quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Chapter 08.

Quinta feira amanheceu e dessa vez eu acordei sem precisar do barulho do despertador soando aos meus ouvidos. Eram 09:15 e eu me levantei da cama, confesso que com certa preguiça, mas fui até ao banheiro por estar apertada para fazer xixi. Talvez, até, meu sono tenha se espantado por isso. Quando terminei minhas higienes pessoais, voltei á cama e me deitei lá novamente - algo nem tão normal assim de mim - para pegar o celular. Chequei minhas redes sociais e vi que tinha uma mensagem da minha mãe. Respondi por ali mesmo e acabei descobrindo que ela não tinha ido trabalhar por não estar se sentindo tão bem assim! Prometi chamá-la no Facetime daqui a pouquinho, então, resolvi me levantar pra tomar um café e poder fazer isso logo. Na cozinha, bati um suco verde para mim e concluí a preparação com uma panqueca de banana e canela - essa que de longe era minha preferida. Levei aquilo para sala, onde me sentei no tapete e apoiei as coisas na mesinha de centro e depois de ligar a televisão, fiz a minha refeição com toda tranquilidade do mundo. Intercalei minha atenção entre comer e a programação de tv e assim que terminei, deixei aquilo ali, pegando o meu celular que eu havia levado para vê se eu conseguia chamar a minha mãe. Logo na primeira chamada ela me atendeu, esboçando um sorriso em mim instantaneamente ao vê-la.
Daniela: Bom dia, meu amor! - ela disse sorrindo, deitada, provavelmente em sua cama.
Nina: Bom dia! Como tás, mãe?
Daniela: Com uma crise de enxaqueca daquelas... Como hoje não tinha audiência, só trabalho no escritório mesmo, deixei para amanhã. Trabalhar desse jeito não ia dá mesmo!
Nina: Ah é, tás muito certa! Tomou remédio?
Daniela: Aham! Quando eu levantei, mais cedo, tava pior. Agora tá melhorando...
Nina: Graças a Deus! Babi foi trabalhar?
Daniela: Ela foi! Ainda tomamos café juntas, aí depois que ela saiu que eu voltei pra cama mais um pouquinho - disse soltando um risinho - E tu? Vais trabalhar hoje não?
Nina: Vou, mas não na agência. Hoje é o dia da entrevista com a Glamour lembra que eu te falei?
Daniela: Ih, é verdade! Havia me esquecido completamente. Como tás com isso? Tranquila?
Nina: Na medida do possível, né? Eu nem tinha me ligado antes que ia ser logo um dia depois do aniversário do Rafael... Consegui acordar hoje bem melhor, tô com aquela tranquilidade de sempre, mas falar da história assim de novo...
Daniela: Não pensa assim! - ela me interrompeu, sabendo que eu não saberia prosseguir - Falas muito bem sobre o Rafa e sobre o que vocês viveram sempre, dessa vez não vai ser diferente. É só dizer com o coração que nada muda.
Nina: Eu sei - disse soltando o ar pesado de meus pulmões - Tô tentando ao máximo não pensar nisso, pra chegar lá e responder o que tiver, fazer as coisas da melhor maneira.
Daniela: Isso, Nina, é a melhor coisa pra ti. Deixar que os momentos sejam ditados pela hora em que acontecem, não por antecedência.
Nina: Uhum, então vamos falar de outra coisa? - a vi balançando a cabeça positivamente, com um sorriso no rosto - Eu tava aqui bem pensando num negócio... Amanhã eu, provavelmente, só vou trabalhar de manhã, no máximo até o meio da tarde.
Daniela: Tem fotos pra fazer? - ela disse, me interrompendo. 
Nina: Tenho! Campanha de uma equipe que já me conhecia lá da Califórnia, dá pra acreditar?
Daniela: Uau, filha! Que maravilha, hein?
Nina: Pois é! Também tô bem empolgada!
Daniela: Mas então, eu te interrompi... Que que tavas pensando?
Nina: Em ir pra aí amanhã, passar um final de semana com vocês, que tal? Vocês vão ficar em casa, né?
Daniela: Claro, Nina! Melhor ideia você não poderia ter tido. Mas tu já viu alguma coisa quanto á isso?
Nina: Não, ia falar pra ti primeiro. Agora que eu sei que vocês não vão sair, eu vou vê... Muito provavelmente, só vou chegar aí a noite e domingo eu tenho que vir, mas dá pra eu matar a saudade, né? E ainda nem fui á Balneário desde que eu voltei pro Brasil.
Daniela: Sim, é verdade. Vai ser ótimo, mesmo com o tempo curtinho... Te apoio e muito com essa ideia! - falou sem negar a empolgação.
Aproveitei todo aquele astral positivo que a minha mãe me dava e ficamos quase uma hora ali de conversa, matando bastante essa saudade que não estava fácil e falando ainda sobre essa minha passada em casa para eu ver como estavam as coisas por lá. Só desliguei quando disse que iria, então, vê logo as coisas da passagem e a gente se despediu com ela me tranquilizando ao máximo para o compromisso que eu teria lá na Glamour pela tarde. Assim que finalizei a chamada, antes ainda de vê qualquer coisa, eu decidi postar um dos prints que tínhamos tirado pelo Facetime, colocando no instagram em pouco tempo.

@ninabarsanti Os ares são novos, mas o jeitinho se mantém o antigo pra matar a saudade... melhor bom dia do mundo! @danibarsanti
luizasantanna Sua mãe e a Babi são tipo gêmeas, socorro
ohana_pupo Que lindas! Papai do Céu abençoe essa relação.
rosangeladaher Minhas lindas!
comvocelucco Genética é uma coisa, né? A sua é maravilhosa.
castrolarissa Tá morando no Rio mesmo, Nina?
danibarsanti Obrigada por ser uma filha tão carinhosa sempre, tô morrendo de saudade. Vem logo!
Não li, praticamente, nada dos comentários e me levantei para colocar as louças que tinha sujado no café na pia, além de pegar o notbook. Abri-o, ligando e logo fui olhar assuntos relacionados a passagem. Como era uma viagem perto e só pra mim, consegui achar facilmente uma poltrona e assim a comprei, confirmando que passaria o final de semana no Sul, matando a saudade da minha família. Aproveitei o computador ali em minha frente também para checar os e-mails, responder o que tinha para fazer isso e fechei aquela parte, enfim. Me levantei, desligando todas as coisas que estavam ligadas na sala e fui pra cozinha, onde depois de colocar uma música pra cortar o ambiente silencioso, eu lavei a louça e comecei a escolher e preparar alguma coisa para eu almoçar, antes de ir pra entrevista. 
[...]
Cheguei no prédio onde era a sede da Revista Glamour e desde que autorizaram a minha subida, eu fui no elevador junto a uma moça - que se não tivesse a minha idade, deveria ser mais nova - muito simpática e sorridente até. Assim que chegamos ao andar que ela tinha programado, pediu que eu esperasse um pouco ali e fiquei olhando a paisagem que refletia em todas as imensas janelas do local, perdendo um pouco da minha racionalidade, á ponto de tomar um leve susto quando alguém se aproximou.
Mariana: Nina? - chamou totalmente a minha atenção, o que me fez virar para ela, mais uma das pessoas simpáticas que ali trabalhavam - Eu posso te chamar assim também, né?
Nina: Na verdade, acho que todo mundo só me conhece assim... - ri com o nariz e a gente se cumprimentou.
Mariana: É um prazer ter você aqui, viu? Me chamo Mariana e vou ter a felicidade de fazer esse bate papo contigo... Pode me acompanhar? 
Nina: Claro, claro que sim - sorri para ela e fui a acompanhando pelo extenso corredor, onde trocamos algumas palavras sobre saber do bem estar da outra e se tive dificuldade para chegar ao prédio. Entramos numa sala muito bem arejada, de decoração completamente clara e ela me indicou que sentasse em uma das poltronas, a vendo fazer o mesmo na que tinha em minha frente.
Mariana: Então, Nina - ela disse mexendo com o celular que estava em suas mãos - Vai ter a gravação da nossa conversa, até para que tudo seja passado com as suas palavras e eu também não a precise interromper para anotar uma coisa ou outra... Tudo assim flui de uma maneira melhor, tudo bem pra você?
Nina: Tudo, sem problema nenhum.
Mariana: Então, estamos prontas para começar.. - ela disse colocando o celular na mesinha que tinha ao nosso lado, bem entre nossas cadeiras - Eu acho que começar pelo devido início é sempre a melhor forma, né? Então, conta um pouco sobre a sua história com o Rafael. Vocês dois nasceram em Santa Catarina, né?
Nina: Sim, em Balneário. Nos conhecemos por isso, inclusive. Estávamos sempre nas mesmas festinhas, começamos a ter amigos em comum... Sem contar o fato de que eu morava bem em frente á praia, no ponto onde costumam ficar os surfistas. De forma bem natural, a gente foi se aproximando!
Mariana: Vocês ficaram um bom tempo juntos, não é?
Nina: Sim! Ficamos seis anos...
Mariana: Recentemente, vocês já estavam até morando juntos, não é?
Nina: Estávamos! - respondi no tom completamente leve que eu estava, desde a primeira pergunta - Saímos do Brasil no ano passado, em função do surf mesmo, e quando eu decidi que iria para a Califórnia com ele, vendo todas as coisas, optamos por começar a dividir a mesma casa.
Mariana: Com isso, vieram as novas experiências e também expectativas... Vocês pensavam em se casar?
Nina: Sem sombra de dúvidas - falei ajeitando o meu cabelo, começando a ficar desconfortável comigo mesma por saber que a emoção não demoraria a vir a tona - Desde que nos mudamos para a Califórnia, incrivelmente, o nosso relacionamento amadureceu de uma forma surreal. Fazíamos muito planos, mas ele me disse usando esse termo, casamento, uma única vez... Ele falou assim... Estamos nos preparando para o nosso casamento, você sabe disso, não é? - suspirei quando meus pensamentos me levaram a memória exata daquela cena: Eu estava fazendo brigadeiro na cozinha da nossa casa pela primeira vez e ele sentado na bancada, devorando os restos do leite condensado que havia ficado na lata. Sempre tão moleque que quando disse isso, não hesitei em olhá-lo e desta vez, tinha o visto sério... Como um homem que afirmava com certeza o que queria para o seu futuro. 
Mariana: Você quer água? Deixamos aqui pra você usufruir quando quiser - falou fazendo referência ao copo e á garrafa média que também estava sobre a mesinha, logo que ela percebeu como eu estava frente aquelas lembranças.
Nina: Obrigada! Eu só preciso ir falando devagar...
Mariana: Eu imagino! Mas que você saiba e se sinta a vontade de parar, se quiser, e de falar o que quiser - falou me vendo soltar o ar pesado dos pulmões e tentando sorrir, levemente, para passá-la a mesma tranquilidade que ela queria me dá - Pois bem, recomeçar é uma palavra que tem perseguido muito a sua vida, né?
Nina: Para falar a verdade, acho que essa é a minha vida, desde então.
Mariana: E como foi recomeçar lá na Califórnia ainda? Até porque você se mantinha na casa que era de vocês, no lugar que vocês faziam seus planos...
Nina: Não foi fácil, mas eu queria me manter forte. Eu sentia que o Rafael precisava sentir isso! Ele sempre quis muito ir para a Califórnia e quando fomos, a família dele foi também. Isso me fez sentir uma responsabilidade em dobro! Eu queria me sentir em paz para poder trazer essa tranquilidade aos pais dele também. Como eu disse, não foi nem um pouco fácil e eu me afastei de muitas coisas, me deixei muito em reclusa, mas eu não queria ficar com energias ruins por perto... Queria emanar muita coisa boa para que essa vibração chegasse até ele, para que ele quisesse se manter bem perto de mim. 
Mariana: Que ele está sempre contigo, você não tenha dúvidas, Nina - ela sorriu, amigável - Você falou sobre se afastar e se retrair... Isso influenciou na sua carreira de modelo?
Nina: Demais! O Rafa sempre gostou e me incentivava muito com a minha profissão. Tanto que uma das maiores preocupações dele, quando eu decidi acompanhá-lo, foi quanto a isso, até porque eu já trabalhava aqui no Brasil e muito bem. Quando chegamos lá, ele foi a pessoa que mais batalhou comigo em agências, contratos e indicações... Então assim, no fundo, embora eu ame a minha profissão, tudo parecia ligar a ele nesse período recente do pós. Sem contar que eu não estava apresentável pra trabalhar com a minha imagem! Eu continuava sendo procurada, mas as pessoas não tinham noção de como eu estava por trás do meu book. Deixei de fazer muita campanha, por conta da auto estima está lá embaixo, além de eu tá tendo queda de cabelo e emagreci ainda mais com todas essas coisas.
Mariana: Quando foi que você percebeu que precisava retomar sua carreira, a sua profissão?
Nina: Foi difícil também, porque a nossa ficha mental não é uma coisa que cai de um dia pro outro, né? Mas o insight foi quando resolvi aceitar o convite para trabalhar na agência aqui do Rio, para onde eu estou nesse momento. Sabia que eu ia precisar encontrar um meio de me levantar e vi uma boa oportunidade aqui... Seriam novos ares e eles investiram muito para que ouvissem uma resposta positiva de mim. Ninguém podia fazer mais nada por mim, esse era o tipo de coisa que só eu podia resolver. E então, preferi seguir! Já estava tempo demais á deriva.
Mariana: Você acredita que, de uma certa maneira, essa tragédia com o Rafael tenha feito o assédio aumentar sobre você?
Nina: Sem dúvidas! Isso é mídia e publicidade... Eles querem coisas que possam oferecê-los retorno e o que sobrou como foco disso fui eu. Não me aproveito disso, muito pelo contrário, porque eu também tive que batalhar demais e faço isso até hoje pela minha profissão ou por qualquer outra coisa, mas não tem como negar.
Mariana: Você falou sobre seu novo trabalho, em uma agência aqui no Rio de Janeiro... Atualmente, então, você teve mais um recomeço. Essa vinda para a cidade carioca tem te trazido o quê?
Nina: Muitas coisas! Vim para cá com mais um desafio, de recomeçar, e sabia que não seria tão fácil. Mas de certa maneira, está sendo bom! Eu precisava me desconectar um pouco daquilo que me prendi á Califórnia. Isso não tem muito a ver com o Rafael, porque eu aprendi que agora, no sentido mais literal que possa existir, nós estamos juntos em qualquer lugar... Porém se atrela muito com o quê eu tava vivendo. Essa ideia de levantar a minha carreira e a minha vida em um outro lugar faz um pouco mais de sentido.
Mariana: Isso significa que você não tem mais planos de voltar á Califórnia?
Nina: Não! Tenho muita vontade de voltar, mas sei que preciso de um tempo com novos ares.
Marina: Você se sente incomodada quando as pessoas falam ou querem saber da sua história com o Rafael?
Nina: Não, nem um pouco, eu gosto de falar sobre ele ou sobre nós. Quem não gosta de falar sobre algo bom na sua vida? Claro que depende da abordagem das pessoas também, mas entendo que as pessoas têm curiosidade. Se eu sentir uma vibe boa eu falo, se não, peço desculpas e digo que não gostaria de falar sobre o assunto no momento.
Mariana: Falemos de Moda... onde começou sua relação com ela?
Nina: Acho que nasci um pouco com isso, sabia? É complicado dizer, em ordem cronológica, quando foi que comecei a me interessar. Mas com relação a minha carreira surgiu com um amigo da minha mãe, que trabalhava nesse ramo, e disse que eu tinha potencial frente as câmeras. Minha timidez gritante fez com que eu bem desconfiasse dessa opinião, mas no primeiro book que fiz e me vi naquelas circunstâncias, percebi que eu conseguia me transformar. Isso me encantou! - com todo cuidado que pareceu, ela também tentou conhecer um pouco sobre mim, evitando que o peso de só dizer sobre o Rafael caísse em meus ombros e eu contei um pouco sobre minha vida, minha carreira e meus cuidados pessoais. Isso foi fundamental para que eu relaxasse quando chegamos ao ponto, bem ao final, de retomar o assunto principal.
Mariana: Voltando a falar sobre surf... Daqui a algumas semanas dará início a última etapa do Circuito Mundial, no Havaí e com muitos brasileiros nessa final. Você tem planos de comparecer?
Nina: É algo que eu tenho pensado bastante á respeito, por sempre ter sido uma etapa maravilhosa pro Rafael e por ter amigos dele disputando esse título. Muitas pessoas tem me procurado querendo saber sobre e cada dia mais me convenço que devo vivenciar essa última homenagem do ano, de parceiros e da instituição que o Rafael trabalhava, á ele.
Mariana: Sobre as homenagens, Rafael Daher já é um nome marcado não somente por todas as ondas lindas que surfava, mas por agora ser nome á um título concedido na festa para os surfistas, pós a temporada. Como você se sente participando de momentos como esse?
Nina: Essa foi uma dentre as tantas que eu tive o prazer de estar lá para vivenciar. Só tenho gratidão! Eu me emociono e vibro muito por saber que, ainda que lá do Céu, ele faz história e passa isso a diante tanto para os próprios amigos quanto como inspiração á pessoas que pretendem fazer do surf a sua carreira.
Mariana: Que falemos de futuro.. O que você vê para o seu, então?
Nina: Viver! Aprendi que a gente tem que fazer isso por um dia de cada vez, sempre com muita gratidão. Planejo continuar aqui no Rio de Janeiro, seguindo com os meus trabalhos de modelo e esperar da vida o que ela tiver para me dar. Hoje, me sinto mais protegida á espera de um futuro sem tanta pressa.
Mariana: E hoje... O que fica do Rafael pra você?
Nina: Tudo! Não consigo nem te dizer que ele foi... O Rafa é o amor da minha vida! Eu penso nele todos os dias, na hora que acordo até a hora que durmo. Não tenho e não quero ter pra onde fugir. Ele passou pela minha vida para me ensinar muitas coisas e a principal delas foi a conexão com o mar. Olho para lá e vejo tudo de bom que foi sua passagem por aqui. Ele me ensinou e me preparou para ser essa mulher que eu sou hoje - percebi que as lágrimas desciam atropeladas pelo meu rosto e eu fechei meus olhos, comprimindo os lábios. Tinha me feito forte para aguentar toda essa entrevista com essa comoção, mas ao falar dele, de tudo que ele fez em minha vida, me deixava sem palavras. O coração dilacerava e o corpo arrepiava - ele estava ali. Comigo, como sempre. Respirei fundo e assim que abri os meus olhos, vi a Mariana com um copo de água em minha frente, me entregando e com a face sem negar emoção também.
Mariana: Você é muito guerreira, Nina! De onde o Rafael estiver, ele se orgulha demais de ver todas essas coisas lindas que você faz - agradeci com um leve sorriso, limpando meu rosto com as mãos e pegando aquele copo, a vendo desligar o gravador enquanto eu bebia água. 
Nina: Obrigada, Mariana! Por toda atenção, cuidado e respeito - falei assim que terminei de beber aquilo, pondo o copo sobre a mesinha novamente.
Mariana: Eu e toda a nossa equipe quem agradecemos... Como lhe disse no começo, já era um prazer tê-la aqui. Depois de ter podido partilhar essa entrevista, reafirmo isso com o maior gosto do mundo. Você é muito especial!
Nina: Só posso agradecer! Pode ter certeza que saio daqui feliz pela maneira que trabalhamos.
Mariana: E o resultado vai ser ainda melhor, você vai ver! Sai na próxima edição...
Nina: Tô um pouco ansiosa - falei tentando soar mais descontraída, a vendo rir.
Mariana: Pois vamos, querida? Vou dá uma passadinha com você aqui ao lado, na sala de redação, e desde então estará liberada. Tudo bem?
Nina: Claro que sim, sem problemas - assenti, me levantando no mesmo tempo que ela e a gente acabou saindo juntas ali da sala.
Conversamos, enquanto nos dirigíamos aonde ela queria me levar sobre a não necessidade de que eu fotografasse para a revista, visto que eles usariam algumas fotos próprias do meu instagram e fui á sala de redação apenas para falar com um outro moço que ali trabalhava, além de assinar mais uma documentação de autorização. Bati umas fotos com os mesmos e pedi que eu pudesse aproveitar aquele visual, tirando uma minha também. Saí dali extremamente agradecida, enquanto fui de volta ao meu carro. Embora toda o respeito que tiveram comigo durante a entrevista e de fato, falar sobre o Rafael ser algo que nunca me incomodou - muito pelo contrário - eu me sentia mais pesada que o normal. Nem sei se essa seria a palavra mais correta para atribuir ao meu estado de espírito, mas assim que entrei no meu carro e me acomodei no banco do motorista, conseguia perceber uma mudança em mim através mesmo da minha respiração. Precisava encontrar qualquer coisa que fosse para me colocar em paz, mais uma vez. Passei as mãos em meu rosto, largando minha bolsa no banco do carona e respirei bem fundo. Mantive os meus olhos fechados um tempinho e pensei em coisas que poderiam me fazer distrair um pouco da mente... era o que eu, realmente, estava precisando e entendia aquilo. Inclinei o meu corpo, mexendo em minha bolsa e trouxe meu celular para as mãos, ainda que um pouco receosa, afim de tomar a primeira atitude que tinha vindo em minha cabeça. Agora, ainda estranhamente, quando eu pensava em paz, parecia que minha mente processava um único nome. E assim fiz a tentar uma ligação para o Lucas. Ele demorou um pouco para me atender, mas não deixou que a chamada caísse, algo que evitou que eu desistisse se tivesse a possibilidade de uma segunda tentativa.
Lucas: Oi, Nina! - ouvi sua voz me atender logo animado lá do outro lado da linha e posso confessar que isso me encorajou.
Nina: Oi, Lucas! E aí, como tás?
Lucas: Tô bem e como cê tá?
Nina: Também... É... Fiz muito mal em te ligar? Tô te atrapalhando?
Lucas: Não, por quê? Cê tá precisando de mim pra alguma coisa?
Nina: Tá sentindo que lá vem favor, é? - ouvi sua risada e não contive a minha, que se dividia um pouco pela graça e pelo sentimento de nervoso - Mais ou menos é favor e mais ou menos não é. Eu queria saber que se tu pode me encontrar, sei lá, pra gente comer alguma coisa.
Lucas: Claro que posso! Eu tô sentindo que cê tá me escondendo alguma coisa, sabia?
Nina: Não é esconder, pra falar a verdade.. Vou te contar de onde eu tô vindo. Eu fui hoje fazer uma entrevista pra uma revista, contando um pouco da minha vida e da história com o Rafael. Eu gosto de falar dele, me sinto bem sempre, mas pra que eu continue bem, eu preciso fazer algo que me traga um pouquinho mais de paz, sabe? Se eu for pra casa, eu posso acabar me entristecendo com coisas que eu mesma não quero.
Lucas: Entendi... Cê tá certíssima e eu não me incomodo nem um pouco que a gente saia, muito pelo contrário. Não sei se eu vou ser a melhor pessoa pra te trazer paz depois do dia de trabalho que eu tive, mas uma boa companhia eu prometo ser - acabei rindo e ele continuou a falar, quando ouviu esse meu gesto - Já tô fazendo rir, acho que tô com crédito, né?
Nina: Para de ser bobo - falei ainda com aquele risinho entre os lábios - Então, tá em casa?
Lucas: Tô não, tô aqui no crossfit... Acabei o treino! 
Nina: Ah sim! Posso passar aí, então, pra te buscar? Ou tu tá com seu carro?
Lucas: Se a senhorita estiver com seu carro, pode passar aqui sim... Eu deixo o meu aqui e amanhã pego, vou vim treinar de manhã memo.
Nina: E como tu vai pra aí? Vai ficar meio complicado, não?
Lucas: Pode ficar tranquila, Nina! Vem pra cá que eu tô te esperando.
Nina: Tudo bem, então...
Lucas: ... Cê sabe chegar aqui?
Nina: Sei, acho que sei. Qualquer coisa eu te ligo.
Lucas: Tranquilo! Vem com cuidado, tá?
Nina: Pode deixar! Já já tô aí. 
Lucas: Beleza, beijo, vem com Deus.
Nina: Beijo! - me despedi dele, jogando meu celular no porta luvas e tratei logo de dar partida, então, para não deixá-lo esperando tanto tempo.
Não me sentia muito bem em pensar que poderia tá atrapalhando alguma coisa na vida do Lucas e muito menos ficar mirabolando que ele, no final das contas, poderia me achar bem folgada mesmo por ocupar tanto o seu tempo em tão pouco que nos conhecemos, mas eu não podia negar o quanto sentia confiança em partilhar com ele algum momento assim. Fui o caminho tentando me desfazer dos embaraços da minha cabeça, sempre atenta á não me perder e não cometer alguma coisa que me fizesse desesperar no volante. Consegui chegar, sem muito erro, ao box da CFP9 e assim que estacionei lá na frente, eu peguei o meu celular pra mandar uma mensagem pro Lucas, avisando que eu já estava ali. Ficar sozinha e no silêncio dentro de um carro parecia uma loucura para a minha cabeça que, ás vezes, me levavam á pensar em situações do ocorrido com o Rafael que eu não queria. Á ele, eu só queria memórias concretas de nós e direcionar coisas boas do que ficou. Apenas! Sem nenhum rastro hipotético ou que me colocasse na situação de lembrar do seu acidente. Assim, para evitar a minha mente de voar tanto, eu aproveitei o meu celular em mãos e decidi olhar as poucas fotos que tinha tirado lá no prédio. Tinha uma tão bonita que eu aproveitei a postagem para divulgar que sairia matéria comigo. Melhor coisa que tinha pra fazer enquanto esperava o Lucas aparecer! 
@ninabarsanti Hoje fiz uma entrevista e fui muitíssimo bem tratada por toda equipe da @glamourbrasil. Estaremos na próxima edição! Muito obrigada á todos os envolvidos. 
likelucco_ Foto lindaaa!!
fecorrea Tu arrasa!
carolsouza Paisagem espetacular!
nicbraga_ Tô louca pra ler, deve estar a coisa mais incrível do mundo.
luizagoncalves Parabéns, Nina, muito merecido.
marinadossantos Que demais! Parabéns!
costasuelen_ Histórias fazem parte da vida e devem ser registrada... assim que sair, eu compro.
ilylucco Quero muito ler para prestigiar essa mulher de luz que você é!
surfilipe Ahhhhhhhhh, quero essa revista!
babibarsanti Orgulho!!
Li alguns comentários até ouvir baterem levemente na janela do meu carro, no lado do carona, e quando olhei vi ser o Lucas. Destravei as portas e me estiquei pra abrir a mesma, algo que ele também fez pelo lado de fora e não demorou muito para entrar, se sentando no banco de carona.
Nina: Ué, tás... seco? - falei percebendo que ele não estava nem um pouco com aparência de quem tinha terminado de treinar, como seria o esperado, o vendo fechar a porta.
Lucas: Se eu te dissesse que tinha acabado de chegar aqui, cê ia querer memo vir?
Nina: Lucas! - soltei incrédula por ele ter feito isso, me permitindo atrapalhar mais uma vez seus planos.
Lucas: Não fala assim... E olha, eu sei muito bem do que cê tá precisando - falou abrindo os braços como dava, ali dentro, e eu soltei um sorrisinho, sem conseguir negar aquele gesto. Nos abraçamos naquele pequeno espaço e sem conforto algum, mas o externo não influenciava em nada - a sinceridade que o Lucas conseguia me trazer era rara. Parecia que o equilíbrio que me faltava, só vinha quando recarregava a minha paz com ele. Minimamente estranho, mas eu não podia negar isso. Fiquei na quentura daquele abraço por minutos, eu ouso a dizer, até que eu mesma quem fui me afastando, o vendo com aquele rosto de quem estava pronto a me ouvir.
Nina: Tu é tão louco que me tira até de órbita... Meio esqueço o que vou falar - ele riu.
Lucas: Esquece isso! Cê quer falar alguma coisa?
Nina: Ia, mas eu te atrapalhei pra poder fazer isso, né?
Lucas: Não me atrapalhou nada! Amanhã eu treino direitinho e faço isso como todos os dias, fica tranquila.. Agora fala! Como é que foi lá?
Nina: Foi bom, por um lado, porque tipo, eu fui bem tratada. Até mais do que eu pensei! A menina que conversou comigo foi super atenciosa, cuidadosa... Uma fofa! Mas assim, né? Contar sempre a minha história com o Rafael e falar sobre um futuro sem ele é foda ainda. Quando eu entro nesse mundo assim de novo, eu fico meio perdida, confesso.
Lucas: É bom falar, mas o que fica pra depois disso é complicado pra arcar, né? - balancei a cabeça positivamente, vendo-o definir tudo aquilo que eu pensava com uma rapidez absurda - Mas cê sempre fala com tanto coração que eu tenho certeza que vai ficar lindo isso.
Nina: Ai, tomara, né? Tava um pouco nervosa também - ri com o nariz.
Lucas: Normal - ele me acompanhou - Mas ó, eu não quero ver cê de baixo astral. A gente pode falar agora só de coisa boa pra passar isso aí! Cê memo quem diz que gosta sempre de tá com boas energias.
Nina: Exatamente isso! Tá aprendendo, né?
Lucas: Tô! Desde que eu comecei a andar contigo tô com esse negócio de energia, de boas vibrações... Tô até me estranhando - gargalhei e ele não conseguiu ficar sério.
Nina: Faz toda a diferença na vida, vai por mim! - pausei - Mas eu te liguei, te atrapalhei - ele fingiu me encarar, como quem me repreendesse - exatamente por isso. Pra dá uma tranquilizada na mente de novo, seguir, né? Eu tava com muita vontade de comer uma comida japonesa... Que que achas? Vou te quebrar muito? - ele riu.
Lucas: Mais ou menos né, dona Nina? - rimos - Mas vamos que eu tô com ficando com fome também... Sem contar que quanto mais tarde fica, mais cheio, né?
Nina: É verdade! Tás acostumado a ir em algum por aí?
Lucas: Uhum, vou te levar num maneirão... Vamos? Eu vou te guiando.
Nina: A gente num vai se perder não?
Lucas: Sai dessa, Nina, ó a confiança - rimos - Fica tranquila que eu vô te levar no lugar certinho.
Nina: Ai Deus, tá bom! Bora - falei puxando meu cinto para colocar de novo, o vendo fazer o mesmo e tratei logo de dar partida no carro - Ah Lucas, me faz mais um favor... Arranja uma rádio boa aí pra colocar! Hoje eu ainda esqueci meu cabo e fiquei rodando com o carro e tentando achar uma música legal, sem sucesso - ele riu.
Lucas: Qual a dificuldade que cê teve nisso? - falou ainda se divertindo da minha cara, enquanto já ligava o rádio - Vou achar uma aqui, pera aí.
Nina: Ficarei muito grata - ri e fiquei intercalando minha atenção entre olhar para o trânsito e vê-lo ali navegando pelas estações até que, finalmente, parou em uma.
Lucas: Olha essa música, sensacional - falou gargalhando ao ouvir o que estava tocando - O meu problema sempre foi ter grande coração! Ligo no outro dia, no estilo Don Juan. Dormiu bem, meu amor? É domingo de manhã! Vamos pegar uma praia, deu saudade do seu beijo... Trato todas iguais, esse é meu defeito! - gargalhei com toda aquela performance que ele deu a música e pela letra ser, realmente, hilária.
Nina: Ahhhh!! Esse refrão eu já ouvi - falei ainda rindo e o Lucas só me acompanhava - Gente, essa música é muito engraçada. Quem canta?
Lucas: Marcos Belutti e o Wesley Safadão... Esse cara é um mito, Nina! - rimos - Tô namorando todo mundooooo... - continuou cantarolando, me levando á divertimento total.
Nina: Tás levando tão a sério essa música que eu vou começar a crer que essa é a visão que eu tenho que ter de ti.
Lucas: Sai dessa! - ele riu - É só personagem, tem nada vê comigo não, ou.
Nina: Aham - falei em tom para zombá-lo, ainda rindo - Ôh um por cento, mas vamos prestar atenção aqui no caminho também que eu não quero me perder.
Lucas: Fica tranquila que tá comigo tá com Deus, tamo certinho - rimos.
Era incrível como o Lucas, em pouco tempo, já conseguia instalar um divertimento em mim que me fazia esquecer de muitas coisas que, por vez, poderia me incomodar. Eu me sentia um pouco mais a Nina que eu sempre fui e menos a Nina que tentava recomeçar sempre. Era gostosa demais essa sensação para ser interrompida e para falar a verdade, eu pouco queria isso. Fomos o caminho inteiro - que ele conseguiu me guiar muito bem, diga-se de passagem - conversando e se divertindo com as músicas que tocavam na rádio até chegarmos aonde ele queria: Sushi Leblon. Não era muito distante do nosso ponto de partida, mas acabamos por pegar um pouco de trânsito que "atrasou" nossa chegada até lá... Nada muito perturbador. Eu estacionei o meu carro em vagas especiais para clientes de lá, onde tinha indicado, e logo que saímos, fomos bem recebidos na entrada, sendo guiada para a mesa de nossa preferência. O lugar era extremamente bonito, bem conservado e agradável! Além do quê, tinha a coisa principal: Comida japonesa para matar a minha vontade. Fizemos nossos pedidos logo, aproveitando que realmente não estava tão cheio assim ainda, e depois continuamos a conversar, dessa vez comigo contando como foi lá na Revista. Quando os nossos pedidos chegaram, quem veio nos servir foi um cara que tinha um posto um pouco mais alto no restaurante - visto que tinha vindo cumprimentar o Lucas e viu se ele podia fazer alguma divulgação daquilo - o que não foi problema nenhum, até porque o Lucas o atendeu de imediato: Tirou uma foto dos nossos pedidos e depois de receber a gratidão do moço - que nos deixou comer mais tranquilos - ele tratou logo de ir postar, se concentrando por alguns minutos no celular.
Nina: Acabou aí, Lucas? Eu quero comer.
Lucas: Sim senhora - falou bloqueando o celular e colocando sobre a mesa - Cê tava me esperando, é?
Nina: Claro, né? Sou uma pessoa educadinha.
Lucas: Educadinha - rimos juntos com aquela imitação barata dele - Então bora começar a comer, vai -disse nos fazendo pegar nossos hashis e não demorou muito para que começássemos a nos deliciar com aquela comida - Tava demorando no celular também, porque tava zerando as notificações... Eu esqueço e acumula tudo naquela barrinha.
Nina: Tem como tu conseguir zerar? Porque eu imagino que esse seu celular não deve parar nunca - ele riu.
Lucas: Isso é! Mas agora tava num ponto que tinha até email...Inclusive, do Netflix me avisando de estreias - ri
Nina: Ai, eu recebi também! Vi hoje de manhã - rimos - Falando nisso, eu ia te perguntar outro dia de um filme e esqueci... Tu já viu Cake, com a Jennifer Aniston?
Lucas: Não, mas acho que eu já passei pela sinopse dele. É de uma mulher que é depressiva e tal, né?
Nina: É, mais ou menos - ri - Cara, esse filme é sensacional! Acho que tu ia curtir muito... Eu revi ele esses dias e continuei achando brilhante! É muito intenso, sabe?
Lucas: Eu curto filme assim memo... E ela é foda, né?
Nina: Aham, eu sou apaixonada por ela! Tipo, a primeira vez que eu vi foi com a minha irmã e ela teve a audácia de dormir no meio do filme, mas ok, revi e continuei achando incrível, então o vacilo foi da Babi mesmo e não da história - ele riu.
Lucas: Por quê mulher tem sempre essa mania de dormir no meio do filme? Cês nunca assistem nada.
Nina: Que tipo de mulher assiste filme contigo? - ele já começou a rir aí - Eu não durmo.. A não ser que seja um filme muito entendiante!
Lucas: Cê quando dá pra ser engraçada é sensacional
Nina: Mas eu tô falando sério - ele ainda se mantinha rindo e eu não conseguir permanecer com seriedade ali 
Lucas: Tô vendo - falou rindo - Se bem também que como eu nem sei o quê é namorar, é bem difícil eu parar pra assistir um filme com uma mulher... Ou melhor, fazer só isso.
Nina: Que safado - disse dando um tapa no braço dele, gerando gargalhadas entre nós - Mas tudo bem, tô vendo que tá faltando mulheres no sentido amiga na sua vida, né? Tu já assistiu filme comigo e sabe que eu não durmo, mas a gente vai vê outro pra eu te mostrar que é verdade.
Lucas: É... - ele disse visivelmente desconfortável, por, muito provavelmente, ter lembrado do que aconteceu aquele dia e causou isso em mim, quando me trouxe essas mesmas memórias depois do que eu falei - Mas óh, se cê dormir... - ele prosseguiu, se ajeitando em seu próprio lugar e tentando não perder o ritmo da conversa por isso.
Nina: Nada disso - o interrompi, também querendo manter a naturalidade - Vou te provar que dá pra assistir um filme direitinho com uma mulher e sem dormir. Vai ser mais fácil tu cair no sono!
Lucas: Ah, essa eu quero vê, hein! 
Nina: Vai vê, pô! Só rodar o Netflix que a gente encara. 
Lucas: Acho que a gente tá a cara do Netflix memo, viu? As pessoas tão começando a ter razão.
Nina: Daqui a pouco a gente vira rostos propaganda - rimos
Lucas: Ia ser a propaganda mais real que já existiu na televisão!
Nina: Certeza! - ficamos um pouco em silêncio, visto que a nossa conversa estava sempre sendo intercalada pela comida, mas logo ele puxou um novo assunto ali, ao falar sobre os seus dias de folga... Ou melhor, a falta que eles faziam.
Ele acabou me contando também sobre o tanto de cenas que teve para hoje, estendendo o assunto á me contar dos seus bastidores de gravação da Malhação e me viu ainda prometer, mais uma vez - e dessa para cumprir - assistir um episódio para saber mais sobre o Uodson. Lucas falava do seu personagem com tanto gosto que dava para entender que ele fazia - embora visivelmente se desdobrasse muito pra conciliar as carreiras - tudo com muito coração. Muito amor! Isso, na verdade, movia o ser humano que o Lucas era.. tornava raro, até, posso assumir. Quando terminamos, ele pediu licença rapidinho só para ir ao banheiro e eu aproveitei aquela brecha para fazer algo que eu sabia que não seria possível se ele soubesse: pagar a conta. Pedi para fechar nossos pedidos e entreguei o valor o mais rápido que consegui. Senti que eu precisava fazer aquilo até como uma forma de agradecê-lo por todo esse desdobramento por causa de mim.
Nina: Que que tu acha? Podemos ir? - falei assim que o vi se acomodar ali em minha frente, sentando.
Lucas: Acho que sim, né? Acabamos por aqui?
Nina: Por mim sim...
Lucas: Então tá bom, só chamar o cara ali - ele disse já mexendo em seu próprio bolso.
Nina: Não precisa - o interrompi, o que fez seu olhar voltar á mim instantaneamente - Já fechei! É só, realmente, a gente ir.
Lucas: Como assim já fechou?
Nina: Já paguei, ué. Vamos embora?
Lucas: Não, Nina! Cê tá louca? Como assim cê pagou tudo?
Nina: Com dinheiro - ele fez cara de tédio ao me olhar e foi um tanto quanto impossível segurar a risada.
Lucas: Eu tô falando sério, cara, não tô achando graça.
Nina: Eu é que não ia achar graça em você pagar alguma coisa depois de tudo isso que já fez por mim.
Lucas: Fiz o quê? Vir comer? Não foi sacrifício, pelo amor de Deus.
Nina: Assim como não foi sacrifício nenhum pagar... Agora chega disso, né? Vamos logo! - falei colocando minha bolsa em meus ombros e me levantando, o vendo me acompanhar com os olhos, ainda sentado.
Lucas: A gente vai acertar isso depois, né?
Nina: Tá, Lucas, depois - revirei os olhos e quando prestei atenção, ele já estava se levantando também, vendo não ter outro jeito. Nos despedimos do garçom que encontramos pelo caminho, grato pelo atendimento, e fizemos o mesmo com a recepcionista, indo de volta ao meu carro que estava estacionado.
Entramos lá e depois de colocar os cintos, assim que eu dei partida, o Lucas ligou o rádio também e acabou que, se ele quisesse ficar sem falar comigo por conta de alguma birra pelo pagamento do jantar, no meio do caminho ele desistiu quando ouviu Vai Vendo tocando lá e a gente acabou se divertindo e muito com isso. Fomos conversando sobre música até o condomínio e ao entrar lá, ele quem me ajudou a chegar em frente a sua casa que, para ser bem sincera, eu ainda não tinha decorado muito bem o caminho.
Nina: Mesmo com toda minha dificuldade com a lateralidade, hoje sou eu quem posso dizer que tu tá entregue - ri e ele acabou me acompanhando.
Lucas: Tá certo, obrigado - ele sorriu, se livrando do cinto, mas se virando para mim.
Nina: Agradecer, é? Essa parte ainda é minha... - falei tirando o meu cabelo dos ombros - Tu me perguntou o que tinha feito por mim lá no jantar e eu quero dizer que tu conseguiu me trazer pro equilíbrio que eu queria de novo. Não sei se pra ti vai soar assim, mas pra mim, foi muito importante.
Lucas: Eu fico me perguntando aonde era que cê tava escondida, sabia, menina? - sorri com aquilo, involuntariamente - Eu já te disse isso e vou repetir... Eu aprendo muito contigo. Tá sendo incrível a gente dividindo tanta coisa assim! As nossas vidas parecem ser tão nada a ver, mas a gente consegue encontrar coisas em comum pra trazer conforto pro outro. Cê faz isso comigo também!
Nina: Me sinto um pouco melhor em saber que consegue entender, então, porque eu acabo te perturbando tanto... Ainda que a gente se conheça há pouco tempo.
Lucas: Esquece! Isso não tem nada! A gente já se conhece muito, pode acreditar.
Nina: Isso é verdade! Mas sério, obrigada mesmo pelo o que fez e desculpa por ter te feito matar o treino, viu?
Lucas: Juro pro cê que valeu a pena! Amanhã eu corro atrás do prejuízo.
Nina: E ah, falando em amanhã, e quanto ao seu carro? O que tu vai fazer?
Lucas: Fica tranquila, não tive problema em deixar lá no estacionamento do cross. Amanhã eu não vou gravar, então vou treinar de manhã, aí já pego ele.
Nina: E vais como pra lá?
Lucas: Ih, isso aí é mole! Não é tão longe, bom que já faço o aej.
Nina: Ai, Lucas... Olha lá, tá?
Lucas: Tô falando, pô, fica tranquila.
Nina: Eu não quero te atrapalhar...
Lucas: ... E não atrapalha - ele colocou uma das mãos no meu ombro - Vou entrar, tudo bem?
Nina: Claro! Obrigada, mais uma vez - sorri e o vi fazendo o mesmo, se aproximando de mim para me dá um beijo no rosto e eu fiz o mesmo em sua bochecha, o vendo sair do carro logo em seguida.
Lucas: Ah! Mas cê num pense que falando bonito pra mim vai me fazer esquecer que eu tenho que te pagar lá o jantar não, viu?
Nina: Ih... Chega, vai pra casa, vai! - falei rindo e ele acabou batendo a porta, me deixando vê que ele riu ali fora ainda. Buzinei para ele e então, dei partida com o carro pra poder voltar á minha casa.
Percorri o que faltava ali dentro do condomínio e entrei em casa com a paz que eu queria chegar nela. Não fiz muita coisa além do que se era necessário á aquele momento: Acender as luzes nos ambientes que eu ia passar, pendurar a minha bolsa depois de deixar meu celular sobre o criado mudo, pegar minha roupa mais confortável de dormir e corri ao banheiro para tomar o meu banho. Minha alma sempre descansava junto com o meu corpo no melhor momento do dia: Embaixo do chuveiro. Saí dali só quando percebi que já devia estar á um bom tempo, colocando a roupa após pouco me secar e fui pro quarto, onde liguei o ar condicionado, peguei o livro que queria e me joguei na cama. Ainda não era tarde, mas já estava com descanso o suficiente para pegar no sono quando quisesse. Cabeça livre deveria entrar para o top three de melhores coisas dessa vida. Puxei meu celular para dá uma checada nas redes sociais e vi que tinham algumas chamadas perdidas da Babi também. Abri o whatsapp para mandar uma mensagem para ela e vi que a mesma tinha sido mais rápida, já deixando um recadinho pra mim que eu vim a responder só agora.
"Como é que foi lá na entrevista, mana?
Tentei falar contigo mais cedo...
Foi mal! Eu só vi
agora.
Saí pra comer um japa depois
também, espairecer é bom, né?
Certíssima!
Imaginei que tivesse fazendo
alguma coisa... rs
Foi com a Ananda?
Hahaha
Não! Fui com o Lucas.
Jayme ia adorar o lugar, a comida é ótima.
Ah sim...
Vc "muy" amiga do Lucas
Lucco eu não sei lidar KKKKKK
Tem comida, o Jayme já adora, né?
Hahahaha
Hahahah bobaa!!
E fato! rs
Hein... Minha mãe falou que 
vens amanhã!
Que doideira é essa?
Decidi... Boa ideia, né?
Tô com saudade de vcssss
ÓTIMA!
Eu também!"
Ficamos conversando um pouco por ali até que eu decidi ir dá uma olhada no meu instagram- que estava era com coisa para atualizar lá visto o tempo que eu estava sem entrar. Fiquei passeando pelo feed até encontrar a foto que o Lucas tinha postado lá no restaurante:
@lucaslucco Agradecer demais ao @sushileblon que foi responsável pelo meu jantar de hoje. Fico feliz a beça pelo tanto de carinho que recebo todas as vezes que venho aqui. Sem sombra de dúvidas, um dos melhores restaurantes japoneses do Rio! Obrigado, fiquem com Deus!
gabimarques Vocês tão sabendo bem quem é essa mulher que tá com ele, né?
luccopaixao Tudo legal, mas... quem é essa do seu lado? seria uma mulher ou uma cavala?
luccovida Não acredito!!! LORENA DE NOVO NÃO, LUCAS!!
danimonteiro Um japa desse e as loucas vendo até braço de mulher KKKKKKKKKKKK 
lucasluccorapa Sai de perto dessa cavala, pelo amor de Deus.
taisrodrigues Tá jantando com quem???
atrevidadolucco Vocês nem sabem se é a Lorena e já tão xingando, cara, para com isso.
anafontes_ N me interessa quem é, só sei que tô com inveja da acompanhante
luccosincero Polêmico rsrs
pratilucco @karinalucco não deixa a Lorena perto do Lucas, sério.
gabrielseixas Hmmmmm!! Só queria esse jantar! Sushi Leblon é top!
Tinham milhares de comentários pedindo pelo amor de Deus para que não fosse essa tal Lorena. Milhares de xingamentos, marcando várias pessoas, á falar sobre o quão ela conseguia separá-lo do público e noventa porcento dos recados ali era recitando essa mulher que já parecia ser muito familiar ás fãs do Lucas. Não consegui entender, praticamente, nada de todo aquele auê e quando pensei em comentar, desisti logo em seguida. Talvez as tranquilizasse saber que aquela mulher não era essa do desespero geral - muito provavelmente, alguma ex namorada traumática para as fãs. Mas também, vendo todo o rebuliço que estava sendo montado naqueles comentários, me acovardei. Já tinham muitos fã clubes dele que me seguiam e fiquei imaginando o fim de uma paz na minha conta, se isso se teletransportasse ás minhas publicações. Apenas curti e mantive o silêncio! Acho que o Lucas já devia estar acostumado com isso... Quanto á mim, me mantinha bem assustada, ainda que nem o meu nome envolvesse. Terminei de olhar meu feed e como já tinha me despedido da Babi, bloqueei a tela do meu celular, deixando-o ao meu lado e pegando um livro que estava para começar a ler. Encontrava muita paz nas leituras e nos títulos que escolhia e antes do sono foi Yoga Para Nervosos que concluiu a minha noite - algo que inclusive me ajudou a matar a saudade dessa prática que eu estava.

Recadinho: Olá, meninas! Mais fofurice do Lucas e a gente nunca sabe lidar, não é mesmo? Eu, pelo menos, mesmo sendo quem escreve, não sei! Meu objetivo inicial da história sempre foi deixar uma amizade muito forte antes de qualquer envolvimento e eu acho que esse capítulo retrata muito esse sentimento, essa solidez do relacionamento deles. Também aqui tem uma forma de vocês conhecerem (no caso, relembrar rs) a história Nina e Rafael. O enfoque, enfim, começa a mudar total pra Lunina, a partir do capítulo 10, então eu acho esse capítulo bem importante. Comentem, tá? Não me deixem!! Rs. E ah, a leve demora dos capítulos é que eu tô aproveitando esse finalzinho desse espírito olímpico! Semana que vem a vida volta ao normal e eu nem tô querendo acreditar ): hahaha bjooo!!

9 comentários:

  1. O Lucas eh o Lucas neh Gabs, kkk, eu me desmanchei na história do Rafa e da Nina, mais quando LUNINA começar realmente eu vou morrer de amores, to louca pra que chegue logo o capítulo 10, tipo ansiedade master, e tbm só tenho que te elogiar por esse talento incrível, você escreve e quando lemos parece que somos o personagem principal, sobre tudo, dúvidas, ansiedade, ciúmes, sentimento em enfim, ameei muito esse capítulo e já estou louca pelos próximos ♡♡♡

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  2. É muito amor Lunina versão apenas amigos,porém eu mal posso esperar a versão casalzinho,to bem ansiosa para isso acontecer kkkk esperando ansiosa os próximos capítulos.beijinhos

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  3. Que venha os próximos capítulos!!!!

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  4. Aiii cê me deixou agr intrigada,tentando lembrar o q acontece no 10 😭😭😭

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  5. Nunca vou cansar de dizer que eu amo a vibe de Lunina... Não tem como não se apaixonar. Tento puxar pela memória o que acontece no capítulo 10, mas tenho minhas dúvidas.. ou seja, só aguardando pra você postar haha até logo. Beijoss

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  6. Como eu amo esse casal,bem que o Lucas poderia viajar com ela

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  7. Capítulo 10 não é? Apoio muito que você poste mais dois, pelo menos, depois dessa viu? Não aguento mais essa espera absurda, mesmo eu enchendo o seu saco no WhatsApp e você me tranquilizando ao mesmo tempo. E sobre aquele assunto, eu estou disposta a tentar mais uma vez... Fica com Deus minha linda!

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  8. Aii mdsss já quero o capítulo 10
    Estou muito ansiosaaa para os capítulos novos
    E como eu amo esse casal,não tem como não se apaixonar por eles 💗💗

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