir o meu celular tocar e quando olhei no visor, descobri ser o Paulinho, pegando o aparelho para atender rápido.
Nina: Alô?
Paulinho: Oi, meu amor... - ele disse em tom continuativo e eu esperei ainda para ouvir o que ele tinha a dizer - Já tô um pouco mais aliviado que, pelo menos, tu me atendeu. Como você tá?
Nina: Mais ou menos, hoje tá meio foda, né?
Paulinho: Eu imaginei! Vi sua postagem agora, mas já tô desde a hora que acordei lembrando disso. Queria tá aí no Rio, ia passar o dia enchendo teu saco.
Nina: Juro que hoje eu não reclamaria! Mas vem cá, onde tás? Não sabia que tinha ido viajar.
Paulinho: Tô em Noronha.. Vim vê umas coisas do Revéillon e tal.
Nina: Ah sim, entendi. Vai voltar quando?
Paulinho: Amanhã ou depois, vai depender das coisas aqui. Tu num foi trabalhar hoje não?
Nina: Com quê cara? Não dormi nada, não ia valer muito a pena eu aparecer na agência hoje. 
Paulinho: Sério, Nina? Mas você tá sentindo alguma coisa? Ou foi só... pelo astral do dia? - percebi o quanto ele estava receoso com as palavras.
Nina: Tô até com um pouco de dor de cabeça, mas foi porquê não dormi, né? Tenho certeza que não é nada da saúde, é estado psicológico.
Paulinho: Foda, né? Pô, nem acredito que tu tá sozinha aí.
Nina: Demais... Não posso ficar parada pensando muito, sei lá - pausei - Mas relaxa, sabes que eu sempre dou meu jeito de ficar melhor.
Paulinho: Eu tenho certeza disso, você é forte pra caramba. E entendo também que é uma coisa meio natural, era pra ser aniversário dele, é a primeira vez que a data chega sem ele...
Nina: Pois é! Hoje é inevitável!
Paulinho: É.. - ficamos alguns segundos em silêncio e eu percebia o quanto ele queria, simplesmente, estar a me fazer companhia de algum modo, mesmo que não soubesse dizer as palavras certas. Paulinho sempre foi um cara sensacional e essa minha vinda para o Rio me comprovou isso ainda mais! - Tá se alimentando direitinho? Não se descuida, Nina.
Nina: Fome tá zero, mas eu tomei um café agora de manhã, depois penso em qualquer coisa pra fazer pro almoço. Mesmo não querendo, tô colocando na minha cabeça que certas coisas só vão piorar a situação.
Paulinho: Pois é! É isso que eu gosto de ouvir de você... Eu, realmente, não tenho muita coisa pra te falar... Acho que na real memo não existe! A gente sente mó saudade, mó dor, imagina o que tu num tá sentindo. Mas de qualquer forma, é bom tu saber que eu tô aqui, tá? Pode ligar, perturbar memo.
Nina: Eu sei! E é, realmente, muito bom saber disso. Rafael e a Califórnia me deixaram grandes presentes... Obrigada, Paulinho! Pela ligação, por ser esse coração grande aí.
Paulinho: A gente tá junto, pô! Agora mesmo sendo difícil, tu sabe que o maior presente dele era te vê sorrindo. Então desanima não, viu? Segue firme que cê é foda.
Nina: Obrigada, meu amor! De verdade! Quando voltar de Noronha, vamos marcar alguma coisa?
Paulinho: Com certeza! Eu te ligo! Mas se antes disso você precisar, sabe qual é.
Nina: Eu ligo, fica tranquilo. Obrigada por tudo, mais uma vez!
Paulinho: Tem de quê não, fica bem aí.
Nina: Você também. Beijão, aproveita.
Paulinha: Valeu, se cuida! - desligamos a chamada e não sei, mas pela primeira vez no dia, algo muito perto de um sorriso se esboçou no meu rosto. 
Embora toda a dificuldade da data, da vida que se seguia desde então, muitas coisas vieram a se tornar muito positiva, como as pessoas que passaram a me rondar. Não foi só na internet que eu descobri milhares de users que vinham com palavras incríveis a me confortar cada dia um pouco mais. Eu tinha ganhado outras pessoas que estavam bem ao meu lado ou que foram aparecendo com o tempo que me fazia crer que o ser humano, quando queria, podia ser a peça mais maravilhosa desse mundo. Talvez, mais uma das missões do Rafael na minha vida tenha sido deixar essa lição para mim: A gente sempre pode acreditar um pouco mais nas pessoas.
[...]
Por volta das 14:00, o máximo que eu tinha levantado da cama para fazer era pra tomar um banho, tentando deixar um pouco de lado aquela energia que eu estava. No entanto, pela falta de fome, me dei conta que até o almoço eu tinha adiado para fazer e até então, nada estava preparado na minha cozinha. Tava lá deitada, seguindo a programação da Globo, ainda que sem prestar atenção em grandes coisas ou como deveria. Quase que como num susto, ouvi tocarem lá em casa e permaneci achando que não deveria ser, até que fizeram isso novamente. Peguei meu celular, desligando a televisão com certa pressa e fui vê quem poderia ser. Achei minha chave lá sobre o rack e abri a porta, me surpreendendo ao dá de cara com a Ananda lá, cheia de bolsas na mão.
Ananda: Aqui é assim... Se Nina não vai até Ananda, adivinha? - falou num astral tão divertido que eu acabei por rir.
Nina: Vai, guria, passa com essas bolsas pra cá - falei dando passagem para ela que logo entrou e me esperou ali na sala, enquanto eu fechava a porta - Tás vindo da agência?
Ananda: Eu fui pra agência, mas passei no Pomar Orgânico antes de vim pra cá. Aliás, posso colocar isso lá na cozinha?
Nina: Claro! Vem, vamos lá! - disse ainda meio incrédula com aquela atitude dela e a gente seguiu até a cozinha, onde ela colocou todas as bolsas sobre a mesa e começou a tirar os potes, sem me deixar falar sequer uma palavra.
Ananda: Olha só, eu trouxe saladinha pra gente... Comprei um mix de folhas mesmo, porque os outros sempre tinha alguma coisa que eu não gostava, tá? Aí trouxe também esse risoto que tava com uma cara maravilhosa e ainda vi sobremesa. A moça me disse que era tudo sem glúten, sem lactose, sem graça, aí sabia que você não ia me recriminar - disse tirando os dois últimos potinhos, me vendo rir, mais uma vez - Tchanãm! Brownie de cacau.
Nina: Você é louca, guria! E se eu já tivesse almoçado?
Ananda: Você ia comer mesmo assim, porque me deu foi trabalho, viu? - falou me encarando - Tô brincando, amiga! Mas sei lá, quis fazer alguma coisa e vim almoçar contigo... Como você está?
Nina: Pior do que eu pensei que fosse ficar, mas também mais ou menos.
Ananda: Ai, me abraça aqui, por favor - ela se aproximou de mim, com os braços abertos, e fez aquele gesto com uma força que me fazia entender o porquê dela estar ali - Não podia te deixar sozinha hoje. Quando o Sérgio disse hoje que você não ia, eu vi sua postagem e ainda falei com o Filipe, logo entendi o porquê - a gente se separou, mas ela manteve segurando as minhas mãos - Tá com fome? Vamos comer?
Nina: Não tô com muita não, mas pela sua cara, tu tá, né?
Ananda: Aham - ela disse rindo - E a senhorita tem que comer também... Bora, vamos sentar aí.
Nina: Deixa eu pegar os talheres e uns pratos também, é melhor, né?
Ananda: Só pra botar embaixo, vamos sujar menos coisa - assenti, indo pegar as louças e logo me sentei ali com ela.
Nina: O Sérgio falou mais alguma coisa sobre eu não ter ido?
Ananda: Quando ele chegou lá, avisou ao Jeff só e como eu falei com ele também, disse que estava mais preocupado com o compromisso de sexta. Mas garanti a ele que ele nem precisava esquentar a cabeça com isso! - começamos a destampar os potes para comermos.
Nina: Ele falou isso comigo também... Já deixei avisado, eu com certeza estarei lá sexta feira. É que hoje...
Ananda: ... Não precisa se justificar pra mim, né? - ela disse me interrompendo - Eu acho que você fez mais que certo em ficar em casa! Não tem porquê sair se sentindo mal. E outra coisa, acabou que eles ficaram só com modelos do porte que pediram, ou seja, iria realmente lá a toa.
Nina: Quem que escolheram?
Ananda: Eles disseram que queriam só duas, mas acabou que vão fazer a campanha com três. Ficaram com a Aline, a Ingrid e a Beta.
Nina: Beta?
Ananda: É, acho que você não sabe quem é... Ou sei lá, se vê, deve lembrar. Ela tava lá até no dia que teve coisa pra Malhação.
Nina: Nossa, naquele dia tinha tanta gente lá que de nome eu não vou lembrar mesmo.
Ananda: Ah é, isso é verdade - falou começando a comer, sendo acompanhada por mim - Mandei bem nas comidas?
Nina: Sim senhora! Lá tem muita coisa maravilhosa.
Ananda: Aham, por mais incrível que pareça, eu também curto - rimos 
Ficamos conversando ao longo do almoço mais sobre a comida em si e na hora do sobremesa o foco foi totalmente para aquilo que estava, simplesmente, sensacional. Arrastamos ainda uma certa discussão enquanto jogávamos fora os potes, porque eu falei a Ananda que a gente iria dividir o que ela pagou com tudo aquilo, mas ela se sentia muito óbvia na razão de arcar com aquilo sozinha.
Ananda: Nina... - ela disse depois de alguns minutos que já tínhamos ido para a sala e acabamos por nos ver em completo silêncio - Você quer conversar um pouquinho?
Nina: Não sei - falei me ajeitando no sofá, virando de frente para ela - Eu não quero mais chorar - disse comprimindo os meus lábios em seguida.
Ananda: E você não precisa... Você é tão forte! - falou apoiando uma das mãos em minhas coxas - Eu só perguntei, porque ás vezes quando a gente coloca pra fora, as coisas passam mais rápido.
Nina: Eu sei! Mas acho que nem se eu gritasse em um lugar que faça eco essa dor ia passar de uma vez, entende? É uma coisa que não tem cura. Só que hoje, especialmente, eu não tô sabendo lidar - falei enquanto meus olhos marejavam por completo - É difícil de entender.
Ananda: Então deita aqui, ó - disse se afastando, indo para a outra ponta do sofá e dobrando as pernas - A gente fica quietinha e eu respeito isso. Quero só que você tente ficar bem como nos outros dias.
Não conseguia dizer mais nada e acabei cedendo em me deitar no colo dela. Ananda ficou fazendo carinho em meus cabelos e algumas lágrimas teimosas insistiram em cair, mas exatamente como ela disse, ficamos quietinhas, mais uma vez. Poderia considerar a Ananda mais uma das gratas surpresas que a vida me trouxe. Não acreditava em substituições de ninguém, mas o meu anjo estava, cada dia mais, caprichando na escolha daqueles que colocava em meu caminho.

Nina: OFF
Lucas: ON

Passei a quarta feira quase que inteira no Projac. Estava com muitas cenas para gravar e hoje foi um daqueles dias que escolheram para colocar tudo em pauta. Mas também, por um lado, isso foi ótimo, porque eu consegui me dedicar cem porcento ao meu trabalho e abstrair tudo aquilo que me tomava como preocupação. Só por volta das 16:30 foi quando eu entrei no camarim para me livrar do Uodson, já com o pensamento pronto pra organizar meu resto de dia, afim de encaixar um horário para eu ir treinar também.
Lucas: E aí, parceiro - falei dando um leve tapa nas costas do Nego, que era o único ali - Cê vai embora também? - falei percebendo que ele trocava de roupa.
Nego: Tô indo, mlk... Vê se ainda tem dia pra fazer alguma coisa - disse rindo e causando isso em mim, enquanto eu tirava a camisa - Aí, tua sorte que eu sou gostoso pra caralho e nem fico constrangido de tá do teu lado sem camisa, sacou? - falou me fazendo olhá-lo, gargalhando.
Lucas: Cê é um figura memo - disse ainda recuperando o ar - Ih aí ó - falei assim que ouvi um barulho de toque do celular - Sua patroa tá aí ligando e cê nem tá vendo.
Nego: Porra, é o meu? Deixa eu catar - falou meio com pressa, procurando o celular e só o encontrando no sofázinho - Deve ser o teu aí, chefe, aqui tá tocando não
Lucas: O meu...? Ih, pode memo, eu coloquei pra tocar pra poder ouvir se chamasse e esqueci disso - falei terminando de vestir minha camisa e indo pegar meu celular, vendo uma chamada perdida lá - É, Nego, era o meu memo.
Nego: Me assusta não, já pensei em vinte e sete chamadas perdidas e Crislaine falando por mais duzentos e setenta dias - gargalhei
Lucas: Que isso, mulher quase num reclama disso
Nego: Pô, quase nada... Ela então - falou rindo, terminando de se arrumar, enquanto eu foquei lá no celular. A chamada era de um número que eu não conhecia e olhei o prefixo, descobrindo ser aqui do Rio mesmo. Não tive muito tempo pra pensar, porque logo uma outra chamada se iniciou e embora eu não gostasse muito de atender número assim, como tava ali na minha mão, atendi.
Lucas: Alô?
Ananda: Alô? Lucas?  
Lucas: Uhum, quem é? - assenti, ouvindo aquela voz feminina lá do outro lado.
Ananda: É Ananda... Amiga da Nina, do Paulinho... Sabe?
Lucas: Ah sim, oi! Tudo bom com cê?
Ananda: Tudo sim e contigo?
Lucas: Tô bem, cara. Mas então... Aconteceu alguma coisa? - sinceramente, me preocupei. Aquela ligação não estava nem um pouco normal, ainda mais para quem não tinha o meu número até então.
Ananda: Mais ou menos - meu maxilar travou, sem mais nem menos, e eu sentia que aquilo tinha alguma coisa a ver com a Nina - Assim, primeiro desculpa por tá ligando pra você, a gente nem tinha trocado número, mas eu consegui falar com o Paulinho antes e ele me deu - ouvi o tom continuativo dela, então me calei, esperando que ela prosseguisse e me sentando lá no sofázinho - Hoje seria aniversário do Rafael, eu não sei se você chegou a vê a postagem que a Nina fez e tipo, o dia tá horrível pra ela, né? Por razões um tanto quanto óbvias. Ela nem foi trabalhar hoje e eu fui levar almoço pra ela, pra vê como ela tava e cara... Mesmo sem ela nunca ter conversado comigo abertamente sobre essa história, eu sempre vi uma Nina muito forte frente essa perda, alguém que sabia lidar com isso, sabe? Mas hoje não, hoje tá diferente. Parece que essa força dela se perdeu - meu coração se apertou só de pensar e eu realmente não entendia que tipo de ligação era essa que eu tinha com a Nina - Só que assim, eu saí da casa dela faz pouco tempo, a deixei dormindo até, mas não podia ficar mais lá. Hoje também é aniversário da minha mãe e eu precisava voltar pra casa! Só que eu não queria deixá-la sozinha, entende? Mas trazer ela pra cá, com esse clima de festa, acho que só ia piorar as coisas pra ela. Tentei falar com o Paulinho também, mas ele tá em Noronha, então a pessoa aqui no Rio que podia sei lá, fazer uma companhia que fosse a ela, seria você. Eu sei que pode parecer muito abuso, Lucas, mas eu tô preocupada, descul...
Lucas: Relaxa - foi a única coisa que consegui falar, a interrompendo - Tanto pelo número, quanto pelo seu pedido. Eu entendo, Ananda! Não tenho visto a Nina esses dias e passei hoje trabalhando a beça, então também nem vi nada... Mas que situação! Eu não sei se posso ajudar, só que.. Cê acha que seria bom eu dá uma passada lá? É isso?
Ananda: Trocando em miúdos, sim. Se isso não for te atrapalhar, claro! A Nina é sozinha aqui no Rio, quem ela tem mesmo de mais próximo sou eu, o Paulinho... e bom, vocês tem ficado mais íntimos agora, eu pelo menos acho. Eu acho que faria bem a ela entender que em qualquer lugar, ela está cercada de pessoas que só querem que ela esteja em paz, né? Sem contar que tem que ficar de olho se ela tá comendo e tal. Pode ser uma passada rápida, o que você puder fazer, eu já te agradeceria muito, Lucas.
Lucas: Não tem nem porquê, aliás, a gente mora no mesmo lugar também. É só que eu não sabia disso tudo e tô tentando assimilar... Mas eu vou fazer alguma coisa, tá? Pode ficar despreocupada.
Ananda: Tem porquê sim! Eu não vou saber te agradecer, mas tem.
Lucas: Fica tranquila! Qualquer coisa eu te aviso. Eu também fico preocupado com ela...
Ananda: Eu sei que sim. É uma situação difícil até pra gente saber como lidar, mas a Nina é forte, ela é... sensacional! - ela parecia sorrir lá do outro lado ao falar da amiga e como um gesto de consentimento, ainda que involuntário, fiz o mesmo desse lado - É só pelo dia mesmo, eu acho que não tem como ficar de outro jeito.
Lucas: Pois é, deve ser muita lembrança, muita coisa. Mas ela é admirável memo, Ananda, vai passar.
Ananda: É o que eu mais espero que aconteça pra que, pelo menos, ele volte a se acalmar.
Lucas: Vai sim! Então eu vô lá, viu? E salvar seu número aqui também - dei um leve risinho e ela acompanhou.
Ananda: Tá certo, Lucas! Farei o mesmo e qualquer coisa tu me liga. Obrigadão, viu? Desculpa se atrapalhei.
Lucas: Nada, que isso! Beijão então, fica com Deus.
Ananda: Você também - a ouvi encerrar a chamada e coloquei logo meu celular ali em cima, pegando com certa pressa meu tênis para colocar.
Não tinha visto nenhuma postagem da Nina, realmente, e mesmo que tivesse tido o dia mais livre, talvez nem tivesse prestado atenção, ainda que visse. Eu confesso o quanto estava evitando vê ou pensar nela, depois da maneira completamente cheia de impulso que agi no domingo. A Nina era uma mulher... Linda, por sinal, além de eu carregar uma dose de admiração por ela fora de série. Eu tinha essa clara vontade de cuidar dela e por mais estranho que pareça, aconteceu desde quando soube tudo o que ela tinha passado. Mas eu repito: Era uma mulher... Linda... E isso confundia, de certa forma, a minha cabeça. Os desejos eram inevitáveis, mas a ação podia ser controlada. E eu sentia que, com certo pesar, tinha agido de maneira errada com ela. A Nina não estava preparada e poderia até ousar em dizer que não se tornaria mais aberta a algum outro homem. Minha vontade de estar ao lado deveria se reprimir, apenas, na amizade e no aprendizado que era compartilhar qualquer coisa que fosse entre nós dois. Não queria romper o laço que estávamos criando, até porque essa instantaneidade de afinidade nunca tinha acontecido antes na minha vida, mas para ficar por perto, teria que ganhar esse confronto interno entre o correto e as minhas vontades de homem. 
Nego: Coé, mlkinho, essa pressa aí é porque arrumou uma hoje? - falou divertido, cortando os meus pensamentos.
Lucas: Arrumei foi problema - falei amarrando os sapatos.
Nego: Ih, sai fora... Tem a vê com mulher memo?
Lucas: De certa maneira, sim
Nego: Qual é dessa aí? Casada?
Lucas: Não, pô, menos - falei, acabando por rir e já calçado - Quer dizer, sei lá, ás vezes o problema é equivalente. Enfim, cê tá indo embora já?
Nego: Vou agora, por quê?
Lucas: Bora então que a gente vai conversando até lá o carro
Nego: Suave - ele assentiu, enquanto eu me levantei e fui pegar minhas coisas, deixando só meu crachá do lado de fora da mochila, pra poder apresentar lá na portaria e já tava pronto pra ir embora, praticamente - Bora, Lucas?
Lucas: Bora, bora - falei pondo a mochila nas costas e a gente foi saindo juntos pelos corredores.

Lucas: OFF
Nina: ON

Dormi sem perceber por algumas horas da tarde e só percebi o quanto eu precisava daquele descanso quando acordei, me dando conta que a Ananda não estava mais por ali, mas havia deixado o recadinho mais fofo do mundo. Levantei-me afim de tomar um banho, tirando do meu corpo aquela moldura do sofá e depois daquilo, embora tivesse toda a leveza do mundo em mim, a existência daquela data pesava mesmo assim sobre os meus ombros. Para completar tudo, ainda conversei com a Rosângela por mensagem e com a minha família pelo Facetime - a primeira por preocupação de como ela estava passando o dia e as segundas por razão das preocupadas serem ela sobre mim - e aquilo parece que me retornou a realidade de que eu estava vivendo. O sono me ausentou, de certa forma, do que eu sentia, mas não conseguia ocultar a minha tristeza. Não hoje! Fui até a cozinha, onde a intenção de preparar algo para mim se esvaiu e eu acabei ficando só no copo d'água mesmo, pegando o telefone que estava sobre a bancada para enviar uma mensagem pra Ananda, visto que nem isso eu tinha feito ainda e já eram, praticamente, 18:00. Escrevi e a mandei tudo o que eu queria, nem conseguindo completar o meu checar ás redes sociais por ter ouvido tocarem lá em casa. Mais uma vez e no mesmo dia, me surpreendi com aquilo, no entanto, de contrário a primeira, eu fui logo até a porta para abrí-la. Peguei a chave sobre o rack e quando encarei quem estava na minha entrada, o susto foi tão grande que fez as minhas pernas tremerem.
Nina: Lucas? - parece que a minha voz saiu tão trêmula quanto os meus músculos.
Lucas: Oi - ele disse sem esconder o quão sem graça estava, por mais difícil que eu pensei que fosse vê-lo dessa forma - É... Eu posso entrar?
Nina: Pode! Claro - falei um tanto quanto apressada, deixando-o passar para dentro da minha casa e fechando a porta, percebendo logo em seguida que ele não sabia muito o que dizer por estar ali - Tá acontecendo alguma coisa? - disse aquilo, arrumando um pouco do meu cabelo, mas tão perdida quanto ele. Não tínhamos nos visto, desde então, e eu não esperava que ele fosse me procurar tão cedo. Pelo menos, não justo hoje.
Lucas: Na verdade... Bom... Nina, vamos sair? - ele soltou aquilo depois de algumas tentativas, sem me encarar e com as mãos afundadas nos próprios bolsos.
Nina: Sair? Assim? Do nada? Hoje eu não tô...
Lucas: Eu tô falando sério - ele disse me olhando firme, pela primeira vez hoje - Deixa eu te levar em um lugar. 
Nina: Eu também tô falando sério. Eu não estou uma boa companhia!
Lucas: Mas eu quero que cê seja a minha companhia... Não teria vindo aqui, se não quisesse tanto e não soubesse do quanto cê está precisando - continuei o olhando, ainda sem saber muito o que dizer. Não conseguia identificar se ele sabia que dia era hoje, se tinha visto algo, mas o que era fácil perceber, de novo, a sua vontade de me ajudar em qualquer aspecto que fosse se sobrepôr a qualquer outra situação - Eu sei que seu dia não tá fácil, mas eu quero que a gente saia exatamente pra isso, pro cê esvaziar um pouco. Na verdade, quem tem que ser uma boa companhai hoje sou eu! Cê não.. É só ir... - ele concluiu, parecendo perdido em suas palavras.
Nina: Mas pra onde? E sabes que... hoje seria aniversário do Rafael? - falei jogando meu cabelo que estavam nos ombros para as costas.
Lucas: Sei! E não estaria aqui se o motivo fosse outro.
Nina: Eu não sei o que te responder.. Olha como eu tô também - falei fazendo menção a minha roupa que estava mais de casa, mais despojada, impossível. Na verdade, eu já tava com vergonha das minhas vestimentas e do modo que eu estava desde quando abri a porta e me deparei, inesperadamente, com ele.
Lucas: Eu espero cê se trocar... Mas tem que ser logo, porque acho que a gente precisa ir rápido - ele disse olhando o relógio que estava no pulso.
Nina: Tás louco? Me fala.. Pra onde a gente vai?
Lucas: Nina... Por favor... Eu não vou falar mais nada pro cê - soltei o ar pesado dos pulmões assim que ele terminou de falar.
Nina: Tudo bem! Dez minutos? - ele assentiu com a cabeça - Fica a vontade aí, então... Acho que tu já sabe, mais ou menos, as coisas.
Lucas: Pode deixar - não disse mais nada e realmente, fui até o meu quarto o deixando ali pela sala.
Eu podia jurar que eu tinha pegado no sono de novo e que aquilo ali não era realidade. Não conseguia acreditar direito e muito menos entender que tipo de reação era aquela do Lucas. Para onde iríamos? E bom... Ele, realmente, não tinha outro dia para me procurar? Troquei a minha roupa sem deixar minha cabeça quieta um segundo sequer. Vesti um short jeans bem claro com uma bata flare de manga comprida e com um tamanho também grande, visto que tampava boa parte do meu short, e ajeitei o que dava do meu cabelo. Pus um brinco + relógio, calcei um chinelo, escovei os dentes e daquela maneira, após me perfumar, eu desci, chamando a atenção do Lucas que parecia já estar premeditando que eu me aproximava. Sua inquietação era grande e ele não parecia estar tão a vontade quanto todas as outras vezes que compartilhamos momentos juntos. Eu entendia, de certa forma, mas também me enchia de dúvidas aquelas pernas balançando, demonstrando sua ansiedade: Por quê estava aqui?
Lucas: É... A gente pode ir? - disse se levantando do sofá, passando a mão sobre os cabelos.
Nina: Podemos... Vamos de carro? Porque eu tenho que achar...
Lucas: ... Vamos - ele me interrompeu, premeditando minha fala, provavelmente - Mas eu tô com o meu aí... Bora lá!
Apenas assenti e peguei a minha chave de casa, colocando meu celular no bolso e nós fomos saindo. Ele ainda me esperou fechar a porta e nós fomos até o seu carro que estava estacionado bem ali na frente. Cumprimentamos uma família de vizinhos que passava - e acho que as duas crianças que estavam com eles ficaram um pouco surpresa com o Lucas, pelas carinhas lindas que fizeram - mas entramos no mesmo sem sermos parados. Ele deu partida, ligando o rádio numa música do momento que tocava por lá, mas aquele silêncio me incomodava. Mais uma coisa para o dia de hoje, inclusive. Não estava me sentindo bem e o que parecia ser para me fazer confortável, estava piorando, posso confessar. Mas não tinha voz para externar isso! Queria entender o que ele estava querendo e com certa pressa, não demorou muito tempo para que me mostrasse: Lucas estacionou em frente a praia, ali na Barra mesmo, no entanto uma que costumava ser um pouco menos movimentada - a da Reserva. Olhei para ele, que mais uma vez não me retribuiu isso e já estava destravando as portas, enquanto tirava o próprio cinto. Fiz o mesmo gesto e saímos do carro logo que ele desligou o rádio. Ouvi o barulho do veículo fechando e ele deu a volta, até chegar a mim. Encostou as costas no carro, bem ao meu lado e cruzou os braços, encarando a própria frente.
Lucas: Acho que esse lugar cê já é bem familiarizada, né?
Nina: É... Eu não esperava que tu me trouxesse aqui... Por quê fez isso? - disse repousando as costas do meu corpo ali no carro também.
Lucas: Não sei... Quer dizer, eu sei! Vem cá - segurou uma das minhas mãos, me puxando pelo calçadão e embora eu quisesse recuar, parecia que eu não conseguia. Algo me impulsionava além da forma com que ele me arrastava. Já estávamos de pé na areia, quando ele parou em algum ponto da praia e se sentou, por ali mesmo, sem muita cerimônia - Vai ficar de pé?
Nina: Lucas... O que está acontecendo? - falei e finalmente o vi virando para mim, como quem realmente fosse falar algo que fizesse sentido. Enquanto ele procurava as palavras para me responder, me sentei ao seu lado.
Lucas: Eu quero que cê me diga isso! Eu trouxe cê aqui, Nina, porque eu quero que a gente converse... Quero que cê me fale tudo o que tiver aí dentro. Eu não sou a melhor pessoa pra te ouvir, mas eu quero que cê fique bem. Não sei porquê, mas desde a primeira vez que eu soube tudo o que cê passou, eu já quis isso. Então pode me usar... Me usa e fala tudo o que tiver precisando. Mas não se sinta mal! Eu sei que o dia tá complicado pro cê e minha mãe sempre disse que desabafar era a melhor maneira de não se entristecer... Será que não é disso que cê tá precisando? - falou me surpreendendo e bom... não era a primeira vez que ele conseguia causar isso em mim.
Nina: O meu problema é que sobre isso eu nem sei desabafar - falei já vendo o quanto eu precisava falar, mas não sabia como - Eu posso ousar a dizer que eu lido muito bem com a morte do Rafael, Lucas. Os primeiros dias foram terríveis, mas eu consegui viver, de alguma forma. Eu fiquei ainda todo esse tempo na Califórnia, na casa que a gente morava, as nossas fotos, as nossas lembranças... tudo ainda está por todo lugar. Isso nunca me fez mal, muito pelo contrário, parecia que essa era a única maneira que eu tinha de tê-lo por perto. Mas eu não sei - disse sentindo os meus olhos marejarem e dessa vez não permiti me conter quanto a isso - É como se eu não soubesse deixar de amá-lo. Quando a gente ama muito alguém e ela é tirada da gente assim, do nada, é tão difícil se acostumar, achar que aquilo é normal - falei sentindo as lágrimas atropelando umas as outras em meu rosto e o Lucas ali, ao meu lado, prontamente me ouvindo. Era bizarro, mas ele conseguia arrancar de mim coisa que pessoas que me conheciam a anos, não conseguiram antes.
Lucas: É porque é uma situação que, mesmo a gente sem poder fazer nada para mudar, não deveria ser feita para nós nos acostumarmos. Isso chega a ser cruel...
Nina: Exatamente! - concordei, quase o interrompendo - Eu nunca quis enxergar por esse ponto, sabe? Eu sempre tentei me mostrar positiva quanto todas as coisas que aconteceram na minha vida, mas.. Mas eu sei lá! Hoje, por exemplo, é um dia que eu só consigo vê esse acontecimento por esse ponto de vista. A falta que o Rafael me faz é cruel! Não tem outra palavra pra justificar isso - parei de falar ao sentir a garganta travada e não consegui prosseguir. Senti o Lucas passar seu braço sobre os meus ombros e me trouxe para mais perto do seu corpo, me deixando chorar ali com ele. Eu não queria sentir isso, mas também sabia que no fundo, eu precisava, realmente, me livrar daquilo para voltar a energizar somente coisas boas no que se desrespeitasse a minha história com o Rafael. 
O Lucas me deixou quietinha, daquele jeito como quem indicasse que a conversa só voltaria quando eu quisesse falar e eu permiti que ficasse quieta um tempo, tentando deixar aquele choro ir embora - pois ainda que ele tivesse me trazido aqui para me ouvir, não creio que me ver chorar dessa forma estivesse nos planos dele. Respirei fundo, limpei meu rosto e fiquei olhando um pouco para o mar, pedindo aquela conexão que nunca faltava entre mim e o Rafael.
Nina: É engraçado - me afastei um pouco do Lucas, passando a mão no rosto e chamando sua atenção para mim de novo - O Rafa sempre gostou que os amigos dele fossem lá em casa comer bolo, comemorar um pouquinho á essa hora - disse me referindo ao pôr do Sol, que a propósito, estava agora caindo lindamente sobre os nossos olhos - Se fosse muito tarde, ele ficava puto, porque eles sempre iam surfar cedo no outro dia e ele dizia que tinha que dormir logo - acabei rindo, em meio a essa lembrança e percebi que o Lucas me acompanhou.
Lucas: Ele surfava todo dia? - ele parecia querer esticar a conversa ao ver que naquela parte do assunto, eu ficava mais a vontade e leve.
Nina: Ah, quase todo! E eu tinha que ir junto, se eu tivesse em casa. Ás vezes nem tava afim de ir a praia, mas ele falava que eu tinha que tá lá na areia... 
Lucas: ... Devia ser pro cê ajudar a levar as pranchas - falou me fazendo rir.
Nina: Pior que não! Ele me chamava, né? Me acordava e tal, mas na hora de sair, ele levava as pranchas dele tudo embaixo dos braços e ainda saía na minha frente, andando quase que se equilibrando pra aguentar - rimos - Sorte que lá a gente mora muito perto da praia, então, ele até conseguia mesmo
Lucas: Que engraçado! É um estilo de vida totalmente diferente, né?
Nina: Total! Desde que a gente se mudou pra Califórnia, então, isso também mudou ainda mais. Tem horas que eu meio que me sentia em filme americano - ele riu
Lucas: Eu nunca tive vontade de morar fora, até porque minha vida é aqui, né? Mas deve ser uma vida mais tranquila... Ou pelo menos mais idealizada, sei lá.
Nina: É, mais ou menos. Acho que quando as coisas tão num sonho, elas costumam ser um pouquinho melhor do que quando vão para a realidade - dei uma risadinha e ele acabou me acompanhando - Mas eu não me arrependi em nenhum momento de ter ido pra lá. Além da qualidade de vida ser inegavelmente melhor, eu fui com o meu coração, sabe? Ele me impulsionou a ir e ajudar o Rafael a subir mais um degrau nessa vida de sonhos que ele levava. Tu trabalha dessa maneira também, entende do que eu tô falando.
Lucas: Ôh! 
Nina: Pois é! E hoje, então, vejo o quanto eu estava correta. Esse último ano que vivemos lá foi um dos melhores a respeito do nosso relacionamento também... Tudo estava dando certo, parecia que estava escrito que, ainda que fosse para terminar, seria deixando rastros bonitos.
Lucas: E deixou... Não é mesmo? - disse me olhando com toda aquela serenidade e eu assenti com a cabeça - Pra falar a verdade, não só deixou rastros bonitos, como moldou muito a pessoa que cê é. Essa é você! Essa que está agora na minha frente falando com tranquilidade e com alegria sobre o Rafael... Sem lágrimas e sem tristeza, espalhando apenas o amor que cê sabe falar como ninguém.
Nina: Acho que eu posso voltar a chorar de novo, se tu decidir ser poeta desse jeito pra falar sobre mim - soltei um sorriso, encarando o mar, mas não me desliguei da voz dele que logo começou a falar, mais uma vez.
Lucas: Tô longe de ser poeta, viu? - ouvi sua risadinha - Mas cê fica bem melhor assim... Sorrindo então, ôh!
Nina: Acho que isso é uma opinião unânime de todos que me conhecem - falei dobrando meus joelhos, deixando meus braços sobre eles e inclinando minha cabeça para olhar o Lucas - Você acredita que o Rafael, virava e mexia, comentava as minhas fotos assim linda, mas pra casar comigo tem que sorrir no instagram? - o vi gargalhar ali em minha frente 
Lucas: Esse cara era figura memo - falou ainda rindo - Mas tá vendo só? Também acho que cê é muito mais linda sorrindo. Tô percebendo que eu e o Rafael, mesmo sem nos conhecer, já tínhamos bastante coisa em comum
Nina: Eu também tô vendo... - pausei, voltando atenção ao Céu que já anoitecia de verdade, com o Sol praticamente posto e as luzes artificiais eram quem assumiam a função de iluminar por ali - Talvez isso explique muita coisa... - disse como quem queria completar, mas na verdade, eu não sabia que continuidade dar a aquilo ali. Lucas permaneceu alguns segundos em silêncio, talvez por aquela expectativa também de me ver prosseguir, mas logo resolveu falar ao perceber que me manteria quieta.
Lucas: O que cê quer dizer com isso?
Nina: Ah - me afastei um pouco dos joelhos, tentando manter a coluna mais esticada, mas consegui voltar minha atenção a ele - Tu não é só mais um cara legal, Lucas, sabes disso. A primeira impressão foi boa, os dias posteriores a isso foram melhores, mas posso te contar um segredo? Hoje tu superou todas as coisas que eu esperava de ti - um sorriso tão sincero se abriu nele que não sei explicar, mas foi como se pela primeira vez no dia, eu sentisse meu coração em paz - Tô falando sério! Depois de domingo...
Lucas: Não, Nina, eu não quero que a gente fale sobre isso - ele me interrompeu, me deixando ver seus ombros tensos.
Nina: Deixa eu falar, por favor - disse colocando uma das minhas mãos sobre a sua - Eu achei que a gente não ia conseguir manter esse relacionamento bom. Eu não sei o que a gente fez, o que aconteceu, mas isso também não me interessa muito agora. Hoje, tu fez tanta coisa por mim com um gesto tão simples que nem imagina... Eu costumo acreditar muito no lado bom das pessoas, mas a sua bondade é daquelas que tá todo mundo precisando ter... É infinita.
Lucas: Pô, num fala assim pra mim que eu choro - disse afastando nossas mãos, a levando para o rosto - Nina, eu só queria te pedir desculpa. Eu não sei também o que fiz naquele dia! Não posso te dizer que não era vontade, seria hipócrita, mas eu quero fazer muito mais por você. Não te procurei antes, porque eu também estava confuso e até envergonhado, eu juro. Mas eu quero ser seu amigo, eu quero que cê enxergue isso em mim. Fico muito feliz em saber que te trouxe um pouquinho da paz que cê passa, na verdade, todos os dias pra quem convive contigo.
Nina: Tu é incrível, só isso que eu posso dizer! - sorri junto com ele, soltando minha respiração - Me dá um abraço? Acho que só assim tu vai entender o quanto eu tô grata por hoje, por tu ter aparecido assim, por ter uma energia tão boa... 
Lucas: Se eu tenho memo, pode acreditar que cê também, porque não dizem que energia boa atrai energia boa? - concordei com a cabeça - Então, pronto! Tá tudo resolvido! Ou melhor, falta essa abraço aí que cê nem precisa pedir duas vezes  disse já de braços abertos e eu me aproximei, entrando naquele gesto.
Ele me abraçou muito forte. Uma intensidade que, se nunca recebi, foi em poucas vezes. Era quase uma proteção e eu conseguia sentir isso. O que dizemos ali não foi da boca pra fora e a energia que nos rondava ali era a prova disso: Sabíamos que tínhamos muito a trocar um com o outro e nossas similaridades nos aproximava de uma maneira absurda, além da afinidade que criamos num laço tão rápido, mas que ainda sim... tão forte. Podia, mais uma vez, usar essa palavra. 
Nina: A gente já vai? - falei assim que nos afastamos, naturalmente.
Lucas: Hoje cê que manda... Já quer ir?
Nina: Hoje é ótimo - soltei um risinho - Mas vamos, né? Tá, praticamente, a noite. 
Lucas: Então bora... Vamo lá levantar e tirar essa areia - riu fazendo o que falou logo que se pôs de pé e eu tratei de fazer o mesmo - Vô te esperar lá no carro... Né? - disse como quem já soubesse o que eu ia fazer, provavelmente se lembrando da última vez que estivemos juntos na praia.
Nina: Aham, já tô indo - sorri e o vi calçar seus chinelos, saindo pela areia, enquanto eu me aproximei um pouco mais do mar, mas não cheguei a molhar os meus pés, respeitando até certa distância em função da hora e da agitação que fazia ondas fortes baterem.
Sentia aquele vento normal que corria, mas em mim ele sempre batia de forma diferente. Ora mais dolorosa, ora como aquela certeza de que ele estava ali, bem comigo. E então... Como tá esse dia aí? Obrigada por ter me permitido passar seis anos comemorando essa mesma data e me perdoa por não saber comemorá-la tão bem sem ti aqui. É a primeira vez, é difícil ainda. Mas tu tá sempre cuidando de mim, né? Eu bem tô vendo a quantidade de gente boa que tô sendo cercada. Isso é obra sua, eu sei. Porém, ainda sim, com todas elas, quem eu queria que estivesse aqui era você... Seriam vinte e seis anos e eu ainda me recordo daquele porre, único a propósito que eu te vi tomar na vida, na sua festa de vinte anos. Agora eu tô aqui em frente ao mar, a noitinha, sem acreditar que naquele dia nós dois nos jogamos nele e bêbados ainda por cima. A gente podia ter ido embora aquela hora, você sabia, né? Deve até ter tomado bronca quando chegou aí! Mas, Deus adiou tudo. Tínhamos muita coisa para viver desde então. E vivemos... Tão juntinhos que a separação foi difícil. Foi brusca. Só que dessa vez, também, inadiável. Estou aqui hoje com um único propósito: Te agradecer por ter sido meu todos esses aniversários que passamos juntos. Todos esses dias. Por ter escrito seu nome na minha história. A gente vai compartilhar muita coisa ainda e eu sei que a minha vida não vai parar, só vai dá ainda mais certo, porque você continua a olhar pelos meus sonhos - só que agora numa visão privilegiada. Tô morrendo de saudade, viu? Te amo... parabéns, meu anjo. 
Sequei minhas lágrimas quando sussurrei as últimas palavras. Impossível não as deixarem cair... Mas respirei fundo, com as mãos no peito e me virei para alcançar o carro do Lucas com o coração sereno. Tinha conseguido o que eu queria: um pouquinho de paz. Voltei ao carro bem rapidinho, onde ele estava estacionado e o Lucas já lá dentro, que destravou as portas para que eu pudesse entrar.
Nina: Ei, pera aí - disse assim que bati a porta, o olhando em função do som que estava lá dentro - Quem tá cantando é você, né?
Lucas: Tá reconhecendo minha voz, Nina?
Nina: Tu não leva a sério que eu já te ouvi cantando várias vezes - falei revirando os olhos, puxando o cinto para colocar e o ouvi rir.
Lucas: Tô brincando, lindona! Sou eu memo... Coloquei pro cê ouvir, é o cd novo - ele pausou - Ah, podemos ir, né?
Nina: Aham - disse virando o meu rosto para ele - E sério? Ai, quero ouvir mesmo! 
Lucas: O caminho é curtinho, mas dá pro cê ter uma ideia de como tá - riu
Nina: Sim! Deve tá demais... Se até tu tá ouvindo..
Lucas: A gente tem que se auto dá essa moral né - rimos e ele deu partida no carro, tirando-o da vaga que estava estacionado.
Fomos o caminho distraídos pela empolgação do Lucas que me contava toda hora alguma coisa sobre esse novo trabalho. Mas no fundo, isso foi bom... Me arrancou boas risadas, além de me fazer conhecer um pouquinho mais sobre ele no mundo da música. 
Nina: Tu pode dizer está entregue, viu? - falei me livrando do cinto, assim que ele já dentro do condomínio, estacionou em frente a minha casa.
Lucas: Tá levando a sério esse meu ofício de seu motorista, hein? - falou me fazendo rir.
Nina: Tô brincando! Tô levando a sério que tu é a melhor pessoa no mundo pra me deixar sem saber te agradecer - me virei pra ele - Esse dia se tornou um pouquinho mais a cara do que costumava a ser, graças a ti. Obrigada!
Lucas: Não tem nada disso! Não posso te responder que não é nada fazer isso por você, porque pra mim é muito... Muito bom te vê assim mais alegre! Mas em questão de cê achar que me deve alguma coisa, tá por fora, Nina. Isso também faz bem a mim!
Nina: Que bom que é assim, então. Quero ser feita bem, mas fazendo o bem também.
Lucas: E faz, pode acreditar! Deve ser coisa de energia, né? - olhou pra mim com umas das sobrancelhas arqueadas e eu sorri.
Nina: Não tenha dúvidas! - tomei a iniciativa de abraçá-lo e quando nos soltamos, ele ainda deixou um beijo na minha bochecha. Nos despedimos com palavras comuns e eu fui saindo do carro dele, ainda acenando antes de bater a porta do carro.
Entrei em casa, não feliz como gostaria ou como o dia costumava pedir, porém em paz comigo mesma, de uma maneira que eu nunca pensei que conseguiria atravessar esse dia tão sinuoso, emocionalmente, por si só. 

Recadinho: Bom dia, meninas! Esse capítulo carrega uma parte especial por todas as lembranças que traz o Rafael, mas também é o início do fechamento desse ciclo na vida da Nina. Romance com o Lucas tá vindo aí e vai ter ela cuidando dele sim! (Vocês lembram disso? Hahaha). De qualquer forma, fiquemos com esse amorzinho que é o Paulinho, a Ananda e principalmente o Lucas na vida dela. 
Agora podem continuar comentando rapidinho assim que eu já tô louca pra colocar os capítulos que Lunina começa a existir mais casalzinho e principalmente, para pôr os capítulos inéditos haha beijooos!!

7 comentários:

  1. Esse capítulo é lindo demais! Ótimo relembrar ele! Ansiosa pelos capítulos e principalmente os inéditos. Posta mais 1 hj por favor. Bjs

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  2. Faz uns remenbees dela e do Rafa

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  3. Eu quero o próximo capítulo porque esse eu realmente não tenho muito o que falar, só o fato do Lucas ser maravilhoso. haha

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  4. Cont, me fazendo chora pela segunda vez,nao vejo a hr de chegar no cap 20

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  5. Chorei largada de novooooo. Já quero os próximos e já to lembrando de tudo. Beijao!

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  6. Meu ♡ ta aqui que n aguenta, ja chorei horrrores com a homenagem ao rafa, com as palavaras do Lucas, to louca pelo próximo capítulo :*

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  7. Nossa,meu coração não aguenta tanta emoção.lindos demais!lembrar o rafa é especial.continue logo!beijao

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