segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Chapter 10 - second part.

Nina: Vamos falar sobre o que eu vim fazer aqui? - disse me afastando dele lentamente, como quem no fundo não quisesse fazer isso, mas eu sabia que precisava pelo curto tempo - Eu quero muito saber o que tá passando contigo, Lucas... - ele respirou fundo, mais uma vez, assim que eu o encarei.
Lucas: Não sei, Nina, mas o que aconteceu ou ainda está acontecendo comigo talvez seja algo que só quem esteja passando, pode entender - ele respondeu enquanto pegava uma das minhas mãos e brincava com os meus dedos, como uma válvula de escape para mandar embora o nervoso.
Nina: Mas será que nem conversar ajuda? 
Lucas: Agora, eu acho que sim. Na verdade, eu tô bem... Mas na hora que dá, é uma coisa inexplicável. É completamente do nada! E eu naõ consigo sentir quando é que vai me dá uma crise dessa.
Nina: As coisas tão acontecendo muito rápido pra ti, né?
Lucas: Muito! Na verdade, sempre foi assim - ele pausou, respirando fundo, mais uma vez - Nina... É bizarro falar isso, mas de certa maneira, nós dois passamos por isso de ter que se acostumar com uma coisa que veio do nada. Talvez, cê também não entenda o que eu passei, mas é a pessoa mais próxima disso...
Nina: E essa é mais uma das razões que eu estou aqui - afirmei, mais uma vez, tentando passá-lo segurança e soltei os meus dedos de sua mão, agora sendo eu quem o segurava.
Lucas: O meu sucesso é muito repentino... - ele vagou o olhar pelo quarto e eu não o interrompi, percebendo que ao longo da conversa, ele estava achando o seu tempo para desabafar - Eu me tornei o Lucas Lucco muito mais rápido do que eu pensava. E principalmente depois que eu me mudei pra cá, pro Rio, eu senti um choque de realidade muito grande. Aqui eu olho pro espelho e percebo, enfim, que eu não sou mais aquele menino do interior.
Nina: Isso é o grande significado da expressão de repente... A gente não tá preparado! Acontece do nada e somos nós quem temos que nos adaptar á isso. Não estou te dizendo que é fácil, eu mesma sei que não é, mas tu já parou pra pensar que se a gente aceita essa dificuldade e deixa ela nos dominar, nós passamos a prejudicar não só a nós mesmo, como a todos á nossa volta? Tu sofre com isso, mas a sua família também em te ver assim e não poder ajudar, os teus amigos, agora que tu tornou público, os seus fãs... Lucas, eu sei que é muito mais fácil falar de fora, mas a única coisa que eu tenho pra te aconselhar é pra se agarrar á Deus. A vida é muito imprevisível e só Ele pode nos ajudar a lidar com tudo o que acontece a nossa volta.
Lucas: E está aí mais um problema! Eu não consigo mais! Nina, eu sempre fui uma das pessoas com as maiores fés que podem existir. Pô, não tem explicação! E mais... Deus realizou tudo o que eu sempre pedi, então como eu poderia desconfiar desse Cara? Mas agora parece que eu não sou mais ouvido, parece que eu não consigo mais me conectar ou sequer conversar com Ele - ele disse soltando a minha mão de vez e o nervoso em seu tom de voz estava claro. 
Nina: Ele pode não nos responder no exato momento que a gente pede, mas Ele nunca deixa de nos ouvir, Lucas. Podes estar tentado a se afastar por achar que Ele não está te ouvindo, mas tu mesmo tem provas que Ele responde todas as nossas orações e os nossos pedidos. 
Lucas: Eu sei, mas será que eu deveria ter pedido com menos intensidade o que tá acontecendo? - ele me encarou, mais uma vez, e a sua pergunta me gerou preocupação. Lucas estava realmente perdido e o meu coração se apertava muito por, no fim, realmente não saber como ajudá-lo - Porque eu me sinto muito bem quando estou no palco, eu amo as pessoas que isso me trouxe e pra falar a verdade, quando tô trabalhando, são os momentos que eu mais me sinto em paz. Mas cara, eu também desenvolvi muita coisa por conta disso, dessa velocidade...
Nina: Tudo na vida tem consequência e principalmente, os nossos pedidos! Só que isso também não quer dizer que a gente não possa sonhar grande, pedir grande. Vou te fazer apenas uma pergunta... Antes da ideia de ir pra Califórnia, eu sempre gostei muito de lá e o Rafael já tinha me dito que a gente poderia morar lá mais tarde. Eu sempre pedi muito á Deus por isso e acabou acontecendo, enfim. Tu acha que eu posso pensar que, se não tivesse pedido tanto para nos mudar pra lá, as coisas seriam diferentes? O Rafael ainda estaria aqui? - ele arregalou os olhos com aquela minha pergunta, expressando claramente o quão incrédulo estava com o que eu falava.
Lucas: Nina, cê está louca! É claro que não! Isso não tem nada a ver contigo! O que aconteceu foi uma fatalidade...
Nina: Eu sei - disse o interrompendo e colocando a minha mão em sua perna, como forma de acalmá-lo - Eu não penso assim, mas o que eu tô colocando aqui é um exemplo de fora, mas seguindo os mesmos caminhos que tu está pensando. Lucas, o que tu tás fazendo contigo é torturante! Não é assim que tem que enxergar a sua relação com Deus e muito menos deve se culpar tanto por sonhar. Deus colocou isso em teu coração e te permitiu realizar, porque sabes que essa é a sua missão aqui. E é tão linda, por que achar que ela é um fardo? - ele se calou, comprimindo os lábios como quem denunciasse uma provável emoção e ainda sim, eu prossegui - Assim como qualquer outro relacionamento, o nosso com Deus é estabelecido dia após dia. A gente precisa estar constantemente cuidando desse laço e não perder a paciência, porque vale muito a pena.
Lucas: Eu sei que sim! - ele, enfim, me respondeu com a voz embargada - Eu tô tentando me agarrar á Deus de todas as formas, mas a mente é foda, cara, é foda!
Nina: Eu também sei disso, mas tenta lutar contra isso a todo momento, não deixa ela te controlar! Todo mundo pode perder um pouco da sanidade ás vezes, mas o que a gente é, é resultado do que pensamos. Não deixa sua cabeça invadir por coisas ruins ou negativas. Olhe para a sua vida com mais positividade! Tu vive aquilo que é o sonho de muito cantor que não consegue sair do bar ou daquele ator que não sai do teatro local. Tu é amado por milhares de pessoas em lugares que a gente nem sabe direito que existe. Tu tem uma família, um emprego... Guri, olha pra sua respiração. Se concentra nela por alguns segundos e vai vê que ela é linda. Ela é resultado da sua vida e não tem nada mais do que devas ser grato que isso - via seus olhos enchendo de lágrimas aos poucos e embora soubesse que eu era muito sensível pra aquela cena, eu não quis inibí-lo. Sabia que aquilo também era parte de sua vida e devemos despejar nossos sentimentos sempre que eles batem a nossa porta.
Pela primeira vez, quis ser o abraço que conforta e assim fiz esse gesto, deixando os nossos corpos bem juntos mais uma vez naquele dia. Dessa vez, eu quem senti as lágrimas do Lucas pelos meus ombros e acabei não contendo a minha emoção ao vê-lo tão garoto ali na minha frente. Sempre que conversamos, até aqui, eu quem acabava sendo a pessoa á mostrar o lado mais sensível, só que hoje eu entendia o quanto ele precisava daquilo. E eu deveria oferecer tudo de bom que eu carregava em mim, porque não precisava mais de provas para entender o quanto ele era especial. Desde o primeiro dia: aquela ligação entre nós não era a toa. Não dava para entender em qual momento eu me permiti afastar de uma energia tão capaz de me fazer bem, ainda quando ele pensava que não poderia me transmitir isso.
Lucas: Porra, Nina, cê tá chorando - ele falou quando se afastou, limpando a própria face, mas acabando por me fazer rir de sua reação.
Nina: Desculpa, mas meu coração é fraquinho para vê quem eu gosto chorando, sabia?
Lucas: É um bom sinal saber que cê gosta de mim... - ele voltou a usar o seu humor e aquilo me deixava contente... eu estava já vendo o Lucas que eu costumava ver ali em minha frente.
Nina: ... Ah que besta, olha o charminho - falei rindo, enxugando o meu rosto com as mãos, e fazendo ele rir junto.
Lucas: Vou te falar uma coisa... Não se afasta mais não, tá? Não vem fazer mais isso comigo! Eu fiquei muito puto, cara, de dá vontade de ir lá na tua casa perguntar qual era o teu problema - inevitavelmente, gargalhei.
Nina: Tô rindo, mas me sinto mal vendo tu falar assim... Eu não sou assim e se tem alguém que eu não queria fazer isso, esse alguém era você. Eu sei que já te pedi perdão, mas eu vou repetir isso muito ainda...
Lucas: Shhh... - ele trouxe o seu dedo indicador até os meus lábios e inevitavelmente, eu fechei os meus olhos - Cê num precisa mais pedir perdão de nada. Cê tá aqui. Pra mim, isso bastou.
Nina: E eu prometo... - abri os meus olhos, tentando organizar a minha respiração, mesmo parecendo ser impossível - ... Eu sempre vou estar.
Ele sorriu, talvez não esperando aquelas palavras minhas. Pelo menos, não naquele momento ou não vinda de mim, pela forma que eu o estava tratando nos últimos tempos. No entanto, ele também sabia que enfim me via como a Nina que conheceu. Estávamos despidos de qualquer armadura ou sombra; havíamos recuperado ali a leveza que era poder ser quem somos um a frente do outro. O silêncio fez sua presença entre nós e por um segundo, no meu inconsciente, brotou-se a ideia de aquilo podia ser razão para encurtar a distância entre nós. Eu conseguia até mesmo sentir a sua respiração mais próxima. Mas um pequeno barulho vindo do bolso do meu short foi capaz de quebrar tudo aquilo que o silêncio nos proporcionou.
Lucas: Seu celular? - ele perguntou com um meio riso entre os lábios, como quem tivesse achando graça daquela situação, enquanto eu puxava o aparelho do meu bolso.
Nina: Babi! - falei olhando o visor e vendo uma mensagem da minha irmã, perguntando se estava tudo bem. Respondi um está sim, já estou indo rapidamente e logo bloqueei a tela, voltando a minha atenção para o Lucas - Acho que já preciso ir!
Lucas: Ei, como assim? Cê veio fazer visita de médico, é? - falou em seu tom divertido, como sempre.
Nina: Quase isso! - deixei escapar um risinho - Mas é que eu também saí de casa e nem avisei direito pra onde eu tava vindo...
Lucas: ...Sua família tá aí? - ele me interrompeu.
Nina: Aham! Mas eles já tão voltando pra casa e inclusive eu também. Vou ter que ir pro Sul hoje, um amigo vai casar, aí já já é o nosso vôo. 
Lucas: Hm, entendi... Só por conta disso eu num vô reclamar, tá bom? Porque a senhorita tem horário.
Nina: Uhum, obrigada por ser tão bondoso - acabamos rindo juntos da nossa própria palhaçada e eu fui me levantando, enfim, ajeitando a roupa que estava.
Lucas: Vô lá embaixo com cê... Aproveitar que tamo falando em família, te mostrar meus pais - ele disse apoiando a mão nos joelhos e se levantando também - Aliás, eles já devem ter se apresentado, né?
Nina: Se apresentaram sim, antes de eu subir. Eles são muito novos, cara! - ele riu, pegando o controle pra desligar a televisão.
Lucas: Todo mundo se surpreende assim memo... Mas ainda sim, vô te levar lá na porta também.
Nina: Tudo bem, bora! - coloquei meu celular no bolso e nós saímos lá do quarto juntos, descendo as escadas e logo encontrando os pais dele lá na sala, sentados no sofá e entretidos com alguma coisa na televisão.
Lucas: Ôh gente! - ele chamou a atenção deles que logo se viraram para nos ver - Nina tá indo embora... Cês se conheceram, né?
Paulim: Conhecemos sim, filho! - ele respondeu num sorriso. Estava muito surpreso sobre o quão simpático ele conseguia ser - Já vai, Nina? - disse diretamente a mim, dessa vez.
Nina: Vou sim! Eu vou viajar daqui a pouco, não podia demorar mesmo. 
Lucas: Bora que eu vô te levar na porta, então!
Paulim: Foi um prazer conhecer você, viu? - disse acenando com a mão para mim.
Nina: Digo o mesmo aos dois... Obrigada, fiquem com Deus.
Karina: Vá com Ele cê também. Beijo! - sorriu e eu retribuí aquele gesto, dando mais um tchauzinho e seguindo o Lucas até a porta, onde ele a abriu para mim e me deixou sair, mas ainda ficou parado no batente, fazendo com que eu virasse para me despedir.
Nina: Vou indo, então, tá?
Lucas: Uhum. Obrigado por ter vindo! Além de ter sido bom pra ajustar todas as coisas, foi importante pra mim.
Nina: Não precisa me agradecer... E agora tu vai ficar sem jeito de desgrudar de mim - ri com o nariz
Lucas: E eu nem quero memo - falou passando o braço sobre os meus ombros e me puxando para mais perto, me abraçando forte, como sempre nos permitindo trocar aquela energia tão gostosa que envolvia nosso laço - Agora vai, antes que sua irmã ligue para o 190 ou cê perca esse vôo- rimos, assim que nos soltamos.
Nina: Nem brinca! Fica com Deus, tá? E qualquer coisa, tu pode me ligar.
Lucas: Pode ficar tranquila! E ah, boa viagem! - ele piscou para mim e eu acenei para ele, dando as costas afim de poder ir até o carro. 
O vi na porta até o momento que dei partida, dentro dele, então ainda buzinei e enfim, fui pelas ruazinhas do condomínio de volta a minha casa. Estava mais em paz por todas as coisas, não somente pelo lado egoísta em ter conseguido ajustar os ponteiros com o Lucas. Sentia-me melhor porque o via melhor também. Ainda que angustiado e visivelmente precisado de ajuda vinda de todos á sua volta, por alguns minutos, eu conseguia enxergar o cara alegre e tranquilo que eu conheci. Ainda existia um fio daquele menino atrás de um corpo perturbado e isso me deixava mais feliz - ele não tinha se perdido, era apenas uma adversidade que sempre acontecia na vida das pessoas. Cheguei em casa, enfim, estacionando meu carro em frente á minha casa e quando entrei na mesma, atrai os olhares da minha mãe e da minha irmã, que ainda estavam na sala.
Babi: O que que foi isso que aconteceu? - a ouvi dizer, enquanto ainda fechava a porta, com um tom claramente de cobrança de explicações.
Nina: Eu precisei sair... Mas agora acho que dá pra explicar melhor - falei colocando as chaves sobre o rack e indo me sentar no sofá, no mesmo que estava a minha mãe - Cadê o Jayme?
Daniela: Foi tomar banho e a gente também precisa fazer isso, né? Estamos já se enrolando - ela afirmou olhando a tela do celular, provavelmente checando a hora.
Nina: É verdade, mas deixa eu contar rapidinho... eu tinha ido lá no Lucas - vi a Babi franzir o próprio cenho - Vocês não seguem ele no instagram, né?
Babi: Eu sigo, por quê?
Nina: Ele postou um negócio falando sobre a ausência dele num show antes e acabou contando sobre problemas que ele tá passando... Não chega á ser uma depressão, mas é um tanto quanto parecido á isso, á uma síndrome do pânico. E tudo em função da rapidez que a vida dele mudou! Eu não sabia o que estava acontecendo com ele, mas senti que precisava ir até lá conversar, sei lá, dar a minha ajuda como ele sempre fez comigo.
Daniela: Meu Deus! Esse guri parece ser tão alegre! Uma pena! Ele estava em casa?
Babi: Nem tudo é como a gente vê na televisão né, mãe? - ela disse antes que eu respondesse a minha mãe.
Nina: Pois é! E tava sim... A gente acabou conversando também, ele me contou algumas coisas e acho que consegui fazê-lo ficar um pouco mais tranquilo, nem que fosse pelo pouco tempo que fiquei lá.
Daniela: Mas como tu não sabias disso, Nina? Vocês não são amigos?
Nina: Ah mãe... - disse encarando a Babi - A gente tinha se afastado...
Babi: ... Por minha culpa? - ela me interrompeu, arregalando os olhos, quando percebeu que eu havia dito aquilo a encarando.
Nina: Não, por minha mesmo. Eu não falei nada, porque sei lá, mas alguma coisa dentro de mim quis que isso acontecesse. Só que da mesma maneira, hoje, alguma outra coisa me implorou para ir saber como ele tava. Eu já contei o tanto que o Lucas me ajudou assim que me mudei pra cá! Ele mal me conhecia, mas a gente teve uma afinidade muito forte.
Daniela: Eu percebi que tu estavas falando menos dele, mas não imaginava que tinham se afastado. Sabes que não pode ter ingratidão com um tipo de pessoa dessa! O mundo carece de gente assim!
Nina: Aprendi contigo! Por isso fui até lá.
Babi: Fez mais do que certo! Independente do que tenha sido essa coisa que tenha te afastado dele, tu tens uma troca de energia surreal com ele. Só pelas coisas que eu lembro de ti contando quando veio pra cá dá pra perceber.
Daniela: Eu assino embaixo disso! Não tem porquê tu se afastar de um guri de coração tão bom contigo...
Nina: Eu sei que sim, eu percebi isso. A gente conversou também, como deu, acho que tá tudo certo.
Daniela: É isso mesmo! Tu não podes perder a chance que o mundo tá te dando de estar perto de mais uma pessoa de aura boa - ela pausou, ajeitando o próprio cabelo - Falando nisso, eu quero conhecê-lo também, viu? A mãe aqui gosta de estar perto de quem trata minhas pupilas bem - falou rindo e nos fazendo rir também.
Nina: Da próxima vez que vocês vierem aqui... E falando nisso, tá na hora da gente se arrumar, né?
Babi: Exatamente! Vamo logo que se a gente perder esse vôo...
Daniela: ... Não completa a frase, é melhor! - ela se levantou, com toda aquela leveza de sempre, o que nos impulsionou a fazer o mesmo.
Passei para o meu quarto, enquanto as via se dispersar pelo corredor e lá fui me arrumar, enfim. Depois do banho, optei por colocar uma saia midi lápis, que tinha um jeans bem claro, e uma camiseta curta, de mangas baby look, rosa. Pus alguns acessórios, terminando aquilo com um óculos de Sol, e assim que me perfumei, vesti minha rasteirinha para me sentir completamente pronta. Aproveitei que tinha pegado meu celular para saber sobre a Ananda, o Filipe e o Paulinho - que iriam conosco e se hospedariam lá em casa, depois de muita insistência da minha mãe - e tentei ligar para o seu Oswaldo também, quem me atendeu na segunda tentativa e já o chamei para que fizesse nossa corrida até o aeroporto. 
Saí do meu quarto com todas as coisas que levaria em mãos e quando cheguei na sala, já conseguia vê todo mundo pronto, apenas de olho nas últimas coisas que faltavam. Avisei que já tinha pedido o táxi, desligamos todas as coisas da casa, antes de fechá-la e dessa vez ficamos esperando o seu Oswaldo dentro do condomínio mesmo, em função das malas. Enquanto todos conversavam por ali, eu respondi as mais mensagens que recebia, curti algumas publicações á mim no instagram - de amigos próximos - e ficava sabendo sobre o paradeiro do pessoal que também estavam indo pro aeroporto. Quando seu Oswaldo chegou, nos ajudou á colocar as malas no carro - e por a minha mãe ter falado, ele ainda me deu um abraço de feliz aniversário antes de entrarmos no táxi - e enfim, partirmos até o aeroporto. O condomínio não era nada longe de lá e como, por uma sorte, não pegamos tanto trânsito assim, conseguimos chegar bem rápido. Seu Oswaldo, com sua extrema gentileza, mesmo com a minha insistência, não deixou de maneira alguma que pagássemos a corrida por conta do meu aniversário, e depois de sairmos mais agradecidos do que nunca, não demorou além de cinco minutos para que achássemos o Paulinho acompanhando o Filipe e a Ananda ali no aeroporto, próximo ao movimento das lojas.
Ananda: Parabéns, amiga! - ela veio logo me abraçando, mesmo que no meio do saguão, e eu retribui toda aquela intensidade, sem nem prestar atenção nas outras pessoas ali se cumprimentando. De fato, Ananda tinha sido um dos grandes presentes que o último ano e todas essas mudanças haviam me trazido - Eu já te falei em um milhão de mensagens hoje, mas você merece muito ouvir palavras boas. Não tem base pro quanto eu te admiro!
Nina: Linda! Obrigada - demos beijo uma no rosto da outra e o Paulinho já estava logo atrás, me abraçando tão forte quanto.
Paulinho: Feliz aniversário, Califa's! Tu sabe tudo que eu desejo pra você, né?
Nina: Aham! E te desejo o dobro, pode ter certeza - estiquei meus pés para dá um beijo na bochecha dele, mas logo fomos interrompidos pelo Filipe.
Filipe: Ou, o vôo vai sair, passa aí logo - falou nos fazendo gargalhar, enquanto dava um leve tapa na bunda do Paulinho.
Nina: Chegou o insensível, né?
Filipe: Insensível nada, vou te dá um parabéns na moral - falou rindo, causando isso em mim e logo me abraçando - Parabéns, lindona! Que Deus te guarde sempre, sempre. Amo você.
Nina: A Califa's girl também ama - disse gargalhando e acabou que todo mundo ali que estava junto conosco riu.
Jayme: Agora vamos, né? Senão o vôo sai mesmo - falou mantendo aquele astral de risada entre nós, mas de fato, nós fomos para fazer logo os nossos check-in e pelo horário, praticamente, nem esperarmos na sala de embarque. Rumo á Santa Catarina, lá estávamos indo nós! 
Depois de um pouco mais de duas horas de vôo, nós chegamos lá no prédio por volta das 18:30, depois de sermos deixados por dois táxis - número único que faria caber todo mundo até lá. Pagamos, respectivamente, nossas corridas e entramos no prédio em que morava a minha mãe e a Babi, logo sendo paradas na portaria pelo moço que estava lá a trabalhar.
Porteiro: Dona Daniela... - ele disse chamando a minha mãe, mas logo mudando a feição ao meu vê - Ah, tu também tás aí! Chegou encomenda para o apartamento de vocês, mas está em seu nome... Marina Barsanti - disse lendo o pequeno papel que tinha lá de uma cesta de flores acompanhada de uma pequena caixa retangular.
Nina: Eita, para mim? - falei sendo pega completamente de surpresa - Ai, sem nem como vou segurar isso! - ri, toda boba, e ainda sem nem imaginar de quem poderia ser.
Paulinho: Deixa que eu ajudo, vai - falou ao me vê pegando a caixa e segurando a cesta para subir pra mim, até por toda meu atrapalho entre as malas também.
Daniela: Obrigada, viu? - falou diretamente ao porteiro, que sorriu assentindo com a cabeça, e a gente foi passando pelo corredor até o elevador quase em comitiva pela quantidade de pessoas.
Filipe: Mais estranho do que ouvir alguém chamar a Nina de Marina é só o que esse povo que mora aqui vai pensar ao vê essa cabeçada toda chegando no prédio - nos fez gargalhar ali mesmo, enquanto esperávamos.
Babi: Pessoal vai pensar que eu e minha mãe tamo levando a galera do arrastão pra casa
Jayme: Eu já sou quase de casa, nem vem.
Nina: Eu sou de casa! - falei com expressão óbvia.
Ananda: Tá querendo dizer que a gente, nós três com essas pintas de modelo, vamo ser considerado galera de arrastão?
Paulinho: É isso, Nandinha, bota moral memo... Só gato aqui, tamo até familiarizado já com as belezas do Sul, nem parece que a gente num é daqui.
Daniela: Ai meu Deus! - minha mãe dizia gargalhando - Já tô vendo que virá um final de semana de muita loucura... Vamos lá! - falou segurando a porta do elevador, que se abria, para a gente poder entrar lá.
Subimos rindo e muito, obviamente, até chegarmos na nossa casa, onde mais uma vez foi minha mãe quem abriu a porta e deixou para a passagem de todos, soltando aquele bem vindo todo satisfeito dela, que sempre foi a pessoa que mais amou recebeu visitas. 
Nina: Nossa, gente, eu quero muito saber quem foi que mandou isso... - falei vendo o Paulinho colocar a cesta sobre o rack e eu me aproximei, fazendo o mesmo com a caixa.
Babi: Todos nós, Nina, vê aí, por favor - disse rindo e causando isso em mim.
Nina: Vou ver, vou ver - fui logo pegando o envelope que tinha sobre as flores e sorriso não saía dos meus lábios pela maior surpresa ao descobrir quem tinha mandado - Gente, foi o Mineirinho! Que coisa fofa! -  falei sem prestar atenção na reação deles, tratando de ler logo, da maneira que deveria, o que estava escrito por lá.

"Feliz aniversário, Nina!
Que você seja muito feliz e sempre guiada pelo seu coração que hoje bate no Céu. Que você tenha muita saúde para desfrutar de longos anos conosco. Que você tenha muita paz para continuar passando ela as pessoas ao seu redor. Que você tenha muito sucesso, pois, além de tudo, tem um potencial para ir muito longe.
Você é uma mulher guerreira, de luz e eu tiro a sua data para agradecer por tudo. 
Te agradeço, mais uma vez, por toda força que me passa ainda quando as tuas faltam, por toda torcida que dedicou a mim e por pedir pro Rafa me iluminar na minha grande conquista. Você estava lá para testemunhar e isso me deixou muito feliz.
São desejos pra sua vida não só meu, como da Pati também, que te admira imensamente e me deixou ainda mais ciente que não poderíamos deixar essa sua data passar em branco depois de vivermos um ano como o de 2015.
Estamos esperando você para que comemore o seu dia junto á nossa celebração de união.
Com amor, Adriano e Patrícia"

Meu coração estava batendo acelerado e os olhos marejados com aquelas palavras. Sem falar nada ainda e com certa dificuldade por tentar fazer isso com o bilhete ainda em mãos, abri a caixinha - sem conseguir agora segurar as lágrimas - e me deparar com um porta retrato onde tinha uma foto minha, dele, da Patrícia e do Rafael, na praia de Pipeline, no Havaí, em 2014. A amizade que eles dois tinham era algo tão forte que eu não conseguiria explicar para ninguém! O Mineirinho, no dia do título, me fez presenciar o dia mais lindo da minha vida e me fez ter certeza do quanto o Rafael ainda habita por perto, desta vez iluminando, quem ele ama. Para completar, hoje ele e a Patrícia ainda iriam se casar e eu não conseguiria descrever paz maior para aquele dia.
Nina: Meu Deus, sem palavras! - falei colocando as coisas sobre o rack e eles olharam, como podiam, para tudo aquilo.
Daniela: Essa foto tá linda mesmo... - falou chegando ali ao lado, pegando porta retrato em mãos, o observando.
Filipe: Mineirinho pegando pra escrever é o poder do título - disse causando risos em nós.
Nina: Aposto que contou com uma breve ajuda da Patrícia, mas tá tudo tão lindo que nossa, nem vou pensar nisso.
Ananda: E nem precisa, porque que surpresa linda, né?
Nina: Nem fala, eu tô muito de cara! Ainda mais pelo dia de hoje, né? Imagina a correria que tá lá pro casamento.
Paulinho: O Adriano é um mlk bom, coração gigante memo, tem muita gratidão pelos outros... o esperado!
Daniela: E por toda a amizade dele com o Rafa, né? Não dá para esquecer o dia do título dele.
Nina: Não mesmo! E hoje vai vir mais um dia inesquecível pela frente.
Ananda: Com certeza! Falando nisso, vamos se arrumar, não é?
Filipe: É verdade, senão a gente fica ainda mais atrasado...
Nina: Vamos, vamos sim! Vou só tirar uma foto disso aqui, pra agradecer e já vou me arrumar também.
Daniela: Vou adiantando vocês e mostrando onde vocês vão poder se acomodar, para poderem ficar mais a vontade... Venham! - disse para o Filipinho, o Paulinho e a Ananda - essa que iria ficar no meu quarto por conta do espaço e tudo mais, mas a minha mãe com certeza a levaria lá também.
Enfim, me desliguei daquilo e tratei de pegar o meu celular, tirando-o do modo avião para em seguida bater uma foto de toda aquela coisa linda que estava sobre o rack de casa. Se eu pudesse, ficaria ali encarando aquela surpresa e imersa em todas as lembranças que me trazia por toda a noite, sem sombra de dúvidas. Quando o sinal retomou, enviei diretamente ao instagram, sem editar muita coisa, apenas pensando numa legenda boa para acompanhar.
@ninabarsanti O que você pode acreditar é que sou eu quem tenho que agradecer por tudo que você fez e faz pelo Rafael ainda, além do apoio e carinho que me oferece desde então. Muito obrigada por não ter esquecido do meu aniversário nem mesmo nesse dia especial para ti. Aproveito para desejar a vocês, @adrianodesouza e @patriciaeicke, uma noite lindíssima de sonhos e uma vida recheada de amor. Vocês merecem! 
E com essa imagem incrível da surpresa que recebi assim que pisei na minha casa, estendo aqui minha gratidão á todos que reservaram uma parte do tempo para me desejar algo bom. God bless all!
alexialima Você tá no Sul? Vai pro casamento?
gabsaraujo Que foto linda! Você merece muito! Guarde-a com carinho.
marjorieteixeira Feliz aniversário, Nina, Jah bless!
rosangeladaher Me lembro desse dia, que lembrança feliz!
surfilipe Acho lindo toda essa amizade do Mineirinho com o Rafa. Ele abençoa mto!
ricardoalmeida Vc merece todo esse amor! E vc, @adrianodesouza, campeão em todos os aspectos!
dudacarvalho Parabéns, menina super especial!
vilhenap Fodaaaa!!!
gio_ewbank Parabéns, gata! Papai do Céu te abençoe mto!!

[...]
Domingo amanheceu e eu acordei com certo pesar de preguiça no corpo, algo que era absolutamente normal após um dia intenso como o anterior e com uma festa daquelas pra fechá-lo, ainda por cima. O casamento do Mineirinho e da Patrícia havia sido incrível e eu não tenho outra palavra para descrevê-lo. Lá pude agradecer pessoalmente ao casal pelo presente que me deram, além de poder reencontrar inúmeras pessoas que conheci ao longo dessa vida com o Rafael e enfim, pude curtir uma festa que de certa maneira, também foi a comemoração do meu aniversário na minha concepção.
Sem indícios de que eu conseguiria dormir de novo, me mexi ali sobre a minha cama e do o outro lado dela - quase caindo, inclusive - a Ananda ainda dormia bem relaxada, com quem não iria acordar nem tão cedo. Então, eu decidi me virar cuidadosamente para o meu criado mudo, afim de pegar meu celular. Confesso que não estava nem um pouco afim de levantar agora e sim, permiti me dá a esse luxo. Surpreendentemente, tinham milhares de notificações na aba do meu celular a ponto de me assustar, mas como eu imaginei ser bem sobre o casamento do Mineirinho e da Patrícia, eu resolvi ir ao whatsapp primeiro - porque eu me lembrava bem que tinham algumas mensagens de felicitações lá que me mandaram a noite e eu não tinha respondido ainda. Fiz isso com um lapso de curiosidade me atordoando: tinha visto que a mensagem mais recente das minhas conversas era do Lucas e respondi todas com certa pressa, para poder me perder lá. Quando consegui abrir, olhei o horário que datava de 07:38, há praticamente uma hora e meia atrás e fui logo lendo aquela sequência de mensagens.
"Eu tô falando sério... Quem é vc?
Garota, n é normal existir alguém assim!
ONTEM FOI SEU ANIVERSÁRIO
E VC NÃO ME DISSE NADA!!!!!!!
Esteve aqui o tempo e... nada
Sério, n tô acreditando!
Queria ter te abraçado direito e ter te dado
parabéns, sabia?
Fiz isso pelo insta, inclusive
Espero que n se incomode
ps: e nem tem direito de se incomodar, pq eu 
que tive que descobrir sozinho que era seu 
aniversario ;p"
Fiquei rindo daquela mensagem e imaginando a cara que ele devia estar. Muito provavelmente, descobriu que era meu aniversário pelo instagram - se foi olhar alguma postagem minha - e então decidi ir correndo no dele. A propósito, assim que abri a postagem, entendi de cara o porquê da confusão que estava na minha conta: Além de tá ganhando novos seguidores, estava sendo muito mencionada nos comentários. Mas nada daquilo conseguia chamar mais a minha atenção do que a foto que estava lá... Era uma do ensaio que eu fiz em Grumari, que ele estava comigo, e que eu tinha enviado á ele. Se não tivesse num surto de auto estima, ele ainda tinha guardada aquela foto e acabou por escolhê-la a postar, visto que eu realmente não me lembro de termos alguma juntos. Joguei meus pensamentos para lá e fui ler todo o texto que tinha abaixo dela, escolhendo responder o que queria até da mensagem do whatsapp que ele havia me mandado, num comentário ali mesmo.
@lucaslucco Eu tô bem atrasado, né? Mas vou registrar aqui também que a "culpa" é sua. Você é dona de uma doçura tão única, de um coração tão incrível, que eu consegui compartilhar o meu dia com você, sem ao menos saber que ele era teu. Você veio tentar curar as minhas dores, me oferecer as palavras que eu precisava, cuidar de mim com toda essa forma genuína de mulher que tem e então, eu nem percebi. Era dia de comemorar a sua vida, mas você ainda sim se preocupava mais com a minha.
Isso é raro... Nina, você é raridade! Por isso eu quero pedir para que Deus abençoe muito a sua vida. Que Ele te dê mais força, mais sorrisos e mais essa leveza extraordinária que você tem em vê o lado bom de tudo. Hoje, mais do que nunca, sei que sou privilegiado por ter te conhecido. É pouco tempo, eu sei, mas "intimidade é energia", não é mesmo? Então, meus parabéns! Obrigado por ser meu aprendizado diário,@ninabarsanti um beijão!
barbarabatista Com a leve impressão que a gente perdeu, miga @jessicacunha
tuannemattos Quem é essa?
vicsouza Meu Deus, que coisa linda foi essa que vc escreveu? Quem é essa sortuda?
forlucco Só sei que isso tá sendo bons sinais que Lorena está indo embora
brumendes_ CIUMES!
worldlucco Quem é ela, pelo amor de Deus?
ilylucco Eles são só amigos, gente, ela era namorada do Rafael Daher.
robertasoares Estão namorando???
withlucco Impossível não sentir ciume dessa mulher, que gata é essa seu Lucas?
luccosincero Quando foi que você passou a escrever lindo assim? Tô em choque
sergiorocha Tá fraco em Lucas... Kkkkk
raissaribeiro Só entrar no insta dela que vocês vão vê que a chance é zero dele tá pegando ela.
ninabarsanti Me sinto extremamente feliz em ler essas palavras, porque não é a data que importa, mas sim a verdade que tem por trás disso. Pode acreditar que você atribui á mim uma doçura que cabe muito a ti! Eu te admiro tanto, mas tanto... És um ser humano lindo! Obrigada por tudo, desde então. Bjo grande, Deus te cuide!
Meu coração se preencheu rapidamente de paz e um sorriso pousou entre meus lábios com pinta de quem não queria sair nem tão cedo. Poucos foram os dias que eu nem precisei da Yoga para me sentir assim. Mas hoje eu estava... E em suma, poderia assumir: Se devia a um único nome - o de Lucas. Depois daquela postagem dele e com a tranquilidade que me invadiu vindo disso, optei por me levantar - até mesmo a preguiça tinha cedido espaço á outros sentimentos. Ajeitei minha roupa de dormir, ali pelo quarto, prendi meu cabelo e passei no banheiro para fazer minhas higienes pessoais rapidinho, passando pela sala e vendo minha mãe sentada no sofá, fixada na televisão, com uma xícara de café na mão e com uma roupa de treino.
Nina: Bom dia, mãe! - disse chamando sua atenção, que entortou levemente a cabeça para me vê.
Daniela: Bom dia, filhota! - sorriu docemente para mim e eu me coloquei entre os sofás, deixando com que ela me visse em uma posição confortável.
Nina: Ninguém acordado, é?
Daniela: Nadinha! - falou rindo - Acho que fostes a primeira depois de mim!
Nina: Tu parece que já tá acordada desde cedo, né? Que roupa é essa?
Daniela: Que nada! Só deu tempo de fazer isso mesmo... - falou fazendo referência ao café - Tô na expectativa de um gás a mais com essa cafeína, pegue um pra ti também! Vamos fazer yoga?
Nina: Ai, não creio! Eu tô morrendo de saudade de praticar contigo - disse visivelmente empolgada - Vou tomar café depois, acho que vou logo vestir uma roupa melhor, né? - falei rindo, olhando pra minha roupa de dormir.
Daniela: Tudo bem! Mas cuidado para não acordar a Ananda, hein, Nina!
Nina: Pode deixar... - sorri para ela, permitindo que voltasse sua atenção ao que estava assistindo na televisão e eu fui para o quarto, entrando lá e tentando ser o mais silenciosa possível.
Como nunca viajava sem pelo menos uma roupa mais a cara de treino - exatamente por conta de ter um rompante de praticar yoga ou fazer uma corridinha - consegui achar a que havia trazido lá dentro da minha mala e vestí-la. Fiz tudo bem quietinha e me comportando tão bem que a Ananda mal se mexeu na cama, o que me fez sair tranquila de que não tinha a atrapalhado. Quando passei pela sala não vi mais minha mãe por ali, então decidi ir direto ao canto da casa que era designado á isso: O último quarto do corredor, quase nos fundos do nosso apartamento. Não era amplo e nem mesmo o mais iluminado, mas minha mãe tinha um cuidado tão grande com ele que a cada vez que vinha aqui, me apaixonava mais. Inclusive, estava fazendo isso nesse exato momento! Ela estava lá, ajeitando os tapetes, deixando a música ambiente bem baixa já ligada, assim como as pequenas luzes e o freixe que entrava da persiana entreaberta. 
Nina: Estou prontinha, meu amor! - falei, enquanto encostava a porta e percebi que ela passava a me dar toda a sua atenção.
Daniela: Vais ficar prontinha, né? Só ficamos assim depois da prática.
Nina: Ah sim, isso sim! Então vamos logo começar esse domingo... - continuei em tom divertido, mas logo me pus no tapete ao seu lado pra começarmos nossa prática juntas.
A Yoga apareceu na minha vida na altura dos meus dezessete anos e todas as mudanças que isso me trouxe foram tão significativas que pouco tempo depois, minha mãe aderiu e compartilha até hoje essa paixão comigo. Mesmo sendo adeptas á ir ao estúdio aqui em Balneário também, bem pertinho de casa, como as aulas não aconteciam todos os dias, ela fez por si própria um cantinho para ampliar essa paz, tornar algo da nossa rotina de verdade e eu fui ajudando a aperfeiçoar cada lado disso aqui. O astral que isso envolve é algo tão grande que a Babi foi outra que, embora não seja tão apaixonada e não praticante há tanto tempo quanto eu e minha mãe, virou adepta de fazer isso alguns dias aqui como companhia dela, principalmente depois que eu me mudei para a Califórnia. Isso era a nossa válvula de escape, mas também o início de muita coisa. Aprender sobre a própria respiração, a importância do tempo presente e descobrir que nós somos capazes de controlar a própria mente, aquela voz do eu interior que vive a nos desestruturar ou tentar impôr limites ao nosso corpo são ainda pouco dentre as outras coisas tão fantásticas que eu poderia citar como aprendizado. Pra mim, o hábito da yoga deixou de ser somente uma prática e tornou-se um guia, capaz de me mostrar muito além daquilo que os olhos nos permitem. E, bom, não existe nada mais gostoso do que estar plena consigo mesmo e poder acreditar se você exalar boas energias, somente elas voltarão á você. O maior poder da vida está nessa roda gigante onde a gente não precisa pedir ou implorar por nada; retorna á nós exatamente aquilo que doamos. Ficamos quase uma hora juntas ali, deixando nossa mente e nosso corpo completamente focado naquilo ali, e poucos minutos após terminarmos, enquanto papeávamos, vimos a Babi adentrar a sala, parando na batente da porta ao chamar nossa atenção.
Babi: Bom dia, yoga's girls - disse naquele tom sempre divertido dela.
Nina: Bom dia, mana!
Daniela: Bom dia, filha! Tás faltando alguém aqui, não acha não?
Babi: Acho sim e minhas costas também! Tô com uma dor que tá puxada, acho até que vou fazer mais tarde mesmo...
Daniela: Faz sim, tu sabes que vai melhorar rapidinho. 
Nina: Se tivesse chegado aqui cinco minutinhos antes, a gente estendia por você.
Babi: Mais tarde eu faço, mana, sem problemas! Agora sabe o que eu posso fazer? Tirar umas fotos pra vocês, se quiserem... Isso aqui tá lindo demais, hein!
Daniela: É o tempo que tá contribuindo! Pouco Sol faz ficar essa claridade mais fraca, acho que fica mais bonito assim.
Nina: Eu também! E curti a ideia das fotos, Babi! Só que não queres sair não?
Babi: De roupa de dormir? Prefiro ficar atrás das câmeras - rimos
Daniela: Então batemos nós duas - disse olhando diretamente a mim - Vamos fazer algumas asanas?
Nina: Simmm! - concordei animada. A gente gostava muito de se fotografar, como meio de guardar as recordações de cada dia que passamos, e isso nos incentivou a estender um pouco mais do tempo ali, voltando aos tapetes e tentando algumas posições do acroyoga para que as fotos saíssem melhores.
A Babi foi batendo as fotografias através do meu celular mesmo, que estava ali em cima, e eu e minha mãe fizemos poucas poses, mas ainda sim o suficiente para ficarem lindas - e nos trazerem muita diversão até alcançarmos o equilíbrio para tais e sustentar o tempo para, pelo menos, sermos fotografadas. Quando terminamos, dessa vez de verdade, ali, saímos as três juntas, recolhendo somente os tapetes antes, e logo que chegamos na cozinha, vimos o Paulinho com uma cara de, não só quem tinha acabado de acordar, como quem tinha chegado ali agora.
Paulinho: Que susto, mano, eu jurava que nem vocês estavam acordadas ainda... E isso só teria acontecido se eu tivesse num mundo paralelo - falou nos fazendo gargalhar, sendo capaz de ter um bom humor ímpar ainda que de manhã - Bom dia, meninas!
Daniela: Muito obrigada pelo meninas, Paulinho! Irei até arrumar a mesa do café com mais amor... - ouvimos ele rir e minha irmã o cumprimentar.
Paulinho: Precisa arrumar nada pra mim não, Dani, como aqui mesmo, tá tudo certo!
Daniela: Que isso, arrumo rapidinho! Elas também não tomaram café e ainda tem o Filipinho e a Ananda para levantarem, né?
Paulinho: Acho que sim! Eles não estão por aqui...
Nina: Então é isso! Eu também preciso tomar café, vamos que eu te ajudo, mami.
Babi: Vamos fazer o mutirão, então, pra essa mesa ficar pronta mais rápida - rimos, logo ajudando minha mãe - que já tinha preparado o café - a dispôr as coisas sobre a mesa, onde não demoramos nada para nos sentar e começar o nosso café. Aproveitei também que o meu celular vibrou, enquanto deixava que eles se servissem em minha frente, e o peguei para responder a mensagem do meu pai que tinha lá, depois abrindo nas fotos que a Babi tinha tirado minha e da minha mãe para vê como estavam.
Nina: Tu foi promovida á fotografa, Babi! - falei virando para ela, completamente animada.
Babi: Não disse que iam ficar boas? A luz lá tava favorecendo demais.
Paulinho: Cadê? Que que cês aprontaram?
Nina: Yoga - disse rindo, mostrando o celular para ele, que estava bem ao meu lado na mesa.
Paulinho: Caramba, que top! Dani tira muita onda memo, que isso! 
Babi: Minha mãe aumenta cada dia mais esse cordão de puxa saco - falou, trazendo gargalhadas á nós na mesa.
Daniela: Para com isso, Babi!
Paulinho: É mesmo, é tudo realidade né? Pode se gabar aí, Dani - disse rindo
Babi: Ai gente, mudando de assunto... Que horas é o vôo de vocês, Paulinho?
Paulinho: Daqui a pouco, pô! Falando nisso, vou terminar aqui e acordar a Ananda e o Filipe, senão a gente perde tudo e eu me ferro.
Daniela: Não estou nem acreditando que todos vocês já vão embora hoje!
Paulinho: Pois é... Eu, pelo menos, queria ficar, mas o dever me chama, né? Fazer o quê! Prometi a minha comadre que ia na peça que ela está fazendo hoje, lá em Niterói. Aí vou aproveitar e levar o casal! - ele pausou por conta da sua própria alimentação - Você também vai hoje né, Nina?
Nina: Voltar pro Rio? Aham! Só que vou mais tarde, vou almoçar com meu pai já já também.
Babi: É verdade! Ele te mandou alguma coisa hoje?
Nina: Aham, perguntando se a gente ia mesmo.
Daniela: Aí lá vai minha casa ficar vazia de novo... Ai, eu prefiro vocês aqui! - ela disse num tom de lamentação.
Nina: Eu volto já, mãe! Até porque vou ficar de férias também, assim eu espero, né?
Paulinho: Opa, então aí a gente marca que eu volto também, tô podendo? - disse virado para a minha mãe.
Daniela: Claro que pode! Marquem todos e passem quantos dias vocês quiserem aqui com a gente, poxa, eu vou adorar!
Babi: Eu também! Podem vir mesmo.
Paulinho: Então tá tudo certo! - pausou - E vem cá, Nina, tu vai pra Califórnia algum dia desses, se ficar de férias? Filipinho falou que vai voltar final dessa semana, porque em fevereiro eles já vão pra Austrália, né?
Nina: Ele comentou isso comigo mais ou menos, só que a gente ficou de conversar direitinho. Mas eu tô querendo, sabia? Tô morrendo de saudade de lá, do meu cantinho... - falei quase que suspirando. Inegavelmente, minha vida norte americana também me fazia uma falta tremenda! - Só que eu não sei se vou embarcar com ele, se vou deixar pra ir depois... Depende de como vai ser esses dias lá na agência, né?
Babi: A Ananda disse que é quase certo eles darem férias pra vocês...
Nina: Pois é, tô contando com isso também! Se for assim, a gente só volta a ficar disponível pra campanha depois do Carnaval, ou seja, vou ficar bastante tempo de bobeira. Aí posso pensar em ir logo com o Filipinho pra Califa e depois passo meus dias aqui com vocês - falei encarando a minha mãe e a Babi.
Daniela: Tu quem sabes, filha! Vê como vai ser essa semana e a gente vai conversando para decidir isso.
Nina: É verdade! Não tem muito como decidir agora.
Tomamos café num clima extremamente agradável e assim que terminamos, o Paulinho foi realmente acordar a Ananda e o Filipe, preocupado com o horário do vôo deles. Como a mesa persistiria ali para que o casal pudesse tomar café, minha mãe e a Babi logo se acomodaram pela sala, enquanto eu fui até o banheiro, apertada para fazer xixi. Assim que voltei ao cômodo, ainda estavam só elas duas e a voz da Babi logo voltou-se para mim.
Babi: Mana, tu viu que linda a postagem do Lucas pra ti?
Nina: Sim! - respondi animada. Eu, verdadeiramente, ainda não tinha superado aquelas palavras tão bonitas - Me surpreendi, foi um presentão.
Babi: Nossa, esse guri é bom mesmo com as palavras! - falou rindo e a minha mãe logo entrou no assunto.
Daniela: Eu quero ver! Não vi nada...
Babi: Aqui, vou te mostrar - ela disse focada no celular, como quem tivesse voltando aquela postagem.
Nina: Mostra pra ela aí que depois eu quero saber o que tu achou, mãe - falei pegando o meu celular que ainda estava sobre a mesa do café - Enquanto isso, eu vou ligar pra ele! Foi até bom tu ter falado disso...
Babi: Pelo amor de Deus, tu ainda não agradeceu?
Nina: Só por comentário... Mas agora eu vou ligar.
Falei sem nem ouvir se ela tinha respondido alguma coisa, visto que logo me direcionei a varanda com o aparelho em mãos e tentando ligar para o Lucas. Acomodei os meus cotovelos sobre o peitoril, viajando os meus olhos na visão que tínhamos da praia, e logo a voz do Lucas apareceu como resposta da chamada.
Lucas: Nina? - ele já atendeu como quem tivesse lido o meu nome no visor, do outro lado.
Nina: Oi! Bom dia! - falei sorrindo, sem perceber.
Lucas: Bom dia! Como é que tá a aniversariante que não me conta do próprio aniversário? - ri já daquele drama que ele fazia em segundos de ligação.
Nina: Querendo te agradecer, como sempre.
Lucas: Ah não, Nina, não começa! - falou rindo.
Nina: É sério! Eu me lembro muito bem que uma vez te disse que tu podia ser poeta e tu me disse que estava longe disso.
Lucas: O exagerado entre nós dois sou eu, né? - rimos
Nina: Não, é sério, eu precisava te ligar. Na verdade, precisava te agradecer pelas palavras pessoalmente, mas como não dá, esse é o meio melhor. Obrigada mesmo pela postagem, viu?
Lucas: Cê merece e não imagina o quanto! Só escrevi o que tem demais aqui no coração por você... - sorri com aquela última frase. Lucas, ultimamente, estava virando craque em conseguir despertar sorrisos involuntários em mim.
Nina: Obrigada, de verdade - falei, percebendo que não tinha mais tantas palavras assim - Aliás, posso te fazer uma pergunta... Tu guardou a minha foto, é, guri? - ouvi-o rir lá do outro lado.
Lucas: Claro que sim! Existe alguém que tem coragem de apagar aquela foto da galeria? - senti meu rosto ruborizar e certamente se ele estivesse em minha frente, estaria achando graça naquele momento.
Nina: Ôh, meu Deus! - disse rindo, afim de ocultar a timidez.
Lucas: Me conta aí... Como foi o finalzinho do aniversário? Cê tinha um casamento pra ir, né?
Concordei e comecei a contar para ele como havia sido a festa. Ele sempre se empolgava e verdadeiramente se interessava pelas as coisas da minha vida, pelas coisas que eu fazia. Aproveitei a chamada também para saber se ele estava melhor, como estavam as coisas por lá e ele realmente me parecia bem. A sua voz já denunciava isso e me deixava muito mais tranquila. Ele me contou sobre tudo o que queria, dividiu a felicidade sobre o seu irmão está chegando ao Rio de Janeiro também e a conversa se estendeu bem mais do que eu mesma planejava. Mas para ser franca, não dava para sentir. Tudo era tão bom que o tempo parecia voar. 
Logo que desliguei o telefone, involuntariamente, coloquei-o sobre o meu peito. O meu coração batia acelerado, porém por mais contraditório que isso soasse, eu me sentia em paz. O domingo ainda não tinha chegado em sua metade e eu já poderia considerar aquele dia completo.

Recadinho: Oi meninas! Aí está a parte dois do capítulo 10! Como disse á vocês, no último e nesse foram os que mais sofreram mudanças e eu verdadeiramente espero que vocês tenham gostado. Continuem contando e me empolgando sobre o que estão achando da história e em breve, tô de volta trazendo mais um capítulo. Só uma perguntinha pra fazer: Dá pra não sentir cheirinho de paixão? Hahahaha. Beijo grande e boa semana!
Observação - Teve uma pessoa que me perguntou em qual capítulo eu havia parado, da primeira vez, e a resposta é 19. Já já estamos chegando nos inéditos, graças á Deus!

8 comentários:

  1. O que falar desse capítulo? Céus, eu terminei lendo sem fôlego! Amei cada linha que vc escreveu, Gabs! Nossa, mal posso esperar pelos próximos, arrasou! Acho que ler a primeira vez não foi tao emocionante quanto essa. Amei demaisss, demais. Bjbjbj e continua logo, por favorzão =D

    ResponderExcluir
  2. Respondendo ao seu recadinho, tenho certeza que uma dessas pessoas quem perguntou foi eu. E pude perceber uma coisa: você cortou a parte do casamento do Mineirinho. Te digo que ficou bem melhor assim. E eu já estou sentindo cheirinho de paixão real aqui viu? Como sempre shippando antes da hora. Para finalizar meu comentário... Que nós possamos ter uma semana abençoada. Beijos Gabs!

    ResponderExcluir
  3. Ai mds, eu chorei, fiquei ansiosa, e o que o lucas postou pra nina foi muito lindo, to super hiper ansiosa pra o próximo capítulo ♡♡♡

    ResponderExcluir
  4. arrasou! fantastico esse capítulo... sintonia pura, muito amor por essa história <3 beijos

    ResponderExcluir
  5. Ai mdsss quando penso que você não pode arrasar ainda mais no capítulo você vem e supreende
    Você arrasa demais Gabi 💗
    Me emocionei lendo o capítulo, como já disse amo Lunina real
    Já estou ansiosa para os dois juntos
    Já quero o próximo capítulo
    Bjs Gabi

    ResponderExcluir
  6. Lucas como sempre, sendo esse amor de pessoa! Ansiosa para os próximos

    ResponderExcluir
  7. Estou morta com esse capítulo,melhor casal da vida

    ResponderExcluir